Videoclube de Ana Almeida é uma curta-metragem portuguesa de ficção que nos remete para uma noite de Primavera no já longínquo ano de 1999.
Tiago (Tiago Jácome) e Margarida (Daniela Love) são amigos e colegas de escola. Ele trabalha num clube de vídeo em processo de transição para o desconhecido produto DVD. Ela uma fã de cinema que com ele discute os grandes sucessos que viram em conjunto.
O Verão está a chegar e com ele uma época de mudanças, de distanciamentos e de novos rumos... Têm eles ainda alguma coisa por dizer?
A realizadora Ana Almeida e José Pedro Lopes assinam o argumento desta curta-metragem que nos leva numa inspirada e sentida viagem ao passado onde um conjunto de memórias dos bons tempos vividos na adolescência se cruzam com a incerteza de um futuro dito "adulto". Uma época em que os sonhos existiam e onde se viviam as confirmações (ou falta delas) dos amores da juventude "apimentados" pela vontade de ver e fazer. Era esta concretização dos desejos e ambições que aos poucos e com o passar do tempo se dissiparia nas mais ou menos duras realidades que a vida possivelmente viria a apresentar.
Cada filme como um sonho, uma concretização de um passado que cada cliente que passaria por aquele clube de vídeo sentiu realizado e um mundo de esperanças e expectativas que cada imagem ou diálogo tornaram todo um mundo diferente. Um mundo de momentos que agora se vê abalado, ou até mesmo ameaçado, pela iminente chegada de um novo formato que poderia terminar esses sonhos e que serve de paralelismo para as novas realidades que o par "Tiago" e "Margarida" estão agora prestes a sentir.. a sua própria mudança.
A química existente entre este Tiago Jácome e Daniela Love é crescente e se de início os temos como aqueles dois amigos que partilharam toda a sua adolescência e segredos, aos poucos o espectador percebe que algo mais forte - mas ainda inconfessado - os une. Os olhares e as cumplicidades ao recordarem as memórias colectivas de cada um dos antigos clientes do clube de video mostram o elo - talvez a alma - que os une... até chegar o momento das suas próprias recordações agora que se preparam para escolher potenciais rumos diferentes. A partilha das antigas VHS com todos os clientes que fizeram a história daquela casa faz com que eles próprios retenham as duas que - para cada um e ainda que uma não seja propriamente um filme - espelham o que mutuamente sentem naquele que é provavelmente o segmento mais intimo e marcante de Videoclube.
Videoclube é assim um daqueles filmes queridos e inocentes dos quais facilmente gostamos que exalam memórias e recordações de tempos de um passado mais ou menos recente em que tudo não era necessariamente bonito mas imperfeitamente reconfortante e, não sendo um típico filme "coming of age", não deixamos de perceber que aquele momento, para aquelas personagens, foi o momento em que tudo mudou no qual ambos "cresceram".
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8 / 10
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