The Battery de Jeremy Gardner foi um dos filmes em exibição no terceiro dia do MOTELx - Festival Internacional de Cinema de Terror de Lisboa a decorrer no Cinema São Jorge.
Ben (Jeremy Gardner) e Mickey (Adam Cronheim), dois antigos jogadores de baseball, percorrem agora as estradas de um desolado interior norte-americano na esperança de encontrarem algum sinal da civilização que outrora conheceram bem como escapar das investidas da praga de mortos-vivos que agora dominam todos os espaços que atravessam.
Com personalidades e posturas assumidamente diferentes perante o novo mundo que agora encontram, Ben é um tipo pragmático e com a noção que o perigo espreita em qualquer local e, por isso, tenta estar o mais alerto possível para antever todas as complicadas situações com que se podem deparar. Por sua vez Mickey isola-se num espaço próprio onde a música o faz abstrair de todas as contrariedades que podem aparecer, deixando para Ben a luta com os temidos mortos-vivos que aos poucos os vão cercando.
É quando interceptam uma comunicação de um outro grupo de sobreviventes que Mickey fica obsecado com a voz de Annie, uma mulher que não conhecendo desperta nele os seus desejos de uma sexualidade reprimida. No entanto esta deixa-lhe um aviso... que esqueça a sua voz e que alguma vez comunicaram pois se voltasse a acontecer as circunstâncias seriam graves.
Este filme independente e de baixo orçamento é um "filho" inspirado de Jeremy Gardner que aqui é não só o realizador e argumentista mas também produtor e o seu actor principal. Sem grandes meios e claramente uma produção que é quase feita de câmara ao ombro, The Battery assume-me como uma obra para além do género zombie que tenta aqui captar a essência do Homem num momento de crise seja esta qual fôr.
Assim, e tendo em conta o tradicional filme do género, Gardner leva-nos aqui a entrar num universo onde dois homens reagem a uma crise generalizada e que fez desaparecer a ideia de civilização que sempre havia feito parte do seu imaginário. Sem encontrar os tradicionais elementos de hecatombe e apenas nos deparando com um silêncio e pacatez excessivos que pressupõe esse "acontecimento" transformar da sociedade, entramos num universo onde somos obrigados a contemplar a natureza que nos envolve e que, aos poucos, recupera terreno face ao Homem no seu sentido mais lato. Natureza essa que também ela silenciosamente tem mostrado recuperar o seu próprio espaço em detrimento da Humanidade agora perdida.
Gardner vai ainda mais longe quando juntamente com este sentimento de solidão, perda e ter de enfrentar, cada um à sua maneira, a nova realidade que agora se apresenta, nos mostra a própria dimensão do Homem que se apresenta ele próprio com um comportamento mais dominante, mais rude e mais selvagem onde, em nome da sobrevivência, se pode colocar em risco a segurança dos demais. Segurança essa que uma vez colocada em risco pode significar não só a de um como a de todos os envolvidos pois apenas através de uma rede de elos de ligação se pode garantir intacta.
Ao longo de uma paisagem vazia de vida humana, estes dois caricatos personagens cuja única relação que têm foi a de em tempos idos pertencerem à mesma equipa de baseball vão preenchendo e dinamizado todo o filme com os seus comportamentos peculiares e distintos. Enquanto "Ben" é dinâmico, e por vezes cínico, pretendendo manter-se sempre em movimento garantindo assim a sua ideia de segurança ao não criar laços com nenhum espaço ou objecto para além do essencial, "Mickey" sente falta de certos confortos e regalias que a vida como sempre a conheceu lhe garantia... uma casa, um cama ou um simples videojogo com o qual passava o seu tempo livre. As posturas que ambos têm serão as mesmas que, a seu tempo, poderão colocá-los em diversos níveis de perigo que, em última análise, culminarão com a sua eventual morte (ou sobrevivência), caminho que nos é deixado à imaginação no momento em que ambos se vêem enclausurados num carro do qual não conseguem nem sair nem pôr a trabalhar.
Gardner consegue assim realizar um filme inteligente não só pela sua concepção ter sido obtida através de poucos recursos como principalmente pelas suas mensagens e reflexões sobre o meio, a natureza humana e os comportamentos em tempo de crise que transformam o Homem num ser selvagem e errático capaz de tudo em nome da sua auto-preservação. Repleto de interessantes e bem delineados momentos de comédia que suavizam muito da dinâmica mais reflectiva deste filme, The Battery impõe-se como um filme moderno e de certa forma irreverente ao inserir-se num género muito particular e sem fazer do mesmo a sua única referência central. Suspeito que teremos no futuro muitas e mais agradáveis surpresas de Gardner.
É quando interceptam uma comunicação de um outro grupo de sobreviventes que Mickey fica obsecado com a voz de Annie, uma mulher que não conhecendo desperta nele os seus desejos de uma sexualidade reprimida. No entanto esta deixa-lhe um aviso... que esqueça a sua voz e que alguma vez comunicaram pois se voltasse a acontecer as circunstâncias seriam graves.
Este filme independente e de baixo orçamento é um "filho" inspirado de Jeremy Gardner que aqui é não só o realizador e argumentista mas também produtor e o seu actor principal. Sem grandes meios e claramente uma produção que é quase feita de câmara ao ombro, The Battery assume-me como uma obra para além do género zombie que tenta aqui captar a essência do Homem num momento de crise seja esta qual fôr.
Assim, e tendo em conta o tradicional filme do género, Gardner leva-nos aqui a entrar num universo onde dois homens reagem a uma crise generalizada e que fez desaparecer a ideia de civilização que sempre havia feito parte do seu imaginário. Sem encontrar os tradicionais elementos de hecatombe e apenas nos deparando com um silêncio e pacatez excessivos que pressupõe esse "acontecimento" transformar da sociedade, entramos num universo onde somos obrigados a contemplar a natureza que nos envolve e que, aos poucos, recupera terreno face ao Homem no seu sentido mais lato. Natureza essa que também ela silenciosamente tem mostrado recuperar o seu próprio espaço em detrimento da Humanidade agora perdida.
Gardner vai ainda mais longe quando juntamente com este sentimento de solidão, perda e ter de enfrentar, cada um à sua maneira, a nova realidade que agora se apresenta, nos mostra a própria dimensão do Homem que se apresenta ele próprio com um comportamento mais dominante, mais rude e mais selvagem onde, em nome da sobrevivência, se pode colocar em risco a segurança dos demais. Segurança essa que uma vez colocada em risco pode significar não só a de um como a de todos os envolvidos pois apenas através de uma rede de elos de ligação se pode garantir intacta.
Ao longo de uma paisagem vazia de vida humana, estes dois caricatos personagens cuja única relação que têm foi a de em tempos idos pertencerem à mesma equipa de baseball vão preenchendo e dinamizado todo o filme com os seus comportamentos peculiares e distintos. Enquanto "Ben" é dinâmico, e por vezes cínico, pretendendo manter-se sempre em movimento garantindo assim a sua ideia de segurança ao não criar laços com nenhum espaço ou objecto para além do essencial, "Mickey" sente falta de certos confortos e regalias que a vida como sempre a conheceu lhe garantia... uma casa, um cama ou um simples videojogo com o qual passava o seu tempo livre. As posturas que ambos têm serão as mesmas que, a seu tempo, poderão colocá-los em diversos níveis de perigo que, em última análise, culminarão com a sua eventual morte (ou sobrevivência), caminho que nos é deixado à imaginação no momento em que ambos se vêem enclausurados num carro do qual não conseguem nem sair nem pôr a trabalhar.
Gardner consegue assim realizar um filme inteligente não só pela sua concepção ter sido obtida através de poucos recursos como principalmente pelas suas mensagens e reflexões sobre o meio, a natureza humana e os comportamentos em tempo de crise que transformam o Homem num ser selvagem e errático capaz de tudo em nome da sua auto-preservação. Repleto de interessantes e bem delineados momentos de comédia que suavizam muito da dinâmica mais reflectiva deste filme, The Battery impõe-se como um filme moderno e de certa forma irreverente ao inserir-se num género muito particular e sem fazer do mesmo a sua única referência central. Suspeito que teremos no futuro muitas e mais agradáveis surpresas de Gardner.
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