segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Los Demonios (2012)

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Los Demonios de Miguel Azurmendi é uma curta-metragem espanhola de ficção e uma das últimas da competição internacional que foi exibida no Córtex - Festival de Curtas-Metragens de Sintra que ontem terminou no Centro Cultural Olga de Cadaval.
Javi, Fer e Miguel são três amigos que percorrem as ruas de uma cidade onde, durante a noite, procuram uma qualquer diversão que os faça passar o tempo. Depois de alguns pequenos desacatos em que destroem alguns objectos, o trio de amigos prepara-se para algo de especial e é quando entram no espaço de um multibanco onde um sem-abrigo se refugia do frio que finalmente conseguem satisfazer as suas vontades.
Azurmendi faz do argumento de Sara Cano e Elías Espinosa uma experiência que desde o primeiro instante se sente tensa e perturbadora na medida em que pecebemos que aquele trio não está apenas no intuito de se distrair e passar inocentes bons momentos. Se esta sensação estava presente no espectador desde o momento em que os vemos a cruzar as ruas numa noite aparentemente silenciosa, confirmamos as nossas suspeitas quando os vemos a tornarem esses mesmos actos ditos "inocentes" num latente vandalismo que percebemos ir tornar-se em algo maior que nos fazem adivinhar que o seu clímax está prestes a ser atingido.
É quando chegamos aos instantes finais que percebemos, se ainda existia algum tipo de dúvida, que o mal pode ser praticado não com um qualquer motivo que o justifique mas sim pela crueza de simplesmente poder ser feito.
Javier Bódalo, Fernando Tielve e Adrián Viador formam uma tripla de mercenários nocturnos que se complementam pelo mar com rosto angelical que pode ser praticado vindo por vezes das aparências mais inocentes. Esta tripla, ainda que de rosto insuspeito, apresenta uma química que não consegue enganar ninguém desde o primeiro instante e percebemos que todas as suas intenções (se é que alguma) apenas podem levar aqueles que com eles se cruzam a uma desgraça instantânea.
Los Demonios é assim um forte retrato sobre a anónima violência urbana que se esconde por detrás de rostos aparentemente inofensivos mas que escondem um rosto bárbaro e sem piedade feito apenas com a chancela do "poder"... Um simples "eu posso" como o único argumento utilizado por alguém que se desprendeu de qualquer tipo de Humanidade que poderia ainda apresentar e que elimina o elo mais fraco simplesmente porque entende a ideia de liberdade como algo sem regras, sem condutas e sem respeito que lhe dá assim um livre passe para justificar todo o tipo de frustrações que o seu subconsciente lhe sugerem poder fazer e que fazem desta curta-metragem um interessante e perturbador sobre a realidade urbana dos nossos dias.
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8 / 10
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