Viagens de Rúben Ferreira é uma curta-metragem de ficção deste jovem realizador que aqui se demarca dos seus habituais trabalhos de terror e comédia, lançando-se na bem sucedida aventura de contar uma história dramática mas não menos tensa que as anteriores.
O que acontece por detrás de uma porta fechada? É uma certeza que a curiosidade de todos nós nos faz pensar sobre o que está para lá daquilo que não conseguimos ver.
Um tiro. Um morto (José Marques). Uma mulher (Elisabete Ferreira) completamente descontrolada numa viagem da qual ela própria não sabe regressar e que a leva a uma espiral de violência e auto-destruição que, em breves instantes, definirá toda a sua vida.
O argumento que a própria Elisabete Ferreira escreveu, e ao qual dá vida com uma muito sólida interpretação, obriga-nos a acompanhá-la na sua viagem à dependência, à loucura e à morte. Independentemente de sabermos ou não o que a levou àquele momento, uma coisa é certa... o seu vício. A sua dependência de droga que invariavelmente a levou à loucura e a uma extrema violência que não poderia terminar em bom porto e que, tal como a nós, arrastaria todos aqueles que se cruzariam com ela.
No entanto, não deixa também de ser um facto que existe curiosidade em saber o que está por detrás da tal porta fechada, dos tais segredos e momentos ocultos pois queremos saber qual a relação que estas duas pessoas tinham e o que a levou àquele acto desesperado... Simplesmente a dependência ou existiria um historial de violência física ou psicológica entre ambos que a isso a obrigou? Quem eram estas duas pessoas antes deste acto fatal, causado por uma viagem que sabemos antecipadamente não ter qualquer retorno possível?
Rúben Ferreira, que já nos habituou às suas intensas histórias de comédia e de terror que seduziram (e seduzem) uma igualmente extensa legião de fãs, prova aqui que está muito para além das mesmas e consegue adaptar-se com excelência a histórias mais sérias e complexas, mostrando uma realidade que escondendo-se por detrás de inúmeras portas fechadas consegue estar bem mais presente do que aquilo que desejaríamos. A dependência, a loucura, a vingança e a morte conseguem nesta sua curta-metragem co-existir, ironicamente, em harmonia transformando assim esta sua última obra numa, senão a mais forte da sua ainda curta (mas será longa) carreira.
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8 / 10
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Simplesmente fenomenal.
ResponderEliminarAmei,
Victor Rede
Extraordinário!
ResponderEliminarExcelente trabalho pelo argumento e interpretação fantástica desta atriz ELISABETE FERREIRA!
Grande desempenho! Espero voltar a ver aquele talento em novos projetos!