quarta-feira, 5 de junho de 2013

54 Escalones (2010)

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54 Escalones de Luis Piquer é uma curta-metragem espanhola que num misto de memória e de fantasia nos apresenta duas caricatas personagens. Por um lado temos Antonia (Ita Aagaard), a exuberante artista do teatro de revista que, anos depois de ter sido cabeça de cartaz, vive na ilusão de que irá ter a sua fama e fortuna de volta depois de ter caído no esquecimento e numa relativa desgraça.
Do outro lado temos Elpídia (Teresa Soria), a eterna e leal empregada que atingiu o seu próprio ponto de ruptura graças aos devaneios de Antonia, e que se prepara para a "acalmar" definitivamente. No entanto, quando o número da lotaria do bilhete de Antonia é anunciada como vencedor, as suas vidas irão finalmente ter um novo, e mais real, significado.
Comecei por referir que esta curta-metragem decorre num misto de memória e fantasia e esta é o principal elemento de toda a acção. Dentro daquela enorme mansão repleta de recordações de um passado glorioso e vivido num completa fausto e luxo, o presente embora decadente e com algumas dificuldades é quase ignorado. As lembranças desse passado preenchem todo aquele imaginário que a presença de "Antonia" impede de esquecer, e o seu próprio comportamento de diva que nunca deixou de ser, mesmo perante as dificuldades, são brilhantemente elevados não só pela fotografia de Juan Carlos Vega que desde o início nos mostra um quase imaginado espaço temporal, como também a música de Javier Chisvert nos remete para os gloriosos anos do teatro de revista onde a nossa protagonista obteve a sua fama e sucesso.
Assim, ao longo da escassa duração desta curta-metragem, vivemos como se nos encontrássemos dentro de um desses espectáculos e todo o seu imaginário é recriado com uma perícia invejável, e no final aquilo que queremos é que estas duas personagens pudessem ter mais "tempo de antena", e que a sua relação de amizade e ódio fosse mais explorada pois o seu potencial é evidente.
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7 / 10
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