segunda-feira, 6 de maio de 2013

La Elección (2012)

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La Elección de Miguel Ángel Rey é uma curta-metragem espanhola de ficção que nos leva para uma estranha e claustrofóbica cave de um terminal de comboios onde um homem (Ricardo Dávila) se encontra enclausurado, ferido e algo debilitado.
É ali que enquanto centenas de pessoas se cruzam a caminho das suas próprias vidas, que este homem recebe uma mensagem... Tem de fazer despoletar uma bomba matando assim milhares de pessoas anónimas ou, se não o fizer, condenar à morte a sua mulher e o seu filho.
Esta curta-metragem com argumento também escrito por Miguel Ángel Rey, baseado num conto de Eugenio Rey Huerta, tem uma mensagem que parece, à partida, bastante simples. Não há escolha possível quando decidimos sobre a escolha daqueles que amamos. No entanto, toda esta mesma escolha, ou eleição como dá por título este filme, se torna bem mais complexa quando se decide sobre a vida e morte de milhares de outras pessoas que, tal como aquele homem, têm também as suas famílias.
Como viver com uma escolha que decide e determina a vida dos outros ou, em contrapartida, com o dilema de ter optado pela vida de milhares de estranhos e condenado à morte aqueles com quem partilha laços familiares, afectivos e de cumplicidade? Será esta uma verdadeira escolha?!
Num claro relato e mensagem contra o terrorismo e todos os seus horrores que colocam à prova não só as vidas de inocentes como também as suas próprias consciências e sentimentos de culpa sobre a sua sobrevivência em relação aos demais, Miguel Ángel Rey elabora um extraordinário ensaio sobre o poder da escolha, da consciência de cada indivíduo e, acima de tudo isso, consegue com este tenso e forte trabalho emitir uma poderosa mensagem anti-terrorismo seja sob que forma fôr. Para os milhares que se encontravam naquele terminal, e que de certa forma representam qualquer um de nós que vive iguais vidas anónimas, assim como para aquele homem que teve de viver com a enorme pressão de ter de optar como se alguma vez tivesse estado perante uma situação onde tivesse um real poder de escolha.
Alejandro Campos assina a fotografia desta curta-metragem que com a sua quase total ausência de luz transforma aquela já assustadora situação e espaço, num compartimento claustrofóbico, mórbido e onde estranhamente se "decidem" as vidas de tantos, para terminar com uma invasão de luz que representa a memória de um Homem sobre a vida (e a escolha) que foi obrigado a ter, naquele que é um intenso e forte ensaio anti-terrorismo, e onde o actor Ricardo Dávila consegue recriar na perfeição não só o sentimento de claustro como também o pânico de alguém que fora encarcerado num espaço para decidir sobre uma escolha que na prática nunca havia estado realmente nas suas mãos.
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8 / 10
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1 comentário:

  1. Muchas gracias Puaulo por tu entrada en el blog y por la perfecta explicación de lo que es el cortometraje. Muchísimas gracias. Un abrazo desde Madrid.

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