sábado, 29 de junho de 2013

O Ciclo do Amor (2013)

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O Ciclo do Amor de Tiago Vitorino, que assume igualmente os créditos de argumentista, é uma curta-metragem portuguesa de ficção que através de algum "humor adolescente" tenta caracterizar muitas das jovens relações da actualidade.
Quando um jovem se vê repentinamente solteiro depois da sua namorada o apanhar a olhar para outra, este atravessa as várias etapas da sua nova vida conjugal. Primeiro delira com a ideia das oportunidades que pode vir a ter para de seguida se amargurar por ter perdido aquilo que tinha dado como "seguro". Da excitação à depressão passando pelo rebate de consciência, este jovem aproxima-se repentinamente do fim da sua vida mesmo que, para tal, precise da ajuda do seu melhor amigo.
Vários são os momentos e situações desta curta-metragem que oscilam entre a tentativa de ter alguma comédia com o perfeito desastre que nos remetem para aquela lugar em que pensamos "mas que raio é isto?", que é como quem diz, o pior que pode acontecer a alguém que vê um filme. Não só as situações são francamente desastrosas e sem sentido, não pelo humor que poderiam ter mas pela falta dele, como também desejamos a certo ponto que alguns destes factos estejam realmente a acontecer e que o sofrimento (do espectador) termine rapidamente.
Quando o nosso jovem protagonista tenta suicidar-se cortando os pulsos, encontramos uma situação que mais parece uma carnificina da Humanidade pois com a quantidade de sangue derramada não percebemos bem se ele cortou os pulsos, a jugular ou se está realmente a esquartejar meio planeta. E quando pensamos que este momento terminou, recebemos ainda pior quando o seu melhor amigo o tenta salvar mas mais se aproxima de o eliminar... com amigos destes, quem precisa dos inimigos?!
A estes pequenos grandes erros que tentam suavizar a história dando-lhe alguns apontamentos de comédia, não ajuda o facto deste argumento conter um sem fim de clichés que estão completamente repetidos em dezenas de outros filmes do género e que são apenas tolerados nos mesmos por serem bem executados, bem como enterram ainda mais a curta-metragem quando vemos os evidentes erros de filmagem habituais no género que vão desde as oscilações de câmara nos exteriores, passando pelas dificuldades de som, a necessidade de transmitir ideias verbalizando todos os momentos que a câmara nos mostra e, claro está, o reflexo de quem filma como podemos constar perto do final junto ao carro ou, mais óbvio ainda, após o primeiro encontro com as novas namoradas... passa um mês e a fatiota dos intervenientes é exactamente a mesma (espero que tenham tomado pelo menos um duche pelo caminho...).
Para além de uma curta-metragem dita amadora à qual podemos dar o devido desconto se pensarmos que os envolvidos não têm experiência no meio, não deixa de ser menos verdade que a repetição não bem sucedida do género não faz com que este filme obtenha algum mérito para além da boa vontade de quem a faz poder iniciar-se num caminho cinematográfico. Assim, se a encararmos como um ensaio ou um trabalho experimental, tem o seu devido desconto e enquanto espectador posso "olhar para o lado"... No entanto, é bom que quem a fez perceba das suas limitações e tentar contar histórias mais simples e apropriadas aos recursos disponíveis onde, pelo caminho, possa inicialmente eliminar as pequenas falhas técnicas que comete e assim, com o tempo, poder apresentar histórias não só mais credíveis como também com mais graça e vigor... mesmo que este seja sem sentido e disparatado, porque de momento a única palavra que me ocorre com frequência é... desastre.
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