sexta-feira, 31 de julho de 2009

Wit (2001)

Espírito de Coragem de Mike Nichols é um filme perfeitamente assombroso. Distinta professora universitária, impiedosa e sem compaixão, Vivian Bearing (Emma Thompson) descobre que tem cancro e começa os seus tratamentos. Simples? Não... NADA.
Durante todo o seu tratamento vamos assistindo a um relato da sua via profissional, sempre a vida profissional, onde se distinguiu com louvores, até ao seu percurso como professora que não tolerava falhas nem desculpas. Distante de tudo e de todos. Só. Simplesmente só.
À medida que a sua doença alastra e mostra sinais de não ter retorno ou melhoras possíveis, assistimos a que toda a sua frieza e distanciamento das pessoas se desvanecem. Vemos a verdadeira mulher por detrás de uma vida académica brilhante que simplesmente não teve quem se interessasse (ou que ela permittisse) na mulher.
Temos uma mulher só e amargurada que se depara com os últimos dias da sua vida e que desejava ter tido mais do que uma vida académica em distinção. Temos uma mulher que desejava o conforto de uma mãe, de um ente querido, e que nos seus momentos finais se encontra num hospital só.
Emma Thompson entrega-nos aqui um brilhante desempenho. Para mim o seu melhor. Não só por ter uma (várias) temática(s) extremamente importante como o cancro, a solidão, a falta de sentimento e de compaixão, mas por ser por si brilhantemente interpretado. Na perfeição (tal como Bearing poderia querer). A única diferença é que Thompson nos entrega este desempenho como paixão. Entrega-nos um relato académico que rapidamente se transforma num legado de compaixão e de emoção. Não hesito... Este é SIM o seu melhor papel, e aquele pelo qual, para mim, será recordada.
Brilhante... brilhante... brilhante... brilhante... brilhante (já chega) banda sonora. Simples e eficaz com uns acordes muito emotivos. Nota 10.
"We are born alone and we die alone"... Li isto a respeito de outras "aventuras televisivas", se isto tem a sua realidade, não deixa também de ser uma verdade que não tem de ser apenas assim.



"Vivian Bearing: This is my play's last scene Here... Heavens appoint my pilgrimage's last mile And my race Idly, yet quickly run Hath this last pace My span's last inch My minute's last point And gluttonous death Will instantly unjoint my body and soul" John Donne... I've always particularly liked that poem. In the abstract. Now I find the image of my minute's last point, a little too, shall we say... pointed. I don't mean to complain but I am becoming very sick. Very sick. Ultimately sick, as it were. In everything I have done, I have been steadfast. Resolute. Some would say in the extreme. Now, as you can see, I am distinguishing myself in illness. I have survived eight treatments of Hexamethophosphacil and Vinplatin at the full dose, ladies and gentlemen. I have broken the record. I have become something of a celebrity. Kelekian and Jason are simply delighted. I think, they see celebrity status for themselves upon the appearance of the journal article, they will no doubt write about me. But I flatter myself. The article will not be about me, it will be about my ovaries. It will, be about my peritoneal cavity. Which, despite their best intentions, is now crawling with cancer. What we have come to think of as me is, in fact, just the specimen jar. Just the dust jacket. Just the white piece of paper... that bears the little black marks... My next line is supposed to be something like this: "It is such a relief to get back to my room after those infernal tests." This is hardly true. It would be a relief to be a cheerleader on her way to Daytona Beach for spring break. To get back to my room after those infernal tests is just the next thing that happens."

10 / 10

quinta-feira, 30 de julho de 2009

Babel (2006)

"Susan Jones: Richard, why did we come here?

Richard: What d'you mean why? I thought you would like it.

Susan Jones: Really: Why are we here?

Richard: To forget everything. To be alone.

Susan Jones: Alone."

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Finalizou-se a trilogia sobre a dor. Babel depois de Amor Cão e 21 Gramas de Alejandro González Iñárritu foi o último de três filmes que o realizador pretendeu fazer com a temática subjacente sobre a dor. O resultado das três obras é para mim excelente. Depois das duas obras iniciais este Babel tem como mensagem a falta de comunicação existente. Não só entre povos que além de não falarem a mesma língua insistem em não tentarem compreender o outro, mas especialmente entre pessoas da mesma cultura que falando a mesma língua e tendo os canais de comunicação abertos também não se compreendem. Temos disso exemplo o casal americano e as famílias mexicanas, japoneses e marroquinas. A comunicação é inexistente. Como resultado de tudo isto a única coisa que se pode esperar é um escalar de situações e acontecimentos que mostram o quão frágil é a nossa existência no Mundo actual, o mesmo onde se apregoa que com a globalização tudo se tornou cada vez mais próximo.
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As interpretações que este filme nos entrega são fenomenais. Não me refiro só ao par principal, Brad Pitt e Cate Blanchett, que nos entregam mais duas excelentes interpretações, mas também de todo o elenco secundário com especial destaque para Adriana Barraza e Rinko Kikuchi que foram inclusive nomeadas para o Oscar de Melhor Actriz Secundária (uma pena que Kikuchi não tenha levado a estatueta). Gostei bastante do papel que nos dá. O tormento e o desespero que as suas expressões e os seus olhos nos dão são francamente cortantes.
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Um outro factor de destaque neste filme é a sua fenomenal (não tenho problemas em confessá-lo) banda sonora elaborada pelo vencedor de Oscar Gustavo Santaolalla e que com ela viria a vencer o segundo Oscar consecutivo, e que justo foi. Infelizmente foi o único dos sete para que estava nomeado que venceu. Todos os temas presentes na banda sonora são de importância extrema, no entanto e como em tudo há sempre um tema que se destaca por ser o mais animado ou o mais emotivo, e para mim esse tema é este Iguazu, e que vos deixo aqui a oportunidade de o escutar:



Sem qualquer sombra de dúvidas, é simplesmente fenomenal. Emotivo, melancólico... profundamente triste mas ao mesmo tempo permite-nos ir em frente. Uma mistura de sensações. Adorei.

Tenho de facto pena que este filme não tenha saído ainda mais reconhecido, e premiado claro está, do que aquilo que foi. Não sei se foi um dos melhores do ano a nível de crítica (para mim foi O melhor) mas tenho de facto a certeza que deveria ter tido mais reconhecimento do que aquele que teve.

E no que diz respeito à sua temática, a dor, o filme é também um vencedor. A dor de um casal devido aos seus desentendimentos e crise matrimonial. A dor de uma família marroquina após um trágico acontecimento devido a uma brincadeira de miúdos. A dor de uma rapariga ao não conseguir comunicar com o seu pai. A dor da ama mexicana depois de se ver traída pelo seu sobrinho e abandonada pela família para quem sempre trabalhou. Simplesmente a dor. E tudo devido à falta de compreensão e à falta de, tal como diz a frase promocional do filme, escutarmos quem connosco fala. A intolerância.

Adorei o filme e não tenho dúvidas em afirmar que este é sim um dos meus filmes preferidos à data. Aguardo ansiosamente pelo próximo trabalho de Iñárritu.




"If you want to be understood, listen"


10 / 10

El Laberinto del Fauno (2006)



"Ofelia: Many, many years ago in a sad, faraway land, there was an enormous mountain made of rough, black stone. At sunset, on top of that mountain, a magic rose blossomed every night that made whoever plucked it immortal. But no one dared go near it because its thorns were full of poison. Men talked amongst themselves about their fear of death, and pain, but never about the promise of eternal life. And every day, the rose wilted, unable to bequeath its gift to anyone... forgotten and lost at the top of that cold, dark mountain, forever alone, until the end of time."

O Labirinto do Fauno de Guillermo Arriaga é um filme do fantástico e fantástico. Passo a explicar... É um filme do fantástico porque grande parte dele gira em torno da temática de um mundo imaginário (ou não) que co-habita lado a lado com o mundo real onde todos vivemos. De seguida é um filme fantástico porque consegue misturar esse mundo imaginário habitado por criaturas diferentes com uma história real centrada no pós Guerra Civil Espanhola. Assim sendo o ambiente do filme torna-se não só tenebroso como ao mesmo tempo fascinante.

Guillermo Navarro fez um excelente trabalho cinematográfico ao criar um ambiente ora escuro e sombrio ora dotado de uma luz magnífica. Ambos os ambientes do filme estão muito bem distintos e conseguimos perceber perfeitamente a distinção entre ambos. De igual forma a banda sonora de Javier Navarrete é também bem conseguida e elaborada fazendo com que o espectáculo visual a que assistimos saia ainda mais beneficiado. Impossível negar que não trememos ao som dos acordes de Navarrete, depois de Ivana Baquero ter comida daquela sumptuosa mesa e começou a ser perseguida!!!

Quanto às interpretações... Sergi López no seu melhor (como habitualmente) no papel do mau da fita, o que não poderia deixar de ser. Fantástica a revelação de Ivana Baquero e merecidíssima vencedora do Goya de Actriz Revelação num papel com que simpatizamos de início por ser uma criança isolada, depois por ter demonstrada de facto uma coração nobre (e inocente) que tal como vem no cartaz "tem tanto poder que o mal desconhece", e finalmente pelo seu final em que protege o seu irmão. Sem dúvida uma revelação em grande no cinema. De destacar ainda as presenças de Maribel Verdú no papel de empregada do capitão e resistente contra a ditadura e ainda de Ariadna Gil no papel da debilitada mãe de Ivana Baquero.

Se não fosse como disse o facto deste filme conseguir juntar não só uma história do fantástico a um facto real da História, ele seria na mesma um "vencedor". Isto deve-se ao extraordinário espectáculo visual e artístico que nos transmite em termos de cenários e de personagens. O fauno, as fadas, o sapo gigante tudo... E se isto não bastasse... o festim de comer naquela mesa e o seu anfitrião... só isso já bastava para meter "medo".

Um filme diferente e marcante que foi justamente recompensado em todo o tipo de cerimónias de entregas de prémios, e para quem o viu e que decerto apreciará irá achar, tal como eu, que foi justo.







"Pan: And it is said that the Princess returned to her father's kingdom. That she reigned there with justice and a kind heart for many centuries. That she was loved by her people. And that she left behind small traces of her time on Earth, visible only to those who know where to look."



10 / 10

Selecção Oficial de Veneza'09

Divulgado os nomes dos filmes seleccionados para a Mostra de Veneza deste ano, são assim estes os filmes que irão competir pela distinção máxima, o Leão de Ouro:
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Baaria, de Giuseppe Tornatore (Itália)
Soul Kitchen, de Fatih Akin (Alemanha)
La Doppia Ora, de Giuseppe Capotondi (Itália)
Yi ngoi, de Cheang Pou-Soi (China/Hong Kong)
Persecution, de Patrice Chereau (França)
Lo Spazio Bianco, de Francesca Comencini (Itália)
White Material, de Claire Denis (França)
Mr. Nobody, de Jaco van Dormael (França)
A Single Man, de Tom Ford (USA)
Lourdes, de Jessica Hausner (Áustria)
Bad Lieutenant: Port Of New Orleans, de Werner Herzog (USA)
The Road, de John Hillcoat (USA)
Ahasin Wetei, de Vimukhti Jayasundara (Sri Lanka)
El Mosafer, de Ahmed Maher (Eqipto)
Levanon, de Samuel Maoz (Israel)
Capitalism: A Love Story, de Michael Moore (USA)
Zanan-e-bedun-e mardan, de Shirin Neshat (Alemanha)
Il Grande Sogno, de Michele Placido (Itália)
36 Vues Du Pic Saint Loup, de Jacques Rivette (França)
Life During Wartime, de Todd Solondz (USA)
Tetsuo The Bullet Man, de Shinya Tsukamoto (Japão)
Lei wangzi, de Yonfan (China/Taiwan/Hong Kong)

AntiChrist Poster - o novo de Lars Von Trier




quarta-feira, 29 de julho de 2009

To Die For (1995)

Disposta a Tudo (e foi) foi na minha opinião, o primeiro grande filme de Nicole Kidman. Porquê ? Tem de tudo. Desde o drama à comédia. Desde a sedução à vitimização. Morte, traição. Está perfeito. Quem o fez ? Gus Van Sant.
Quando vi o trailer sou honesto em dizer que não me impressionou muito. Foi um filme que tive curiosidade em ver apenas e só pelo nome da actriz principal e nada mais. Confesso ainda que quando o comecei a ver e em que as primeiras imagens eram ao estilo de relato/narração pensei que ia ser mais uma banhada que dali ia sair mas, considerando a actriz fui-me deixando levar para saber se ia parar ou não a meio. Não parei. O filme cresce de intensidade muito rapidamente e mal damos por nós estamos colados ao ecrã a deliciar-mo-nos com o que nos é dado.
Danny Elfman compôs uma banda sonora quase do estilo "oh estou aqui tão inocente e não faço mal a ninguém" que rapidamente nos surpreende com sonoridades de pura malvadez e de uma mente preparada para esquemas pouco ortodoxos. Está definitivamente perfeita para criar o ambiente certo do filme; negro... muito negro.
A história como já devem muitos saber é "simples"... um casamento e uma aparente vida feliz até que um dos conjuges decide que quer ter mais. Simplesmente um pouco de atenção. Alguém que nutra por si admiração. E para isso há que fazer sacrifícios. Quais ? TODOS! Literalmente todos.
A escolha da actriz para o filme foi brilhante e Nicole Kidman entrega-nos o seu primeiro grande papel em que não se encontra "encostada" a um parceiro sonante. O trabalho é todo seu e aquilo que ela nos entrega é a garantia de que está entre os melhores e disposta a riscos.
Joaquim Phoenix também tem os seus momentos... Na altura em que ele ainda arriscava fazer bons papéis e não aparições medianas na televisão, mas quem brilha de facto é Kidman que gahou inclusive o Globo de Melhor Actriz - Comédia / Musical e que aposto por pouco falhou a nomeação a Oscar de Melhor Actriz.
É um filme e um papel arriscado que Kidman soube encarnar na perfeição. É um dos meus preferidos de Gus Van Sant e é impossível não gostar de Suzanne Maretto. Especialmente depois de ver no que acaba toda a sua esperteza, e ainda por cima ao som de uma brilhante banda-sonora.
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Tal como a frase promocional no cartaz diz "All she wanted was a little attention" ? Oh no... She wanted ALL. E não se limitou a querer ter... Ela TEVE. É disso que trata o filme. Aquilo que queremos, o que estamos dispostos a fazer e qual a noção de limite que cada um de nós tem (para quem os tem). A não perder.

"Suzanne Stone Maretto: It's nice to live in a country where life, liberty... and all the rest of it still stand for something."



"Suzanne Stone Maretto: You're not anybody in America unless you're on TV. On TV is where we learn about who we really are. Because what's the point of doing anything worthwhile if nobody's watching? And if people are watching, it makes you a better person."

10 / 10

Ruas da Amargura em Gramado

Noticia o ICA que Ruas da Amargura de Rui Simões estará presente na selecção oficial do Festival de Cinema de Gramado. Mais uma vitória para o cinema nacional e claro para o seu realizador.

terça-feira, 28 de julho de 2009

Il Postino (1994)

Michael Radford realizou o último trabalho do actor Massimo Troisi. Aquele que é para mim uma das suas mais sentidas e bonitas interpretações... O Carteiro de Pablo Neruda.
A acção é passada numa vila piscatória italiana onde gente modesta vive afastada do furor citadino até que a ela chega uma figura internacionalmente conhecida, Neruda. O escritor maravilhosamente interpretado por Philippe Noiret, encontra-se no exílio e ruma mundo fora a promover a sua escrita. Próximo de todos, mas ao mesmo tempo afastado daqueles que mais quer... os seus amigos, que se encontram no país onde ele não pode entrar. Na ilha, Troisi o carteiro, apaixonado pela belíssima Betarice, Maria Grazia Cuccinotta, à qual não sabe expressar o seu amor por achar poucas as palavras que pode ter para ela. É aqui que se inicia e que nasce a amizade entra Neruda e Mario.
Sobre a história não me adianto mais, à excepção de que se espera uma belíssima história não só de amor mas também de amizade (que também é amor). A cumplicidade que cresce entre ambos e a partilha de ideias e vivências fazem deste um belíssimo filme dramático e com uma carga emotiva muito forte que terá um final profundamente triste mas ao mesmo tempo algo reconfortante. É algo que apesar de trágico nos deixa nostálgicos pois sabemos que aquilo que nos desaparece do filme nos faz falta.
O compositor argentino Luis Enríquez Bacalov compôs para este dramático filme italiano uma banda sonora extremamente simples mas com umas melodias que são impossíveis de esquecer. Basta ver o filme para mais tarde reconhecermos os acordes em qualquer lado. Simplesmente maravilhosa e de fazer a lágrima chegar aos olhos.
Além de todo o filme ser sem qualquer dúvida extremamente bem dirigido e com uma história maravilhosa (típico de filme italiano, volto a afirmar), Massimo Troisi deixa igualmente uma marca bem forte nele. Foi este o seu último papel, para o qual lutou diariamente para o conseguir terminar. Não mais do que duas a três horas por dia eram aproveitadas devido à debilidade física em que Troisi se encontrava. No próprio filme isso é notório. A sua fraqueza e a sua voz eram visíveis, e acima de tudo este foi o SEU filme. O seu último e mais marcante desempenho. Um registo perfeitamente emocionante para o qual foi nomeado não só ao BAFTA mas também ao Oscar de Melhor Actor.
Um filme maravilhoso em todos os aspectos que fala da palavra, da amizade e do amor, e como todos estes elementos podem não só salvar a vida a alguém como lhe dar um significado totalmente diferente daquele que se teria com a sua privação.
E que não se pense de forma alguma que o filme é "enfadonho" pois foi aqui neste nosso belo país que ele se manteve em exibição durante mais de 3 anos.



"Mario Ruoppolo: Poetry doesn't belong to those who write it; it belongs to those who need it."

10 / 10

FICH - Festival Internacional de Cinema de Humor - Palmarés

Acabada a primeira edição do FICH que se realizou no Algarve, chegou a altura de deixar o Palmarés de 2009. E os vencedores foram:
Longa-Metragem: La Visite de la Fanfarre
Menção Honrosa: No Me Pidas que te Bese, Albert Espinosa
Realizador: Laís Bodanzy por Chega de Saudade
Actriz: Ronit Elkabetz por La Visite de la Fanfarre
Actor: Lyes Salem por Mascarades
Curta-Metragem de Ficção: Tira os Óculos e Recolhe o Homem
Menção Honrosa: 3x3
Curta-Metragem de Animação: KJFG Nº5
Menções Honrosas: Batalha, a Guerra do Vinil e Lapsus

Meryl Streep no Conan O'Brien


É impossível não gostar dela. Totalmente hilariante! Sobre o filme Julie & Julia.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Avanca'09, os premiados


Terminada mais uma edição do AVANCA, cá fica a lista dos premiados de 2009. E são eles:

Prémio Longa-Metragem: LI TONG, de Nian Liu

Menção Especial: MASÁNGELES, de Beatriz Flores Silva e, CARS OF THE REVOLUTION, de Tolga Örnek

Prémio Cinema – Curta-Metragem: CANDY DARLING, de Silvia Defrance

Prémio Vídeo: THE STORYMAKER, de Emma Rozanski

Prémio Televisão: QUATRO PAREDES E O MUNDO, de Marc Weymuller

Menção Honrosa: INNENANSICHTEN, VIEWS FROM THE INSIDE, de Birte Brudemann e Bartek Kubiak

Referência do Júri: LA COLONNA SENZA FINE, de Elisa Mereghetti

Prémio Animação: LILI, de Riho Unt

Prémio Melhor Actor: HÉCTOR GUIDO, em MASÁNGELES, de Beatriz Flores Silva

Prémio Melhor Actriz: KANG YAO, em LI TONG, de Nian Liu

Prémio Fotografia: REIN KOTOV, em TEINE TULEMINE, de Tanel Toom

Prémio Competição Avanca: UM GATO SEM NOME, de Carlos Cruz

Menção especial: CAFÉ, de João Fazenda e Alex Gozblau

Prémio Estreia Mundial: 1111, de M.F. Costa e Silva

Menção Honrosa: UM GATO SEM NOME, de Carlos Cruz e CAFÉ, de João Fazenda e Alex Gozblau

domingo, 26 de julho de 2009

The Bridges of Madison County (1995)

Clint Eastwood tem o extraordinário dom de me surpreender com excelentes filmes. Há uns anos jamais pensaria de tal forma apesar de já ter criado míticas personagens entre elas Dirty Harry. No entanto foi com este As Pontes de Madison County que me rendi ao seu trabalho.
Clint é um foto-jornalista em trabalho sobre as pontes e Madison County. A sua história e conservação. É aí que conhece Francesca. Uma italiana a viver no interior dos Estados Unidos, casada e com dois filhos. A mãe e dona-de-casa que se anulou em favor da sua família e do seu bem-estar.
Este filme fala da relação sentimental e sexual que nasceu entre os dois e de como o encontro entre duas pessoas pode fazer despertar os sentimentos e os sentidos que há muito estavam esquecidos. As Pontes de Madison County reflete também sobre como há alturas na nossa vida em que tomamos opções ou atitudes que para sempre a vão moldar, e sobre como essas opções podem mudar tudo aquilo que nos rodeia, especialmente a nós próprios.
Além de um fenomenal história de amor e de paixão, é também uma história sobre descoberta pessoal, sobre o desejo, sobre abnegação, sobre entrega e também sobre segredos. Os segredos que escondemos dos outros e especialmente de nós. O segredo de que também estamos vivos e desejosos que reparem em nós. É tudo isto que que nos é descrito através das suas memórias lidas pelos seus filhos depois da sua morte, e que a fantástica Meryl Streep nos entrega numa das suas mais fortes interpretações dos últimos anos e que foi inclusivé nomeada ao Oscar de Melhor Actriz.
Clint Eastwood realizou e interpretou assim mais um grande filme que fala das emoções e sentimentos humanos retirando o melhor dele próprio como principal actor e da grande Meryl Streep como já referi.
Além disto o filme tem também uma excelente luminosidade e cenários fantásticos naturais da região interior dos Estados Unidos acompanhado por uma belíssima banda-sonora composta por Lennie Niehaus.




"Francesca: Robert, please. You don't understand, no-one does. When a woman makes the choice to marry, to have children; in one way her life begins but in another way it stops. You build a life of details. You become a mother, a wife and you stop and stay steady so that your children can move. And when they leave they take your life of details with them. And then you're expected move again only you don't remember what moves you because no-one has asked in so long. Not even yourself. You never in your life think that love like this can happen to you."


10 / 10

Reinventing the Oscars 1997

Continuando a fazer uma avaliação pessoal sobre os vencedores e os que deveriam ter sido vencedores nas cerimónias passadas dos Oscars, aqui ficam as minhas observações sobre os que foram entregues no ano de 1997.
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Melhor Filme

The English Patient – Saul Zaentz
Fargo – Ethan Coen
Jerry Maguire – James L. Brooks; Laurence Mark; Richard Sakai; Cameron Crowe
Secrets & Lies – Simon Channing Williams
Shine – Jane Scott
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Melhor Actor

Billy Bob Thornton (Sling Blade)
Geoffrey Rush (Shine)
Ralph Fiennes (The English Patient)
Tom Cruise (Jerry Maguire)
Woody Harrelson (The People vs. Larry Flynt)
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Melhor Actriz

Brenda Blethyn (Secrets & Lies)
Diane Keaton (Marvin’s Room)
Emily Watson (Breaking the Waves)
Frances McDormand (Fargo)
Kristin Scott Thomas (The English Patient)
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Melhor Actor Secundário

Armin Mueller-Stahl (Shine)
Cuba Gooding Jr. (Jerry Maguire)
Edward Norton (Primal Fear)
James Woods (Ghosts of Mississippi)
William H. Macy (Fargo)
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Melhor Actriz Secundária

Barbara Hershey (The Portrait of a Lady)
Joan Allen (The Crucible)
Juliette Binoche (The English Patient)
Lauren Bacall (The Mirror Has Two Faces)
Marianne Jean-Baptiste (Secrets & Lies)
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Melhor Realizador

Anthony Minghella (The English Patient)
Joel Coen (Fargo)
Mike Leigh (Secrets & Lies)
Milos Forman (The People vs. Larry Flynt)
Scott Hicks (Shine)
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Melhor Argumento Original

Fargo – Ethan Coen; Joel Coen
Jerry Maguire – Cameron Crowe
Lone Star – John Sayles
Secrets & Lies – Mike Leigh
Shine – Jan Sardi; Scott Hicks
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Melhor Argumento Adaptado

The Crucible – Arthur Miller
The English Patient – Anthony Minghella
Hamlet – Kenneth Branagh
Sling Blade – Billy Bob Thornton
Trainspotting – John Hodge
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Melhor Fotografia

The English Patient – John Seale
Evita – Darius Khondji
Fargo – Roger Deakins
Fly Away Home – Caleb Deschanel
Michael Collins – Chris Menges
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Melhor Direcção Artística

The Birdcage – Bo Welch; Cheryl Carasik
The English Patient – Stuart Craig; Stephanie McMillan
Evita – Brian Morris; Philippe Turlure
Hamlet – Tim Harvey
Romeo + Juliet – Catherine Martin; Brigitte Broch
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Melhor Guarda-Roupa

Angels and Insects – Paul Brown
Emma – Ruth Myers
Hamlet – Alexandra Byrne
The English Patient – Ann Roth
The Portrait of a Lady – Janet Patterson
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Melhor Som

The English Patient – Walter Murch; Mark Berger; David Parker; Christopher Newman
Evita – Andy Nelson; Anna Behlmer; Ken Weston
Independence Day – Chris Carpenter; Bill W. Benton; Bob Beemer; Jeff Wexler
The Rock – Kevin O’Connell; Greg P. Russell; Keith A. Wester
Twister – Steve Maslow; Gregg Landaker; Kevin O’Connel; Geoffrey Patterson
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Melhor Montagem

The English Patient – Walter Murch
Evita – Gerry Hambling
Fargo – Ethan Coen; Joel Coen
Jerry Maguire – Joe Hutshing
Shine – Pip Karmel
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Melhores Efeitos Especiais Sonoros

Daylight – Richard L. Anderson; David A. Whittaker
Eraser – Alan Robert Murray; Bub Asman
The Ghost and the Darkness – Bruce Stambler
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Melhores Efeitos Especiais Visuais

Dragonheart – Scott Squires; Phil Tippett; James Straus; Kit West
Independence Day – Volker Engel; Douglas Smith; Clay Pinney; Joe Viskocil
Twister – Stefen Fangmeier; John Frazier; Habib Zargarpour; Henry LaBounta
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Melhor Caracterização

Ghosts of Mississippi – Matthew W. Mungle; Deborah La Mia Denaver
The Nutty Professor – Rick Baker; David LeRoy Anderson
Star Trek: First Contact – Michael Westmore; Scott Wheeler; Jake Garber
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Melhor Canção

Evita – Andrew Lloyd Webber (music); Tim Rice (lyrics) – for the song “You Must Love Me”
One Fine Day – James Newton Howard; Jud Friedman; Allan Dennis Rich – for the song “For the First Time”
That ThingYou Do! – Adam Schlesinger – for the song “That Thing You Do!”
The Mirror Has Two Faces – Barbra Streisand; Marvin Hamlisch; Robert John Lange; Bryan Adams – for the song “I’ve Finally Found Someone”
Up Close & Personal – Diane Warren – for the song “Because You Loved Me”
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Melhor Banda Sonora – Drama

The English Patient – Gabriel Yared
Hamlet – Patrick Doyle
Michael Collins – Elliot Goldenthal
Shine – David Hirschfelder
Sleepers – John Williams
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Melhor Banda Sonora – Comédia ou Musical

Emma – Rachel Portman
The First Wives Club – Marc Shaiman
The Hunchback of Notre Dame – Alan Menken; Stephen Schwartz
James and the Giant Peach – Randy Newman
The Preacher’s Wife – Hans Zimmer

Melhor Curta-Metragem – Animação

Canhead – Timothy Hittle
La Salla – Richard Condie
Quest – Tyron Montgomery; Thomas Stellmach
Wat’s Pig – Peter Lord
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Melhor Curta-Metragem – Ficção

Dear Diary – David Frankel; Barry Jossen
De Tripas, Corazón – Antonio Urrutia
Ernst & Lypset – Kim Magnusson; Anders Thomas Jensen
Esposados – Juan Carlos Fresnadillo
Senza Parole – Bernadette Carranza; Antonello De Leo
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Melhor Documentário Curta-Metragem

An Essay on Matisse – Perry Wolff
Breathing Lessons: The Life and Work of Mark O’Brien – Jessica Yu
Cosmic Voyage – Jeffrey Marvin; Bayley Silleck
Special Efects: Anything Can Happen – Susanne Simpson; Bem Burtt
The Wild Bunch: Na Album in Montage – Paul Seydor; Nick Redman
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Melhor Documentário Longa-Metragem

The Line King: The Al Hirschfeld Story – Susan Warms Dryfoos
Mandela – Jo Menell; Angus Gibson
Suzanne Farrell: Elusive Muse – Anne Belle; Deborah Dickson
Tell the Truth and Run: George Seldes and the American Press – Rick Goldsmith
When We Were Kings – Leon Gast; David Sonenberg
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Melhor Filme Estrangeiro

Kavkazskiy Plennik - Rússia
Kolja – República Checa
Ridicule – França
Shekvarebuli Kulinaris Ataserti Retsepti – Geórgia
Sondagsengler - Noruega

sábado, 25 de julho de 2009

Close Encounters of the Third Kind (1977)

Encontros Imediatos de Terceiro Grau de Steven Spielberg é mais um dos meus filmes preferidos. Spielberg habituou-nos a grandes filmes que marcaram épocas e gerações pois além de grandes sucessos de bilheteira tornaram-se também filmes que ficaram para sempre como referências não só do próprio realizador mas também do cinema. Este Encontros Imediatos de Terceiro Grau é um filme a meu ver pioneiro em vários aspectos.

Se fosse um filme feito hoje em dia não tenho a menor das dúvidas que iriam chover prémios sobre ele, não só dos técnicos que iriam premiar os efeitos especiais visuais e sonoros bem como a fotografia e até possivelmente algumas interpretações que são não só importantes para o desenvolvimento da acção do filme como também são francamente consistentes nos dotes representativos. Algumas delas são de facto o que torna o filme "humano". Desconhecia pouco da carreira do Richard Dreyfuss até ver este filme. Foi com ele que tomei mais conhecimento da sua já extensa carreira (à altura em que eu vi o filme já no início da década de 90), e fiquei muito bem impressionado com o seu retrato de um indivíduo perturbado depois do seu contacto com uma "entidade" extraterrestre, e como isso o afectou não só psicologicamente mas também a toda a sua família que em pouco tempo o abandona. Melinda Dillon que foi nomeada ao Oscar de Melhor Actriz Secundária por este papel, retrata uma mãe que perde o seu filho após uma visita dos "nossos amigos lá de cima" naquele que é, na minha opinião, um dos momentos mais tensos de todo o filme e que, à altura, nos faz pensar que afinal a visita que nos fazem não é assim tão amigável. É nela, e com ela, que Richard Dreyfuss vai encontrar arriscaria dizer, a sua alma gémea. Finalmente há que dar o devido destaque ao papel de Lacombe, interpretado pelo grande realizador François Truffaut.
Spielberg dirige um filme consistente, muito bem estruturado e com um argumento credível e bem adaptado ao cinema. Nele reside também uma excelente banda sonora composta pelo que seria até aos dias de hoje um dos parceiros mais "fiéis" do realizador, o compositor John Williams que aqui compôs uma banda sonora extremamente forte.. Pesada e tensa no início para à medida que nos aproximamos do final ser uma fabulosa melodia de aproximação entre dois mundos. Que se destaque o fabuloso momento do primeiro GRANDE contacto já na montanha da qual deixo aqui um pequeno excerto.


É sabido por todos os que apreciam a obra de Steven Spielberg que o imaginário da vida extraterrestre e do que nos poderá estar a observar do espaço sempre esteve presente. Este filme da década de 70 e na seguinte ET são dois exemplos flagrantes desse seu interesse. As duas haviam de tornar ainda mais firme a sua marca no cinema, e além disso ficariam no imaginário de todos como grandes filmes. Spielberg vence mais uma vez fazendo de um filme com uma temática sempre fascinante e com que uma história de mistério e suspense se torne num filme instimista, dramático e numa experiência de descoberta e com fantásticos efeitos especiais e sonoros. Uma história de aproximadamente três horas que nos deixa à espera de ainda mais. É impossível negar que depois da nave partir não temos todos curiosidade em saber para onde vai e o que se passará depois.




"Claude Lacombe: Mr. Neary, what do you want?

Roy Neary: I just want to know that it's really happening."


10 / 10

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Finding Neverland (2004)


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"J.M. Barrie: Neverland. It's a wonderful place... I've not spoken about this before to anyone- ever.


Sylvia Llewelyn Davies: What's it like, Neverland?


J.M. Barrie: One day I'll take you there."


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Marc Forster já nos habituou a bons trabalhos. À Procura da Terra do Nunca é mais um excelente exemplo para o confirmar. Aqui numa história onde a solidão que se encontra junto a umas pessoas pode levar a que nos aproximemos de outras e a fazer parte do seu mundo. Começamos o filme a seguir a história de J.M. Barrie... Um escritor solitário que há algum tempo procura a peça que lhe dará (restituirá) o seu sucesso perdido. Encontra num dos seus passeios pelos jardins da cidade os elementos que lho darão e isto sem sequer imaginar que seria dali que viria.

Há muito, e muito bom, a destacar neste filme. Começando pelas interpretações Johnny Depp no papel de J.M. Barrie, o escritor da obra Peter Pan, é surpreendente. O seu sotaque é francamente convincente e os seus dotes de actor dramático após o Pirata das Caraíbas são definitivamente (se já não o estavam) marcados. O jovem Freddie Highmore no papel de Peter é uma excelente revelação como jovem actor. Faz aqui um papel extremamente emotivo, algo que se viria a confirmar mais tarde noutros papéis em especial August Rush. E finalmente a eterna Kate Winslet magnífica como sempre, e exemplo disso basta ver o momento em que lhe mostram a Terra do Nunca (e mais não digo... quem não viu, que veja para perceber).
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A destacar também é a magnífica banda sonora vencedora de um Oscar composta por Jan A.P. Kaczmarek. A única vitória em sete nomeações ao galardão máximo do cinema mas francamente justa pois é sem dúvida emocionante e muito expressiva da mensagem do filme.

Os cenários e a fotografia são igualmente geniais. As breves transições existentes por vezes entre o real e o imaginário da Terra do Nunca são feitos harmoniosamente fazendo quase com que um mundo e o outro estejam interligados.
Se o imaginário do cinema tem como função não só a divulgação de assuntos que podem ser desconhecidos do grande público como entreter e emocionar tem também acima de tudo a função de nos transportar a outros imaginários e vermos para além daquilo que o nosso olhar alcança. Como tal este À Procura da Terra do Nunca é um filme perfeito para nos dar a conhecer o outro lado.




"Sylvia Llewelyn Davies: We've pretended for some time now that you're a part of this family, haven't we? You've come to mean so much to us all that now, it doesn't matter if it's true. And even if it isn't true, even if that can never be... I need to go on pretending... until the end... with you."



10 / 10

quinta-feira, 23 de julho de 2009

La Vita è Bella (1997)


"Giosué Orefice: [as an adult] This is a simple story... but not an easy one to tell."
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A Vida é Bela um extraordinário filme italiano de Roberto Benigni. Não se iluda quem o vá ver e que pense logo à partida que é "mais um" filme sobre o Holocausto. É isso e muito muito. A Vida é Bela é além de um filme sobre o Holocausto uma belíssima história de amor. Uma história de amor de um pai que faz de tudo para que o seu filho não perceba o terrível lugar em que se encontra.

"Guido: You can lose all your points for any one of three things. One: If you cry. Two: If you ask to see your mother. Three: If you're hungry and ask for a snack! Forget it!"
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A Vida é Bela tem na minha opinião vários trunfos. Um deles é a extraordinária história elaborada pelo próprio Roberto Benigni em parceria com Vincenzo Cerami. É dela que obtemos todo o tipo de sensações e reacções enquanto visionamos o filme, realizador igualmente por Roberto Benigni, e ao mesmo tempo que nos apaixonamos pela sua personagem vamos também ficando emocionados com todo o seu trabalho de esconder ao filho ainda criança o que realmente se passa. Pelo caminho soltamos risos e gargalhadas com as suas atitudes ao longo do filme. Inacreditável demais o que o torna belíssimo.
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Outro dos aspectos fundamentais deste filme são de facto as suas interpretações. Benigni está, claro, no seu melhor. Se anteriormente já era conhecido pelos seus inúmeros papéis de comediante, com A Vida é Bela destaca-se não só como tal mas também como um excelente actor dramático. Por muitos bons papéis que possa ainda vir a ter, este será sem dúvida aquele pelo qual ficará para sempre recordado e ao qual será sempre comparado. Extremamente justo foi o Oscar de Melhor Actor que ganhou. Não o esperava confesso, apesar de torcer bastante para que isto pudesse acontecer. De destaque está também o seu "filho" Giorgio Cantarini que apesar de criança ainda tem um papel memorável e francamente emocionante (apesar de não ser aqui relevante entra também no Gladiador como filho do Russell Crowe). E finalmente Nicoletta Braschi mulher de Benigni na vida real e no filme com um papel bastante contido mas marcante. São de destacar ainda as presenças de Horst Buchholz e Marisa Paredes em papéis mais secundários.
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Imperdível está também a banda sonora do filme composta pelo brilhante Nicola Piovani. Tem tudo aqui que podemos esperar retirar de uma partitura para um filme deste género. E está brilhantemente adaptada a todos os momentos do filme conseguindo deles retirar ainda mais emoção ao espectador. Duvido que haja quem não conheça um ou outro acorde dela.
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E mais um bom exemplo, simplesmente porque nunca é demais...
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Lembro-me que na altura do filme estrear muita polémica gerou um "filme de comédia sobre o Holocausto". Quando o fui ver percebi que ele era tudo menos uma comédia. Dizer e achar isso a respeito deste filme é reduzi-lo muito e não compreender aquilo que realmente é. Um filme que além de nos mostrar a nós adultos, aquilo que foi o Holocausto mas sobre a perspectiva e o olhar de uma criança que ainda não compreende o que se passa à sua volta, mas também (e especialmente) mostrar às crianças de hoje aquilo que foi um dos maiores crimes da nossa História, sem ter de mostrar logo à partida morte. Não que ela não esteja lá subjacente e implícita, porque está, mas é vista de outra forma.
Reduzi-lo a uma simples comédia, isso sim, é denegrir não só uma obra-prima não só do cinema Europeu, mas sim do cinema contemporâneo, a algo tão básico.
É um filme sobre o Holocausto. É um filme dramático. É um filme profundamente belo. É um filme com uma fantástico história de amor. É um filme ARREBATADOR.
Se existir perfeição no cinema..... este é sem dúvida um dos que irá concorrer a esse título.


"Giosuè [as an adult]: This is the sacrifice my father made for me."

10 / 10

Boop-Oop-A-Doop

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Happy 75th Birthday

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Moulin Rouge! (2001)

Uma história sobre a verdade, a liberdade e especialmente o amor. Tudo isto numa cidade e numa época em que nenhum deles deveria ser usado... Isto é Moulin Rouge! de Baz Luhrmann.

Descrevê-lo numa palavra é, ao contrário do que possa parecer, possível. No entanto a palavra escolhida só pode ser uma.... GENIAL! É totalmente bem pensado todo o filme desde o início ao final.
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Paris, ano 1900. A palavra de ordem é revolução. Mudou o século... espera-se que mudem os costumes e as mentalidades.
E começa a história... Baz Luhrmann foi francamente feliz nos seus trabalhos anteriores mas este supera todos eles. Moulin Rouge não é apenas um musical. Moulin Rouge é um verdadeiro espectáculo visual onde todos os sentidos têm de estar alerta e ainda assim há sempre a possibilidade de perder alguns dos fantásticos elementos que compõem o filme. Tem de tudo... Música (MUITO BOA) dos anos 80 e 90 que ouvimos de tantos cantores como David Bowie ou de Elton John adaptado à Paris do início do século XX e à maior casa de espectáculos da época e fantásticas coreografias elaboradas com precisão (o momento do tango Roxanne está do mais bem conseguido que alguma vez se poderá ver... sim adorei realmente o filme por isso não lhe vejo defeito possível), drama, comédia, sedução, homens ricos e influentes, cortesãs e um eterno apaixonado... tudo.
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As interpretações são do mais alto nível. Nicole Kidman está perfeita e teve uma merecidíssima nomeação ao Oscar de Melhor Actriz que lamento não se ter convertido no seu primeiro Oscar. Para mim era a justa vencedora. Por muito boas actrizes que haja acho que é a ela que o papel cai que nem uma luva. Arrisco-me a dizer que será o papel da vida dela apesar do Oscar ter vindo por outro filme igualmente BOM. O seu par romântico, Ewan McGregor, está igualmente bom. Ambos com dotes vocais que desconhecia o que só fez com que fosse mais uma agradável surpresa. E será impossível esquecer o grande Jim Broadbent no papel de Zidler o dono do Moulin Rouge.
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Em termos técnicos considero que o filme está também brilhante. É impossível encontrar defeito em toda a elaboração dos cenários que retratam o mais famoso cabaret do mundo. Claro que hoje em dia é já bem diferente daquilo que era nessa altura mas se consultarmos imagens da época... está perfeito. O mais engraçado disto tudo é que temos o Moulin Rouge em.... Sydney.
Tal como os cenários também em termos de imagem e luminosidade e o extenso guarda roupa do filme são do mais bem conseguido possível.
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Gostei do filme e do que fizeram do argumento e da realização. Está uma história excelente e emotiva sem ser de recorrer à lágrima fácil. Consegue equilibrar os momentos musicais com os de drama sem se tornar algo confuso, e os momentos de drama com os de comédia sem se tornar algo demasiadamente estranho, o que por vezes não consegue resultar da melhor forma.
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E se alguém passa o tempo todo do filme com dúvidas, dúvido que não se tenha rendido ao momento musical final Hindi Sad Diamonds...

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Não sei se existe uma legião de admiradores do filme pois já é sabido que por algum motivo que me ultrapassa a Nicole Kidman não consegue reunir muitas simpatias, no entanto tanto ela como o filme pelo menos têm um fã confesso... EU.




"NO LAWS

NO LIMITS

ONLY ONE RULE

NEVER FALL IN LOVE"

10 / 10

terça-feira, 21 de julho de 2009

The Green Mile (1999)



À Espera de um Milagre realizado por Frank Darabont é um belíssimo filme sobre morte, esperança e os "fardos" que muitos têm de carregar uma vida inteira.

Logo à partida era um filme que me despertou a atenção considerando vários factores. Um deles o ter o realizador que já havia feito o magnífico Os Condenados de Shawshank. Em segundo lugar o ser a adaptação de uma obra de Stephen King. Finalmente ter como actor principal o brilhante Tom Hanks.

Tal como Os Condenados de Shawshank já me haviam surpreendido por não ser simplesmente um filme do género fantástico, com este acontece exactamente o mesmo revelando mais uma obra profundamente dramática e comovente.
O espaço é francamente confinado a uma prisão, mais concretamente ao corredor da morte. Pouco do filme se passa além dessas fronteiras se bem que uma das cenas mais dramáticas do mesmo é fora delas (soberbo momento entre Michael Clarke Duncan e Patricia Clarkson).

"Melinda Moores: I dreamed of you. I dreamed you were wandering in the dark, and so was I. We found each other. We found each other in the dark."

Um dos primeiros importantes factores a destacar neste filme é a sua luz. O trabalho de câmara está na minha opinião (que não passo de um leigo no assunto) muito bom. A imagem que nos passa inicialmente de um ambiente carregado e pesado em tons de amarelo e castanho, quase como uma fotografia antiga, para tons mais claros e vivos que nos querem mostrar um ambiente mais acolhedor... quase familiar.

As interpretações estão ao seu melhor nível... Todas elas, se bem que claro não nego que as de Michal Clarke Duncan (que foi inclusivé nomeado ao Oscar de Melhor Actor Secundário), Tom Hanks (que não foi, injustamente nomeado), Patricia Clarkson (que também deveria ter sido nomeada a Secundária), Michael Jeter, Sam Rockwell e Doug Hutchison. A intensidade dramática que todo o conjunto de actores deposita no filme é de facto muito boa fazendo com que todos os desempenhos se complementem entre si. Uns destacam-se mais, é um facto, mas estão todos ao mesmo grande nível.

A banda sonora, voltando à comparação com Os Condenados de Shawshank por serem ambos adaptados de obras de Stephen King e ambos realizados por Frank Darabont, esta está ao mesmo nível de qualidade. Uns acordes profundamente dramáticos e melodias emocionantes que compõem o trabalho dos próprios actores. Uma pena como também ela não teve a sua devida nomeação pois Thomas Newman elaborou cm mestria um dos mais importantes elementos deste filme.

Além de muitos outros factores que poderei ter esquecido ao comentá-lo, este filme retrata muito bem a carga bem pesada que a culpa nos pode deixar. As amarguras que ela nos pode trazer bem como o fardo que se pode carregar devido a esse sentimento.

Este filme é na minha opinião juntamente com Os Condenados de Shawshank e Shining uma das mais bem conseguidas adaptações de uma obra de Stephen King, e tal como este dois não se deve perder a oportunidade de o visionar.




"Paul Edgecomb: What do you want me to do John? You want me to let you run out of here, see how far you can get?


John Coffey: Why would you want to do such a foolish thing like that?


Paul Edgecomb: On the day of my judgment, when I stand before God, and He asks me why did I kill one of his true miracles, what am I gonna say? That is was my job? My job?"


10 / 10

Reinventing the Oscars 1996

Vamos imaginar que num mundo perfeito era eu que escolhia os vencedores e entregava os Oscars. Se bem que algumas categorias me poderiam interessar menos, outras no entanto iriam fazer as minhas delícias. Não revelo quais. Fica o suspense!


No entanto aqui vou apresentar as minhas escolhas entre aqueles que foram nomeados desde a minha primeira emissão em directo no remoto ano de 1996. Em laranja itálico aquele que ganhou... A AZUL aquele que deveria ter ganho. Concordem ou não estes seriam para mim os vencedores.


Let the show begin...


Melhor Filme
Apollo 13 (1995) - Brian Grazer
Babe (1995) - George Miller; Doug Mitchell; Bill Miller
Braveheart (1995) - Mel Gibson; Alan Ladd Jr.; Bruce Davey
Il postino (1994) - Gaetano Daniele; Mario Cecchi Gori; Vittorio Cecchi Gori
Sense and Sensibility (1995) - Lindsay Doran

Melhor Actor
Anthony Hopkins (Nixon)
Massimo Troisi (Il Postino)
Nicolas Cage (Leaving Las Vegas)
Richard Dreyfuss (Mr. Holland's Opus)
Sean Penn (Dead Man Walking)

Melhor Actriz
Elisabeth Shue (Leaving Las Vegas)
Emma Thompson (Sense and Sensibility)
Meryl Streep (The Bridges of Madison County)
Sharon Stone (Casino)
Susan Sarandon (Dead Man Walking)

Melhor Actor Secundário
Brad Pitt (Twelve Monkeys)
Ed Harris (Apollo 13)
James Cromwell (Babe)
Kevin Spacey (The Usual Suspects)
Tim Roth (Rob Roy)

Melhor Actriz Secundária
Joan Allen (Nixon)
Kate Winslet (Sense and Sensibility)
Kathleen Quinlan (Apollo 13)
Mare Winningham (Georgia)
Mira Sorvino (Mighty Aphrodite)


Melhor Realizador
Chris Noonan (Babe)
Mel Gibson (Braveheart)
Michael Radford (Il Postino)
Mike Figgis (Leaving Las Vegas)
Tim Robbins (Dead Man Walking)

Melhor Argumento Original
Braveheart - Randall Wallace
Mighty Aphrodite - Woody Allen
Nixon - Stephen J. Rivele; Christopher Wilkinson; Oliver Stone
The Usual Suspects - Christopher McQuarrie
Toy Story - Joss Whedon; Andrew Stanton; Joel Cohen; Alec Sokolow; John Lasseter; Pete Docter; Joe Ranft

Melhor Argumento Adaptado
Apollo 13 - William Broyles Jr.; Al Reinert
Babe - George Miller; Chris Noonan
Il postino - Anna Pavignano; Michael Radford; Furio Scarpelli; Giacomo Scarpelli; Massimo Troisi
Leaving Las Vegas - Mike Figgis
Sense and Sensibility - Emma Thompson

Melhor Fotografia
A Little Princess - Emmanuel Lubezki
Batman Forever - Stephen Goldblatt
Braveheart - John Toll
Sense and Sensibility - Michael Coulter
Yao a yao yao dao waipo qiao - Yue Lu

Melhor Direcção Artísitca
A Little Princess - Bo Welch; Cheryl Carasik
Apollo 13 - Michael Corenblith; Merideth Boswell
Babe - Roger Ford; Kerrie Brown
Restoration - Eugenio Zanetti
Richard III - Tony Burrough

Melhor Guarda-Roupa
Braveheart - Charles Knode
Restoration - James Acheson
Richard III - Shuna Harwood
Sense and Sensibility - Jenny Beavan; John Bright
Twelve Monkeys - Julie Weiss

Melhor Som
Apollo 13 - Rick Dior; Steve Pederson; Scott Millan; David MacMillan
Batman Forever - Donald O. Mitchell; Frank A. Montaño; Michael Herbick; Petur Hliddal
Braveheart - Andy Nelson; Scott Millan; Anna Behlmer; Brian Simmons
Crimson Tide - Kevin O'Connell; Rick Kline; Gregory H. Watkins; William B. Kaplan
Waterworld - Steve Maslow; Gregg Landaker; Keith A. Wester

Melhor Montagem
Apollo 13 - Mike Hill (I); Daniel P. Hanley
Babe - Marcus D'Arcy; Jay Friedkin
Braveheart - Steven Rosenblum
Crimson Tide - Chris Lebenzon
Se7en - Richard Francis-Bruce

Melhores Efeitos Especiais Sonoros
Batman Forever - John Leveque; Bruce Stambler
Braveheart - Lon Bender; Per Hallberg
Crimson Tide - George Watters II

Melhores Efeitos Especiais Visuais
Apollo 13 - Robert Legato; Michael Kanfer; Leslie Ekker; Matt Sweeney
Babe - Scott E. Anderson; Charles Gibson; Neal Scanlan; John Cox

Melhor Caracterização
Braveheart - Peter Frampton; Paul Pattison; Lois Burwell
My Family - Ken Diaz; Mark Sanchez
Roommates - Greg Cannom; Robert Laden; Colleen Callaghan

Melhor Canção
Dead Man Walking - Bruce Springsteen - For the song "Dead Man Walking"
Don Juan DeMarco - Michael Kamen; Bryan Adams; Robert John Lange- For the song "Have You Ever Really Loved a Woman"
Pocahontas - Alan Menken (music); Stephen Schwartz (lyrics)- For the song "Colors of the Wind"
Sabrina - John Williams (music); Alan Bergman (lyrics); Marilyn Bergman (lyrics)- For the song "Moonlight"
Toy Story - Randy Newman - For the song "You've Got a Friend"

Melhor Banda Sonora Drama
Apollo 13 - James Horner
Braveheart - James Horner
Il postino - Luis Enríquez Bacalov
Nixon - John Williams
Sense and Sensibility - Patrick Doyle

Melhor Banda Sonora Musical ou Comédia
Pocahontas - Alan Menken; Stephen Schwartz
Sabrina - John Williams
The American President - Marc Shaiman
Toy Story - Randy Newman
Unstrung Heroes - Thomas Newman

Melhor Curta-Metragem de Animação
Gagarin - Alexij Kharitidi
Runaway Brain - Chris Bailey
The Chicken from Outer Space - John Dilworth
The End - Chris Landreth; Robin Barger
Wallace and Gromit in A Close Shave - Nick Park

Melhor Curta-Metragem de Ficção
Brooms - Luke Cresswell; Steve McNicholas
Duke of Groove - Griffin Dunne; Thom Colwell
Lieberman in Love - Christine Lahti; Jana Sue Memel
Little Surprises - Jeff Goldblum; Tikki Goldberg
Tuesday Morning Ride - Dianne Houston; Joy Ryan

Melhor Documentário em Curta-Metragem
Jim Dine: A Self-Portrait on the Walls - Nancy Dine; Richard Stilwell
Never Give Up: The 20th Century Odyssey of Herbert Zipper - Terry Sanders; Freida Lee Mock
One Survivor Remembers - Kary Antholis
The Living Sea - Greg MacGillivray; Alec Lorimore
The Shadow of Hate - Charles Guggenheim

Melhor Documentário em Longa-Metragem
"The American Experience" {The Battle Over Citizen Kane (#8.7)} - Thomas Lennon; Michael Epstein
"The American Experience" {Troublesome Creek: A Midwestern (#7.6)} - Jeanne Jordan; Steven Ascher
Anne Frank Remembered - Jon Blair
Hank Aaron: Chasing the Dream - Michael Tollin
Small Wonders - Allan Miller; Walter Scheuer

Melhor Filme Estrangeiro
Antonia - Holanda
L'uomo delle stelle - Itália
Lust och fägring stor - Suécia
O Quatrilho - Brasil
Poussières de vie - Argélia

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Le Violon Rouge (1998)

O Violino Vermelho de François Girard foi mais um daqueles filmes que quase passou esquecido. Não só para o público de uma forma geral mas também para os prémios grandes do seu ano tendo sido apenas nomeado para o Oscar de Banda Sonora (o qual venceu) composta por John Corigliano. Lindíssima e extremamente emocionante e emotiva são apenas algumas palavras que se lhe pode aplicar. Verdadeiramente sublime seria essa sim a minha descrição.
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Seguimos a viagem de um violino. Desde a sua construção em Itália, as suas viagens pela Áustria até chegar à China e finalmente o seu leilão no Canadá. Contado assim seria uma coisa pela qual ninguém alguma vez teria interesse, no entanto além destas viagens, o filme trata de uma longa e exaustiva viagem pela vida de várias pessoas. Todas elas malditas ou amaldiçoadas. Terá sido do violino ? Não. Não se trata de um filme de terror mas sim de um drama profundamente intenso e emocional. Basta ver como ele foi construído.
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Consigo transportou doença. Paixão. Loucura. Amor. Melodia. Com ele tudo acabou na morte. Até o seu desaparecimento foi quase uma realidade. Mas a tudo resistiu. Por muitos foi cobiçado. Por outros odiado. Mas resistiu.
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As interpretações são fenomenais. Samuel L. Jackson tem um brilhante papel secundário como o homem que já nos nossos dias o descobre. Que irá ele fazer ? Que irá decidir ?
De destacar ainda os papéis de Greta Scacchi que já faz ANOS que não a via num papel de jeito tendo quase sido esquecida (o que é uma pena) e ainda a de Colm Feore.
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Além da Banda Sonora de extrema qualidade este filme tem ainda de excelência o seu magnífico guarda-roupa de época na sua quase totalidade.
Como referi há pouco é de estranhar que não tenha alcançado mais destaque pois é um drama de extrema qualidade e com um argumento consistente e extremamente bem dirigido. Para quem gosta de filmes de época que tragam uma intensa carga dramática e emocional, este filme decerto não os desapontará.
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(se alguém tiver conhecimento do dvd é favor contactar lol)




"Charles Morritz: What do you do when the thing you most wanted, so perfect, just comes?"


10 / 10

domingo, 19 de julho de 2009

Le Scaphandre et le papillon (2007)

O Escafândro e a Borboleta realizado por Julian Schnabel tendo por base a obra com o mesmo nome é um emocionante e reflectivo filme de origem francesa que tem como principal actor Mathieu Amalric.
Como passou despercebido por Portugal pois só o vi pela primeira vez já à venda pelo circuito de dvd, duvido que muitos o tenham visto, como tal vou tentar ser o mais sucinto possível no que diz respeito à história do filme.
Ele trata sobre a vida final (com muitos flashbacks) de Jean-Dominique Bauby, editor da revista Elle francesa que ficou com o corpo paralisado após um acidente vascular. Todo excepto a mente e um olho, através do qual conseguiu comunicar com o mundo "escrevendo" letra a letra os seus pensamentos e sonhos. E mais não digo.
Os flashbacks e os pensamentos que nos são revelados no filme são puras mensagens de esperança. Em nós, no futuro e nos outros. Nos sonhos. As interpretações são excelentes destacando claro está a de Mathieu Amalric no papel de Bauby acompanhado de um excelente leque de secundários como Max Von Sydow, Emmanuelle Seigner e Marie-Josée Croze.
O argumento, com base na obra, está muito bom. Extremamente fiel e consistente, retrata ao detalhe as ideias que Bauby quis transmitir antes da morte. Os seus sonhos... Esses são para aqueles que virem o filme.
A enriquecer o filme está uma extraordinária banda sonora composta por Paul Cantelon que não só emociona como dá esperança. E genuinamente bela e faz com que muitos momentos do filme pareçam belíssimos quadros em movimento. Inspiradora.
Uma pena que este filme não tenha tido mais nomeações aos Oscar... e das que teve que não as tenha ganho. Não o tornaria um melhor filme por isso, pois MUITO BOM já ele é, mas seria uma boa recompensa para os profissionais que o elaboraram.
Só o trailer já vale a pena para aguçar o apetite dos mais curiosos. Não esperem ver um Mar Adentro... Mas não é por isso que lhe fica atrás.


"Jean-Dominique Bauby: I decided to stop pitying myself. Other than my eye, two things aren't paralyzed, my imagination and my memory."



"Jean-Dominique Bauby: My diving bell has dragged you down to the bottom of the sea, with me."

10 / 10