We Are What We Are de Jim Mickle é uma longa-metragem inspirada na sua homónima mexicana Somos lo que Hay que também já passou pelo MOTELx numa anterior edição e onde graças ao argumento de Nick Damici e do próprio Jim Mickle nos é apresentada a sinistra família Parker.
Depois de Rose Parker (Julia Garner) falecer misteriosamente, o seu marido Frank (Bill Sage) fica com os três filhos, Alyce (Odeya Rush), Iris (Ambyr Childers) e Rory (Jack Gore), a cargo e com o propósito de manter os velhos costumes e tradições da família intactos.
No entanto, é com a chegada de uma enorme tempestade que alguns destes costumes e segredos que os sustentam se começam a revelar, demonstrando assim uma invulgar forma de vida que os Parker mantêm mas que principalmente os vai consumindo lentamente, ao qual se juntam as investigações de Barrow (Michael Parks), o médico da cidade, que descobre a verdade por detrás de uma aparentemente pacata cidade do anterior.
Depois da última obra que Mickle apresentou no MOTELx em 2011, tanto a expectativa como a vontade de ver a sua obra seguinte eram muitas e muito elevadas, pelo que o anúncio de que iria apresentar aqui este We Are What We Are foi como música para os meus ouvidos.
Mickle insere-nos uma vez mais num ambiente soturno e sobrecarregado, tal como acontecera com Stakeland, onde a presença de um passado duro demais para recordar dominam uma boa parte da acção "actual". Se em Stakeland esse passado estava presente pela vontade de uma liberdade e segurança que eram nesse momento de um futuro incerto uma mera miragem, aqui o passado domina pela vontade de sobrevivência extrema que tudo permite para a assegurar, mesmo que isso se prenda com o estranho e alternativo estilo de vida que os Parker têm e que, neste presente em nada se relaciona com a realidade. Mas "velhos são os hábitos" e a tradição e os bons costumes de moral impõem que assim se mantenham.
A atmosfera recriada com o intuito de se mostrar algo densa e tenebrosa no sentido de ocultar a terrível origem e modo de vida dos Parker é conseguida na perfeição na medida em que apesar de nos encontrarmos na actualidade sentimos por toda uma decoração existente que nos encontramos algures num passado incerto de onde estas personagens nunca chegaram a sair na prática recriando, eles próprios, um tempo cronológico como se se encontrassem na época dos colonos, facto visível pela conjugação do seu guarda-roupa bem como pela caracterização ou mesmo ausência de elementos tão básicos como a luz (apesar de a terem os cortes de energia são constantes) ou de uma televisão, um telemóvel e demais comodidades.
Os actores escolhidos dão uma certa cor ao filme começando por Bill Sage como o patriarca da família "Frank", obstinado a viver num passado do qual aparenta nunca ter saído, ele é um homem perigosamente silencioso que estuda tudo o que se passa à sua volta para como bom predador que é saber qual o momento indicado para atacar a sua presa. No elenco destacam-se ainda Michael Parks como "Barrow", o médico que descobre o terrível segredo que a família guarda ou aquela que aparenta ser uma favorita de Mickle, Kelly McGillis como "Marge" a vizinha excessivamente preocupada que não escapa à fúria. No entanto são as jovens Odeya Rush e Ambyr Childers como "Alyce" e "Iris" respectivamente, que mostram a maior transformação e conflito com as suas personagens, na medida em que se preocupam com a sua história familiar mas vão consentindo com o que de e para ela "Frank" exige mas, ao mesmo tempo, fazem denotar um crescendo na revolta interior que as faz querer romper com aquilo que escondem. No fundo as próprias interpretam uma certa rebeldia adolescente onde a puberdade e a vontade de liberdade que têm as faz querer ser um pouco mais (e melhor) do que aquilo que têm vindo a ser, e o seu final é no mínimo perturbador pela voracidade com que o reclamam.
No entanto algo falha neste filme não lhe permitindo ser uma obra superior a Stakeland, e isso deve-se principalmente à sua lenta e demorada concretização da história bem como se vai perdendo com alguns clichés de filme adolescente, nomeadamente a perda de virgindade de "Iris" e a forma de como o sangue marca a pureza, ou falta dela, das intervenientes quando na realidade se deveria concentrar todo o propósito deste filme em factos mais concretos sobre a família e aquilo que realmente fazem (sabemos mas na prática só nos é revelado graças aos pequenos "presentes" que a chuva desenterra) deixando assim perder muito do impacto visual e potencialmente gore que poderia ter.
Assim We Are What We Are vale essencialmente pela premissa e pelas interpretações que são, no seu conjunto, contidas mas eficazes para criar o clima aterrador e mórbido que se pretende ter bem como por alguns aspectos técnicos que recriam um ambiente tenso e objectivamente de época (sem o ser), bem como pela direcção de fotografia de Ryan Samul que ajuda a adensar esta ideia de que nos encontramos numa época e num tempo em que estas pequenas cidades de interior mais não eram do que espaços perdidos no próprio espaço e no tempo, mas no seu todo não chega a ser o filme de referência de Mickle.
.Mickle insere-nos uma vez mais num ambiente soturno e sobrecarregado, tal como acontecera com Stakeland, onde a presença de um passado duro demais para recordar dominam uma boa parte da acção "actual". Se em Stakeland esse passado estava presente pela vontade de uma liberdade e segurança que eram nesse momento de um futuro incerto uma mera miragem, aqui o passado domina pela vontade de sobrevivência extrema que tudo permite para a assegurar, mesmo que isso se prenda com o estranho e alternativo estilo de vida que os Parker têm e que, neste presente em nada se relaciona com a realidade. Mas "velhos são os hábitos" e a tradição e os bons costumes de moral impõem que assim se mantenham.
A atmosfera recriada com o intuito de se mostrar algo densa e tenebrosa no sentido de ocultar a terrível origem e modo de vida dos Parker é conseguida na perfeição na medida em que apesar de nos encontrarmos na actualidade sentimos por toda uma decoração existente que nos encontramos algures num passado incerto de onde estas personagens nunca chegaram a sair na prática recriando, eles próprios, um tempo cronológico como se se encontrassem na época dos colonos, facto visível pela conjugação do seu guarda-roupa bem como pela caracterização ou mesmo ausência de elementos tão básicos como a luz (apesar de a terem os cortes de energia são constantes) ou de uma televisão, um telemóvel e demais comodidades.
Os actores escolhidos dão uma certa cor ao filme começando por Bill Sage como o patriarca da família "Frank", obstinado a viver num passado do qual aparenta nunca ter saído, ele é um homem perigosamente silencioso que estuda tudo o que se passa à sua volta para como bom predador que é saber qual o momento indicado para atacar a sua presa. No elenco destacam-se ainda Michael Parks como "Barrow", o médico que descobre o terrível segredo que a família guarda ou aquela que aparenta ser uma favorita de Mickle, Kelly McGillis como "Marge" a vizinha excessivamente preocupada que não escapa à fúria. No entanto são as jovens Odeya Rush e Ambyr Childers como "Alyce" e "Iris" respectivamente, que mostram a maior transformação e conflito com as suas personagens, na medida em que se preocupam com a sua história familiar mas vão consentindo com o que de e para ela "Frank" exige mas, ao mesmo tempo, fazem denotar um crescendo na revolta interior que as faz querer romper com aquilo que escondem. No fundo as próprias interpretam uma certa rebeldia adolescente onde a puberdade e a vontade de liberdade que têm as faz querer ser um pouco mais (e melhor) do que aquilo que têm vindo a ser, e o seu final é no mínimo perturbador pela voracidade com que o reclamam.
No entanto algo falha neste filme não lhe permitindo ser uma obra superior a Stakeland, e isso deve-se principalmente à sua lenta e demorada concretização da história bem como se vai perdendo com alguns clichés de filme adolescente, nomeadamente a perda de virgindade de "Iris" e a forma de como o sangue marca a pureza, ou falta dela, das intervenientes quando na realidade se deveria concentrar todo o propósito deste filme em factos mais concretos sobre a família e aquilo que realmente fazem (sabemos mas na prática só nos é revelado graças aos pequenos "presentes" que a chuva desenterra) deixando assim perder muito do impacto visual e potencialmente gore que poderia ter.
Assim We Are What We Are vale essencialmente pela premissa e pelas interpretações que são, no seu conjunto, contidas mas eficazes para criar o clima aterrador e mórbido que se pretende ter bem como por alguns aspectos técnicos que recriam um ambiente tenso e objectivamente de época (sem o ser), bem como pela direcção de fotografia de Ryan Samul que ajuda a adensar esta ideia de que nos encontramos numa época e num tempo em que estas pequenas cidades de interior mais não eram do que espaços perdidos no próprio espaço e no tempo, mas no seu todo não chega a ser o filme de referência de Mickle.
7 / 10
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