O Anjo de André Marques é uma curta-metragem portuguesa de ficção que marca a estreia do realizador com uma história de suspense e mistério.
Ele (Ruben Pereira), cujo nome só mais tarde saberemos ser Henrique dos Santos, é um jovem que faz um enigmático telefonema numa cabine onde revela que está "tudo tratado".
Momentos depois passamos para uma sala de jantar onde, meses antes, Madalena (Ana Abreu) se encontrava à espera de mais dois convidados. Uma é Sandra (Rita Jardim), irmã de Madalena, e o outro é Henrique dos Santos. Sandra apresenta a irmã ao namorado para aquele que vai ser um tenso e algo desconcertante jantar no qual percebemos que algo está prestes a explodir.
Madalena descontrola-se e refugiada na sua condição psicológica tenta afugentar um Henrique em quem não confia. Terá ela alguma razão em suspeitar de um rapaz que aparenta ter tão bom coração e que a própria ironiza sobre o seu apelido?
O realizador André Marques consegue através do seu argumento recriar um suspense interessante na dinâmica entre as suas personagens, sendo que ele é mais presente na relação conturbada que se gera entre "Henrique" e "Madalena" que se degladiam através de um constante desconforto que as suas personagens emanam ao longo da curta-metragem. É evidente que algo de errado se passa entre eles e. mesmo sem o saber (nem nós nem os próprios), é notório que não se suportam e que o desprezo é mútuo.
Rita Jardim e a sua "Sandra" atormentada com um segredo do passado, que não é infelizmente mais desenvolvido e explorado, entrega-nos por esse mesmo motivo a personagem mais frágil da curta-metragem. Por sua vez, se Ana Abreu compõe uma "Madalena" convincente na sua constante instabilidade psicológica e emocional que faz daquele jantar o último local onde qualquer um quereria estar, é também um facto que Ruben Pereira nos entrega a personagem mais sólida e dominante da curta. O seu "Henrique" é aquele tipo que adoramos ir detestando. Inicialmente simpático, afável e polido, ele é o rapaz que não nos importamos que namore com a "nossa" irmã, e é também o mesmo que nos deixa desconfiados por ter tantas qualidades e nenhum aparente defeito, especialmente quando neste contexto, já vem com aquele enigmático telefonema no seu curriculum, e que aos poucos revela também estar relacionado com o obscuro segredo que "Sandra" ocultava.
A dinâmica entre os dois, e a mais explorada da curta-metragem, é apenas "atormentada" por alguma teatralidade dos diálogos onde não se sente uma completa naturalidade nos mesmos, sendo este o aspecto que precisaria de ser mais polido e trabalhado para revelar um discurso mais fluente e elaborado no "calor do momento", afastando-se assim daquela ideia de que foi trabalhado e estudado antes de ser representado. Não é um aspecto que prejudique o fundamental da curta-metragem que consegue manter um nível de tensão constante tal como esperamos no género que o filme representa mas, ainda assim assume-se como a sua maior fragilidade.
Destaque ainda para a banda-sonora de Tomás Freire que contribui eficazmente para a dramatização e tensão que se sente na interacção entre os actores bem como para o exponenciar da mesma ao longo de toda a curta-metragem.
Uma bem estruturada primeira-obra de André Marques que cultiva aqui não só um bom clima de tensão entre as suas personagens como também uma igualmente interessante personagem em "Henrique dos Santos" que de "anjo" só tem o facto de poder ser um exterminador e que tem conteúdo suficiente para ir um pouco mais longe pois permite-nos pensar sobre quem será ele realmente.
Ele (Ruben Pereira), cujo nome só mais tarde saberemos ser Henrique dos Santos, é um jovem que faz um enigmático telefonema numa cabine onde revela que está "tudo tratado".
Momentos depois passamos para uma sala de jantar onde, meses antes, Madalena (Ana Abreu) se encontrava à espera de mais dois convidados. Uma é Sandra (Rita Jardim), irmã de Madalena, e o outro é Henrique dos Santos. Sandra apresenta a irmã ao namorado para aquele que vai ser um tenso e algo desconcertante jantar no qual percebemos que algo está prestes a explodir.
Madalena descontrola-se e refugiada na sua condição psicológica tenta afugentar um Henrique em quem não confia. Terá ela alguma razão em suspeitar de um rapaz que aparenta ter tão bom coração e que a própria ironiza sobre o seu apelido?
O realizador André Marques consegue através do seu argumento recriar um suspense interessante na dinâmica entre as suas personagens, sendo que ele é mais presente na relação conturbada que se gera entre "Henrique" e "Madalena" que se degladiam através de um constante desconforto que as suas personagens emanam ao longo da curta-metragem. É evidente que algo de errado se passa entre eles e. mesmo sem o saber (nem nós nem os próprios), é notório que não se suportam e que o desprezo é mútuo.
Rita Jardim e a sua "Sandra" atormentada com um segredo do passado, que não é infelizmente mais desenvolvido e explorado, entrega-nos por esse mesmo motivo a personagem mais frágil da curta-metragem. Por sua vez, se Ana Abreu compõe uma "Madalena" convincente na sua constante instabilidade psicológica e emocional que faz daquele jantar o último local onde qualquer um quereria estar, é também um facto que Ruben Pereira nos entrega a personagem mais sólida e dominante da curta. O seu "Henrique" é aquele tipo que adoramos ir detestando. Inicialmente simpático, afável e polido, ele é o rapaz que não nos importamos que namore com a "nossa" irmã, e é também o mesmo que nos deixa desconfiados por ter tantas qualidades e nenhum aparente defeito, especialmente quando neste contexto, já vem com aquele enigmático telefonema no seu curriculum, e que aos poucos revela também estar relacionado com o obscuro segredo que "Sandra" ocultava.
A dinâmica entre os dois, e a mais explorada da curta-metragem, é apenas "atormentada" por alguma teatralidade dos diálogos onde não se sente uma completa naturalidade nos mesmos, sendo este o aspecto que precisaria de ser mais polido e trabalhado para revelar um discurso mais fluente e elaborado no "calor do momento", afastando-se assim daquela ideia de que foi trabalhado e estudado antes de ser representado. Não é um aspecto que prejudique o fundamental da curta-metragem que consegue manter um nível de tensão constante tal como esperamos no género que o filme representa mas, ainda assim assume-se como a sua maior fragilidade.
Destaque ainda para a banda-sonora de Tomás Freire que contribui eficazmente para a dramatização e tensão que se sente na interacção entre os actores bem como para o exponenciar da mesma ao longo de toda a curta-metragem.
Uma bem estruturada primeira-obra de André Marques que cultiva aqui não só um bom clima de tensão entre as suas personagens como também uma igualmente interessante personagem em "Henrique dos Santos" que de "anjo" só tem o facto de poder ser um exterminador e que tem conteúdo suficiente para ir um pouco mais longe pois permite-nos pensar sobre quem será ele realmente.
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Obrigado Paulo mais uma vez pelo texto e pela força ;)
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