quarta-feira, 29 de novembro de 2017

Où en Êtes-Vous, João Pedro Rodrigues? (2017)

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Où en Êtes-Vous, João Pedro Rodrigues? de João Pedro Rodrigues é um documentário experimental português em competição na vigésima-terceira edição do Caminhos do Cinema Português a decorrer em Coimbra até ao próximo dia 3 de Dezembro, e é da autoria do realizador de O Fantasma (2000), Morrer como um Homem (2009) e O Ornitólogo (2016) que segue momentos da vida do realizador editados pelo próprio.
Desde a curta-metragem Parabéns (1997) que o revelou à crítica internacional sem esquecer a primeira longa-metragem O Fantasma (2000) que o levou à competição oficial do Festival Internacional de Cinema de Veneza, analisa mais do que o homem a sua obra pelo olhar do mesmo. Os seus primeiros pensamentos chegam através da observação - pelo espectador - primeiro do seu corpo e depois do seu reflexo como que uma íntima reflexão sobre a obra como uma parte do seu ser. Em constante mutação - tal como os milhares de borboletas que depois observamos -, a obra do realizador vista através de pequenos detalhes. O cartaz d'O Ornitólogo - o seu mais recente êxito internacional -, os pequenos brinquedos de plástico d'A Última Vez que Vi Macau (2012) ou Mahjong (2013) sem esquecer o pequeno gato de Parabéns (1997) protagonizado por João Rui Guerra da Mata ou os primeiros ensaios de Morrer como um Homem (2009), Où en Êtes-Vous, João Pedro Rodrigues? é pleno em simbologia ou elementos da obra do realizador perceptíveis aos mais atentos, como que representativos não só da sua obra como que a funcionar como uma extensão do próprio para e pela memória perpetuado(s). Obra essa sempre marcado por uma certa mutação, transformação, pelo corpo e pela sensualidade do mesmo... Assim o tivemos em Parabéns e O Fantasma assumidamente marcadas pelo corpo e pela sensualidade/sexualidade dos mesmos, em Morrer como um Homem pela sua componente de mutação visível na vontade da sua personagem principal ou em O Ornitólogo onde ambos - corpo e transformação - se centram numa única personagem cuja viagem física e espiritual marcam essas referidas etapas.
Como que uma viagem pela sua inspiração, pelas suas musas, pelos seus elementos e claro, pela sua obra, esta curta-metragem é como um testemunho do seu legado e um desejo pelo ser inatingível perpetuado na memória do cinema no qual deixa inegavelmente a sua marca e o seu cunho.
Diferente e talvez até distante da obra dita "tradicional" de João Pedro Rodrigues, a questão lançada com este Où en Êtes-Vous (...) não poderia ser mais pertinente... nela - na sua obra - ele está (omni)presente... por todo o lado... vincado e marcado para que o espectador quando uma delas observe sinta que a mesma tem o seu cunho visível impossibilitando-o de a comparar com qualquer outra.
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7 / 10
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