The Body de Paul Davis foi uma das curtas-metragens internacionais presentes ontem no MOTELx - Festival Internacional de Cinema de Terror de Lisboa naquela que foi uma perfeita mistura de humor negro com o espírito do macabro.
Ao som do Lago dos Cisnes de Prokofiev encontramos um assassino contratado (Alfie Allen) que terminou o seu último serviço no dia de Halloween, perfeito para encobrir dos olhares mais suspeitos a estranha "encomenda" que leva debaixo do braço para "despachar" no local habitual na floresta.
No caminho encontra Alan (Christian Brassington), um antigo colega de liceu que o reconhece e tenta reatar laços que outrora nunca tiveram levando-o para uma festa de Halloween onde todos ficam rendidos à sua "máscara". Nesta festa que conhece Maggie (Hannah Tointon), uma sedutora mulher que parece bastante interessada nele e que não o deixa partir. É então que os seus novos e muito animados amigos decidem que têm de o acompanhar para ver qual a recompensa que ele irá receber pelo seu disfarce naquela que será uma ainda mais trágica e irónica noite para a qual nenhum deles estava preparado.
Davis e Paul Fischer escreveram este argumento cheio de um mordaz humor negro que consegue conquistar-nos desde o primeiro instante em que assistimos a um longo e primoroso segmento ao som de Prokofiev. É quase impossível pensarmos que a seguir ao som daquela fenomenal música iremos assistir a um segmento macabro e capaz de destruir qualquer sensação mais pura e etérea... No entanto, nada é impossível nesta curta-metragem britânica que aprimora o sentido de humor ao ponto de nos fazer esperar o pior mas sempre, sem excepção, com um sorriso nos lábios incapaz de sucumbir à brutalidade que estas imagens podem eventualmente representar.
Deliciosas são as interpretações do elenco sendo obviamente de destacar a de Alfie Allen que executa uma perfeita combinação de um tipo com charme e capaz de conquistar a atenção das mulheres pelo seu porte despreocupado como dos homens pelo seu ar cool e simpático mas que, no fundo, mais não é do que a sua própria arma para passar sem que ninguém note nele como um vilão capaz de cometer um sem fim de atrocidades.
E, tal como no início, o final desta curta é para lá de bom conseguindo elevar ao máximo o significado de humor negro britânico entregando-nos um segmento do qual esperamos não terminar tão depressa. Intrigante, cómica e repleta de momentos dignos do melhor cinema, esta curta-metragem deve ser (re)vista e sê-lo-à sempre com gosto e entrega por parte do espectador.
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8 / 10
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