quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Vagabond (2015)

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Vagabond de Pedro Ivo Carvalho é uma curta-metragem de animação dinamarquesa que nos leva para o seio de um aparente mundo futurista no qual é necessário alimentar uma máquina em que todos se encontram e da qual dependem para a sua própria sobrevivência.
Numa sociedade de certa forma semelhante à nossa dividida entre cidadãos de primeira e de segunda, o que acontece quando um sem-abrigo se vê sem o seu fiel amigo que se prepara para alimentar a tal "máquina" é uma descoberta em tudo capaz de mudar as existências de todos aqueles que povoam tão sinistro local e os impele a abrir a janela e olhar para lá do seu próprio espaço.
Claramente com objectivos de uma importante mensagem ecológica, Vagabond revela não só as evidentes preocupações de um realizador atento à sociedade em que vive e que o rodeia mas também o desinteresse da comunidade em que se insere para com o seu próprio estilo e modo de vida. As comparações com os nossos dias são evidentes ao retratar uma sociedade que vive a um ritmo acelerado - tal como o da máquina - com propósitos pouco definidos para além de manterem tudo a um ritmo veloz e consequentemente desatento com o que se passa à sua volta. Nessa mesma sociedade onde, tal como "esperado", todos se encontram divididos entre os que "produzem" e aqueles que nada têm para lá do essencial, Vagabond obriga o espectador a um claro e rápido raciocínio sobre o modo como vive, com o que vive e quais os seus reais objectivos numa sociedade que parece destruir-se a cada passo que dá.
As semelhanças com Snowpiercer, de Bong Joon-ho são muitas... desde o espaço em que se encontram até à forma como cada um está tão desatento - (in)voluntariamente - àquilo que está para lá do palpável sem esquecer a premissa de uma sociedade que se alimenta dos mais fracos - explícitos sob as mais diversas formas - e os domina com a ilusão de que aquele é o mundo que têm como certo... Existirá algo realmente "do outro lado", ou esse lado não será apenas uma distante memória de algo que já não existe - tal como os valores ou a moral - e, como tal, perigoso de gerir quando as certezas são, também elas, inexistentes?
O importante não será tanto gerir o tal desconhecido "mundo novo" mas sim como lidar com uma incerteza que impede uma evolução sustentada e digna para cada um tornando todos cidadãos iguais e de comum direito... talvez essa seja realmente a questão deste filme bem como da comunidade (a do filme/a nossa) que insiste em não ver o que tem à sua volta vivendo alegremente ignorante de olhos abertos.
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8 / 10
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