domingo, 15 de setembro de 2013

Kiss of the Damned (2012)

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Kiss of the Damned de Xan Cassavetes foi exibido no penúltimo dia do MOTELx - Festival Internacional de Cinema de Terror de Lisboa a decorrer no Cinema São Jorge, e é possivelmente o pior filme de todo o certame.
Este filme conta-nos a história de amor que nasce entre Djuna (Joséphine de la Baume) uma vampira centenária e Paolo (Milo Ventimiglia) um solitário argumentista. O primeiro olhar que trocam confirma a sua paixão e imediata dependência que irá ser saceada em inúmeras noites de prazer... até à chegada de Mimi (Roxane Mesquida) a problemática e predadora irmã de Djuna.
Mimi irá não só ameaçar a aparentemente sólida relação que a sua irmã mantém com Paolo como também toda a integridade que a comunidade vampira tem estabelecido ao longo dos tempos ao privar-se de ter qualquer contacto com sangue humano originando, no entanto, um desfecho algo esperado.
Xan Cassavetes não só dirigiu como escreveu esta história que denota claras referências ao cinema Giallo italiano. Desde os espaços iniciais onde somos incapazes de ter uma percepção clara sobre quem é o suposto predador que povoa a floresta passando pelos instantes iniciais na mansão de "Djuna" que contrastam imediatamente com todo o ambiente exterior que presenciamos instantes antes, terminando obvimente nos segmentos eróticos abundantes ao longo de todo o filme que são, em diversos momentos, perfeitamente dispensáveis.
No entanto, e por muito boas que sejam as intenções de Cassavetes em recuperar um género que está adormecido há mais de duas décadas (com qualidade), todos os seus objectivos saem francamente prejudicados por uma consistência nula da história que pretende contar sobre a afirmação de um amor dito impossível. Começamos de imediato pelo facto das referidas personagens não terem qualquer tipo de apresentação ou contextualização na história. Elas estão simplesmente "ali" e sucede-se um tímido mas vinculativo encontro que os deixa com um elo do qual aparentemente não se conseguem libertar, passando uma boa parte da narrativa em encontros sexuais que confirmam esta estranha dependência sem que, no entanto, o espectador consiga sentir qualquer tipo de química entre de la Baume e Ventimiglia. Se pensarmos que tudo o que fazem provém de algo mecânico então aí sim o seu trabalho está magnífico... mas se pensarmos na realidade onde as suas personagens deveriam representar um crescente sentido de paixão e entrega entre "Djuna" e "Paolo", então percebemos que falham redondamente e mais parece que estamos a assistir a dois robots a interagir.
Assim se falta conteúdo e consistência ao argumento de Cassavetes, é também justo dizer que tecnicamente ele dá vida a um ambiente muito bem elaborado que recria na perfeição uma certa decadência gótica que os filmes cuja abordagem é a "vida" de uma sociedade de vampiros pretendem recriar. Aqui, e graças a uma consistente direcção de fotografia de Tobias Datum que nos mantém em suspenso numa atmosfera rica em sombras e em ilusõe sobre a dimensão do espaço e do tempo e onde o próprio espectador estranha, a dada altura, o ressurgimento de uma luz que parece ser agora apenas um reflexo da memória.
A contribuir de forma decisiva para esse ambiente gótico está também a elaborada concepção dos espaços a cargo de Chris Trujillo, Ian Salter e Daniel R. Kersting que recriam os espaços que a literatura e algumas obras cinematográficos nos habituaram a considerar como sendo o habitat natural dos vampiros e que captam a essência de uma sociedade que caminha pelo mundo há séculos e que está habituado a pertencer a uma classe distinta e afastada dos demais mas em decadência por não ter a liberdade desejada.
E os aspectos positivos deste filme começam e terminam nesta recriação técnica do espaço e do tempo que, infelizmente, não chegam para tornar Kiss of the Damned numa referência do género, nem tão pouco confirmar Cassavetes como um novo talento do terror ou mesmo o par protagonista como um daqueles que iremos recordar no futuro. Vou mais longe e digo... de toda a edição deste ano do MOTELx este é, sem reservas, o filme mais pobre e menos interessante até ao momento.
Em duas pequenas mas assertivas palavras... perfeitamente dispensável.
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2 / 10
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