sábado, 25 de maio de 2013

Alone (2013)

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Alone de Telmo Martins é uma curta-metragem experimental portuguesa de ficção que se centra na história de António (o próprio Telmo Martins) um rapaz que, sem família ou amigos, vive uma vida de solidão na esperança de poder ser feliz.
A premissa desta curta-metragem, escrita por Martins que aqui assume ser a única força motora desta curta-metragem, é interessante pois permite-nos imaginar aquela velha máxima do nascemos sózinhos e morremos sózinhos, numa reflexão que é feita sobre a solidão, que mata e consome lentamente, e a (in)capacidade de se (sobe)viver sem ninguém. No entanto, e salvo alguns apontamentos promissores que, por acidente ou não deram um look interessante às filmagens, esta curta-metragem ficou muito longe daquilo a que se propôs.
Começando pelo lado positivo, vários são os aspectos que poderiam ter feito desta curta-metragem um trabalho de referência no género. Além do já referido argumento que teoriza sobre a tal reflexão sobre a solidão, a própria fotografia é, para o género, interessante. Poderíamos esquecer o seu amadorismo e pensar que como reflexo de uma vida que se apaga sem qualquer marca deixada, também a forma de captar (ou não) imagem em diversos momentos, seria como um desfecho da vida daquele rapaz que, para os demais, não existe e que encontra assim a forma perfeita de deixar a sua "prova" e o seu próprio registo de que ele existiu, ainda que não para os outros. Algo que se vai apagando e dissipando com o tempo sem deixar uma marca real da sua presença e da sua passagem. No entanto, aquilo que aqui acontece é que dada a pouca exploração desse aspecto, começamos a ver este trabalho como um defeito da mesma e dos escassos meios com que foi elaborado deixando de lado aquele pensamento positivo que o silêncio captado reflectia a solidão que a sua vida era.
Como consequência deste último aspecto tenho também de referir que a ideia de registar em vídeo o seu espaço (exterior e interior), é uma inteligente forma de deixar essa "prova". Ele sabe que nada representa para ninguém... Não há uma outra pessoa há sua espera mas, ainda assim, sente a necessidade de dizer que existe (existiu), e que esta foi a solução (in)consciente que encontrou para o afirmar. Sem testemunhas que comprovem que ele passou por uma vida, a câmara de filmar foi a última forma encontrada que o permitiu garantir essa mesma comprovação.
Os planos excessivamente longos e a igualmente penosa articulação do som que nos impede de escutar os poucos monólogos que o actor tem são mais alguns dos problemas detectados nesta curta-metragem que, embora tendo algum potencial para ser explorado, se perde quer pelas dificuldades técnicas quer pela impossibilidade de as colocar correctamente em prática, assim como a repetição à exaustão do brilhante tema musical escolhida para iniciar este trabalho, faz com que o mesmo perca o dramatismo que seria inicialmente de se esperar da sua parte.
O potencial existe mas a debilitada execução arruina boa parte das intenções que este trabalho poderia ter e que, com mais cuidado e uma moral final também ela mais elaborada, poderiam ter conseguido entregar um trabalho final mais bem conseguido.
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