Cantuña y los Diablos de la Catedral de Leonardo Trujillo é uma curta-metragem de animação mexicana que nos conta a história de Cantuña, o indío encarregado de construir o átrio da Catedral de San Francisco de Quito que, impossibilitado de a construir a tempo iria preso pela sua falha.
No entanto, visitado pelo diabo Siapu, Cantuña cede-lhe a sua alma se antes do amanhecer todo o átrio estiver construído. Entre a tentação e a promessa de uma nova alma para o seu "rebanho", o diabo Siapu concorda para aquilo que é a eminente condenação eterna de Cantuña.
Numa clara viagem ao passado colonialista espanhol das Américas, esta curta-metragem de Leonardo Trujillo consegue estabelecer relações mordazes e muito interessantes sobre a proximidade entre colonizador e colonizado (escravizado) onde este último é coagido à execução de tarefas impossíveis, realçando assim a questão de dominador e dominado.
Ao mesmo tempo Trujillo estabelece aquela que é possivelmente a mais polémica e cómica relação deste seu trabalho de animação onde ao colocar nas mãos de um nativo das Américas (que devia por obrigação ser cristianizado) a construção de parte da catedral, este que por sua vez faz um pacto com o diabo para a construção do mais sagrado dos templos católicos, numa alusão a uma clara heresia, Trujillo prepara-nos para um desfecho inesperado mas inteligente por parte daquele do qual todos esperam ser um eterno subserviente que vive no limbo.
No final ficamos com um filme curto bem estruturado e com um género de animação diferente do habitual mas que nos consegue cativar pela sua mensagem e execução que recorre às lendas tradicionais e aos ditos populares para elaborar uma história com princípio, meio e fim.
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7 / 10
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