domingo, 31 de maio de 2020

Dan van Husen

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1945 - 2020
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Prémios Fantastic 2020: os nomeados

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Foram hoje divulgados os nomeados anuais dos Prémios Fantastic atribuídos pela respectiva plataforma digital. Entre os nomeados nas mais diversas categorias destacam-se aqui aqueles relativos à área de Cinema e ao Prémio Revelação nas categorias de Interpretação e Realização. A Herdade, de Tiago Guedes e Variações, de João Maia são as longas-metragens nacionais mais nomeados recolhendo um total de oito nomeações cada sendo que a obra de Guedes reúne uma nomeação extra na categoria Revelação para o actor João Pedro Mamede.
São os nomeados:
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Melhor Filme Nacional
Gabriel, de Nuno Bernardo
A Herdade, de Tiago Guedes
Hotel Império, de Ivo M. Ferreira
Snu, de Patrícia Sequeira
Terra Franca, de Leonor Teles
Variações, de João Maia
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Melhor Filme Internacional
Avengers: Endgame, de Anthony Russo e Joe Russo
Gisaengchung, de Bong Joon Ho
Jojo Rabbit, de Taika Waititi
Joker, de Todd Phillips
Klaus, de Sergio Pablos
Marriage Story, de Noah Baumbach
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Melhor Realização
Tiago Guedes, A Herdade
Ivo M. Ferreira, Hotel Império
Patrícia Sequeira, Snu
Leonor Teles, Terra Franca
João Maia, Variações
Pedro Costa, Vitalina Varela
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Melhor Actor Principal
Pedro Almendra, Snu
Carloto Cotta, Diamantino
Albano Jerónimo, A Herdade
Sérgio Praia, Variações
Igor Regalla, Gabriel
Pedro Teixeira, Quero-te Tanto!
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Melhor Actriz Principal
Inês Castel-Branco, Snu
Sandra Faleiro, A Herdade
Benedita Pereira, Quero-te Tanto!
Joana Ribeiro, Linhas Tortas
Leonor Seixas, Ladrões de Tuta e Meia
Margarida Vila-Nova, Hotel Império
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Melhor Actor Secundário
Miguel Borges, A Herdade
Carlos Carvalho, Solum
José Condessa, Gabriel
Filipe Duarte, Variações
Fernando Pires, Variações
Rodrigo Tomás, A Herdade
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Melhor Actriz Secundária
Ana Marta Ferreira, Gabriel
Victória Guerra, Variações
Teresa Madruga, Variações
Anabela Moreira e Margarida Moreira, Diamantino
Ana Nave, Snu
Ana Vilela da Costa, A Herdade
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Melhor Argumento
A Herdade, Tiago Guedes
Hotel Império, Edgar Medina e Ivo M. Ferreira
Linhas Tortas, Carmo Afonso e Rita Nunes
Solum, Diogo Morgado e Pedro Morgado
Tristeza e Alegria na Vida das Girafas, Tiago Guedes e Tiago G. Rodrigues
Variações, João Maia
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Prémio Revelação
Carolina Carvalho (actriz)
Marco Leão e André Santos (realizadores)
João Pedro Mamede (actor)
Guilherme Moura (actor)
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Os vencedores serão anunciados no próximo dia 16 de Junho nas respectivas plataformas digitais.
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sábado, 30 de maio de 2020

Yaroslava Turylyova

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1932 - 2020
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Michael Angelis

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1952 - 2020
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Hassan Hosny

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1931 - 2020
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sexta-feira, 29 de maio de 2020

Yulien Balmusov

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1940 - 2020
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Marooned (2019)

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Marooned de Andrew Erekson (EUA) é uma das curtas-metragens de animação que compõem a programação oficial desta primeira (e online) edição do We Are One - A Global Film Festival que reúne algumas das obras mais emblemáticas dos mais diversos festivais de cinema que, este ano, encontram uma inesperada estagnação graças à situação de emergência sanitária provocada pelo COVID-19.
Esquecido numa base lunar, o pequeno C-0R13 tem como única missão poder construir uma nave que o leve de volta à Terra. Mas, é quando conhece A-L1C1A que a sua personalidade e verdadeira essência são testadas ao limite.
Há um sentimento de imediata saudade que brota no espectador nos primeiros instantes de Marooned quando observa, pelos olhos do pequeno robot "C-0R13", a Terra lá distante. Perdido, esquecido e abandonado num espaço que não é o seu mas no qual encontra um inesperado e pouco desejado lar, o pequeno robot tenta, com os detritos deixados pelos humanos que também se esqueceram dele, construir um qualquer veículo que o possa transportar de volta a casa e àquilo que sempre conheceu. A saudade estampada no seu "rosto" - interessante definição esta uma vez que o próprio não o tem mas são os pequenos movimentos animados que lhe são conferidos que transportam todas as expressões faciais possíveis - é fruto desse tal isolamento (e distanciamento social que agora tão familiar nos é) que caracterizam a mais básica da sensações do Homem... a solidão. É por esta, e como forma de a transformar e perder, que qualquer um deseja o contacto e interacção física que acabam por ser características do Homem aqui retratadas nos actos, e no desejo, desta "máquina" que consegue ser tão humana (talvez mais) do que o próprio criador. Aliás, é fácil durante mas especialmente depois de observarmos esta obra, identificar tantas expressões e comportamentos humanos através primeiro desse isolamento, depois da constante necessidade de atingir um objectivo, também revelar a extrema capacidade de pensar no "eu" como forma de chegar ao outro lado e, finalmente, expôr perante esse referido "eu" que existe um bem maior pelo qual lutar e pelo qual abdicar de todo um trabalho porque existe "alguém" que precisa de "lá" chegar primeiro do que o próprio. O Homem, tão distante que se quer manter da máquina, depositou nela uma qualquer consciência que o humaniza para lá do esperado... para lá da própria Humanidade que por vezes tão pouca revela.
A saudade e a emergência de estar no Planeta Azul estão de tal forma presentes que o pequeno "C-0R13" guarda consigo pequenos pertences dessa terra idolatrada como uma divindade... da foto da Torre Eiffel à vontade de, à distância, conseguir ter por entre os seus dedos o planeta revela para um espectador mais atento, um desejo extremo que parece estar apenas à distância de um pequeno toque. No entanto, é no contacto com a sua nova parceira, também ela mecanizada, que despoleta a existência de um novo e desconhecido sentimento... Poderemos teorizar sobre amizade ou amor ou sobre como ambos são os braços de um único sentimento, mas é na abnegação para com o "outro" tido por "C-0R13" que descobrimos e conhecemos a sua verdadeira dimensão afectiva e sentimental. A abnegação para com esse "outro", ainda relativamente desconhecido, mas que é a personificação - palavra bem escolhida quando encontramos a manifestação de um sentimento tão humano - da vontade de estar perto... de sentir... transforma este pequeno robot esquecido num destino distante naquilo que, talvez, qualquer um de nós gostaria de ser ou sentir para com outro num universo que nos aproxima... mas principalmente distancia pela incapacidade de expressar pelo "outro" o mais nobre dos sentimentos. Sacrificando a sua existência... que sobrará dele para um mundo que... não conhece?!
Num olhar romântico sobre o amor e a sobrevivência do "eu" num mundo onde a individualidade e a solidão ganham contornos tristemente presentes e reais face às adversidades do momento - ainda que esta curta-metragem já esteja datada de há um ano -, este Marooned cativa pela sua inocência, por uma mensagem de esperança trazida pela abnegação derivada de um inesperado amor mas sobretudo pela simplicidade emocionante com que primeiro se vive o sonho e depois dele se abdica pelo bem maior do "outro" tantas vezes difícil de encontrar no cinema... quanto mais na dita "vida real".

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8 / 10

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Bilby (2018)

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Bilby de Pierre Perifel, JP Sans e Liron Topaz (EUA) é mais uma das curtas-metragens de animação que são exibidas no decorrer desta primeira edição (online) do We Are One - A Global Film Festival que, centrada no grande deserto Australiano onde Perry, um tímido marsupial, se transforma no inesperado "pai" de uma indefesa jovem e não identificada ave salvando-o assim dos predadores que espreitam a todas as "esquinas".
Os perigos, ou imprevistos, de um espaço natural repleto não só de predadores como também de pequenos grandes desafios naturais, são inúmeros. Mas, como em todas as histórias de animação, existe uma pequena luz de esperança de que, afinal, o perigo não seja tão presente como aparenta. "Perry", o herói de serviço desta história, surge não só com uma ingenuidade típica dos protagonistas destas histórias como sobretudo com um coração frágil demais para enfrentar os desafios e provações que o esperam.
Sempre a fugir de tudo o que aparenta ser "diferente" do seu imaginário de segurança, "Perry" vive uma aparente vida alegre e despreocupada (na sua existência) limitando-se à sua sobrevivência e a passar ao lado dos predadores que poderá não conseguir enfrentar. Mas, é quando surge a pequena cria de ave (desconhecida) que tudo parece ganhar um novo contorno. Se até aqui o nosso protagonista é um cómico em formação, com esta nova vida a seu cargo (que passa a estar por nele ver um progenitor) transforma-se num inesperado herói ao protegê-lo de todos os desafios e provações que se colocam no seu caminho e que são, como seria de esperar, "habituais" desta vida no deserto... de escorpiões a tarântulas, de aves de rapina aos próprios desfiladeiros que surgem para lhe revelar que o perigo é real, todos os momentos são preciosos para proteger aquela vida que, agora, também lhe pertence de alguma forma.
É então compreendido pelo espectador, pela sua vertente divertida mas também humana destas duas criaturas ditas "irracionais" que o amor pode surgir a qualquer momento e das mais diversas formas. Independentemente das espécies em que cada um se insere pela chamada "lei da Natureza", o amor (a amizade) surge pela compreensão de que a vida não poderá ser vivida solitariamente ou distante dos demais dos quais, de certa forma, dependemos mesmo que inconscientemente. A sobrevivência, física e em alguns momentos até mesmo psicológica (não se pode esquecer o espectador que estas personagens são humanizadas para a construção de uma história com uma moral a transmitir), depende da união de esforços que inicialmente podem ser de mera resistência perante as adversidades mas que facilmente se constroem e transformam numa dependência emocional e sentimental que cria e estabelece laços que vão para lá de qualquer pré-requisito estabelecido.
O final que surge após toda uma intensa odisseia, e que confirma e revela o poder infindável da verdadeira amizade e da cumplicidade que lhe está inerente, revela igualmente a verdadeira identidade desta (anteriormente) pequena ave que agora se assume em todo o seu esplendor perante um pôr-do-sol que testemunha o tempo passado em comum e a relação paterna que entre eles se desenvolveu.
Sensivelmente transmitida e emocionalmente franca, esta curta-metragem surge como um verdadeiro e sentido filme curto que transmite, pelo poder das imagens animadas, a força de um sentimento tão poderoso como é a amizade capaz de chegar a todo um público que, independentemente da sua idade, se deixará cativar pela emoção de uma história que é contada com o coração.

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9 / 10

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Toto (2020)

 

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Toto de Marco Baldonado (Canadá) é uma das curtas-metragens que passa neste primeiro dia do We Are One - A Global Film Festival que decorre na plataforma online do mesmo decorrente da actual situação de emergência sanitária provocada pela pandemia do COVID-19.
Uma avó solitária (Rosa Forlano) com noventa anos de idade encomenda um robot. No processo de o transformar como o seu novo, e talvez único, amigo, desenvolve-se uma relação que se aproxima da paixão. Mas tudo tem um fim... que se aproxima rapidamente.
Num mundo em constante transformação, Toto vem relembrar o espectador de que as realidades individuais de cada um de nós são variadas tendo, no entanto, um aspecto que parece cruzar todos numa determinada altura da vida... a solidão. Com uma verdadeira "nonna" italiana, a actriz Rosa Forlano - a própria avó do realizador Marco Baldonado -, interpreta uma mulher que o espectador imediatamente compreende como alguém que vive uma vida solitária e isolada... Isolada mesmo neste mundo em constante transformação onde as redes sociais e as tecnologias parecem invadir as nossas vidas a cada dia que passa aproximando-nos geograficamente mas distanciando-nos fisicamente. Num simpático e por vezes divertido registo, Forlano entrega-nos, e faz-nos por momentos esquecer, o verdadeiro drama por detrás dos seus comportamentos. Aquilo que aqui observamos é, na realidade, o retrato de tantas pessoas mais idosas que, no silêncio do esquecimento e do afastamento mais ou menos voluntário de uma família com as suas vidas - diferentes da sua pelo distanciamento físico e geracional - por viver, estão solitárias ao ponto de encontrarem na tecnologia, a única forma de se poderem voltar a consolidar e pactuar com um mundo que é para elas, já bem distante e diferente daquele que outrora conheceram. Recorrendo ao mais tradicional da cultura popular mediterrânica, Rosa "la nonna" refugia-se na cozinha e no prazer de comer, a forma de se reconciliar e ligar a e com esse mundo "lá fora" encontrando, portanto, o veículo para compreender que a vida vida tem, uma vez mais, o sentido que havia perdido há anos.
Inteligentemente construída para primeiro conferir-lhe um ritmo inovador que nos coloca num tempo incerto no futuro mas que, depois, nos faz compreender que as realidades que ali se fazem sentir - afastamento da família, isolamento social das populações mais idosas, avanço tecnológico e choque geracional entre outras - são tão próximas que muitas são infelizes realidades que já hoje qualquer um de nós vive, conhece ou reconhece. Com um desempenho cómico, dramático, emotivo e onde consegue dar corpo a uma profunda tristeza e compreensão de que o mundo parece já não ser o "seu", Rosa Forlano é brilhante nos seus pequenos passos, na sua concepção da realidade (interior e exterior) e principalmente na "forma" que dá a uma solidão que não será só sua mas de todos os que não conseguem acompanhar este novo mundo (mais ainda será no futuro que aqui se pretende retratar) sem que, no entanto, alguma vez perca a sua humanidade e humanismo encontrando até... a Humanidade numa tecnologia ultra-avançada. Forlano conquista-nos por essa humana simplicidade que por vezes dificilmente se reconhece mas que está "lá"... no coração daqueles que ainda anseiam viver. Numa única palavra, Rosa Forlano é simplesmente... magnífica.

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8 / 10

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When I Write It (2020)

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When I Write It de Nico Opper e Shannon St. Aubin (EUA) é um documentário em formato de curta-metragem presente nesta primeira edição do We Are One - A Global Film Festival que decorre na plataforma online do mesmo e que apresenta a história de dois jovens afro-americanos de Oakland - Leila e Ajai - e os seus pensamentos sobre o que é ser jovem na América do presente enquanto tentam, ao mesmo tempo, desenvolver e vincar a sua arte na cidade em constante transformação.
Este documentário breve que mistura as ansiedades de dois jovens americanos com as transformações tidos numa sociedade em constante mutação, revela as expectativas destes dois jovens não só numa fase em que claramente estão numa transição de adolescentes para jovens adultos como também fazem chegar ao espectador as suas opiniões sobre um mundo que aparenta nem sempre estar preparado para novas abordagens ao mesmo ou, por outro lado, as perspectivas do próprio sobre uma sociedade em que comentam "serem escassas as oportunidades".
Num momento em que se preparam para um concerto num dos espaços locais que lhes abre a porta, ambos falam sobre os livros que lêem ou as músicas que escutam e querem criar e as perspectivas que estes lhes conferem destes e de outros tempos levando-os a um pensamento não só pertinente como actual... o que é ser um jovem negro na América de hoje?! Ou, numa perspectiva ainda mais chocante, Ajai deixa-nos o intrigante pensamento sobre que sente não lhe ser permitido ser uma pessoa na América que, agora, conhece. O espectador, mais ou menos conhecedor da realidade norte-americana do momento, questiona-se (também ele) sobre estes anos '20 e nas intensas disparidades sentidas por uma camada etária, étnica e social da população que percepciona não ter o seu lugar não só nesta sociedade como principalmente no mundo enquanto indivíduo que é.
Ainda que pertinente pelas questões aqui levantadas, este When I Write It peca pela escassa duração oferecida a estas temáticas e pela exploração do "eu" - neste caso destes dois adolescentes ou jovens adultos - que poderiam ser não só mais intensas sob a sua potencial disseminação e compreensão como também seria útil compreender, de facto, as realidade e os mundos locais de onde eles provêm conferindo, dessa forma, uma abordagem mais alargada e não apenas a menção de que as dificuldades de ser jovem e negro nos Estados Unidos são imensas... facto que qualquer um de nós facilmente identifica ao escutar um qualquer noticiário. Pertinente ao ponto de compreendermos que está na mão de cada um "escrever" o seu próprio destino mas, ao mesmo tempo, compreender também que por muito que se o queira escrever existem todo um conjunto de "estradas" que estão imediatamente fechadas logo que alguém as tenta atravessar.

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6 / 10

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Bird Karma (2018)

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Bird Karma de William Salazar (EUA) é uma curta-metragem de animação presente nesta edição do We Are One - A Global Film Festival que este ano se inicia na plataforma oficial do mesmo e que apresenta a realidade de uma pequena ave que, no pântano, se deixa deslumbrar pela vida vegetal e animal esquecendo até que, também ele, é alvo de admiração.
A empatia é imediata quando observamos esta animada (literalmente) ave e o seu voar dançante por uma lagoa onde é seduzido pela vegetação envolvente e pela vida marinha que encontra como se fosse esta a primeira vez que "sai" do seu habitat e encontra todo um mundo por explorar. Como bom caçador que se quer afirmar num espaço novo onde os passos ousados determinam, em boa medida, a sua própria sobrevivência, a ousadia pela descoberta da novidade fá-lo saltitar de presa em presa como se tivesse encontrado o novo pote de ouro das redondezas. Aquele lago parece fazer brotar a cada recanto todos os recursos que ele necessita para compreender que ali... é rei. Mas, tal como ele espreita o que surge em seu redor, também ele é observado podendo esconder-se por detrás do invisível o seu próprio predador.
Ao som de uma música totalmente sensorial cujo misticismo invade a própria percepção do espectador que se deixa levar num ritmo dançante onde sobrevivência, vida e morte se cruzam a cada segundo que passa, este Bird Karma lança-se (e a nós) numa viagem que primeiro diverte pelos comportamentos semi-infantis das sua personagem principal para lentamente cativar a atenção pelos pequenos detalhes de riqueza cénica que transformam este filme curto num curioso caso de obra que consegue levar o seu espectador a imaginar todo aquele mundo mais "selvagem" distante da sala de cinema enquanto que, ao mesmo tempo, nos confere a sensação de que tudo está bem quando, na realidade, perigos inesperados podem esconder-se prestes a atacar. Música essa que coloca o espectador num transe que se conjuga harmoniosamente com as cores luxuriantes de um cenário misticamente real que nos faz esquecer que os perigos podem espreitar disfarçados pela opulência que nos distrai do que está para lá do imediatamente visível... Com uma inicialmente compreendida inocência, esta curta-metragem revela que por vezes, o que seduz pode realmente guiar-nos para a anunciada perdição e confirmar a insuspeita auto-destruição.

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8 / 10

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Canadian Screen Awards 2020: os vencedores

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Antigone, de Sophie Deraspe foi o grande vencedor da oitava edição dos Canadian Screen Awards numa cerimónia virtual que terminou há instantes. A longa-metragem de Deraspe conquistou cinco troféus incluindo os de Melhor Filme e Actriz.
Foram os vencedores:
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Filme: Antigone, de Sophie Deraspe
Primeira Obra: Murmur, de Heather Young
Documentário: Nîpawistamâsowin: We Will Stand Up, de Tasha Hubbard
Curta-Metragem de Ficção: Pick, de Alicia K. Harris
Documentário - Curta-Metragem: Take Me to Prom, de Andrew Moir
Curta-Metragem de Animação: Giant Bear, de Daniel Paige, Neil Christopher e Daniel Gies
Realização: Elle-Máijá Tailfeathers e Kathleen Hepburn, The Body Remembers When the World Broke Open
Actor Protagonista: Mark O'Brien, Goalie
Actriz Protagonista: Nahéma Ricci, Antigone
Actor Secundário: Rémy Girard, Il Pleuvait des Oiseaux
Actriz Secundária: Nour Belkhiria, Antigone
Argumento Original: Kathleen Hepburn e Elle-Máijá Tailfeathers, The Body Remembers When the World Broke Open
Argumento Adaptado: Sophie Deraspe, Antigone
Montagem - Ficção: Geoffrey Boulangé e Sophie Deraspe, Antigone
Montagem - Documentário: Sophie Leblond, Pedro Pires e Sylvia de Angelis, Alexandre le Fou
Fotografia - Ficção: Norm Li, The Body Remembers When the World Broke Open
Fotografia - Documentário: Pedro Ruiz, Havana, from on High
Música Original: Howard Shore, The Song of Names
Canção Original: "The Song of Names (Cantor Prayer)", de Howard Shore, The Song of Names
Som: Mark Appleby, Daniel Bisson, Claude La Haye e Bernard Gariépy Strobl, The Song of Names
Efeitos Sonoros: Claude Beaugrand, Michelle B. Bordeleau, Natalie Fleurant, Raymond Legault, Francine Poirier e Lise Wedlock, The Song of Names
Design de Produção: Dany Boivin, The Twentieth Century
Guarda-Roupa: Patricia McNeil, The Twentieth Century
Maquilhagem: Fanny Vachon, The Song of Names
Design de Cabelo: Nermin Grbic, The Twentieth Century
Efeitos Visuais: Saikrishna (Sai) Aleti, Alex Basso, Aneesh Bhatnagar, Arminus Billones, Michelle Brennen, Peter Giliberti, Adam Jewett, Marshall Lau, Steve Ramone e Tim Sibley, Brotherhood
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quinta-feira, 28 de maio de 2020

Gustavo Guillén

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1962 - 2020
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Wolfram Paulus

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1957 - 2020
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Guy Bedos

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1934 - 2020
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quarta-feira, 27 de maio de 2020

Tony Scannell

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1945 - 2020
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Pepe Tapia

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1942 - 2020
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terça-feira, 26 de maio de 2020

Samvel Gasparov

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1938 - 2020
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Larry Kramer

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1935 - 2020
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Irm Hermann

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1942 - 2020
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Richard Herd

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1932 - 2020
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Yves Létourneau

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1928 - 2020
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Anthony James

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1942 - 2020
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segunda-feira, 25 de maio de 2020

Renate Krößner

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1945 - 2020
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Wu Pong-fong

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1964 - 2020
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Otto de la Rocha

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1933 - 2020
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John Peter Sloan

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1969 - 2020
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Ramchandra Dhumal

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1948 - 2020
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domingo, 24 de maio de 2020

Lily Lian

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1917 - 2020
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sábado, 23 de maio de 2020

Maria Velho da Costa

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1938 - 2020
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Mohit Baghel

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1993 - 2020
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Zara Abid

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1992 - 2020
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sexta-feira, 22 de maio de 2020

Cristina Pezzoli

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1963 - 2020
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Heather Chasen

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1927 - 2020
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La Partida (2020)

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La Partida de David Mora (Espanha) é uma das curtas-metragens que facilmente se poderá assumir como um reflexo dos tempos. Ele (Mora) partilha um jogo com a avó. Mas o jogo é agora jogado de uma forma inesperadamente diferente.
Inicialmente esta curta-metragem apresenta breves planos que são, para o espectador, um enigma. Observamos os parcos monólogos do protagonista para uma avó que, compreendemos pelos momentos vividos e pelo telemóvel presente, não estar no mesmo espaço nem conseguir comunicar como o faria noutras circunstâncias. Poucos serão, muito poucos, aqueles que alguma vez pensaram numa situação como a que agora se vive devido a esta crise de emergência sanitária e, como tal, existe toda uma nova forma de estar, agir e actuar perante o mundo e perante cada um de nós. As famílias vivem agora distantes e apenas ligadas pelo uso das novas tecnologias que, no entanto, também não estão disponíveis para todos - a nível geracional, social ou económico -, e a grande questão que esta curta-metragem levanta prende-se com um único e transformador momento... o que acontece quando não nos podemos despedir pessoalmente daqueles que mais amamos? Até que ponto estão, neste momento, alteradas as nossas realidades? Num mundo incerto e onde essas realidades não estão garantidas, como se poderá agir ou enfrentar os factos que se sucedem quando não conseguimos - ou nos é impedido - fazer um luto presencial?
Simples mas emocionalmente desgastante numa perspectiva em que esta ficção é, agora, uma realidade presente, La Partida é mais do que um jogo que se joga e do qual se tenta retirar uma vitória e um ponto, aqui sim encontramos e observamos o último momento desse grande "jogo" que se chama vida... Uma vida que lentamente se extingue partilhando um último prazer que resume todos os momentos que, nesse passado agora observado com alguma distância, simbolizam a união que se sentia nesta relação entre avó e neto. Um momento que é compreendido na (in)consciência de cada um como a tal despedida sem retorno. A despedida que se pretende marcar como algo que nunca poderá ser especial.
Intensa sobretudo pela forma como retrata na perfeição o já mencionado desgaste emocional desde já saturado ano 2020, La Partida resume para lá da perda e de forma sentida e perfeita, a impossibilidade do toque e do dizer adeus àqueles que mais amamos.
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7 / 10
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quinta-feira, 21 de maio de 2020

Mamoon al-Farkh

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1958 - 2020
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terça-feira, 19 de maio de 2020

Hagen Mills

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1990 - 2020
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Jon Whiteley

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1945 - 2020
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Charles Lippincott

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1940 - 2020
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segunda-feira, 18 de maio de 2020

Michelle Rossignol

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1940 - 2020
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Ken Osmond

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1943 - 2020
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The Door at the Edge of Reality (2019)

 
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The Door at the Edge of Reality de Jacob Greer (EUA) é mais uma das curtas-metragens em exibição no Trapped Film Festival aqui num conto sobre um grupo de mulheres que praticam rituais online com o objectivo de abrir uma porta para outra dimensão.
Com um certo toque de poder feminino no seu âmago, The Door at the Edge of Reality tenta um terror gore pela mutilação do corpo masculino como dualidade entre homem e mulher conferindo-lhe, ao mesmo tempo, uma sentida dinâmica moderna ao selar um "pacto" com o tal "outro lado" com o apoio de milhares de fãs que se encontram nas redes sociais, esse veículo maior de informação destes nossos "novos" tempos.
Se esta curta-metragem explora o propósito do ritual como fim último para a já mencionada passagem para o outro lado desconhecido e onde o "eu" - neste caso feminino - poderá alcançar a supremacia face ao papel social que lhe foi forçado a aceitar na realidade tal como a conhecemos, não será despropositado também mencionar que tudo o que é feito pelas personagens desta curta-metragem continua a favorecer "um" sobre o "outro" na medida em que este último mais não é do que um sacrifício natural para um propósito que se quer fazer ver concluído. Por outras palavras, se existe uma necessidade extrema de expôr um qualquer género como um herdeiro não natural da vassalagem perante o outro, não é menos verdade que durante o ritual e consequente sacrifício os papéis são pouco harmoniosamente invertidos dando uma perpetuação a essa desigualdade social. Mais, é o mesmo ritual que faz denotar que a mudança da órbita social não invalida que o agora "sexo forte" marginalize os seus pares para, ela própria, manter o seu poder numa corrida do "poder pelo poder" e não por uma qualquer justiça social conferida pelo "outro lado".
Com uma vontade extrema de ter o banho de sangue pedido por qualquer filme de terror que se digne, este The Door at the Edge of Reality, acabam por ser estes escassos momentos que dão algum crédito a esta curta-metragem que promete muito este "terror" mas que, na realidade, tenta ser mais visual do que construir uma narrativa credível para confirmar as imagens que tão cuidadosamente tenta recriar. E se para estas a direcção de fotografia de Jon Chomiak contribui ao ponto de por momentos considerarmos estar num qualquer ambiente alucinante e fora de uma normalidade compreendida, há algo que fica a faltar na mesma principalmente no que a personagens protagonistas diz respeito. Sim, é uma realidade que temos uma protagonista e sim, também é verdade que esta dinamiza visualmente uma boa parte desta história mas, em igual medida, o espectador questiona-se sobre a veracidade da mesma porque para lá de compreender as suas motivações esta não parece preocupada em manter-se com sentido mas sim em "lá chegar" - ao tal outro lado - e obter "fãs" nas redes sociais desprovidas de um qualquer conteúdo que confirme as suas crenças (se é que existem).
Feito com alguma despreocupação técnica, narrativa e interpretativa, este The Door at the Edge of Reality assume-se tal como é... despreocupado... arbitrário... e pouco motivado... tem um princípio, um meio e um fim mas... fica-se por aí e consciente de tal.

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5 / 10

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The Party (2018)

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The Party de Christopher C. Wyatt (EUA) é uma das curtas-metragens em exibição durante a edição deste ano do Trapped Film Festival naquela que é uma história de terror "simpático".
Dois vizinhos queixam-se do barulho na festa no apartamento ao lado. É quando decidem bater à porta do mesmo que as suas vidas se irão transformar para sempre.
O imaginário colectivo sobre este género cinematográfico está por demais explorado. Qualquer um de nós, espectadores mais atentos deste tipo de cinema de terror, (re)conhece inúmeras obras onde poderemos encontrar os mais diversos elementos aqui explorados. Desde "o terror na casa do lado" ao "reunião sobrenatural", ou qualquer outro lugar comum no qual poderemos enquadrar este The Party está visto e revisto e não acrescenta nada ao género ou ao espectador per si. Se inicialmente observamos esta história com alguma curiosidade face às tentativas do casal protagonista em encontrar a sua paz e sossego e com expectativa para ver que tipo de "terror" os espera, é quando descobrimos o que realmente escondem as paredes daquele apartamento que, na realidade, conhecemos de imediato tudo o que vai acontecer, como, quando e a quem deixando claro que o final não só é previsível como não nos irá despertar qualquer tipo de reacção inesperada.
Com uma execução interessante a nível de direcção de fotografia - Rakesh Malik e Chad Petrie estão de parabéns pela atmosfera que conseguem criar ao recorrerem ao lado mais sombrio das luzes -, esta "festa" está longe de ser credível enquanto obra cinematográfica inovadora limitando-se sim a ser mais um remake de uma história que todos conhecemos e que apenas diverte enquanto não chega ao momento em que tudo desvenda.

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4 / 10

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