A Última Dança de Bruce Beresford é um interessante filme que conta com Sharon Stone no principal papel e é muito bem secundado por Rob Morrow, Randy Quais e Peter Gallagher.
A história centra-se na vida de Rick Hayes (Morrow), um jovem advogado pouco responsável e que leva a vida de uma forma algo leviana até ao dia em que conhece Cindy Liggett (Stone), uma prisioneira no corredor da morte por ter assassinado dois jovens largos anos antes.
Aí Rick conhece uma pessoa que não só irá fazer ganhá-lo novo estimulo pelo Direito como pela sua própria vida e pela forma como defenderá o respeito pelos direitos dos demais.
É inevitável numa história em que a intimidade e a vulnerabilidade da personagem principal estejam mais que evidentes não resulte numa certa tensão ou clima empático entre ela e o seu parceiro. Tensão esta que resulte quase numa espécie de amor platónico que Stone consegue recriar muito bem num papel que foge ao tradicional cliché com que esta actriz foi "catalogada".
Digo que este filme é interessante por isto mesmo. Ao contrário do que as críticas normalmente apregoam sobre Sharon Stone, eu defendo que quando o papel certo lhe é entregue ela consegue entregar desempenhos suficientemente bons e credíveis para serem reconhecidos pela sua qualidade. É isto mesmo que tem faltado a esta actriz nos últimos largos anos em que apenas e só lhe são confiados ou papéis menores em que interpreta uma qualquer maníaca ou então sem qualquer brilho e relevância de forma a que seja notada e apreciada.
Acima de uma história sobre a pena de morte, este A Última Dança é uma história sobre a redenção, sobre segunda oportunidades e sobre a forma como a opinião pública pode em último recurso decidir sobre quem é o quê e se deve ou não ter primazia sobre os demais.
É curioso como são postas em comparação duas pessoas que cometeram o mesmo crime mas que devido à "regeneração" mediática que um tem torna-se um caso de sucesso e de potencial reintegração em sociedade mesmo que, aparentemente, até seja uma regeneração bem duvidosa.
Totalmente injusta a única nomeação que este filme teve a um prémio, ou seja, ao Razzie de Pior "Nova" Estrela cinematográfica que destaca o desempenho da "nova" e séria Sharon Stone como se essa nova etapa da sua carreira cinematográfica fosse uma "nódoa".
Poderá não ser um filme brilhante ou daqueles que no futuro as pessoas irão recordar como um marco na carreira desta actriz, mas é ao mesmo tempo a minha opinião que é um filme que pertence a uma época de ouro na sua carreira. A época que nos deu a conhecer o Instinto Fatal, o Violação de Privacidade, o Casino, A Musa... a época que nos deu a conhecer que além de ser uma actriz que conquistou a fama graças ao seu corpo, tem também (e muito) talento e potencial interpretativo para nos mostrar grandes filmes.
Um filme bastante agradável que, para os mais atentos e curiosos, será também um bom ponto de partida para poder reflectir sobre diversas temáticas que o filme aborda de forma mais ou menos explícita.
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9 / 10
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