Super 8 de J. J. Abrams é um bastante aguardado filme de suspense e ficção científica com a produção de Steven Spielberg.
Este filme conta-nos a história de um grupo de amigos que se encontram em plena produção de uma curta-metragem de terror onde os zombies reinam. No meio das suas escapadelas nocturnas assistem, e são eles também parte integrante, a um violento acidente com um comboio do qual escapam milagrosamente ilesos.
Nos dias que se seguem a este acidente a sua até então pacata cidade é assolada por misteriosos desaparecimentos... primeiro pequenos electrodomésticos, depois os cães e finalmente algumas pessoas.
Sendo esta a premissa principal do filme, que depois irá culminar na grande descoberta sobre o que se está afinal a passar na cidade, temos também a história parelela de Joe Lamb (Joel Courtney) um jovem tímido e recatado marcado pela recente perda da sua mãe num acidente de trabalho.
Sendo esta uma história essencialmente de suspense e ficção científica é impossível não encontrar alguns elementos que a transformam também numa história dramática nomeadamente neste último aspecto referido sobre a perda de um progenitor. Tomamos conhecimento deste facto logo na abertura do filme e nos momentos imediatos. Sabemos que aquela criança perdeu a mãe e que a sua vida familiar é agora bem mais complicada sentindo-se ele próprio um estranho no seu espaço.
Estes elementos constituem um forte paralelismo com a própria situação do extra-terreste, que descobrimos mais tarde ser o causador de tão estranhos desaparecimentos, e que se encontrou durante anos preso no nosso planeta sendo que a única coisa que pretendia era a evasão e o regresso a casa. O afastamento dos seus poderia provocar (e provocou) um estado mais alterado e selvagem que em muito se nota também nas personagens humanas afastadas de um ambiente mais familiar.
Mas, e escusado será pensar o contrário, o ponto alto deste género de filmes (e este não é excepção) são de facto os aspectos técnicos do mesmo. Todos eles desde a montagem, efeitos especiais visuais e sonoros e também a fotografia que transforma toda uma boa parte do filme num ambiente mais pesado e sombrio são seguramente aqueles que maior profissionalismo e excelência mostram.
O extra-terrestre com um aspecto meio disforme, não fosse esta uma produção de J.J. Abrams apesar de não assustar muito quando o vemos de perto, tem uns movimentos aracnídeos que... metem o seu respeito (talvez só a mim), e este filme não me espantava em nada se nas categorias técnicas de som e efeitos especiais visuais e sonoros obtivesse as respectivas nomeações aos Oscars.
Como os momentos mais impressionantes destaco a sequência algo longa mas proveitosa do acidente do comboio e pelo lado mais dramático os instantes finais em que Joe deixa partir a única coisa que o ligava à sua falecida mãe e que era provavelmente a sua mais forte memória dela naquele que é possivelmente o momento mais emocionante do filme.
Interessante é também, já após os créditos finais terem iniciado, assistirmos à curta-metragem que os jovens estiveram a fazer durante uma boa parte do filme. Divertida e espirituosa temos nela algumas referências ao grande mestre do terror que é George Romero dignas de registo e a sua concepção ao estilo de filme dentro do filme está francamente bem conseguida como tal quando começarem os créditos finais, não se levantem logo da sala de cinema pois o filme... ainda não terminou.
Quanto ao filme propriamente dito não será de fácil degustação para aqueles que não são apreciadores do género mas, ainda assim vale pelos bons momentos de alguma comédia e pelo suspense que consegue ser uma constante do princípio ao fim.
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"Dr. Woodward: If you speak of this, you and your parents will be killed."
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8 / 10
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