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The Door at the Edge of Reality de Jacob Greer (EUA) é mais uma das curtas-metragens em exibição no Trapped Film Festival aqui num conto sobre um grupo de mulheres que praticam rituais online com o objectivo de abrir uma porta para outra dimensão.
Com um certo toque de poder feminino no seu âmago, The Door at the Edge of Reality tenta um terror gore pela mutilação do corpo masculino como dualidade entre homem e mulher conferindo-lhe, ao mesmo tempo, uma sentida dinâmica moderna ao selar um "pacto" com o tal "outro lado" com o apoio de milhares de fãs que se encontram nas redes sociais, esse veículo maior de informação destes nossos "novos" tempos.
Se esta curta-metragem explora o propósito do ritual como fim último para a já mencionada passagem para o outro lado desconhecido e onde o "eu" - neste caso feminino - poderá alcançar a supremacia face ao papel social que lhe foi forçado a aceitar na realidade tal como a conhecemos, não será despropositado também mencionar que tudo o que é feito pelas personagens desta curta-metragem continua a favorecer "um" sobre o "outro" na medida em que este último mais não é do que um sacrifício natural para um propósito que se quer fazer ver concluído. Por outras palavras, se existe uma necessidade extrema de expôr um qualquer género como um herdeiro não natural da vassalagem perante o outro, não é menos verdade que durante o ritual e consequente sacrifício os papéis são pouco harmoniosamente invertidos dando uma perpetuação a essa desigualdade social. Mais, é o mesmo ritual que faz denotar que a mudança da órbita social não invalida que o agora "sexo forte" marginalize os seus pares para, ela própria, manter o seu poder numa corrida do "poder pelo poder" e não por uma qualquer justiça social conferida pelo "outro lado".
Com uma vontade extrema de ter o banho de sangue pedido por qualquer filme de terror que se digne, este The Door at the Edge of Reality, acabam por ser estes escassos momentos que dão algum crédito a esta curta-metragem que promete muito este "terror" mas que, na realidade, tenta ser mais visual do que construir uma narrativa credível para confirmar as imagens que tão cuidadosamente tenta recriar. E se para estas a direcção de fotografia de Jon Chomiak contribui ao ponto de por momentos considerarmos estar num qualquer ambiente alucinante e fora de uma normalidade compreendida, há algo que fica a faltar na mesma principalmente no que a personagens protagonistas diz respeito. Sim, é uma realidade que temos uma protagonista e sim, também é verdade que esta dinamiza visualmente uma boa parte desta história mas, em igual medida, o espectador questiona-se sobre a veracidade da mesma porque para lá de compreender as suas motivações esta não parece preocupada em manter-se com sentido mas sim em "lá chegar" - ao tal outro lado - e obter "fãs" nas redes sociais desprovidas de um qualquer conteúdo que confirme as suas crenças (se é que existem).
Feito com alguma despreocupação técnica, narrativa e interpretativa, este The Door at the Edge of Reality assume-se tal como é... despreocupado... arbitrário... e pouco motivado... tem um princípio, um meio e um fim mas... fica-se por aí e consciente de tal.
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5 / 10
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