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La Partida de David Mora (Espanha) é uma das curtas-metragens que facilmente se poderá assumir como um reflexo dos tempos. Ele (Mora) partilha um jogo com a avó. Mas o jogo é agora jogado de uma forma inesperadamente diferente.
Inicialmente esta curta-metragem apresenta breves planos que são, para o espectador, um enigma. Observamos os parcos monólogos do protagonista para uma avó que, compreendemos pelos momentos vividos e pelo telemóvel presente, não estar no mesmo espaço nem conseguir comunicar como o faria noutras circunstâncias. Poucos serão, muito poucos, aqueles que alguma vez pensaram numa situação como a que agora se vive devido a esta crise de emergência sanitária e, como tal, existe toda uma nova forma de estar, agir e actuar perante o mundo e perante cada um de nós. As famílias vivem agora distantes e apenas ligadas pelo uso das novas tecnologias que, no entanto, também não estão disponíveis para todos - a nível geracional, social ou económico -, e a grande questão que esta curta-metragem levanta prende-se com um único e transformador momento... o que acontece quando não nos podemos despedir pessoalmente daqueles que mais amamos? Até que ponto estão, neste momento, alteradas as nossas realidades? Num mundo incerto e onde essas realidades não estão garantidas, como se poderá agir ou enfrentar os factos que se sucedem quando não conseguimos - ou nos é impedido - fazer um luto presencial?
Simples mas emocionalmente desgastante numa perspectiva em que esta ficção é, agora, uma realidade presente, La Partida é mais do que um jogo que se joga e do qual se tenta retirar uma vitória e um ponto, aqui sim encontramos e observamos o último momento desse grande "jogo" que se chama vida... Uma vida que lentamente se extingue partilhando um último prazer que resume todos os momentos que, nesse passado agora observado com alguma distância, simbolizam a união que se sentia nesta relação entre avó e neto. Um momento que é compreendido na (in)consciência de cada um como a tal despedida sem retorno. A despedida que se pretende marcar como algo que nunca poderá ser especial.
Intensa sobretudo pela forma como retrata na perfeição o já mencionado desgaste emocional desde já saturado ano 2020, La Partida resume para lá da perda e de forma sentida e perfeita, a impossibilidade do toque e do dizer adeus àqueles que mais amamos.
Inicialmente esta curta-metragem apresenta breves planos que são, para o espectador, um enigma. Observamos os parcos monólogos do protagonista para uma avó que, compreendemos pelos momentos vividos e pelo telemóvel presente, não estar no mesmo espaço nem conseguir comunicar como o faria noutras circunstâncias. Poucos serão, muito poucos, aqueles que alguma vez pensaram numa situação como a que agora se vive devido a esta crise de emergência sanitária e, como tal, existe toda uma nova forma de estar, agir e actuar perante o mundo e perante cada um de nós. As famílias vivem agora distantes e apenas ligadas pelo uso das novas tecnologias que, no entanto, também não estão disponíveis para todos - a nível geracional, social ou económico -, e a grande questão que esta curta-metragem levanta prende-se com um único e transformador momento... o que acontece quando não nos podemos despedir pessoalmente daqueles que mais amamos? Até que ponto estão, neste momento, alteradas as nossas realidades? Num mundo incerto e onde essas realidades não estão garantidas, como se poderá agir ou enfrentar os factos que se sucedem quando não conseguimos - ou nos é impedido - fazer um luto presencial?
Simples mas emocionalmente desgastante numa perspectiva em que esta ficção é, agora, uma realidade presente, La Partida é mais do que um jogo que se joga e do qual se tenta retirar uma vitória e um ponto, aqui sim encontramos e observamos o último momento desse grande "jogo" que se chama vida... Uma vida que lentamente se extingue partilhando um último prazer que resume todos os momentos que, nesse passado agora observado com alguma distância, simbolizam a união que se sentia nesta relação entre avó e neto. Um momento que é compreendido na (in)consciência de cada um como a tal despedida sem retorno. A despedida que se pretende marcar como algo que nunca poderá ser especial.
Intensa sobretudo pela forma como retrata na perfeição o já mencionado desgaste emocional desde já saturado ano 2020, La Partida resume para lá da perda e de forma sentida e perfeita, a impossibilidade do toque e do dizer adeus àqueles que mais amamos.
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