sexta-feira, 14 de junho de 2013

M (2012)

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M de Joana Bartolomeu é uma curta-metragem portuguesa de animação recentemente premiada no Shortcutz Lisboa, e que nos conta uma história que tem tanto inspirador e comovente como ao mesmo tempo de cómica e bem disposta.
M é uma gota de água. Um dia desperta pela primeira vez vindo de um qualquer lugar que desconhecemos, e só mais tarde perceberemos o seu trajecto. Encontra-se sózinho e assustado num universo que parece estranho e do qual não encontra referências até que, para seu espanto, encontra outros iguais a si a entoarem um estranho mas igualmente fascinante cântico. Será agora que esta sua solidão vai encontrar um fim?
Um dos elementos mais fascinantes desta curta-metragem passa obrigatoriamente pelo magnífico argumento que Joana Bartolomeu escreveu. Não só como pelo facto de conseguir captar em tão breves instantes uma mensagem tão importante que reflecte sobre a solidão, a identificação do "eu" e da sua interacção com o "outro" ou até mesmo sobre a amizade ou falta dela que qualquer um pode sentir, como também o consegue fazer de uma forma genuinamente honesta e capaz de alcançar os mais variados públicos desde as crianças passando para os mais adultos que podem identificar nesta pequena viagem muitos momentos do seu próprio crescimento.
No entanto, não deixa igualmente de ser verdade que a própria animação em si conquista por um lado pela sua simplicidade dos traços como principalmente pela genuinidade e empatia que a personagem "M" consegue criar junto do público. Se pensarmos que estamos a falar de uma animação e não de um actor, e percebermos que "M" consegue recriar e transmitir um conjunto de emoções e sentimentos, então claramente admitimos que estamos perante um filme vencedor e que se perfila junto dos melhores do ano.
Se a veracidade da animação é o principal veículo de transmissão da mensagem, não é menos verdade que a ela está intimamente ligada uma forte componente sonora que consegue funcionar como um "apêndice" da personagem, quase ganhando a sua própria "vida". Por um lado a música original de Eduardo Raon tornam reais expressões e reacções que "M" sente (não esquecer que estou a falar de uma personagem animada), e todos aqueles momentos de alegria, tristeza ou surpresa ganham aqui uma importância esmagadora graças à emotividade que Raon coloca na sua música que, na falta de palavras, comunica com o espectador. Ao mesmo tempo, todo o ambiente envolvente ganha também ela uma vida própria e encontramo-nos inseridos naquele espaço desconhecido (até bem perto do final), graças aos brilhantes efeitos sonoros que Ricardo Fernandes e Vasco Carvalho compõem, recriando assim a atmosfera perfeita onde tudo se conjuga.
M é assim, não só um dos mais fortes filmes de animação que vi nos últimos anos como principalmente uma emocionante e emotiva obra que nos conquista pela sua originalidade, pela sua comédia mas principalmente pela sua componente dramática e reflexiva do "eu", e que constitui por isso um filme obrigatório para qualquer espectador.
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10 / 10
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