quinta-feira, 23 de julho de 2009

La Vita è Bella (1997)


"Giosué Orefice: [as an adult] This is a simple story... but not an easy one to tell."
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A Vida é Bela um extraordinário filme italiano de Roberto Benigni. Não se iluda quem o vá ver e que pense logo à partida que é "mais um" filme sobre o Holocausto. É isso e muito muito. A Vida é Bela é além de um filme sobre o Holocausto uma belíssima história de amor. Uma história de amor de um pai que faz de tudo para que o seu filho não perceba o terrível lugar em que se encontra.

"Guido: You can lose all your points for any one of three things. One: If you cry. Two: If you ask to see your mother. Three: If you're hungry and ask for a snack! Forget it!"
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A Vida é Bela tem na minha opinião vários trunfos. Um deles é a extraordinária história elaborada pelo próprio Roberto Benigni em parceria com Vincenzo Cerami. É dela que obtemos todo o tipo de sensações e reacções enquanto visionamos o filme, realizador igualmente por Roberto Benigni, e ao mesmo tempo que nos apaixonamos pela sua personagem vamos também ficando emocionados com todo o seu trabalho de esconder ao filho ainda criança o que realmente se passa. Pelo caminho soltamos risos e gargalhadas com as suas atitudes ao longo do filme. Inacreditável demais o que o torna belíssimo.
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Outro dos aspectos fundamentais deste filme são de facto as suas interpretações. Benigni está, claro, no seu melhor. Se anteriormente já era conhecido pelos seus inúmeros papéis de comediante, com A Vida é Bela destaca-se não só como tal mas também como um excelente actor dramático. Por muitos bons papéis que possa ainda vir a ter, este será sem dúvida aquele pelo qual ficará para sempre recordado e ao qual será sempre comparado. Extremamente justo foi o Oscar de Melhor Actor que ganhou. Não o esperava confesso, apesar de torcer bastante para que isto pudesse acontecer. De destaque está também o seu "filho" Giorgio Cantarini que apesar de criança ainda tem um papel memorável e francamente emocionante (apesar de não ser aqui relevante entra também no Gladiador como filho do Russell Crowe). E finalmente Nicoletta Braschi mulher de Benigni na vida real e no filme com um papel bastante contido mas marcante. São de destacar ainda as presenças de Horst Buchholz e Marisa Paredes em papéis mais secundários.
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Imperdível está também a banda sonora do filme composta pelo brilhante Nicola Piovani. Tem tudo aqui que podemos esperar retirar de uma partitura para um filme deste género. E está brilhantemente adaptada a todos os momentos do filme conseguindo deles retirar ainda mais emoção ao espectador. Duvido que haja quem não conheça um ou outro acorde dela.
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E mais um bom exemplo, simplesmente porque nunca é demais...
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Lembro-me que na altura do filme estrear muita polémica gerou um "filme de comédia sobre o Holocausto". Quando o fui ver percebi que ele era tudo menos uma comédia. Dizer e achar isso a respeito deste filme é reduzi-lo muito e não compreender aquilo que realmente é. Um filme que além de nos mostrar a nós adultos, aquilo que foi o Holocausto mas sobre a perspectiva e o olhar de uma criança que ainda não compreende o que se passa à sua volta, mas também (e especialmente) mostrar às crianças de hoje aquilo que foi um dos maiores crimes da nossa História, sem ter de mostrar logo à partida morte. Não que ela não esteja lá subjacente e implícita, porque está, mas é vista de outra forma.
Reduzi-lo a uma simples comédia, isso sim, é denegrir não só uma obra-prima não só do cinema Europeu, mas sim do cinema contemporâneo, a algo tão básico.
É um filme sobre o Holocausto. É um filme dramático. É um filme profundamente belo. É um filme com uma fantástico história de amor. É um filme ARREBATADOR.
Se existir perfeição no cinema..... este é sem dúvida um dos que irá concorrer a esse título.


"Giosuè [as an adult]: This is the sacrifice my father made for me."

10 / 10

2 comentários:

  1. Peralta;
    Confesso: não gosto de "A Vida é Bela"... Sim, eu sei, é quase um crime um amante de cinema como eu dizer isto, mas... não se pode gostar de tudo!
    Para mim os melhores filmes que falam do Holocausto são (e por ordem de preferência): o lindo e nada piegas "Sem Destino" ("Sorstalanság" de Lajos Koltai); o maravilhoso Europa Europa (de Agnieszka Holland) e o documental "Sombras e Nevoeiro" ("Nuit et Broillard") do Alain Resnais. São três filmes muito brutos e muito fortes, mas o Holocausto também o foi...

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  2. Há muitos bons filmes sobre o Holocausto e aqueles que referes são sem qualquer dúvida BONS, muito bons exemplos disso. No entanto tal como disse no comentário que fiz sobre o filme além de um filme sobre o Holocausto é um filme sobre uma história de amor. O Amor de um pai pelo seu filho e pela vontade de que este não perca demasiado cedo a sua inocência. Daí a abertura do filme (da qual retirei a frase) "é uma história simples... mas não fácil" ;)

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