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Rhoma Acans de Leonor Teles é um documentário português que foi exibido no primeiro dia da competição nacional do Córtex - Festival de Curtas-Metragens de Sintra a decorrer no Centro Cultural Olga de Cadaval.
A jovem realizadora analisa com este documentário as suas origens, ou seja, a sua própria família tendo como base as noções e os costumes, que tanto aproximam como podem afastar, da tradição cigana e como em tempos as mulheres progressistas da sua família assumiram os seus próprios destinos mesmo contra a noção de "respeito" que estava implícita à etnia.
Assim desta forma, Leonor Teles tece uma estreia relação entre a sua própria história e aquela de Joaquina, uma jovem totalmente integrada na comunidade cigana e nos seus costumes e rituais que aos dezasseis anos de idade já conta com uma história que passa pelo casamento precoce e abusivo mas que mantém sonhos, ainda que tímidos, sobre uma independência que poderá nunca chegar. História essa que poderia ser a da realizadora mas que graças a uma quebra com esses costumes por parte dos seus pais fez com que outras portas e oportunidades pudessem estar mais ao seu alcance.
De forma ligeira e bem disposta, sem nunca esquecer um conjunto de factos que nos inserem no contexto pretendido, Leonor Teles consegue abrir uma porta, ainda que ligeiramente, ao universo de uma etnia que está tão presente na sociedade portuguesa mas da qual, ao mesmo tempo, tão pouco sabemos.
E este documentário consegue ir ainda mais longe quando a realizadora nos faz deparar com a questão importante que coloca a outras jovens da etnia cigana que, ainda dentro de um círculo fechado e conservador, não sabem responder sobre os sonhos (ou perspectivas dos mesmo) que têm para o seu futuro bem como nos mostra de forma inteligentemente subtil a importância da formação escolar e académica de cada indivíduo como parte integrante da sua própria liberdade, conhecimento e independência.
Se esta curta-metragem documental já é por si bastante interessante, ligeira por não ser apresentada de forma institucional e divertida pela abordagem que Leonor Teles lhe dá, consegue ainda ter a mais valia de deixar o espectador com vontade de conhecer mais não só da própria comunidade cigana em si, como também da perspectiva de alguém que a filma de forma tão espontânea não só por ter uma "costela" da mesma como por querer dar a conhecer parte de si, facto que nos leva a poder ficar mais tempo na sala de cinema e saber sempre um pouco mais... Tal o poder da "educação".
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8 / 10
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