terça-feira, 31 de agosto de 2010

Avatar (2009)


Avatar de James Cameron foi o filme que fez sensação e bateu todos os recordes de bilheteira em 2009 e era também o filme mais aguardado da temporada de prémios de cinema.
Cameron que não realizava um filme desde o ido ano de 1997 com o tão famoso Titanic, regressava assim às lides da realização com este filme que foi mantido em segredo durante muito e muito tempo aguçando assim a curiosidade de todos os críticos e cinéfilos mundiais.
Avatar, que conta com a participação de Sam Worthington, Zoe Saldana e Sigourney Weaver nos principais papéis conta a história de Jake Sully (Worthington), um militar paraplégico que é enviado para o planeta Pandora (que nome tão sugestivo) habitado pelo povo Na'vi com um aspecto físico gigante e muito próprio naquilo que se pode caracterizar como tendo feições felinas e corpo humano que se revolta incansavelmente contra a presença dos "aliens" (os humanos) que não desistem de explorar ao máximo os recursos naturais do seu planeta.
Através da criação de uma figura semelhante à dos Na'vi mas comandado por Sully, este integra-se no seio da população nativa de início com o intuito de os espiar mas com o passar do tempo esta integração passa não só por partilhar dos seus objectivos e forma de vida como também pela possibilidade de amar Neytiri (Saldana), uma Na'vi com que Jake se identifica.
Escusado será dizer que este facto não só trará problemas a Jake por parte dos restantes Na'vi que não o encaram como um deles como também junto dos humanos que agora o encaram como um traidor que se deixou influenciar pela cultura que tinha como intuito espiar e influenciar para que permitissem a continuidade da exploração dos recursos naturais de Pandora.
Aqui nada é feito ao acaso. O próprio nome do planeta abre portas a um cliché mais que óbvio. Abrem-se os segredos de Pandora e vêm com eles os segredos que podem levar à própria destruição daqueles que o abrem. Bem dito, bem feito...
É certo e sabido logo à partida que no final de contas o invasor (os humanos) não irão sair vencedores de uma batalha em que são "questionados" os segredos de Pandora e a sua harmoniosa forma de estar e de viver. Por isso, demore mais ou menos tempo mas já estamos preparados para a previsibilidade que este pequeno grande factor constrói e que irá, durante o filme, confirmar.
Outro aspecto que a meu ver joga e jogou contra este filme foi a grande campanha de marketing que... ok... resultou em termos de bilheteira, mas que por isso mesmo e pela curiosidade gerada à sua volta e depois não cumprir com aquilo que "prometeu" fez deste filme, que não é mau, tornar-se numa desilusão por se esperar muito e muito mais dele.
Aliado a isto está também o factor 3D. Não me vou perder aqui em conjunturas e explicações porque também a nível técnico pouco, muito pouco, percebo. Mas como espectador tenho como é óbvio uma opinião sobre a grande polémica que se gerou e vai gerando em torno desta "nova" modalidade de fazer cinema. Se pensam que ganham com isto.... Pensem de novo.... Para aquilo que me diz respeito bem como para a maioria das pessoas que conheço e que são apreciadoras de cinema, ver um filme com uns óculos manhosos apenas e só para ter a impressão que está "tudo" a passar-se "ali ao lado" é de facto constrangedor. Não tem piada... não cativa... não desperta qualquer tipo mínimo de interesse para poder ir ver o filme. Prefiro esperar pelas versão "normal" do mesmo e depois aí sim ir vê-lo. Só uma opinião claro...
Quanto à história em si.... todos aqueles rios e rios de comentários sobre as potenciais mensagens que o filme tenta passar... Sejamos honestos... que filme é que não tenta passar uma mensagem ou contar uma história que possa preocupar um pouco mais aqueles que o fazem? Sim, as mensagens "verdes" ecologistas estão de facto lá... o respeito pelo planeta e pelos seus recursos que não devem ser explorados até à exaustão. Os povos indigenas que protegem os muitos ou poucos recursos que podem ter no seu espaço. O facto de quem será de facto o "invasor", onde é claramente apontado o dedo aos humanos que estão ali num planeta distante e estranho a explorar e a ocupar. E finalmente, porque de facto já é demais, o próprio povo Na'vi com os seus cânticos à Mãe-Natureza, ou uma forma dela, que em muito se assemelham os rituais africanos mostrando uma clara ligação à também Mão-África e aos abusos de que esse continente tem sido vítima desde há largas centenas de anos. Clichés atrás de clichés... eles estão lá todos e em boa forma.
Finalmente no que diz respeito às interpretações, é agradável ver Sigourney Weaver de regresso a um estrondodo êxito de bilheteira pois esta actriz merece estar sempre na linha de cima... Só é pena que o seu papel não seja mais protagonista e noutro tipo de filme, muito ao estilo do Aliens, onde aí sim brilhou com luz própria e num filme que não desiludiu ninguém. Quanto a Sam Worthington até consegue ter algum conteúdo quando faz o seu papel humano... como Na'vi... bom, digamos que parece mais um cartoon do que propriamente o papel de um actor "transformado"... e o mesmo serve para Zoe Saldana que apenas a vemos como um "boneco".
Dito isto... passemos aos aspectos positivos do filme. Os técnicos pois claro. É impossível negar que em termos de efeitos especiais este filme está e é sem qualquer dúvida, pioneiro. Está lá tudo... planetas flutuantes, animais gigantescos e medonhos, naves espaciais e equipamentos médicos e miliatres que podem fazer "sonhar" qualquer um que pertença a essas respectivas áreas, e por isso foi sim um justo vencedor do Oscar na respectiva categoria. Aqui seria impossível batê-lo.
Tal como na fotografia da autoria de Mauro Fiore que dá um aspecto simplesmente magnífico ao filme... Basta consideramos a explosão de cor e de luz que todo ele tem e não será preciso dizer absolutamente mais nada.
Nomeada a oito Oscars... Vencedor de três... falta apenas referir a estatueta de Direcção Artística que também venceu este ano e à qual também não se pode apontar o dedo pois em aspectos técnicos o filme está realmente muito bom.
Finalmente e apenas como nota de observador e de espectador... Este filme venceu este ano os Globos de Ouro de Melhor Filme Drama e de Melhor Realizador... Senhor James Cameron... se estiver a ler isto (lol) não volte a fazer as figuras tristes que fez, em que até embaraçou os actores que o acompanharam ao palco, onde pediu um aplauso dos demais participantes na cerimónia para... note-se... eles próprios... É muito mau ser condescendente para com pessoas que muito possivelmente têm carreiras mais marcantes e importantes que a sua... mas isto claro... é apenas a minha opinião.
Tecnicamente falando Avatar é um filme interessante e consegue até conquistar-nos com as suas inúmeras sequências de acção que de facto entretêm. Como um dos melhores filmes de sempre... bom... teria de percorrer muito até lá chegar... E com isto não quero DE TODO dizer que apoio a sequela... pois de facto um destes... CHEGA!!!


"Jake Sully: I was a warrior who dreamed he could bring peace. Sooner or later though, you always have to wake up."

7 / 10

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Then She Found Me (2007)

Até que me Encontrou... de Helen Hunt é um simpático drama com pequenos toques de comédia que conta com a participação da actriz (e aqui também realizadora) Helen Hunt bem como de Bette Midler, Colin Firth e Matthew Broderick.
April (Hunt) é casada com Ben (Broderick) um adulto mimado e de pouco temperamento que pouco tempo após o casamento resolve dizer a April que afinal não quer a responsabilidade.
Mais um drama na vida de April que sabe ser adoptada e considera-se segunda na preferência da mãe adoptiva... Já tem uma certa idade e ainda não é mãe e como se tudo isto não bastasse a sua mãe biológica, interpretada por Bette Midler, uma vedeta da televisão, entra em contacto com ela para a conhecer.
Pelo caminho ainda se apaixona pelo pai de um dos seus alunos (Colin Firth) com quem desenvolve um romance que tem tanto de platónico como de sexual.
Helen Hunt, que aqui assume uma "tripla" ao realizar, escrever o argumento e interpretar a personagem principal do filme, está um tanto longe dos bons velhos tempos do Doido Por Ti, Melhor É Impossível e Favores em Cadeia onde nos entregou dos seus grandes (e talvez únicos) desempenhos de sempre.
Pensando bem e relembrando um Projecto X (também este filme onde partilhava o protagonismo com Broderick), Hunt conseguia ter um papel mais simpático e com quem criávamos empatia ao contrário do que se passa ultimamente com os seus trabalhos. Aqui, apesar de não ser algo totalmente detestável, Helen Hunt não consegue criar uma personagem com que nós enquanto espectadores criemos algum tipo de simpatia. Esta existe sim para com alguns dos seus problemas mas não apra com a personagem em si que acaba por passar quase o tempo todo a criar uma imagem de menina mimada que não sabe o que quer.
Igual ou talvez pior (será pior com toda a certeza) é a interpretação de Matthew Broderick que consegue criar uma personagem francamente irritante e esquizofrénica com a qual eu enquanto espectador só me deu vontade de entrar ecrã adentro e esbofeteá-lo violentamente (deixei-me levar pelos meus impulsos agora).
Colin Firth, e enamorado, tem a postura de sempre... o galã contido (até certo ponto) e apaixonado pela personagem principal do filme que à la Bridget Jones é posto a um canto até quase ao final do enredo...
Já Bette Midler, apesar de num papel secundário, consegue ser ela a que tem as cenas mais cómicas e que conseguem captar mais a atenção do espectador. Não só pela comédia presente mas também por ser uma actriz que, na minha opinião, faz lembrar bons e cómicos filmes dos idos anos 80 em que todo o ecrã era dela e fazia sucesso de bilheteira pelas suas excessivas interpretações.
De facto o filme que, não é mau, sai em muito enriquecido pelo protagonismo que Bette Midler consegue roubar às demais personagens que o compõem.
Depois de o ver podemos finalmente concluir que é um retrato sobre como a vida de uma pessoa pode mudar drasticamente de um dia para o outro, quer por escolhas e caminhos que seguimos quer pelos actos de terceiros que influenciam definitivamente o nosso rumo, e especialmente sobre a capacidade que temos de retirar conhecimentos sobre essas mesmas adversidades com que nos deparamos.
E são estas mesmas adversidades que acabam por modelar a forma como encaramos o mundo. Como nos encaramos especialmente a nós próprios e sobre como, no final, com a presença das pessoas que nos formam e nos transformam acabamos por nos completar.
Não deixa de ser um filme simpático e, para a pouca experiência que Helen Hunt tem como realizadora, não deixa de ser agradável ver uma composição bem estruturada entre o elenco que funciona bem entre si e conseguem ser criadas algumas cumplicidades que acabam por fortalecer algumas interpretações mais fraquitas.

7 / 10

domingo, 29 de agosto de 2010

The Sorcerer's Apprentice (2010)

O Aprendiz de Feiticeiro de John Turteltaub é um filme de aventura fantástica com um leve toque de comédia que conta com a participação de Nicolas Cage, Alfred Molina e Monica Bellucci (razão pela qual assumo ter ido ao cinema ver este filme).
Os três interpretam os sucessores do mágico Merlin até ao dia em que Maxim Horvath (Alfred Molina) por ciúme do amor entre Balthazar Blake (Cage) e Veronica (Bellucci) se junto ao lado negro da magia e declarando guerra aos seus antigos parceiros.
Durante séculos e séculos Blake procura o sucessor de Merlin que acaba por encontrar na cidade de Nova York no corpo do jovem Dave (Jay Baruchel) o qual irá treinar para combater e elimina de vez as forças do mal.
Disto isto há que comentar as interpretações dos referidos actores. Assim encontramos um Nicolas Cage desgastado, arrisco mesmo a dizer "apagado", e com cada vez mais sérios problemas de representação considerando que nos últimos anos só o temos visto em filmes de segunda categoria.
Não escondo que achei piada ao filme, e tem uma história apelativa repleta de aventura mas, os fracos dotes interpretativos com que Cage nos aparece no grande ecrã deixam o filme a meio gás bem longe daquilo que poderia ter alcançado.
Alfred Molina encontra-se igual a si mesmo. Quero com isto dizer que não seria de esperar outra coisa do que interpretar, novamente, o papel de vilão de serviço e que, quer se queira quer não, lhe assenta que nem uma luva. Um papel reduzido dada a capacidade representativa deste actor mas pelo menos podemos afirmar com segurança que o que fez... fez bem.
Já quando à Monica Bellucci, que tal como disse foi o motivo principal que me fez ir ao cinema ver este filme, tem mais uma participação especial do que propriamente algo de relevância que lhe faça justiça à actriz que sabe ser quando lhe dão um papel de nível.
Os pontos mais positivos do filme são sem qualquer dúvida os efeitos especiais, como aliás não seria de esperar outra coisa. Extremamente convincentes e em dose suficiente para conseguir animar um filme que, sem eles, seria bem mais pobre e apagado.
Parece que pelo comentário que fiz ao filme que não fiquei convencido com ele. De certa forma não fiquei. Gostei do que vi e acho que à excepção de Nicolas Cage que como disse está muito desgastado, o filme funciona de uma forma geral bem. No entanto também considero que poderia ter sido retirado muito mais dele e da história que tem e que atravessa vários séculos da própria História que aqui foram, infelizmente, postos em segundo plano. Fora isto, está um filme razoável de bom entretenimento mas que só nos deixa a esperar um pouco mais sobre aquilo que "poderia ter sido".

6 / 10

sábado, 28 de agosto de 2010

Pulse (2006)

Pulse - A Última Dimensão de Jim Sonzero tem Kristen Bell e um algo desaparecido Ian Somerhalder nos principais papéis e Ron Rifkin numa participação especial.
Este filme de terror conta-nos a história de um virus encontrado numa nova frequência que assume a forma de seres (espíritos) que passam por qualquer sistema de navegação (seja ela net, pda ou afins) e rouba a alma e a vontade de viver bem como todas as memórias daqueles que se encontram sob a sua área de influência. O mesmo será dizer que toda a gente que tenha um telemóvel ou a net ligada... está em perigo.
Este é um remake de um filme japonês que são mestres em cinema de terror tanto pelo susto e medo que causam como pelo grotesco que normalmente aplicam em cada filme do género que fazem.
O original confesso não ter visto mas este consegue ser interessante e provocar uns quantos momentos francamente tensos e assustadores, à excepção da cena em que Isabelle (Christina Milian) morre e que é sem margem para dúvidas o mais fraquito de todo o filme.
A premissa em si não convence... seres (virus) que se encontram na internet desejosos de passar para o nosso mundo e sugar-nos a alma para nos retirarem a vontade de viver, no entanto, os filmes de terror não têm, normalmente, grandes premissas que defender, muito menos premissas que são "realidade" como tal, por este mesmo motivo, aqui o que conta realmente é o "terror" que o filme tem. E aqui sim, verdade seja dita, o filme sai triunfante e convincente para o género.
Interpretações seguras para o estilo e um trabalho de fotografia da autoria de Mark Plummer que cria um perfeito ambiente clautrofóbico fazem deste filme um interessante exemplar do género de terror que merece ser visionado.

6 / 10

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Intervention (2007)


Viciados de Mary McGuckian conta com um elenco de primeira linha onde se destacam os nomes de Jennifer Tilly, Colm Feore e Andy MacDowell e como tal esperamos estar na presença de um daqueles filmes que gozam de muita fama por serem "independentes" e que assim sendo temos uma daqueles estrondosas histórias que nos dão aquilo qu ena gíria se chama de "murro no estômago".

E na realidade dá mesmo. Um murro tão forte mas tão forte MESMO que mais apetece vomitar depois de o ver. Pseudo intelectualóide, que nem de pseudo chega a ter seja o que fôr, nada mais é do que uma hora e meia de duração, longa e penosa onde ao fim de pouco tempo, francamente pouco tempo, mais dá vontade de desligar o filme e enterrá-lo para todo o sempre.

Pretencioso é um adjectivo que me vem frequentemente à ideia e é o que na realidade acho deste filme. Recorrendo à ideia de que há pessoas viciadas e com inúmeras obsessões que vão desde o alcoól, a droga ou o sexo, um conjunto de pessoas reune-se num rancho no Novo México para fazer uma intervenção a alguns dos seus residentes.
De resto a história é do mais banal e sem graça que se pode imaginar e o pior de tudo isto é que arrasta o conjunto de actores que até consegue normalmente fazer um bom trabalho nos filmes em que participam. Assim qualquer um dos actores que referi anteriormente passa aqui o tempo em conversas sem nexo e completamente absurdas que mais valia fazerem um filme mudo onde apenas e só davam um ar de sua graça.
A perfeita nulidade é aquilo que aqui tempos onde de argumento nada temos, de interpretações menos ainda e que acaba com um final perfeitamente idiótico onde vemos sucessivos planos em redor das personagens a filmá-los de trás, frente e lados... Sim idiótico é mesmo a palavra correcta para caracterizar todo este espectáculo decadente e degradante que é este filme.
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1 / 10

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Chéri (2009)

Chéri de Stephen Frears foi o grande regresso ao cinema dessa actriz enorme que é Michelle Pfeiffer. De novo em parceria com o realizador de Ligações Perigosas e com o argumentista Christopher Hampton, Michelle Pfeifffer volta em grande forma e estilo ao filme de época onde se insere na perfeição e o seu charme e talento estão definitivamente em evidência.
Lea de Lonval (Pfeiffer) uma cortesã já com alguma idade é encarregada por uma sua colega de "profissão" Madame Peloux (Kathy Bates) para tomar conta do seu filho Chéri (Rupert Friend) que insiste em não ser responsável, enquanto este não se casa, aproveitando assim a oportunidade para o educar para a vida adulta.
Conhecendo-se já desde que Chéri era criança, é desenvolvida entre ambos uma relação que vai para além da amizade, atingindo não só amor como também uma obsessão e vontade de viver lado a lado.
No entanto algo os separa... a idade e uma sociedade suficientemente corrosiva que não iria ver com bons olhos a relação de amor que entre ambos se iniciara.
Este filme tão aguardado quer pela comunidade cinematográfica quer como pelos milhares e milhares de fãs que Pfeiffer reuniu ao longo dos anos é, arrisco-me dizer, um regresso perfeito. A personagem Lea de Lonval tem tudo aquilo que esperamos ver numa actriz como Michelle Pfeiffer. Tem carisma, tem personalidade, tem força de carácter e acima de tudo tem romance. Tem um coração aberto e pronto a ser arrebatado sem, no entanto, se deixar render facilmente às primeiras palavras que lhe são ditas.
No papel de Chéri temos Rupert Friend que completa a dupla principal na perfeição. Existe química entre os dois actores e essa é visivel durante todo o filme onde, da nossa parte, esperamos sempre que exista mais um segmento do filme em que os dois estejam juntos.
Finalmente a completar o trio principal de actores temos a também veterana Kathy Bates como Madame Peloux que interpreta a ex-colega de Lea e mãe de Chéri. Ao contrário do que disse muita da crítica não concordo que esta consiga "roubar" as atenções do ecrã a Pfeiffer.
É certo que as suas características gargalhadas aliadas a uma dose elevada de sarcasmo fazem com que olhemos para ela com muita atenção mas não consegue "tapar" a protagonista do filme das nossas atenções.
No essencial o trio protagonista consegue completar-se e criar uma atmosfera muito interessante entre si o que é transmitido com muito agrado para nós espectadores.
A completar as brilhantes interpretações temos um guarda-roupa genial como deve ser sempre essencial neste estilo de filme elaborado por Consolata Boyle (já nomeada a Oscar), a banda-sonora do eterno mestre Alexandre Desplat que ou muito me engano ou se "arrisca" muito em breve a vencer ele um Oscar na sua categoria, e também um fenomenal trabalho de fotografia que acentua e realça em contraste a brilhante opulência e a enorme decadência que são tão característicos destas épocas e destas vivências, da autoria de Darius Khondji.
Apesar deste não ser (ainda) o regresso que possibilite a Michelle Pfeiffer ser nomeada e vencer um Oscar de Melhor Actriz (que, sejamos sinceros, está mais do que na hora que isso aconteça), verdade seja dita que é também um regresso em plena forma desta actriz que insiste em estar muito tempo afastada dos nossos ecrãs e que, a eles e a nós, muita falta faz.



"Lea de Lonval: I'm probably making a fool of myself... but then again, why not? Life is short!"


7 / 10

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Surrogates (2009)

Os Substitutos de Jonathan Mostow centra a sua acção num mundo futurista onde a grande maioria dos humanos vivem isolados nas suas casas e enviam para o exterior cópias robóticas suas de forma a que não possam sentir medo, dor, violência ou qualquer tipo de emoção que os possa fisicamente prejudicar.
Quando numa noite os assassinatos voltam a assolar uma sociedade aparentemente perfeita onde ninguém tem nada a recear, Tom Greer (Bruce Willis) um detective também ele isolado na sua casa tem de abandonar o conforto que sente afastado do mundo que o rodeia e tentar desvendar o mistério que se esconde por detrás de tal fenómeno.
Willis, que para mim se encontra em baixo de forma há muito tempo, tem aqui mais um exemplo de que os seus tempos áureos já lá vão quer em conteúdos de acção quer nos poucos registos dramáticos que teve. Aqui, apesar de o argumento do filme poder prometer algumas situações interessantes e uma história que poderá dar que pensar e reflectir, Willis entrega um desempenho quase que apagado e sem energia, tudo espelhado pela pouca vivacidade, e possivelmente pouco empenho, que transmite com o seu olhar.
Com a participação de Radha Mitchell e de James Cromwell, também eles com pouco gás e entrega às personagens que interpretam, este filme no que diz respeito a actores está bem servido, mas com os seus desempenhos apagados e pouco trabalhados mais parece que são os actores de facto robots.
Será isto um ponto positivo considerando a sua história? Não... Lá que eles interpretem papéis onde fazem de robots eu até posso compreender, agora representarem como se nem lá estivessem é demais. Estão lá quase ao estilo de ter o cartão à frente com as falas e limitam-se apenas a ler.
Pontos positivos do filme... Poucos. Muito poucos. Além de como já referi a história ter algum interesse caso tivesse sido bem trabalhada (o que não foi), o final mais que previsivel conseguiu surpreender pela positiva não estragando ainda mais um filme que por si só não consegue ultrapassar o nível de mediano e que nos faz desejar que o Bruce Willis que "conhecemos" e amamos volte em força com algo que revitalize a sua cada vez mais apagada carreira.

6 / 10

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Maria Dulce

1936 - 2010
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Missing in America (2005)

Desaparecido na América de Gabrielle Savage Dockterman reune Danny Glover, David Strathairn com Ron Pearlman, Linda Hamilton e uma estreante Zoë Weizenbaum num simpático papel.
A história gira em torno de um ex-combatente do Vietname que vive isolado numa montanha como forma de não ter qualquer tipo de laço ou ligação com o mundo exterior até ao dia em que é encontrado por um seu parceiro dos tempos de guerra que lhe pede para tomar conta da sua filha visto estar com uma doença terminal.
Pelo meio descobrimos que Jake (Glover) tem também uma missão de auxiliar outros ex-combatentes que, tal como ele, se refugiaram naquela montanha para abandonar toda uma vida em sociedade. Tal como ele desistentes daquilo que o mundo tem, ou teria, para lhes oferecer.
É com um deles que toda a sua vida irá transformar-se. Aquilo que de início começa por ser uma relação de animosidade e de algum desconforto, rapidamente se transforma numa relação amigável quase de entre pai e filha até ao dia em que a tragédia se abate sobre ambos.
Este filme que durante a sua primeira metade consegue ser algo aborrecido e repetitivo cheio de lugares comuns que em nada beneficiam a sua narrativa consegue, no entanto, transformar-se num filme comovente e emocionante na sua segunda metade onde, apesar de alguns clichés esperados e repetitivos já vistos noutros filmes do género.
As interpretações dos actores conseguem ser mais convincentes e dramáticas deixando aquela necessidade quase excessiva de as ir descrevendo a par e passo do decorrer do filme. Este final algo (in)esperado consegue ser o ponto mais alto desta película sendo que, no entanto, consegue também ser o mais emocionante e reconciliador de nós enquanto espectadores com o mesmo.
Dono de um banda-sonora emotiva e bem conseguida da autoria do compositor Sheldon Mirowitz este filme apenas peca como já referi, por alguma previsibilidade da sua narrativa e pela primeira metade do mesmo que não ata nem desata sendo que, de uma forma global, consegue ser um filme interessante e apelativo.

"Jake: You can't miss something if you never had it to begin with."

7 / 10

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Last Dance (1996)



A Última Dança de Bruce Beresford é um interessante filme que conta com Sharon Stone no principal papel e é muito bem secundado por Rob Morrow, Randy Quais e Peter Gallagher.
A história centra-se na vida de Rick Hayes (Morrow), um jovem advogado pouco responsável e que leva a vida de uma forma algo leviana até ao dia em que conhece Cindy Liggett (Stone), uma prisioneira no corredor da morte por ter assassinado dois jovens largos anos antes.
Aí Rick conhece uma pessoa que não só irá fazer ganhá-lo novo estimulo pelo Direito como pela sua própria vida e pela forma como defenderá o respeito pelos direitos dos demais.
É inevitável numa história em que a intimidade e a vulnerabilidade da personagem principal estejam mais que evidentes não resulte numa certa tensão ou clima empático entre ela e o seu parceiro. Tensão esta que resulte quase numa espécie de amor platónico que Stone consegue recriar muito bem num papel que foge ao tradicional cliché com que esta actriz foi "catalogada".
Digo que este filme é interessante por isto mesmo. Ao contrário do que as críticas normalmente apregoam sobre Sharon Stone, eu defendo que quando o papel certo lhe é entregue ela consegue entregar desempenhos suficientemente bons e credíveis para serem reconhecidos pela sua qualidade. É isto mesmo que tem faltado a esta actriz nos últimos largos anos em que apenas e só lhe são confiados ou papéis menores em que interpreta uma qualquer maníaca ou então sem qualquer brilho e relevância de forma a que seja notada e apreciada.
Acima de uma história sobre a pena de morte, este A Última Dança é uma história sobre a redenção, sobre segunda oportunidades e sobre a forma como a opinião pública pode em último recurso decidir sobre quem é o quê e se deve ou não ter primazia sobre os demais.
É curioso como são postas em comparação duas pessoas que cometeram o mesmo crime mas que devido à "regeneração" mediática que um tem torna-se um caso de sucesso e de potencial reintegração em sociedade mesmo que, aparentemente, até seja uma regeneração bem duvidosa.
Totalmente injusta a única nomeação que este filme teve a um prémio, ou seja, ao Razzie de Pior "Nova" Estrela cinematográfica que destaca o desempenho da "nova" e séria Sharon Stone como se essa nova etapa da sua carreira cinematográfica fosse uma "nódoa".
Poderá não ser um filme brilhante ou daqueles que no futuro as pessoas irão recordar como um marco na carreira desta actriz, mas é ao mesmo tempo a minha opinião que é um filme que pertence a uma época de ouro na sua carreira. A época que nos deu a conhecer o Instinto Fatal, o Violação de Privacidade, o CasinoA Musa... a época que nos deu a conhecer que além de ser uma actriz que conquistou a fama graças ao seu corpo, tem também (e muito) talento e potencial interpretativo para nos mostrar grandes filmes.
Um filme bastante agradável que, para os mais atentos e curiosos, será também um bom ponto de partida para poder reflectir sobre diversas temáticas que o filme aborda de forma mais ou menos explícita.
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9 / 10

domingo, 22 de agosto de 2010

Up in the Air (2009)

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Nas Nuvens de Jason Reitman conta com três fortes interpretações de George Glooney, Vera Farmiga e Anna Kendrick pelas quais foram nomeados para o Oscar de Melhor Actor e Melhor Actriz Secundária (Farmiga e Kendrick).
Neste filme conhecemos a história de Ryan Bingham (Clooney) um tipo desligado de tudo e de todos cuja única função é viajar de avião pelo país, acumular milhas para poder pertencer a um grupo restrito daqueles que têm todas as comodidades nos respectivos voos e... despedir funcionários da empresa.
Em tempo de crise e onde é imperativo reduzir custos, as viagens de Bingham tornam-se uma despesa desnecessária que é preciso cortar. Para tal introduz-se um novo método que consiste no despedimento online através de inovações trazidas à empresa por Natallie Keener (Kendrick) uma jovem funcionária da mesma.
Nas suas constantes viagens Bingham conhece ainda Alex Goran (Farmiga) a única pessoa com quem desenvolve uma relação próxima algo que não consegue ter nem com a sua própria família. Apesar da relação com Alex ser puramente sexual é a única para ele que faz sentido.
Nas Nuvens é um interessante filme sobre o mundo actual na medida em que reflete não só sobre o distanciamento (auto) provocado entre as pessoas mas também sobre a situação económica complicada a que muitos estão sujeitos.
A respeito dos distanciamentos (auto) provocados entre as pessoas temos exemplo nas próprias personagens principais na medida em que Bingham não se interessa por ninguém, nem mesmo pela sua família, da qual faz tudo por se manter à margem e com o mínimo de notícias possível. Da mesma forma Alex, mãe e casada, que utiliza a sua vida agitada em viagens para conhecer outras pessoas das quais apenas quer um ocasional encontro onde a faça esquecer a vida que tem, e possivelmente também descontrair dela e das suas inerentes obrigações. Nesta medida a relação desenvolvida entre ela e Bingham mais não é do que algo para poder viver uma vida imaginária de sonho.
O segundo aspecto importante do filme é de facto a situação económica actual, muito bem refletida através dos diversos despedimentos que são efectuados. Sejam os feitos por Bingham sejam os feitos por Natalie. O primeiro dá a notícias presencialmente onde apresenta um "pack" de soluções para a vida. Sem laços. Sem ligações. Sem emoções. O novo método apresentado por Natalie, que pressupõe uma redução de despesas à própria empresa, é o despedimento via webcam onde não existe qualquer tipo de contacto entre quem despede e o funcionário despedido. Se o primeiro método já era impessoal...
Puros reflexos de um mundo em que vivemos desprovido de humanidade e de pessoas com coração e com compaixão. Repleto de pessoas centradas apenas no próprio umbigo e que pouco além disso conseguem ver.
Um filme cujo argumento da autoria do próprio Jason Reitman em parceria com Sheldon Turner, vencedores do Globo de Ouro nesta categoria, centra-se nas relações... entre a família... de amizade... profissionais... sexuais. Sobre elas e especialmente sobre a inexistência das mesmas, o que o torna um filme profundamente actual.

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"Ryan Bingham: If you think about it your favorite memories, the most important moments in your life... were you alone? Life's better with company"
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8 / 10

sábado, 21 de agosto de 2010

Big Fat Liar (2002)

O Grande Mentiroso de Shawn Levy conta com as participações de Frankie Muniz, Amanda Bynes e Paul Giamatti nos papéis principais.
Jason Shepherd (Munoz) é um mentiroso compulsivo e no qual já ninguém acredita. Um dia perde a sua redacção de escola que é encontrada por um grande produtor de cinema Marty Wolf (Giamatti) que acaba por transformá-la num filme de Hollywood.
Para revolta de Jason, Wolf nega que a história seja dele e recusa-se a contar a verdade seja a quem fôr. No entanto, com a ajuda de Kaylle (Bines), Jason vai tornar a vida de Wolf num verdadeiro inferno até ele aceitar contar toda a verdade a respeito da história que lhe roubou.
Resumos deixados de lado, esta pequena comédia é um agradável filme de entretenimento que nos faz passar pouco mais de hora e meia de distracção e algumas risadas sem grande esforços ou subterfúgios.
Não é um filme com grandes pretensões além do simples facto de entreter e distrair um espectador. O típico filme de "domingo à tarde" que consegue ser uma agradável surpresa e retirar a Paul Giamatti uma verdadeiramente irritante interpretação (que de certa forma acaba por ser o papel ideal para este actor).
Espirituoso, divertido e bem-disposto, repleto de situações caricatas e bem construídas, se bem que por vezes demasiado previsiveis, mas que no seu geral acaba por resultar bastante bem.


6 / 10

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Crazy Heart (2009)

Crazy Heart de Scott Cooper foi o grande e esperado regresso de Jeff Bridges ao cinema e papel pelo qual era previsto ele receber inúmeros troféus e nomeações. Facto este que se viria a confirmar na realidade com a vitória do SAG, Globo de Ouro e Oscar de Melhor Actor (este último o primeiro que viria a receber após cinco nomeações).
Cruzamos então pela história de Bad Blake (Jeff Bridges), um cantor country desgastado e abatido pelo tempo que viveu tempos de fama mas que depois se perdeu por caminhos mais obscuros, o resultado óbvio que o alcoól que consumia sem limite lhe acabou por trazer.
Ao mesmo tempo que assistimos a uma tentativa deste homem restabelecer a sua vida, após estar anos e anos perdido no mundo, quando conhece Jean (Maggie Gyllenhall) e o seu filho com quem tenta fazer resultar uma relação mais séria contrariando assim encontros esporádicos que sempre teve, Bad Blake acaba por cair cada vez mais no poço sem fundo onde já se encontra.
O alcoól regressa e com ele o afastamento desta que parecia ser a relação que iria salvar a sua vida. Pelo contrário... apenas a sua paixão e o seu regresso à música iriam conseguir fazer com que a sua vida tivesse de novo uma oportunidade.
Que Jeff Bridges entrega novamente uma prestação sentida e apaixonada não questiono. Que Maggie Gyllenhall tem um simpático e sentido papel também não há dúvida. Que as nomeações que ambos tiveram nos Oscars deste ano... bom... não considero que sejam totalmente despropositadas. No entanto, considerar que Jeff Bridges ganhou a sua primeira estatueta dourada com este filme é algo que já me deixa mais apreensivo por dois motivos concretos. O primeiro é a qualidade de outros actores nomeados que, não desfazendo, conseguem ter trabalhos mais interessantes e profundos. O segundo é pensarmos que Jeff Bridges já foi nomeado para Oscar por um filme chamado Starman e que nem sequer o foi por outro chamado Sem Medo de Viver. Considerando estes dois factores torna-se para mim difícil perceber que afinal foi "aqui" que saiu a vitória. Soa-me mais a uma nomeação e a um Oscar "Carreira" do que propriamente de Melhor Actor do ano.
Brilhante e totalmente merecida foi a vitória do Oscar na categoria de Canção Original, "The Weary Kind" escrita e musicada por T-Bone Burnett e Ryan Bingham. Muito sentida e com uma melodia simplesmente maravilhosa.

Crazy Heart não é um filme mau e consegue ter uns quantos momentos mais emotivos e tristes e até arriscaria dizer decadentes, especialmente se pensarmos que é muito fácil poder cair num abismo que parece não ter fim. No entanto não é aquele filme pelo qual eu esperaria que um actor como Jeff Bridges fosse finalmente galardoado com aquele que é o maior prémio da indústria cinematográfica.
Muito ao estilo de Mickey Rourke e do The Wrestler no ano passado, este filme e esta nomeação/Oscar acabam mais por ser uma recompensa por uma carreira e pela sua respectiva revitalização do que propriamente pelo papel em si.
Dito isto, não deixa no entanto de ser agradável poder ver de novo este fantástico actor num papel de grande destaque novamente no cinema. Como tal, para os fãs, vale a pena darem uma vista de olhos por este filme.


6 /10

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Miracle at St. Anna (2008)

O Milagre de St. Anna de Spike Lee apresenta uma história potencialmente interessante passada durante a ocupação alemã de Itália durante a Segunda Guerra Mundial e, como tal, torna-se naqueles filmes que despertam o interesse logo de imediato.
De seguida ao assistirmos ao trailer do filme é escusado negar que pensamos logo estar na presença de um filme magnífico, o que só acentua mais essa suposição se pensarmos que o realizador é Spike Lee que já nos deu inúmeros filmes de grande porte e que, como tal, não nos irá desiludir.
Se tal como eu tiverem pensado em tudo isto então... lamento informar que se enganam redondamente.
A época histórica que o filme retrata é de facto apelativa para assistirmos a um daqueles filmes que ou estão recheados de batalhas intensas e duras ou então estão sim carregados de uma carga dramática tão intensa que acabam por nos fazer lacrimejar vezes sem conta.
Aqui temos em potência as duas situações quer pelas breves cenas de combate a que assistimos quer pela história paralela que decorre durante todo o filme. Temos a batalha e temos o lado humano.
No entanto algo se estraga e atrapalha pelo caminho. Temos aqui um filme de duas horas no qual se resolve contar tudo ao mesmo tempo, muitas das vezes ao ritmo quase fantasioso de uma época histórica que desolou todo um continente e um sem número de vidas e que, para talvez compensar essa fantasia excessiva, tenta (re)criar situações dramáticas que de tão lamechas serem não conseguem sequer fazer emocionar a alma mais sensível.
Pela primeira vez assisto a um filme de Spike Lee que nem venceu nem convenceu ninguém. É daqueles filmes nos quais nos damos a questionar o que terá pensado o realizador ou até mesmo o que o terá levado a fazer um filme que parece ter sido contado ao mesmo ritmo que se atirava cimento para uma parede de forma a que ela não caia.
De facto as ideias e as boas, espero, intenções estão lá. Aquilo que falta radicalmente é a capacidade de as transformar em algo sólido e credível e que nos convença a nós enquanto espectadores.
Ao assistir a este filme quase dei por mim a pensar se o Batman ou qualquer outro herói da ficção e da banda-desenhada iria aparecer a meio do filme conseguindo assim exterminar todos os nazis que por lá circulavam. Francamente pobrezito enquanto história passada ao grande ecrã que apenas se acentua com desempenhos também medianos a roçar o fraco e pobre.
Destacam-se muito ao de leve pela positiva os trabalhos de fotografia de Matthew Libatique e a banda-sonora de Terence Blanchard sem que, ainda assim, sejam suficientemente bons para conseguir levar este filme a um outro patamar.
Não é um filme que não se consiga ver mas é daqueles que por tanto andarem a dispersar faz-nos perder alguma concentração na sua narrativa e, como tal, serem mais apontados pela negativa do que pelos poucos aspectos positivos que tem apesar do seu conteúdo ter um franco potencial para ser êxito de bilheteira e de crítica.

6 / 10

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

The Private Lives of Pippa Lee (2009)

As Vidas Privadas de Pippa Lee de Rebecca Miller era um filme muito aguardado devido à sua realizadora e ao elenco que reunia do qual fazem parte Robin Wright, Alan Arkin, Keanu Reeves, Winona Ryder, Monica Bellucci, Maria Bello, Julianne Moore e Blake Lively. Um elenco de luxo que tem todas e mais algumas razões para nos fazer assistir a um filme a todo o gás. Certo? Errado.
Mais uma vez admito que o que me puxou a ver este filme foi a presença da Monica Bellucci, no entanto com um elenco daquele calibre é normal que se espere muito de todos os actores e que o filme na sua globalidade seja algo de francamente positivo. No entanto, aquilo que aqui temos é quase um desfilar de caras conhecidas onde damos pela presença de todos mas de quem nos esquecemos rapidamente por quase não existirem participações que se consigam destacar quase ao estilo de como diz a música "sózinhos no meio de tanta gente".
Pippa Lee (Robin Wright) é a mulher perfeita, com o marido perfeito, com a vida perfeita e os amigos perfeitos até ao dia em que decide, por pedido do seu marido, mudar de casa para uma zona mais tranquila e aí continuarem o resto dos seus dias.
Se de início Pippa Lee não se opõe, após chegar ao destino rapidamente percebe o quão pacata irá passar a ser a sua vida como claro contraste àquilo que era durante a sua juventude onde provinha de uma família problemática.
Dito isto é fácil perceber que a sua vida aparentemente imaculada irá sofrer um constante embate de adversidades que irão colocar em causa a pacatez com que vive há anos e anos. Passa a ter um casamento desfeito, sofrer de sonambulismo, doença do marido, amigos distantes e ninguém em quem confiar até surgirChris Nadeau (Reeves) por quem irá ter uma imediata empatia.
Sou sincero quando digo que estes filmes onde há um extenso desfile de estrelas não me seduz particularmente. Estou convencido que filmes com mais do que dois ou três actores de nome firmado acabam por resultar num "choque de titãs" que em nada abona nem ao filme nem aos próprios actores que se perdem em participações quase sem conteúdo ou então um a querer brilhar mais do que o outro e como tal anulam-se na totalidade.
O argumento em si acaba por também ser mais aborrecido do que propriamente cativante onde temos todos os clichés da dona-de-casa quarentona que se vê com uma vida sem objectivos apesar de ter tudo de mão beijada e que, como tal, se relembra do seu passado tumultuoso e na volta que a sua vidinha triste acabou por dar.
Pontos positivos? Muito poucos. Sou totalmente parcial e reconheço-o, ao afirmar que são apenas dois. O primeiro (como não poderia deixar de ser) é uma sempre bonita e charmosa Monica Bellucci que consegue iluminar qualquer ecrã por onde passe. O segundo (e sim, são apenas dois) é uma Julianne Moore que, por muito pequena que seja a sua participação, consegue sempre ter um papel que fica memorável.
Disse dois, mas podem ser três. Três aspectos positivos. Seria injusto sair daqui e não destacar a participação de Blake Lively (Pippa Lee mais nova) que consegue em termos de interpretações ser uma das poucas coerentes em todo o filme.
Com tudo isto e depois de me relembrar que isto era um filme há muito aguardado (pelos Estados Unidos pois por cá passou como tantos outros "ao lado"), resta-me acrescentar que de memorável não tem nada. De bom tem muito pouco. No entanto de mediano e de cliché está francamente apetrechado tornando-se assim um filme como tantos outros que prometeu muito mais cumpriu muito pouco.

4 / 10

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Game 6 (2005)

Sorte e Destino de Michael Hoffman conta com Michael Keaton e Robert Downey Jr. nos principais papéis. Pelos secundários encontramos nomes como Bebe Neuwirth e Catherine O'Hara.
Nicky Rogan (Keaton) tem a estreia da sua peça, que muitos consideram ser a melhor de sempre, o trabalho de uma carreira, e sente a pressão da ansiedade todo o dia quase que de forma obsecada. No entanto, nessa mesma noite dá o mítico jogo de baseball da final de 1986 da Super Bowl onde a equipa de Rogan joga pela vitória. Será que ganha? Será que não?
Para Rogan passa a ser mais importante saber qual o resultado do próprio jogo do que da sua obra e se terá ou não a aceitação da crítica por quem já muitas vezes foi arruinado.
Gostemos ou não da generalidade dos actores que participam neste filme, o que é certo é que no seu conjunto eles são até interessantes e, não aqui, mas noutros filmes já tiveram desempenhos francamente bons.
Este Sorte e Destino é na minha opinião um daqueles filmes que apenas serve não para glorificar o trabalho dos seus intervenientes, ou melhor dizendo dos seus actores pois são aqueles que nós vemos directamente, mas sim para mostrar o quão desgastados ou decadentes muitos deles estão.
Aqui é o que acontece com Michael Keaton muito especialmente. Longe estão os dias do Batman Regressa, do Beetlejuice ou do Inquilino Misterioso onde mostrava todo o seu talento quer na comédia, no suspense ou na ficção e onde era um reconhecido actor do género. Agora, na tentativa de um "drama" anos depois mais parece um actor em franca queda e decadência para o qual supostamente deram um filme "bom" mas que na realidade não é mais do que um filme de "fim de linha".
Muito pobre quer em interpretações, argumento e até mesmo no seu sentido pois está recheado de clichés baratos sobre o quão dispostos estamos a apostar no nosso próprio trabalho e não dispersarmos com outros interessantes. Fraco... Muito fraco e perfeitamente dispensável.

2 / 10

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Tá (2007)

de Felipe Scholl é uma curta-metragem de ficção brasileira vencedora do Teddy no Festival Internacional de Cinema de Berlim na sua categoria e que pode ser visionada aqui.
Cliché e cliché... WC público... hormonas no ar... droga à disposição... e sexo a gosto... Ataca o cliché de novo e... afinal só se procura um beijo, um toque e... amor.
Francamente pobre e em nada ajuda o facto dos dois actores (?) em cena parecem tão ou mais ranhosos que o próprio espaço em que se encontram.
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2 / 10

domingo, 15 de agosto de 2010

I Want You (1998)

Laços Fatais de Michael Winterbottom tem nos papéis principais dois jovens e promissores nomes do actual cinema internacional, Rachel Weisz e Alessandro Nivola.

Já lá vão uns longos doze anos mas a verdade é que só muito recentemente tomei conhecimento deste filme e assumo frontalmente que só dei por ele por reconhecer a Rachel Weisz na capa do filme pois, caso contrário, continuaria a passar-me ao lado sem saber sequer que existia.

Dito isto temos então aqui uma história de obsessão, por vezes doentia até, entre Martin (Alessandro Nivola) que sai de um cativeiro de vários anos numa prisão acusado de ter morto o pai de Helen (Rachel Weisz) a sua antiga namorada.

Depois de uma longa perseguição a todos os locais que Helen frequentava, Martin ganha coragem e aborda-a novamente, indo assim contra as ordens que tinha, e lá se inicia toda a sua relação obsessiva que tanto "joga" entre manipulação sentimental como sexual.
Obsessão atrás de obsessão acabamos finalmente por descobrir o verdadeiro motivo que o levou à prisão... Qual? Não direi... Há que ver o filme. Apenas posso adiantar que o amor, e repito, neste caso amor obsessivo, esteve na sua origem.
Com uma interessantíssima banda-sonora composta por Adrian Johnston que consegue ser de facto o melhor do filme bem como um trabalho de fotografia da autoria de Slawomir Idziak que cria um ambiente francamente alternativo e muito fora do que se poderá considerar normal dando a ideia que quase nos encontramos num universo alternativo (não, nada de freak e esquisito mas parece que estamos num mundo paralelo onde tudo tem um ritmo muito especial), tudo o resto parece quase... dispensável.
O filme à excepção destes factores referidos consegue ser, arrisco dizer, uma seca e quase desde o seu início que pedi para ver o final. Não por estar interessado em saber o que se passa mas sim por estar farto de o estar a visionar.
É interessante apenas por ver uma Rachel Weisz a trabalhar e por um Alessandro Nivola num papel fora do habitual... Tirando isto é um filme que pode bem passar-nos ao lado que honestamente não causa dano.
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2 / 10

sábado, 14 de agosto de 2010

Slaughterhouse-Five (1972)


Matadouro 5 de George Roy Hill foi vencedor do Prémio Especial do Júri no Festival Internacional de Cinema de Cannes e tem como actor principal Michael Saks que foi nomeado ao Globo de Ouro de Actor Revelação pela sua interpretação.
Quanto à história... Acompanhamos a vida de um homem em três fases distintas da sua vida. A primeira enquanto soldado a combater na Europa contra a Alemanha nazi. A segunda etapa já de volta aos Estados Unidos enquanto empresário, casado e com filhos mas desligado da vida que tem. A terceira enquanto "peça de museu" num planeta distante onde é analisado pelos seres que o habitam.
Até aqui já poderia parecer estranho o suficiente mas isto complica quando todas estas três distintas etapas são passados quase que simultaneamente. Pois... é verdade.
Honestamente não apreciei o filme. É um facto que podemos concluir que os traumas de guerra o deixaram com aquele afastamento "natural" da família que viria a constituir e que também as "visitas" que tinha por seres de outro planeta não eram mais do que fruto de uma mente perturbada pelos traumas de guerra que o assolaram grande parte da sua vida, no entanto, a realidade é que este filme para além de extremamente mal interpretado, lamento mas é uma verdade, e que ainda por cima é mole e pachorrento, apenas tem um argumento que mais parece ter sido cortado aos bocados e no final filmado e tentada uma coesão entre as suas três distintas etapas.
Não me convence. Mesmo nada. E de pouco adianta virem-me dizer que foi premiado em Cannes porque nem isso serve para poder olhar o filme com outros olhos.
Safam-se alguns segmentos passados na Alemanha durante a guerra porque de resto o filme é uma nulidade total. E dentro da nulidade atingimos o absolutamente ridículo quando são encenadas as cenas no planeta longinquo que mais parece algo retirado de um espectáculo de circo muito mal encenado.
Temos um filme francamente pobre, onde os desempenhos ficam à medida certa da pobreza mostrada e que faz de certa forma juz ao nome que tem. Matadouro. Um Matadouro de ideias do qual nós ao visionarmo-lo ou temos muito cuidado ou até a nossa mente é abatida durante o processo.

1 / 10

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Bright Star (2009)

Estrela Cintilante de Jane Campion é uma belíssima e comovente história de amor com a interpretação de dois dos grandes novos valores do cinema. Ele, inglês, Ben Wishaw que já nos entregou o maravilhoso Perfume, aqui no papel do poeta John Keats. Ela, australiana, Abbie Cornish que podemos ver no fantástico Candy no papel de Fanny Brawne por quem Keats se apaixona.
Os dois com brilhantes e irrepreensíveis desempenhos, dirigidos pela realizadora neo-zelandesa Jane Campion que consegue uma vez mais dirigir um belíssimo filme com uma história intemporal sobre o amor ou, mais concretamente, sobre o primeiro amor. Aquele que, tal como diz o cartaz promocional do filme, é o que brilha com mais intensidade. Esta história faz perfeita justiça a esta ideia e temos sim uma história sobre o primeiro amor contada de forma exímia.
Ao contrário da anterior grande obra de Jane Campion, O Piano, onde apesar da contemplação ser já um aspecto fulcral do filme, aqui a contemplação e o crescente amor que Keats e Brawne sentem um pelo outro surgem não só pelos actos e diálogos que partilham como também por um dos mais significativos aspectos deste filme. A imagem.
Os cenários em que se encontram são perfeitamente deslumbrantes. À medida que o amor sentidos entre ambos se manifesta, inicialmente pela contemplação e aos poucos dando lugar aos sentidos diálogos apaixonados, temos a passagem de uma imagem e de um cenário mais sombrio para uma situação de Primavera com flores de cores garridas e vivaças a brotarem por todo o ecrã. Sente-se a paixão. Sente-se o calor. Sente-se o amor.
Da mesma forma, o momento em que ambos apaixonados são obrigados a afastar-se devido aos problemas de saúde de Keats, assim começam as cores a desaparecer. A vida esmorece. Entra a chuva, o frio, a névoa, e por sua vez a doença e a morte.
Morte esta que, ainda assim, é acompanhada pela mais bonita dedicatória de amor que possivelmente alguém alguma vez escreveu. Uma declaração de total entrega ao seu primeiro amor. Ao seu único amor. O amor que nem mesmo a morte conseguiria separar ou quebrar.
Além das brilhantes interpretações por parte do par principal, e da realização e argumento que estiveram ao cargo dessa força feminina que é Jane Campion, é igualmente de destacar o soberbo trabalho de fotografia da autoria de Greig Fraser que este filme apresenta. A diferente tonalidade e vivacidade das cores, das luzes e das sombras que simbolizam não só as estações do ano como igualmente, e principalmente, as da vida é de facto deslumbrante.
Trabalho este que é complementado com a espectacular banda-sonora de Mark Bradshaw que intensifica ainda mais todos os pequenos detalhes que, infelizmente, nos possam escapar.
Aos curiosos só peço que não se deixem desmotivar pelo ritmo mais pausado e pensativo que o filme apresenta pois, se se deixarem ir até ao final não se irão, de certeza, arrepender.
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"John Keats: I almost wish we were butterflies and liv'd but three summer days - three such days with you I could fill with more delight than fifty common years could ever contain."
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8 / 10
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quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Das Weisse Band - Eine Deutsche Kindergeschichte (2009)

O Laço Branco de Michael Haneke é a mais recente obra do realizador alemão e o filme sensação de 2009 pela Europa e América do Norte tendo vencido três prémios na cerimónia do Cinema Europeu incluindo o Melhor Filme do ano bem como venceu o Globo de Ouro de Melhor Filme Estrangeiro e obteve a nomeação ao Oscar na mesma categoria.
A história centra-se nos anos que antecedem a Primeira Grande Guerra numa pequena vila alemã onde estranhos casos de abuso e punição sucedem a vários dos seus moradores e onde em todos eles as jovens crianças da vila parecem estar sempre presentes.
Como não poderia deixar de ser Michael Haneke que já nos habituou a seu cinema extremamente duro e violento, quer pelas imagens abusivas quer pelos seus relatos a respeito da condição humana que podemos assistir nos seus filmes como por exemplo Caché ou Brincadeiras Perigosas, aqui entrega-nos outro relato sobre a mesma temática: a violência.
Se no caso de Caché a violência foi a perpetrada nas colónias francesas quer aquela provocada pelo silêncio a que foi remetida esta parte da História do país, e se no caso de Brincadeiras Perigosas a violência retratada é aquela gratuita pelo simples facto de se poder fazer bem como a "necessidade" voyeurista que todos nós temos, neste O Laço Branco a violência é retratada na sua origem.
Esta origem está, como é óbvio, associada ao facto de ser "ensinada" às crianças quer pelas punições e castigos que se lhes atribuem como forma disciplinadora e que, pela forma do hábito e da normalidade, acabam por ser pelas mesmas reproduzidas como a única forma de sociabilização que conhecem. Quando um comete um "erro" os outros encarregam-se de o punir da única forma que conhecem: a violência.
Curiosa é também a época escolhida para contar esta História. Tanto a da acção do filme como também aquela em que vivemos.
Referindo-me à primeira, a época em que a história do filme é contada, os anos antecedentes à Primeira Guerra Mundial, se pensarmos que a violência física e psicológica que era "ensinada" como força principal da formação das crianças, e se considerarmos que passados anos teríamos estes jovens como os adultos que comandaram e viveram na Segunda Guerra Mundial, teremos aqui explicada muita da sociedade de violência, repressão, medo e dor pela qual a sociedade alemã passou. Não que isto justifique nada daquilo que foi provocado pela acção do Homem mas, no entanto, a sociedade do medo que foram os anos 30 e 40 do século passado tem aqui uma explicação plausível quanto à sua origem. As crianças que viram como única forma da sua educação o medo e a repressão, a violência causada pela sua "indisciplina" e o medo ao chefe (neste caso o pai), seriam os mesmos que perto de vinte anos depois estariam também eles a perseguir, violentar e amedrontar aqueles que, à altura, seriam considerados os "problemáticos da sociedade".
Aplicando isto tudo aos dias de hoje dá que pensar, pelo simples facto de ligarmos a televisão e assistirmos a um noticiário qualquer, a sociedade e os jovens que estamos hoje a criar e a educar, e especialmente o que será deles daqui a uns quinze ou vinte anos. Mas, será que pensamos efectivamente nisso?
Um filme que é contado ao estilo muito próprio do realizador alemão e que como sempre toca em questões e problemas que estão de certa forma ocultados, escondidos ou esquecidos por todos nós, mas que ao serem analisados muito explicam do comportamento humano de uma forma geral.
Com um brilhante trabalho ao nível geral de actores e um igualmente magnífico trabalho de fotografia da autoria de Christian Berger, este O Laço Branco foi um dos grandes filmes Europeus do último ano e sem dúvida um dos grandes êxitos cinematográficos do realizador que se ultrapassa com cada um dos trabalhos que realiza.

8 / 10

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Zombieland (2009)

Bem-vindos a Zombieland de Ruben Fleischer é no mínimo um dos melhores filmes de zombies de sempre. E quando digo de sempre... é MESMO verdade.

Num mundo infestado por zombies que são bem inteligentes e com inúmeros recursos para capturar os poucos humanos que restam, quatro resistentes sobreviventes que de início não suportam a companhia uns dos outros unem-se numa viagem sem destino como forma a escaparem às garras dos mortos-vivos.

São estes quatro sobreviventes Jesse Eisenberg, Woody Harrelson, Emma Stone e Abigail Breslin que através de um conjunto de regras específicas e bem rigidas conseguirão não só eliminar um sem fim de mortos-vivos como ainda perceber que a sua união é o elo fundamental para conseguirem sobreviver num mundo que está a morrer.
O quase filme-documentário onde não só passamos por bem elaboradas e explicativas cenas sobre as regras de como sobreviver a um zombie, ainda temos aquilo que é um filme muito bem estruturado e ritmado considerando esta temática que é sempre, ou quase, um risco de ser contada pois acaba sempre por cair nos habituais clichés.
Aqui, mesmo que eles estejam presentes, são contados de uma forma francamente cómica através destas quatro personagens que em circunstâncias normais não duravam num planeta agreste mais do que dez minutos.
Como se o filme em si não fosse já um conjunto de sinais positivos que o tornam por demais apelativo, ainda temos uma participação especial hilariante. Falo claro desse grande senhor Bill Murray que aqui aparece não como actor mas como o próprio Bill Murray.
Apesar de uma sequência que não excede os dez minutos de duração, Bil Murray tem um papel não só simpático e agradável como do mais hilariante possível conseguindo captar uma boa parte da atenção que se dá ao filme, mais ainda do que aquela que damos aos demais actores. Quando ele aparece, o filme é TODO dele.
Finalmente, deixo ainda um destaque pela positiva à sequência final do filme passada no parque de diversões. É sem dúvida de tirar o fôlego e sentimo-nos bem agarrados ao sofá enquanto aquilo tudo não termina.
Com acção quanto baste, interpretações bem acima da média para um filme de comédia/terror, química entre os vários actores e um ritmo e empatia fácil criada com o público, não tenho qualquer problema em dizer que é dos melhores filmes do género não só dos últimos anos como desde sempre.
E se de facto algum dia o planeta ficar infestado de zombies... que esteja por perto uma equipa destas!




7 / 10

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Attack (2005)

Ataque de Timothy Smith é uma curta-metragem de ficção britânica onde nem tudo o que parece o é de facto.

Nesta curta juntam-se não só os agressores com as vítimas como também as falsas ideias sobre quem realmente é o quê.

Bem construída e com uma narrativa interessante contada do fim para o princípio sobre os preconceitos que todos nós temos para com o próximo e como estes nos podem conduzir em julgamentos errados.

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8 / 10

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Gone (2006)


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Gone - A Viagem de uma Vida de Ringan Ledwidge tem em Scott Mechlowicz o seu actor principal e o vilão psicótico de serviço.
Feito muito ao estilo de The Hitcher (1986), de Robert Harmon, o referido psicopata - aqui não tão anónimo e inicialmente aparentemente inocente - faz literalmente a vida negra àqueles por quem nutre uma estranha e doentia "simpatia", este Gone não inova no que ao estilo diz respeito mantendo-se, de uma forma geral, naquele clima de jogo do gato e do rato com as suas potenciais vítimas, denotando uma química física e sexual com as mesmas e, para lá destes aspectos, evidenciar uma qualquer doentia solidão que o priva de uma relação normal com os demais impondo(-se) sobre eles a sua presença nem sempre desejada.
As interpretações, não sendo limitadas, também não conseguem cativar de forma original o espectador limitando-se a exibir uma (des)controlada juventude sedenta de novas experiências e amizades até ao momento em que percebem que as suas vidas começam a entrar num caminho do qual a saída parece difícil ou, pelo menos, muito complicada. Longe de um estilo psicopata controlado exibido por Rutger Hauer no já referido The Hitcher, aos actores de Gone falta uma certa química de e para com a vida... Uma pitada de psicopatia ao "Taylor" de Scott Mechlowicz e uma quanta "qualidade" de vítimas a "Alex" e "Sophie" que pouca empatia geram para com o espectador que observa a sua espiral de decadência.
Talvez como o único e, como tal, mais destacado elemento positivo de Gone resida no percurso pelo interior desértico australiano fazendo, dessa forma, com que o espectador se sinta numa total vulnerabilidade ao perceber que em caso de necessidade - e ela está presente neste caso - não existir ninguém por perto a quem recorrer. É aqui que o instinto de auto-preservação e sobrevivência se consegue manifestar mais acentuadamente mas, ainda assim, não o suficiente para transformar Gone naquele filme marcante do género em questão.
Com um ou outro momento mais inquietante - escassos! - em Gone destaca-se a direcção de fotografia de Ben Seresin deixando para trás muitos aspectos que necessitariam ser respondidos nomeadamente no que diz respeito a "Taylor" e a origem do seu estranho e sombrio comportamento. Aceitável para um final de semana mais monótono mas, ainda assim, nada que permaneça na memória para lá desse mesmo instante remetendo sempre o seu espectador para o clássico do género que é The Hitcher.
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6 / 10
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domingo, 8 de agosto de 2010

Patricia Neal

1926 - 2010
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sábado, 7 de agosto de 2010

Love Rules! (2004)

A Lei do Amor de Steven Robman é um simpático e por vezes divertido filme de comédia sobre a vida de um homem e uma mulher que após algum tempo de relação decidem casar.
Tudo é, ou parece ser, simples. No entanto à medida que o tempo passa e os preparativos tomam rumo é que eles começam realmente a perceber no que se estão a meter.
Através de um conjunto de regras que as amigas (dela) e os amigos (dele) lhes vão revelando sobre o como é estar de facto preso um ao outro, é que eles se apercebem do quão estão metidos num assunto sério. E é este o ponto de partida para todas as confusões iniciarem.
Dito isto resta acrescentar que não é um grande filme, nem tão pouco daqueles dos quais nos iremos lembrar durante muito tempo. É no entanto, um filme simpático, bem disposto e com alguns momentos engraçados e divertidos que se vêem bem num domingo à tarde quando não mais há para fazer.

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5 /10

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

White Palace (1990)

Loucos de Paixão de Luis Mandoki conta com a presença da magnífica Susan Sarandon (aqui nomeada para o Globo de Ouro de Melhor Actriz Drama) e de James Spader.

Uma história de drama e de amor entre pessoas que estão sózinhas. Sózinhas no mundo isto é. Por um lado temos Nora (Sarandon) uma simples mas aparentemente forte mulher que trabalha num restaurante onde lida com centenas de pessoas diariamente, mas que cedo percebemos se afastar de todos de forma a não criar laços nem partilhar a sua dor.

Por outro lado temos Max (Spader) um jovem abastado homem recentemente viúvo e que por muitos convites tenha decide não se aproximar de ninguém.

Estão ambos em iguais circunstâncias apesar de viverem em mundos socialmente diferentes e distantes. E são estas mesmas diferenças que os fazem aproximar um do outro e inicial uma relação amorosa apesar dos entraves que, aos olhos dos outros, podem ser mais que suficientes para nem sequer começarem.

O que vence no final? As distâncias sociais, etárias e psicológicas? As suas vivências diferentes? O seu passado e origens igualmente diferentes? As suas mágoas? Ou será que no final o que vence é pura e simplesmente o amor?

Dito isto o que temos no final? Um simples mas bem construído filme sobre as relações humanas e sobre como o passado e as vivências que nele temos afectam o nosso presente e por vezes o futuro criando bloqueios que nos afastam da relação social, física e emocional mesmo que vivamos diariamente entre pessoas como nós.

Um simpático argumento da autoria de Ted Tally acompanhado de uma banda-sonora de excelência da autoria de George Fenton que culmina obviamente com as interpretações de excelência dos dois brilhantes actores que são James Spader e a magnífica (sim tenho uma imensa admiração por ela) Susan Sarandon em mais um dos meus muitos sentidos e profundamente dramáticos papéis.



7 / 10

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Wendy Wu: Homecoming Warrior (2006)

Wendy Wu: A Miúda Kung Fu de John Laing é um, mais um, daqueles filmes que mais vontade dá de bradar aos céus com toda a nossa força a perguntar "Porquê ? Porque é que será que houve dinheiro para fazer este filme?!"
Além do filme por si só já ser mau, ainda é mais grave se pensarmos que é um filme feito sob a chancela Disney. É quase imperdoável ter saído algo deste calibre.
Comecemos pelos desempenhos. Não são maus... São realmente péssimos. Não há nada que se destaque com um sinal de aproveitamento. Temos um conjunto de adolescentes (será que ainda o são mesmo?) que berram incontrolavelmente ao longo do filme e que "flipam" com o baile de finalistas como se de facto algo de importante fosse.
Estas, após intensivos treinos de karate, largam os gritos adolescentes para começar um chorrilho também ele sem fim de gemidos esforçados à medida que lutam como profissionais que levam disto vida. Clichés e mais clichés... Muito batido, muito visto e como tal, totalmente desnecessário.
Como se isto não bastasse temos a vilã de serviço que sejamos francos... muito penteadinha para quem anda ali aos saltos que nem uma perdida... baton bem brilhante e a demais pintura toda no sítio e, como se isto tudo não fosse por si só já muito trágico, ainda tem uma voz que parece que acabou de ser possuída por algum espírito maligno muito ao estilo d'O Exorcista.
É um filme basicamente mau... não adianta em absolutamente nada além de claro, ter custado uns quantos milhares (ou milhões) de dólares que quase de certeza nem recuperados foram em bilheteira.
Dito isto, que apesar de pouco já é muito, é um filme perfeitamente dispensável que em nada, absolutamente nada, adianta para o panorama cinematográfico.
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1 / 10

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

The Stepfather (2009)

O Padrasto de Nelson McCormick é um bem elaborado, e com alguns momentos bem intensos, thriller com a participação de Dylan Walsh, Penn Badgley e uma algo desaparecida Sela Ward.
O filme começa logo com algumas cenas bem aterradoras no seio de uma familiar casa suburbana onde constatamos muito rapidamente que toda uma família fora assassinada. Toda? Bom... quase toda.
Há um sobrevivente, que é como quem diz, o assassino. O padrasto. Os porquês ainda não sabemos. Vamos tomando conhecimento deles à medida que a acção do filme se desenrola e assistimos à verdadeira mentalidade de um homem que é, aparentemente, um bom pai de família e um vizinho do qual todos querem estar próximos. Mas a realidade é totalmente oposta a esta imagem inicial.
Interpretações à parte pois normalmente ninguém se destaca neste género de filme acabando quase todos por ter prestações dignas do género de filme de que se trata, restam as positivas menções aos inúmeros momentos de tensão e suspense que de facto estão fielmente recriados e que conseguem, de facto, criar uma atmosfera algo assustadora.
Não sendo um filme de terror mas sim suspense, consegue ser bem retratado e sem grandes falhas que o descredibilizassem e deixa-me de facto a pensar "em quem é que podemos realmente confiar".
Como uma última nota, e apenas em título de curiosidade, sou só eu ou há por aí mais alguém que pensa que a actriz Sela Ward está há muito desaparecida do protagonismo que teve até há alguns anos pelo menos na televisão?
Um filme digno de se ver e que consegue captar toda a nossa atenção e também criar uns quantos sustos.

6 / 10