Crazy Heart de Scott Cooper foi o grande e esperado regresso de Jeff Bridges ao cinema e papel pelo qual era previsto ele receber inúmeros troféus e nomeações. Facto este que se viria a confirmar na realidade com a vitória do SAG, Globo de Ouro e Oscar de Melhor Actor (este último o primeiro que viria a receber após cinco nomeações).
Cruzamos então pela história de Bad Blake (Jeff Bridges), um cantor country desgastado e abatido pelo tempo que viveu tempos de fama mas que depois se perdeu por caminhos mais obscuros, o resultado óbvio que o alcoól que consumia sem limite lhe acabou por trazer.
Ao mesmo tempo que assistimos a uma tentativa deste homem restabelecer a sua vida, após estar anos e anos perdido no mundo, quando conhece Jean (Maggie Gyllenhall) e o seu filho com quem tenta fazer resultar uma relação mais séria contrariando assim encontros esporádicos que sempre teve, Bad Blake acaba por cair cada vez mais no poço sem fundo onde já se encontra.
O alcoól regressa e com ele o afastamento desta que parecia ser a relação que iria salvar a sua vida. Pelo contrário... apenas a sua paixão e o seu regresso à música iriam conseguir fazer com que a sua vida tivesse de novo uma oportunidade.
Que Jeff Bridges entrega novamente uma prestação sentida e apaixonada não questiono. Que Maggie Gyllenhall tem um simpático e sentido papel também não há dúvida. Que as nomeações que ambos tiveram nos Oscars deste ano... bom... não considero que sejam totalmente despropositadas. No entanto, considerar que Jeff Bridges ganhou a sua primeira estatueta dourada com este filme é algo que já me deixa mais apreensivo por dois motivos concretos. O primeiro é a qualidade de outros actores nomeados que, não desfazendo, conseguem ter trabalhos mais interessantes e profundos. O segundo é pensarmos que Jeff Bridges já foi nomeado para Oscar por um filme chamado Starman e que nem sequer o foi por outro chamado Sem Medo de Viver. Considerando estes dois factores torna-se para mim difícil perceber que afinal foi "aqui" que saiu a vitória. Soa-me mais a uma nomeação e a um Oscar "Carreira" do que propriamente de Melhor Actor do ano.
Brilhante e totalmente merecida foi a vitória do Oscar na categoria de Canção Original, "The Weary Kind" escrita e musicada por T-Bone Burnett e Ryan Bingham. Muito sentida e com uma melodia simplesmente maravilhosa.
Crazy Heart não é um filme mau e consegue ter uns quantos momentos mais emotivos e tristes e até arriscaria dizer decadentes, especialmente se pensarmos que é muito fácil poder cair num abismo que parece não ter fim. No entanto não é aquele filme pelo qual eu esperaria que um actor como Jeff Bridges fosse finalmente galardoado com aquele que é o maior prémio da indústria cinematográfica.
Muito ao estilo de Mickey Rourke e do The Wrestler no ano passado, este filme e esta nomeação/Oscar acabam mais por ser uma recompensa por uma carreira e pela sua respectiva revitalização do que propriamente pelo papel em si.
Dito isto, não deixa no entanto de ser agradável poder ver de novo este fantástico actor num papel de grande destaque novamente no cinema. Como tal, para os fãs, vale a pena darem uma vista de olhos por este filme.
6 /10
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