O Homem de Trás-os-Montes de Miguel Moraes Cabral é uma curta-metragem portuguesa de ficção e o filme de abertura da edição deste ano do Caminhos do Cinema Português que hoje começa em Coimbra.
Apaixonado pela região de Trás-os-Montes, Miguel (Miguel Nunes) procura histórias para poder realizar o seu documentário até que encontra um homem que viaja de burro que segue e filma em todos os seus movimentos.
Num registo que confunde a ficção com a realidade, n'O Homem de Trás-os-Montes o espectador acompanha um grupo de documentaristas que estudam o espaço em busca de uma história entre as histórias. Dos costumes às tradições religiosas tão presentes no espaço, aqui filmam-se as memórias colectivas de uma região que está, de certa forma, isolada num Portugal dito profundo ainda tão distante dos olhares do seu próprio povo. É nesta muito lenta viagem que personagens, e até o próprio espectador, se deixam embrenhar na região, nas seus espaços e nos seus vastos campos que em muito se assemelham àqueles que conhecemos dos velhos western norte-americanos uma natural imersão nas tradições , nos rituais, nas danças e até numa certa relação entre sagrado e profano - numa clara oposição da bendição das casas àquele contraste entre o folclore tradicional que opõe princípio e final desta história -, levando-os a uma inesperada viagem onde se perde a noção do seu propósito inicial mas na qual se ganha uma miragem da descoberta pessoal que ali parecem encetar.
Irradiando uma vontade de revelar ao espectador a história desse Portugal ainda desconhecido, Miguel Moraes Cabral revela com o seu O Homem de Trás-os-Montes uma silenciosamente intensa viagem pelos costumes populares, distantes de uma Lisboa que (em muito) já os perdeu, e deixando perceptível que o país tem em muitas das suas práticas populares um certo condimento mais pagão deixando viver em comum "acordo" os rituais instituídos pela Igreja com aqueles que visou (em tempos) proibir.
Assim, esta viagem dos seus protagonistas - juntam-se a Miguel Nunes, Isac Graça, Sérgio Coragem e Beatriz Brás -, acaba por começar com um elevado propósito cinematográfico no qual se documentam as práticas visíveis da região, terminando com um registo daquelas que estão distantes dos olhares mais atentos para, no fundo, mesclar estas duas perspectivas e revelando para lá daquilo que estas personagens desejam, um lado mais distante do seu ser que se deixa levar por estes costumes fazendo-os perder-se nas noções pré-concebidas do seu "eu".
Entre a viagem profissional, o encontro místico e a descoberta pessoal, O Homem de Trás-os-Montes é, num estilo muito próprio, a revelação do "eu" e do "espaço" que se manifesta quando ambos de cruzam num percurso inesperado.
.Apaixonado pela região de Trás-os-Montes, Miguel (Miguel Nunes) procura histórias para poder realizar o seu documentário até que encontra um homem que viaja de burro que segue e filma em todos os seus movimentos.
Num registo que confunde a ficção com a realidade, n'O Homem de Trás-os-Montes o espectador acompanha um grupo de documentaristas que estudam o espaço em busca de uma história entre as histórias. Dos costumes às tradições religiosas tão presentes no espaço, aqui filmam-se as memórias colectivas de uma região que está, de certa forma, isolada num Portugal dito profundo ainda tão distante dos olhares do seu próprio povo. É nesta muito lenta viagem que personagens, e até o próprio espectador, se deixam embrenhar na região, nas seus espaços e nos seus vastos campos que em muito se assemelham àqueles que conhecemos dos velhos western norte-americanos uma natural imersão nas tradições , nos rituais, nas danças e até numa certa relação entre sagrado e profano - numa clara oposição da bendição das casas àquele contraste entre o folclore tradicional que opõe princípio e final desta história -, levando-os a uma inesperada viagem onde se perde a noção do seu propósito inicial mas na qual se ganha uma miragem da descoberta pessoal que ali parecem encetar.
Irradiando uma vontade de revelar ao espectador a história desse Portugal ainda desconhecido, Miguel Moraes Cabral revela com o seu O Homem de Trás-os-Montes uma silenciosamente intensa viagem pelos costumes populares, distantes de uma Lisboa que (em muito) já os perdeu, e deixando perceptível que o país tem em muitas das suas práticas populares um certo condimento mais pagão deixando viver em comum "acordo" os rituais instituídos pela Igreja com aqueles que visou (em tempos) proibir.
Assim, esta viagem dos seus protagonistas - juntam-se a Miguel Nunes, Isac Graça, Sérgio Coragem e Beatriz Brás -, acaba por começar com um elevado propósito cinematográfico no qual se documentam as práticas visíveis da região, terminando com um registo daquelas que estão distantes dos olhares mais atentos para, no fundo, mesclar estas duas perspectivas e revelando para lá daquilo que estas personagens desejam, um lado mais distante do seu ser que se deixa levar por estes costumes fazendo-os perder-se nas noções pré-concebidas do seu "eu".
Entre a viagem profissional, o encontro místico e a descoberta pessoal, O Homem de Trás-os-Montes é, num estilo muito próprio, a revelação do "eu" e do "espaço" que se manifesta quando ambos de cruzam num percurso inesperado.
7 / 10
.
Sem comentários:
Enviar um comentário