quarta-feira, 19 de junho de 2013

After Earth (2013)

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Depois da Terra de M. Night Shyamalan é o mais recente filme de Will Smith que escreve o argumento em parceria com o realizador e com Gary Whitta, e protagoniza na companhia do seu filho Jaden Smith.
A história ocorre mil anos depois de um conjunto de eventos cataclísmicos terem devastado o planeta Terra forçando assim toda a sua população a abandoná-lo.
Mil anos depois encontramo-nos em Nova Prime, o novo lar dos terráqueos que no fundo já não o são, à qual regressa depois da sua última missão, o lendário general Cypher Raige (Will Smith) que agora precisa de assumir o papel de pai e educar o seu filho Kitai (Jaden Smith) que pretende seguir as suas pisadas e ser um destacado explorar e militar.
Quando em viagem, um asteróide danifica a nave em que se encontram e Cypher e Kitai são os únicos sobreviventes da mesma que se despenha num planeta desconhecido e hóstil ao qual ninguém pretendia regressar. É então que descobrimos estar de volta à Terra que sem qualquer sinal de uma civilização perdida se encontra agora tão selvagem como nos seus primórdios, e onde Kitai necessita ter a sua maior prova de fogo não só para poder de lá sair com o seu pai como também salvá-lo dos graves ferimentos de que sofre depois do embate.
Este filme que prometia ser um interessante regresso de M. Night Shyamalan a interessantes e intensas histórias cuja mensagem vai muito para além daquilo que inicialmente nos é transmitido pelas imagens, mais não é do que uma história com inúmeras pontas soltas e um conjunto de premissas por explorar que claramente só têm dois fins possíveis. O primeiro prende-se com a possibilidade do filme ser um tal desastre de bilheteira que mais ninguém queira saber da sua existência... o segundo e mais plausível considerando que Will Smith atrai sempre muitos fãs para os seus filmes, é a possibilidade de uma sequela que responda a alguns destes temas que ficaram em aberto.
Senão vejamos... inicialmente temos um conjunto de imagens que nos mostram a decadência de um Planeta Terra que entre poluíção, guerras e miséria ia sendo destruído pela sua população aos poucos, não conseguindo sequer renovar a vida aqui existente. Os problemas ambientais existem e degradam a qualidade de vida e eis que surge um novo planeta para onde a população pode "emigrar", qual êxodo, mas... de onde veio esse planeta? Já havia tecnologia suficiente para ir repovoá-lo? Estava sem vida nativa com a qual os terrestres pudessem entrar em conflito? E o porquê de se vetar ao abandono todo um planeta durante um milénio sem lá tentar voltar ou resolver todos os seus problemas ambientais e ali regressar? After all... there's no place like home!
Mas mais importante ainda que tudo isto é o súbito aparecimento de uma raça alienígena que devora as nossas emoções e medos e persegue os humanos como sua única fonte de alimento. Assim, do nada somos levados a "conviver" com uma nova entidade que, sem qualquer explicação aparente, se lembrou que na Terra havia carninha fresca. Assim, o seu inexplicável aparecimento torna-se mais um grande mistério, talvez resolvido na sequela pensada, se se realizar, ou então mais não é do que o motivo que irá justificar o intenso (mais ou menos) conflito no final deste filme.
Will Smith que aqui assume várias vertentes desde intérprete a argumentista e produtor, não é nem de longe o actor de intensos filmes de acção e fantasia a que em tempos nos habituou, e na prática mais não é do que o veículo de projecção de Jaden Smith, o seu próprio filho, que aqui sim tem a interpretação principal mas que, no entanto, não consegue agarrar ao seu potencial máximo limitando-se ambos a um conjunto de clichés e momentos quase "patrióticos" e previsíveis que em nada ajudam a dinamizar o enredo, e nem mesmo a participação de uma sempre carismática Sophie Okonedo, que aqui é meramente decorativa, consegue dinamizar a nossa atenção.
Assim, a juntar à falta de credibilidade que esta história e interpretações têm, junta-se-lhe a fraca promoção do jovem actor que é claramente pretendida com este filme, pois o mesmo não consegue ter uma interpretação suficientemente credível ou convincente independentemente de algumas sequências de acção que protagoniza e que conseguem elevar minimamente o interesse do filme nunca chegando, no entanto, à fasquia positiva, salvando-se apenas desta mesma história uma certa componente pró-ambiente que é pretendida logo pelo início mas que, como já referi, fica aquém do desenvolvimento pretendido.
Interessante pela atmosfera selvagem da Terra, e da qual gostaríamos de ter visto mais, que a fotografia de Peter Suschitzky recria, bem como pelo conjunto de efeitos especiais que transforma o nosso planeta num espaço familiarmente desconhecido mas que, ainda assim, não funcionam como elementos suficientes para tornar este Depois da Terra naquele grande filme de acção de Verão que poderia ter sido com mais cuidado às pontas soltas que deixa, nem tão pouco é o grande regresso de Shyamalan espera desde o seu magnífico O Sexto Sentido.
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4 / 10
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