quarta-feira, 29 de novembro de 2017

Laranja Amarelo (2017)

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Laranja Amarelo de Pedro Augusto Almeida é uma curta-metragem portuguesa em competição na vigésima-terceira edição do Caminhos do Cinema Português a decorrer em Coimbra até ao próximo dia 3 de Dezembro.
Tiago (Jorge Dias) vagueia pelas ruas ao encontro dos seus amigos numa rotina diária. Mas Tiago procura também Sofia (Daniela Love), a ex-namorada com quem quer conversar. Poderá este ser o seu último encontro?
Com argumento do próprio realizador, Laranja Amarelo segue uma tendência já conhecida e vista na obra do realizador - como por exemplo em Por Aqui Nada de Novo (2014) ou Prefiro Não Dizer (2015) - que explora as pequenas histórias sobre pessoas comuns num momento de impasse. Aqui, o protagonista "Tiago", interpretado por Jorge Dias, procura um momento para se reencontrar com "Sofia" (Love), a namorada que o deixara depois de uma relação que, compreendemos, ter sido de longa data. "Jorge" procura um momento no qual, desconhecemos, poderá dizer-lhe mais algumas palavras que talvez o possam redimir de algo e fazer cumprir a relação que teve até então. Alheado dos amigos com quem passa todo o seu tempo é apenas o reencontro com "Sofia" que o fará ter mais alguma esperança ou, pelo menos, fazer cumprir uma última vontade.
Sem grandes subterfúgios ou momentos que fiquem por contar, Laranja Amarelo centra a sua dinâmica em "Jorge". Do jovem adulto que vagueia pelas ruas com aparente indiferença em busca de uma última oportunidade àquele que, confirmando a mesma, se vê incapaz de revelar tudo o que sente. Aquilo que permanece para o espectador reside apenas na sua vincada certeza de ser "Sofia" e, com esta, a convicção de que algo de grave se passou entre ambos que a levou a afastá-lo. Em ambos reside não só a certeza de que ainda se amam como também a impossibilidade de confirmarem uma contínua relação que (compreendem?) não ser positiva para nenhum. Os ciúmes? A vontade de construir algo (ainda) mais sério? Dar o passo seguinte?... Todas estas questões permanecem sem uma resposta plausível confirmando apenas que existem amores (e momentos) que não podem ser cumpridos... Talvez nunca, talvez apenas não naquele exacto momento. Eles existem, assim como também existe todo um demais mundo que primeiro precisa ser vivido e conhecido e apenas depois poderão existir bases para dar continuidade àquilo que ficou para trás... ou permitir que o mesmo viva livremente.
Ainda que toda uma história reside em tão breves dez minutos, Laranja Amarelo é aquela história que deixa o espectador à espera de um pouco mais. Não pela necessidade de ver algumas das perguntas que formula respondidas mas sim pela vontade de saber e conhecer o "e depois..." destas personagens... Se o seu mundo terminou - para nós - neste instante... existe toda uma vida que sabemos poder existir para estas personagens... e se os seus caminhos aqui se distanciam permanece a dúvida de se alguma vez poderão os mesmos voltar a ser cruzados.
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7 / 10
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