terça-feira, 23 de julho de 2024

Globos de Ouro SIC/Caras 2024: os nomeados


A SIC acaba de anunciar os nomeados aos Globos de Ouro entregues pelo canal de televisão e pela revista CARAS às melhores produções lusas do último ano nas mais diversas áreas incluindo Cinema e a Ficção Televisiva entre outras. O díptico Mal Viver e Viver Mal, de João Canijo com três nomeações e a série Rabo de Peixe com seis nomeações são as produções que se destacam nas suas respectivas áreas.
São os nomeados:

Cinema
Melhor Filme
Baan, de Leonor Teles
Mal Viver e Viver Mal, de João Canijo
Nação Valente, de Carlos Conceição
Nayola, de José Miguel Ribeiro
Onde Fica Esta Rua? Ou Sem Antes Nem Depois, de João Pedro Rodrigues e João Rui Guerra da Mata

Melhor Actor
João Arrais, Nação Valente
Pedro Inês, Índia
Albano Jerónimo, The Nothingness Club - Não Sou Nada e O Pior Homem de Londres
Rui Morrison, Sombras Brancas
Ruben Simões, Vadio

Melhor Actriz
Rita Blanco, Mal Viver e Viver Mal
Rita Cabaço, O Vento Assobiando nas Gruas
Carla Maciel, Légua
Anabela Moreira, Mal Viver, Viver Mal e A Semente do Mal
Maria João Pinho, A Sibila

Televisão
Melhor Ficção
Codex 632
Lúcia, A Guardiã dos Segredos
Matilha
Rabo de Peixe
Senhora do Mar


Melhor Actor
José Condessa, Rabo de Peixe
Albano Jerónimo, Rabo de Peixe
Afonso Pimentel, Matilha e Rabo de Peixe
Paulo Pires, Codex 632
Rodrigo Tomás, Rabo de Peixe

Melhor Actriz
Inês Aires Pereira, Erro 404
Márcia Breia, Lúcia, A Guardiá do Segredo
Helena Caldeira, Rabo de Peixe
Sofia Ribeiro, Senhora do Mar
Margarida Vila-Nova, Matilha

Os vencedores destas e das demais categorias serão conhecidos no decorrer da XXVIII cerimónia dos Globos de Ouro a decorrer no próximo dia 29 de Setembro, no Coliseu de Lisboa.




segunda-feira, 22 de julho de 2024

Dora Leal



1939 - 2024

sábado, 13 de julho de 2024

Richard Simmons



1948 - 2024

Shannen Doherty



1971 - 2024

quinta-feira, 11 de julho de 2024

Shelley Duvall



1949 - 2024

sexta-feira, 5 de julho de 2024

Grande Otelo 2024: os nomeados


Foram revelados os nomeados aos troféus Grande Otelo que são anualmente entregues pela Academia Brasileira de Cinema às melhores obras cinematográficas do país. Mussum, O Filmis, de Silvio Guindane, Noites Alienígenas, de Sérgio de Carvalho, Nosso Sonho - A História de Claudinho e Bochecha, de Eduardo Albergaria, Pedágio, de Carolina Markowicz e O Sequestro do Voo 375, de Marcus Baldini são os filmes que concorrem ao Grande Otelo de Melhor Filme do Ano destacando-se as obras de Guindane e Baldini com doze nomeações cada. Destaque ainda para as obras Pedágio e Mato Seco em Chamas co-produções luso-brasileiras nomeadas em diversas categorias.
São os nomeados:

Melhor Longa-Metragem de Ficção
Mussum, O Filmis, de Silvio Guindane
Noites Alienígenas, de Sérgio de Carvalho
Nosso Sonho - A História de Claudinho e Bochecha, de Eduardo Albergaria
Pedágio, de Carolina Markowicz
O Sequestro do Voo 375, de Marcus Baldini

Melhor Documentário
Andança - Os Encontros e as Memórias de Beth Carvalho, de Pedro Bronz
Belchior - Apenas um Coração Selvagem, de Natália Dias e Camilo Cavalcanti
Elis & Tom, Só Tinha de Ser com Você, de Roberto de Oliveira e Jom Tob Azulay
Nada Será como Antes - A Música do Clube da Esquina, de Ana Rieper
Retratos Fantasmas, de Kleber Mendonça Filho

Melhor Longa-Metragem de Comédia
Desapega!, de Hsu Chien Hsin
Os Farofeiros 2, de Roberto Santucci
Minha Irmã e Eu, de Susana Garcia
Pérola, de Murilo Benício
Saudosa Maloca, de Pedro Serrano
Três Tigres Tristes, de Gustavo Vinagre

Melhor Longa-Metragem Infantil
As Aventuras de Poliana - O Filme, de Claudio Boeckel
Dois é Demais em Orlando, de Rodrigo Van der Put
Turma da Mônica Jovem - Reflexos do Medo, de Maurício Eça
Uma Carta para Papai Noel, de Gustavo Spolidoro
Uma Fada Veio me Visitar, de Vivianne Jundi

Melhor Longa-Metragem de Animação
Bizarros Peixes das Fossas Abissais, de Marão
Chef Jack, O Cozinheiro Aventureiro, de Guilherme Fiuza Zenha
A Ilha dos Ilús, de Paulo G. C. Miranda
Perlimps, de Alê Abreu
Uma Noite Antes do Natal, de Nelson Botter Jr.

Melhor Filme Ibero-Americano
Los Colonos, de Felipe Gálvez (Chile/Argentina)
El Otro Hijo, de Juan Sebastián Quebrada (Colômbia)
Al Otro Lado de la Niebla, de Sebástian Cordero (Equador)
Puan, de María Alché e Benjamín Naishtat (Argentina)
La Sociedad de la Nieve, de Juan Antonio Bayona (Espanha)

Melhor Curta-Metragem de Ficção
Os Animais mais Fofos e Engraçados do Mundo, de Renato Sircilli
A Menina e o Mar, de Gabriel Mellin
Quinze Quase Dezasseis, de Thais Fujinaga
Se Precisar de Algo, de Mariana Cobra
Yãmî Yah-Pá - Fim da Noite, de Vladimir Seixas

Melhor Curta-Metragem de Documentário
Cama Vazia, de Fábio Rogério e Jean-Claude Bernardet
Eu, Negra, de Juh Almeida
Macaléia, de Rejane Zilles
As Marias, de Dannon Lacerda
Thuë Pihi Kuuwi - Uma Mulher Pensando, de Aida Harika Yanomami, Edmar Tokorino Yanomami e Roseane Yariana Yanomami

Melhor Curta-Metragem de Animação
Era uma Noite de São João, de Bruna Velden
Jussara, de Camila Ribeiro
Lapso, de Mônica Moura
Mulher Vestida de Sol, de Patrícia Moreira
Quintal, de Mariana Neto

Melhor Realização
Tomás Portella, Aumenta Que é Rock'n'Roll
Anita Rocha da Silveira, Medusa
Carolina Markowicz, Pedágio
Kleber Mendonça Filho, Retratos Fantasmas
Marcus Baldini, O Sequestro do Voo 375

Realização Revelação
Natália Dias Camilo Cavalcanti, Belchior - Apenas um Coração Selvagem
Lillah Halla, Levante
Silvio Guindane, Mussum, O Filmis
Ana Petta e Helena Petta, Quando Falta o Ar
Nara Normande e Tião, Sem Coração

Melhor Actor
Chico Diaz, Noites Alienígenas
Ailton Graça, Mussum, O Filmis
Johnny Massaro, Aumenta que é Rock'n'Roll
Paulo Miklos, Saudosa Maloca
Juan Paiva, Nosso Sonho - A História de Claudinho e Bochecha

Melhor Actriz
Débora Falabella, Bem-Vinda, Violeta
Vera Holtz, Tia Virgínia
Maeve Jinkings, Pedágio
Drica Moraes, Pérola
Bárbara Paz, A Porta ao Lado

Melhor Actor Secundário
Gero Camilo, Saudosa Maloca
Gabriel Leone, O Rio do Desejo
Yuri Marçal, Mussum, O Filmis
Jorge Paz, O Sequestro do Voo 375
Antônio Pitanga, Tia Virgínia
George Sauma, Aumenta que é Rock'n'Roll

Melhor Actriz Secundária
Alice Carvalho, Angela
Aline Marta Maia, Pedágio
Grace Passô, Levante
Cacau Protásio, Mussum, O Filmis
Arlete Salles, Tia Virgínia

Melhor Argumento Original
Adirley Queirós e Joana Pimenta, Mato Seco em Chamas
Anita Rocha da Silveira, Medusa
Carolina Markowicz, Pedágio
Daniel Bandeira, Propriedade
Fabio Meira, Tia Virgínia

Melhor Argumento Adaptado
Paulo Cursino, Mussum, O Filmis
Camilo Cavalcante, Rodolfo Minari e Sérgio de Carvalho, Noites Alienígenas
Adriana Falcão, Marcelo Saback e Jô Abdu, Pérola
Sergio Machado, George Walker Torres, Maria Camargo e Milton Hatoum, O Rio do Desejo
Lusa Silvestre e Mikael de Albuquerque, O Sequestro do Voo 375

Melhor Montagem
Marcelo Moraes, Aumenta que é Rock'n'Roll
João Wainer, Elis & Tom, Só Tinha de ser com Você
André Simões, Mussum, O Filmis
André Sampaio, Noites Alienígenas
Eduardo Albergaria e Waldir Xavier, Nosso Sonho - A História de Claudinho e Bochecha
Lucas Gonzaga e Gustavo Vasconcelos, O Sequestro do Voo 375
Karen Akerman e Virgínia Flores, Tia Virgínia

Melhor Fotografia
Gustavo Hadba, Bem-Vinda, Violeta
Nonato Estrela, Mussum, O Filmis
Kika Cunha, Pérola
Adrian Teijido, O Rio do Desejo
Evgenia Alexandrova, Sem Coração
Rhebling Junior, O Sequestro do Voo 375

Melhor Música Original
Dado Villa-Lobos, Aumenta que é Rock'n'Roll
Bernardo Uzeda e Anita Rocha da Silveira, Medusa
Bernardo Gebara, Noites Alienígenas
Plínio Profeta, Nosso Sonho - A História de Claudinho e Bochecha
Beto Villares, O Rio do Desejo
Plínio Profeta, O Sequestro do Voo 375

Melhor Som
Valéria Ferro, Renato Calaça, Simone Petrillo e Paulo Gama, Aumenta que é Rock'n'Roll
Bernardo Uzeda, Evandro Lima e Gustavo Loureiro, Medusa
Evandro Lima, Acácia Lima, Tomás Alem, Gustavo Loureiro e Rodrigo Noronha, Mussum, O Filmis
André Bellentani, Filipe Derado e Toco Cerqueira, Pedágio
Sérgio Scliar, Miriam Biderman e Ricardo Reis, O Sequestro do Voo 375

Melhor Direcção Artística
Claudio Amaral Peixoto, Aumenta que é Rock'n'Roll
Karen Araujo, Nosso Sonho - A História de Claudinho e Bochecha
Adrian Cooper, O Rio do Desejo
Rafael Ronconi, O Sequestro do Voo 375
Ana Mara Abreu, Tia Virgínia

Melhor Guarda-Roupa
Ana Avelar e Joanna Ribas, Aumenta que é Rock'n'Roll
Cassio Brasil, Mussum, O Filmis
Alex Brollo, Nosso Sonho - A História de Claudinho e Bochecha
Bia Salgado, Pérola
Letícia Barbieri, O Sequestro do Voo 375

Melhor Maquilhagem
Uirandê Holanda, Aumenta que é Rock'n'Roll
Mari Pin e Martín Macías Trujillo, Mussum, O Filmis
Zé Lucas, Noites Alienígenas
Simone Batata, O Sequestro do Voo 375
Marcos Freire, Tia Virgínia

Melhores Efeitos Visuais
Marcelo Siqueira, Aumenta que é Rock'n'Roll
Marcelo Siqueira, Mamonas Assassinas - O Filme
José Francisco Neto, Mussum, O Filmis
Marcelo Cunha e Joaquim Moreno, O Sequestro do Voo 375
Marcelo Siqueira e Alexandre Cruz, Turma da Mônica Jovem - Reflexos do Medo

Os vencedores serão conhecidos no próximo dia 28 de Agosto numa cerimónia a realizar na Cidade das Artes, no Rio de Janeiro.



segunda-feira, 1 de julho de 2024

Robert Towne



1934 - 2024

Fausto



1948 - 2024

sexta-feira, 28 de junho de 2024

Txema Blasco



1941 - 2024

terça-feira, 25 de junho de 2024

Bill Cobbs



1934 - 2024

domingo, 23 de junho de 2024

Tamayo Perry



1975 - 2024

quinta-feira, 20 de junho de 2024

Donald Sutherland



1935 - 2024

terça-feira, 18 de junho de 2024

Anouk Aimée



1932 - 2024

Premios Fugaz 2024: os vencedores

 

Decorreu hoje no Kinépolis de Madrid a sétima cerimónia dos Premios Fugaz entregues anualmente às melhores obras espanholas em formato de curta-metragem. La Gran Obra, de Àlex Lora foi considerada a melhor Curta-Metragem do ano mas, no entanto, foram El Trono, de Lucía Jiménez e Madreselva, de Nata Moreno as obras mais premiadas ao recolherem três troféus cada.
São os vencedores:

Curta-Metragem: La Gran Obra, de Àlex Lora
Curta-Metragem de Documentário: El Kala, de Diego Pérez
Curta-Metragem de Animação: To Bird or Not to Bird, de Martin Romero
Curtíssima: Alicia, de Tony Morales
Longa-Metragem: 20.000 Especies de Abejas, de Estibaliz Urresola Solaguren
Direcção de Produção: Pilar Sancho, Anticlímax
Realização: Raúl Monge, La Ley del Más Fuerte
Realização Revelação: Lucía Jiménez, El Trono
Interpretação Masculina: Manu Baqueiro, El Trono
Interpretação Feminina: Paula Usero, Mi Zona
Argumento: Inés González e Martí Juan Batet, Artesanía
Montagem: Sergio Rozas, La Ley del Más Fuerte
Fotografia: Alana Mejía González, Aunque es de Noche
Música Original: Niamh Ní Mheara, Blava Terra
Som: Antonio Mejías, José Luís Alcaine Bartolomé e Álvaro de Iscar, El Trono
Direcção Artística: Victoria Paz Álvarez, Madreselva
Guarda-Roupa: Montse Sancho, Madreselva
Maquilhagem e Cabelo: Celia Bañares, Madreselva
Efeitos Visuais: Javi Verdugo Jaime, Marco Rossi Heras, Edu Oliden, Kiko Navarro, Taio Prince Rossi, Albert García Gil Tomas Muñoz Vernet, Pesudo
Fugaz de Honor: Eduard Fernández


segunda-feira, 17 de junho de 2024

Jacqueline Laurence



1932 - 2024

quinta-feira, 13 de junho de 2024

Benji Gregory



1978 - 2024

terça-feira, 11 de junho de 2024

Françoise Hardy



1944 - 2024

domingo, 2 de junho de 2024

Janis Paige



1922 - 2024

sábado, 1 de junho de 2024

Pedágio (2023)


Pedágio de Carolina Markowicz (Brasil/Portugal) presente na nova secção Rezoma do IndieLisboa - Festival Internacional de Cinema Independente que agora chega ao fim - e um dos candidatos que o Brasil apresentou enquanto potencial nomeado ao Oscar de Filme Internacional nesta última edição - relata a história de Suellen (Maeve Jinkings), uma mulher que trabalha numa portagem e é mãe solteira de Tiquinho (Kauan Alvarenga). Quando as dúvidas sobre a sexualidade do filho surgem, Suellen recorre ao apoio de Telma (Aline Marta Maia), uma amiga que lhe indica o caminho da religião para a ajudar com a doença do filho e às artimanhas de Arauto (Thomas Aquino), o namorado que a leva para o mundo do crime.
Markowicz, também autora do argumento, lança uma história ao espectador que abre diversas vertentes a explorar. A primeira, e eventualmente aquela que é mais explícita para o espectador desde os primeiros instantes, foca-se no meio visivelmente precário em que esta família vive. Com a ausência de uma figura paternal apenas substituído e de forma desinteressada pela figura de "Arauto", esta casa (que de lar tem pouco), apresenta uma mãe que se desdobra em múltiplas funções tentando, de forma quase inglória, manter a subsistência da família e uma qualquer ideia de "tecto sobre a cabeça" que, de outra forma, seria impossível. É nesta dinâmica que assistimos a uma ideia de família que se compreende ter poucas bases para se manter "à tona" e, na qual, a permeabilidade a influências externas se torna mais evidente. E essas influências, quase sempre pouco positivas, revelam-se sob diversas formas.
Para "Suellen" o problema maior com que se depara é a vox populi da comunidade que a rodeia falar dos comportamentos e das "insinuações" sexuais do seu filho que fogem à dita "norma" que a mesma considera como aceitáveis. O jovem "Tiquinho" centrado na ideia de que aquele ambiente que o rodeia não é o seu - ou pelo menos não aquele que idealmente desejaria - expõe-se online com um conjunto de vídeos onde interpreta pela mímica êxitos musicais que incomodam quem o conhece. Imediatamente esses mesmos vídeos alvo de falatório, causam um distúrbio emocional em "Suellen" que pretende "corrigir" os comportamentos do filho e torná-lo "normal" e seguindo os conselhos da única amiga que aparentemente tem, é "Telma" quem a indica o caminho da religião como salvação para o jovem "Tiquinho". Começando pelo princípio, temos uma "Telma" - brilhantemente interpretada por Aline Marta Maia - que apregoa um bom casamento, uma vida dedicada à religião e bons costumes para a salvação eterna mas que, por outro lado, tem várias escapadas extra-matrimoniais durante o horário de trabalho que lançam o espectador para a contemplação da hipocrisia máxima sobre a moral que "eu" não tenho espalhada para os "outros" a quem a apregoo. Mais, é eta dinâmica religiosa que lança para a salvação do jovem que, ao ser inserido nos perigosos meandros de uma religião que mais apregoa do que aquilo que faz, que o espectador se vê frente a um conjunto de princípios que são não só vagos como sobretudo exemplos práticos da hipocrisia religiosa que precisa ser validada (ou validar-se) face a algo tão incontrolável como os sentimentos humanos e a sexualidade. Mais hipócrita ainda se começarmos a questionar as viagens "ocultas" do "Pastor Isac" (Isac Graça) que se assume como um "recuperado" para a obra de "Deus" mas que, ao mesmo tempo, é deixado em aberto as relações que mantém nomeadamente na sua última viagem...
Finalmente, uma das últimas abordagens a esta história prende-se com o trágico desfecho que a maioria destas personagens acabam por ter. Do medo do falatório à incapacidade de providenciar uma vida "feliz" - segundo os seus próprios parâmetros - ao filho faz com que "Suellen" equacione que é preciso algo mais para se poder manter à tona. O crime que o seu namorado lhe propõe, ainda que lhe pareça inocente e praticado por amor ao filho e desespero à sua "condição", acaba por lançar na tragédia todo um conjunto de vidas que são, em última análise, da sua própria responsabilidade. Nada estava errado com o seu filho que, para lá de alguma exposição típica da descoberta e fruto da sua jovem idade, apenas se limitou a tentar uma expressão do seu ser que não incomodava ou prejudicava ninguém. "Tiquinho" limitava-se a existir na prática (e descoberta) dos seus desejos e sentimentos, no exibir dos seus gostos e paixões face a uma comunidade que o via como um erro e a sua presença como algo indesejado e impróprio. O crime inicialmente surge, aliás, pela tentativa de eliminar - pela ridicularização do seu ser - a juventude e a descoberta de alguém que na realidade tentava e se limitava a existir tal como é... algo perigoso nos dias que correm! Esse mesmo crime que depois passa a assumir-se como algo que se pratica pela violência para com o outro - infelizmente algo que acabamos por receber sob diversas formas como a realidade de um país que tem tanto mais para oferecer - ao registar-se através de assaltos, da perseguição e da própria morte apenas e só com o intuito do enriquecimento ilícito (por um lado) e também para pagar uma dízima por um serviço que não só é absurdo como é, principalmente, ofensivo para um jovem a quem todos apontam um erro mas que, na realidade, apenas é... o que é.
Finalmente, um dos elementos mais irónicos desta história, e que acaba por provocar um certo sorriso ao espectador, é o facto do jovem "Tiquinho" encontrar nestas perigosas reuniões de "igreja" (ou talvez culto?!) aquele que se viria a constituir (compreendemos mais tarde) como o seu eventual amor. Esta relação, ainda que não tenha recebido um destaque por maior nesta história - talvez propositadamente -, assume-se de forma espontânea e natural primeiro através dos pequenos e inadvertidos olhares, depois por uma certa "procura" e finalmente por uma partilha de vida que ambos assumem transformando, pela primeira vez, a casa do jovem interpretado por Kauan Alvarenga, naquilo que ela sempre deveria ter sido... um lar onde vive uma família. Ou, pelo menos, o seu projecto inicial.
Com um conjunto tão diversificado de caminhos que esta história aqui exibe e que poderiam ter recebido uma devida exploração por parte da realizadora e argumentista, não sendo nenhum deles frágil no seu potencial (o crime, a exposição da vida privada, a sexualidade, a descoberta, o amor, a hipocrisia da comunidade ou até mesmo a questão religiosa), Pedágio "treme" por instantes porque deixa a breve sensação ao espectador de que poderia ter sido muito mais em qualquer uma destas dinâmicas explorando-as e expondo-as como eventualmente poderíamos desejar mas que aqui apenas circulam como referencial para todo este conjunto de personagens revelando instantes breves da sua posição na sociedade e na comunidade que todos eles constroem. Não debilitando de forma alguma a narrativa de uma forma geral permanece apenas para o espectador que... poderia ter sido mais... ou ido mais longe.
Jinkings e Alvarenga são dois portentos neste filme e agarram todas as dinâmicas construindo tudo o que existe à sua volta como sendo seu e ambos têm desempenhos que estão irrepreensíveis. Mas, no entanto, são três das personagens ditas secundárias que acabam por se destacar. Caio Macedo como o jovem namorado de "Tiquinho", como aquele jovem que acaba por transformar o destino do protagonista e finalmente Aline Marta Maia e Isac Graça como os expoentes máximos de uma sociedade hipócrita que mede a mesma através de parâmetros morais elevados mas... para os outros. Ambos referenciais de uma religião moralista e de bons costumes mas que secretamente escondem a prática de tudo aquilo que condenam.. pelo prazer ou pelo dinheiro a sua moral é corrompida com a mesma facilidade - senão mais - com que abrem a boca para apregoar aquilo que não praticam.
Com uma brilhante direcção de fotografia de Luís Armando Arteaga que transforma o calor climatérico num ambiente que oscila entre o frio e o desolado onde não habita a esperança e uma direcção de arte exímia que dá corpo a um espaço desprovido desse calor (mas humano), Pedágio é uma obra consistente e competente na exploração de diversas dinâmicas sociais, comunitárias, religiosas e sobretudo familiares (ou no potencial de criação de "novas" formas de família) mas que, ao mesmo tempo, por se centrar num diverso conjunto de vertentes para as quais o "tempo" não é suficiente, se perde um pouco ao não potencializar uma maior e mais profunda exploração de todas as personagens que, na realidade, mereciam ainda mais destaque para se compreender até quão fundo estão ou são capazes de ir... mas que, ainda assim, consegue retirar do espectador alguns sorrisos aquando da breve exploração das teorias de "conversão" fazendo deste assunto tão mórbido e pesado algo que, não deixando de ser levado a sério, se transforma no elemento absurdo de toda esta história que, não sendo real, também não deixa de o ser.



7 / 10



IndieLisboa - Festival Internacional de Cinema Independente 2024: os vencedores


Termina hoje a 21ª edição do IndieLisboa - Festival Internacional de Cinema Independente com a habitual cerimónia de premiação do mesmo a decorrer na Culturgest. Rising Up at Night, de Nelson Makengo foi a grande vencedora da edição ao recolher dois troféus incluindo o Grande Prémio Cidade de Lisboa e o Prémio Especial do Júri enquanto que na competição Nacional foi O Ouro e o Mundo, de Ico Costa o vencedor conseguindo ainda uma menção honrosa no Júri Universidades.
São os vencedores:

Competição Internacional
Grande Prémio Cidade de Lisboa: Rising Up at Night, de Nelson Makengo
Prémio Especial do Júri: Rising Up at Night, de Nelson Makengo
Menção Honrosa: El Auge del Humano 3, de Eduardo Williams
Curta-Metragem: The Oasis I Deserve, de Inès Sieulle
Prémio Especial do Júri: Matta and Matto, de Bianca Caderas e Kerstin Zemp e The House is on Fire, Might as Well Get Warm, de Mouloud Aït Liotna

Competição Nacional
Longa-Metragem Portuguesa: O Ouro e o Mundo, de Ico Costa
Realização: Margarida Gil, Mãos no Fogo e Leonardo Mourameteus, Greice
Curta-Metragem: Tão Pequeninas, Tinham o Ar de Serem Já Crescidas, de Tânia Dinis
Prémio Novo Talento: Nunca Mais é Demasiado Tempo, de Bruno Ferreira
Menção Honrosa: Kudibanguela, de Bernardo Magalhães

Competição IndieMusic
Prémio IndieMusic: Com Amor, Medo, de Telmo Soares

Competição Silvestre
Longa-Metragem: La Chimera, de Alice Rohrwacher
Curta-Metragem: Zima, de Kasumi Ozeki e Tomek Popakul
Menção Honrosa: Two Wars, de Jan Ijäs

Competição Novíssimos
Filme: Campos Belos, de David Ferreira
Menção Honrosa: Tanganhom, de Vítor Covelo

Prémio Amnistia Internacional: There is No Friend's House, de Abbas Taheri

Prémio Árvore da Vida: Banzo, de Margarida Cardoso
Menção Honrosa: Contos do Esquecimento, de Dulce Fernandes

Prémio Queer Art Lab: Cidade, Campo, de Juliana Rojas

Prémio MUTIM: Clotilde, de Maria João Lourenço
Menção Honrosa: Conseguimos Fazer um Filme, de Tota Alves

Júri Escolas
Curta-Metragem Portuguesa: Kudibanguela, de Bernardo Magalhães
Menção Honrosa: Nocturno para uma Floresta, de Catarina Vasconcelos

Júri Universidades
Longa-Metragem Portuguesa: Banzo, de Margarida Cardoso
Menção Honrosa: O Ouro e o Mundo, de Ico Costa



sexta-feira, 31 de maio de 2024

Kátya Tompos



1983 - 2024

segunda-feira, 27 de maio de 2024

Prémios Nico 2024: os vencedores



Foram ontem anunciados no decorrer da 13ª edição dos Sophia, anualmente entregues pela Academia Portuguesa de Cinema, os recipientes dos troféus Nico cujo propósito é "incentivar e reconhecer jovens promessas do cinema português".
Paulo Trancoso, Presidente da Academia, anunciou que os vencedores da sétima edição dos troféus, a serem entregues no próximo dia 8 de Julho, aquando do aniversário da mesma, são:


Ulé Baldé, actriz das longas-metragens Nação Valente (2022), de Carlos Conceição - vencedora do Sophia de Melhor Argumento Original - e Primeira Obra (2023), de Rui Simões recentemente estreada.



Salvador Gil, actor de Um Filme em Forma de Assim (2022), de João Botelho, A Minha Casinha (2023), de António Sequeira e do ainda por estrear Ubu (2023), de Paulo Abreu bem como realizador da curta-metragem Praia da Aguda (2023) pela qual foi nomeado ao Sophia Estudante na 13ª edição dos Sophia.



Ruben Simões, actor protagonista da longa-metragem Vadio (2022), de Simão Cayatte e da também por estrear Banzo (2024), de Margarida Cardoso em competição na edição deste ano do IndieLisboa.



Sophia 2024: os vencedores

 

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Mal Viver, de João Canijo foi o grande vencedor da noite da 13ª edição dos Sophia que decorreu no Casino Estoril, ao arrecadar um total de quatro troféus incluindo os de Melhor Filme e Melhor Realização. Great Yarmouth - Provisional Figures, de Marco Martins também com quatro troféus destacou-se pelas vitórias de Melhor Actriz e Melhor Actor Secundário para Beatriz Batarda e Romeu Runa respectivamente. Destaque ainda para a vitória de Cerrar los Ojos, de Victor Erice como o Melhor Filme Europeu, a primeira vitória nesta categoria para um filme espanhol.
São os vencedores:
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Filme: Mal Viver, Pedro Borges (prod.)
Documentário: Viagem ao Sol, de Ansgar Shaefer (real. e prod.) e Susana de Sousa Dias (real.) e Elsa Sertório e Rui Ribeiro (prods.)
Filme Europeu: Cerrar los Ojos, de Victor Erice (Espanha)
Curta-Metragem de Ficção: 2720, de Basil da Cunha
Curta-Metragem de Documentário: Coney Island - As Primeiras Vezes, de Joana Botelho
Curta-Metragem de Animação: Sopa Fria, de Marta Monteiro
Sophia Estudante: Défilement, de Francisca Miranda
Série/Telefilme: Rabo de Peixe, de Augusto Fraga (real.) e Pandora da Cunha Telles e Pablo Iraola (prods.)
Realização: João Canijo, Mal Viver
Actor: Miguel Borges, The Nothingness Club - Não Sou Nada
Actriz: Beatriz Batarda, Great Yarmouth - Provisional Figures
Actor Secundário: Romeu Runa, Great Yarmouth - Provisional Figures
Actriz Secundária: Madalena Almeida, Mal Viver
Argumento Original: Carlos Conceição, Nação Valente
Argumento Adaptado: Virgílio Almeida, Nayola
Montagem: João Braz, Mal Viver
Fotografia: João Ribeiro, Great Yarmouth - Provisional Figures
Música Original: Manuel Riveiro e Gaiteiros de Lisboa, Os Demónios do Meu Avô
Canção Original: "Caretos", por Possidónio Cachapa (letra), Carlos Guerreiro (música) e Gaiteiros de Lisboa (interpretação), Os Demónios do Meu Avô
Som: Miguel Martins e Rafael Cardoso, Great Yarmouth - Provisional Figures
Direcção Artística: Artur Pinheiro, Amadeo
Guarda-Roupa: Joana Cardoso, Amadeo
Maquilhagem e Cabelos: Sandra Pinto e Natália Bogalho, Amadeo
Caracterização/Efeitos Especiais: Bárbara Brandão, Carlos Amaral e Júlio Alves, The Nothingness Club - Não Sou Nada
Cartaz: Cristina Reis, A Noiva
Trailer: Karen Levy, O Último Animal
Prémio Arte e Técnica: Hélder Filipe Gonçalves, "O Som e a Música no Cinema Português Contemporâneo - Processos Criativos seguido de Entrevistas"
Carreira: Luís Cília e Rui Simões
Prémio Mérito e Excelência: José Manuel Costa
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Sophia 2024: Filme




Mal Viver, Pedro Borges (prod.)

Sophia 2024: Realização




João Canijo, Mal Viver

Sophia 2024: Actriz




Beatriz Batarda, Great Yarmouth - Provisional Figures

Sophia 2024: Actor




Miguel Borges, The Nothingness Club - Não Sou Nada

domingo, 26 de maio de 2024

Sophia 2024: Série/Telefilme




Rabo de Peixe, de Augusto Fraga (real.) e Pandora da Cunha Telles e Pablo Iraola (prods.)

Sophia 2024: Montagem




João Braz, Mal Viver

Sophia 2024: Som




Miguel Martins e Rafael Cardoso, Great Yarmouth - Provisional Figures

Sophia 2024: Argumento Adaptado




Virgílio Almeida, Nayola

Sophia 2024: Argumento Original




Carlos Conceição, Nação Valente