L'Amore Incompreso de Riccardo di Gerlando é a mais recente curta-metragem de ficção italiana deste realizador que venceu o CinEuphoria de Melhor Curta-Metragem na Competição Internacional este ano com a curta 33 Giri. Aqui, uma vez mais, Riccardo di Gerlando volta a surpreender pela sua extrema capacidade de contar uma história que acima da sua notória sensibilidade consegue também diluir-se no mundo da imaginação e dos sentimentos mostrando que o amor e o belo estão realmente nos olhos de cada um.
Acompanhamos a admiração de um homem por uma misteriosa e sedutora mulher que vê à distância. Não existe qualquer contacto entre eles mas cedo percebemos que a cumplicidade irá certamente existir. Aos poucos a atracção torna-se mútua e espontânea não conseguindo nenhum deles ficar-lhe indiferente. Estranhamente, até ao momento, percebe-se que eles se completam e que os seus destinos se cruzam numa história que estamos certos ir terminar bem.
O argumento de Riccardo di Gerlando tem a franca habilidade de nos mostrar como a felicidade e os elementos positivos estão constantemente à nossa volta, sendo que está assim ao nosso alcance a capacidade de a recriarmos e imaginarmos segundo os modelos que nos possam transmitir força, confiança e segurança.
A dar vida a este homem temos dois actores que o encarnam com muita alma. Por um lado temos Marco Pingiotti que interpreta o "verdadeiro" apaixonado e que, através dos tais referidos modelos que toma como exemplo para exteriorizar a sua confiança e assim se revê na imagem de Andrea Bonella, que mais tarde percebemos de onde provém, que assume assim a interpretação principal de toda a curta-metragem e que através de uma força contida num misto de segurança e incerteza nos faz chegar toda a sua sensibilidade e que, em diversos momentos encarna o carisma de actores como Pierfrancesco Favino ou Filippo Timi, dominando, sem qualquer reserva, toda a dramatização.
E o mesmo se pode dizer das actrizes Sandra Colombi e Jessica Zambellini que conseguem ser aquele elemento de beleza e da contemplação que são admirados pelos dois protagonistas e que, como tal, funcionam como os dois motores pelos quais as acções deles se regem.
Tecnicamente esta curta-metragem é também uma clara vencedora em aspectos como a sua fotografia, da autoria de Simone Caridi, que faz realçar os principais elementos do ambiente envolvente dando-lhes assim o devido protagonismo ao funcionarem como os ideais de beleza imaginados pelo protagonista e assim permanecendo na sua memória (e na nossa), preenchendo todo o espaço que o rodeia dando-lhes vida e também a sua própria alma.
Como nota final destaco a capacidade que um filme tem, como este presente caso, em conseguir transmitir toda uma elevada componente sentimental sem, ao longo da sua acção, ser necessário o uso da palavra. Sem ela estar presente Riccardo di Gerlando consegue reter toda a vontade do protagonista em conhecer e estar próximo da sua amada, de com ela partilhar espaços, momentos, o tempo e principalmente a sua dedicação, amizade e amor.
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8 / 10
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