quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Miracle at St. Anna (2008)

O Milagre de St. Anna de Spike Lee apresenta uma história potencialmente interessante passada durante a ocupação alemã de Itália durante a Segunda Guerra Mundial e, como tal, torna-se naqueles filmes que despertam o interesse logo de imediato.
De seguida ao assistirmos ao trailer do filme é escusado negar que pensamos logo estar na presença de um filme magnífico, o que só acentua mais essa suposição se pensarmos que o realizador é Spike Lee que já nos deu inúmeros filmes de grande porte e que, como tal, não nos irá desiludir.
Se tal como eu tiverem pensado em tudo isto então... lamento informar que se enganam redondamente.
A época histórica que o filme retrata é de facto apelativa para assistirmos a um daqueles filmes que ou estão recheados de batalhas intensas e duras ou então estão sim carregados de uma carga dramática tão intensa que acabam por nos fazer lacrimejar vezes sem conta.
Aqui temos em potência as duas situações quer pelas breves cenas de combate a que assistimos quer pela história paralela que decorre durante todo o filme. Temos a batalha e temos o lado humano.
No entanto algo se estraga e atrapalha pelo caminho. Temos aqui um filme de duas horas no qual se resolve contar tudo ao mesmo tempo, muitas das vezes ao ritmo quase fantasioso de uma época histórica que desolou todo um continente e um sem número de vidas e que, para talvez compensar essa fantasia excessiva, tenta (re)criar situações dramáticas que de tão lamechas serem não conseguem sequer fazer emocionar a alma mais sensível.
Pela primeira vez assisto a um filme de Spike Lee que nem venceu nem convenceu ninguém. É daqueles filmes nos quais nos damos a questionar o que terá pensado o realizador ou até mesmo o que o terá levado a fazer um filme que parece ter sido contado ao mesmo ritmo que se atirava cimento para uma parede de forma a que ela não caia.
De facto as ideias e as boas, espero, intenções estão lá. Aquilo que falta radicalmente é a capacidade de as transformar em algo sólido e credível e que nos convença a nós enquanto espectadores.
Ao assistir a este filme quase dei por mim a pensar se o Batman ou qualquer outro herói da ficção e da banda-desenhada iria aparecer a meio do filme conseguindo assim exterminar todos os nazis que por lá circulavam. Francamente pobrezito enquanto história passada ao grande ecrã que apenas se acentua com desempenhos também medianos a roçar o fraco e pobre.
Destacam-se muito ao de leve pela positiva os trabalhos de fotografia de Matthew Libatique e a banda-sonora de Terence Blanchard sem que, ainda assim, sejam suficientemente bons para conseguir levar este filme a um outro patamar.
Não é um filme que não se consiga ver mas é daqueles que por tanto andarem a dispersar faz-nos perder alguma concentração na sua narrativa e, como tal, serem mais apontados pela negativa do que pelos poucos aspectos positivos que tem apesar do seu conteúdo ter um franco potencial para ser êxito de bilheteira e de crítica.

6 / 10

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