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L'Heure de l'Ours de Agnès Patron (França) é uma das curtas-metragens de animação presentes nesta edição única do WAO:GFF - We Are One: A Global Film Festival que se realiza como resultado do cancelamento de diversos festivais de cinema do decorrer da pandemia da COVID-19.
A união entre mãe e filho fica em risco quando numa noite um estranho surge nas suas vidas levando a ser questionados os laços de afectividade que os unem.
Esta curta-metragem leva o espectador para um cenário que se sente de reclusão. As personagens encontram-se, perdidas ou não, no interior de uma casa esquecida no meio do campo que tem apenas um único caminho de chegada ou partida. É aqui que analisamos a relação de dependência deste filho para com a mãe que, por motivos que nos são alheios, faz do cuidado para com ele toda a sua existência. No entanto, existe desde logo a impressão por parte do espectador que a realidade e a dinâmica entre estas duas personagens está prestes a ser alterada quando um misterioso carro chega e dele sai um homem que parece vir interferir na dinâmica entre mãe e filho.
Nada é revelado com clareza e a ausência de diálogos que indiquem o espectador para uma qualquer realidade permite, desde logo, a que cada um de nós interprete aquilo que observa revelando as imagens e a sua mística conforme toda a acção decorre. É a chegada desde homem que tudo altera. Pensamos, com naturalidade, que este homem é alguém que se adivinha como um novo relacionamento da mãe. Uma mulher solitária com um filho em constante transformação e que encontra e decide que este homem exerça uma função paternal para o seu filho como também - e talvez preferencialmente - a companhia sentimental, física e sexual que espera para a sua vida. No entanto, a dinâmica entre as duas figuras masculinas ganha contornos inesperados quando a presença de um se assume de posse para a mulher que, neste caso em concreto, é de um filho sobre a mãe ao considerar a presença de outro homem como uma ameaça à relação tida até então.
A transformação da relação de dois, até então perfeita e harmoniosa, é então ameaçada. Entra um desconhecido cujos propósitos são - para o jovem - um equilibrio de poderes onde a dominância e a posse oscilam e nas quais todos têm forçosamente de redefinir papéis sociais e onde as cedências e compromissos tardaram mas têm de se fazer notar. O jovem - rapidamente representado como um urso selvagem que pretende redefinir o seu espaço sócio-geográfico - ameaçado no seu poder e no foco de atenção para uma mulher e mãe que até então conhecera, manifesta-se lutando pelo exercício do seu domínio e tentando afastar a presença de um invasor que não está ainda assumido como uma presença e que, dessa forma, poderá ser totalmente afastado do território que até então a criança/urso havia dominado sem opositores.
Com uma imagem completamente simbólica e uma linguagem animada e composição musical que combinam um conjunto de estados de emoção e sentimentos, L'Heure de l'Ours é uma curta-metragem sobre a união entre uma mãe e o seu filho... da primeira e a sua tentativa de restabelecer uma vida afectiva, sentimental e sexual com um novo parceiro - o segmento da cópula entre gafanhotos que depois se transformam em corpos humanos isso denota - e finalmente sobre o relativismo que esta nova figura masculina pode exercer na relação familiar entre os dois primeiros onde o filho claramente vence pela sua dominância sobre os sentimentos de uma mulher que se assume primeiro como mãe.
Estética e visualmente apelativa, dotada de uma linguagem animada que nos aproxima da representação de um quadro em movimento, L'Heure de l'Ours é uma arrojada aposta na animação que este festival nos apresenta e que cativa pelo esperado inesperado que nos é apresentado na narrativa e na própria animação que funciona por si só como um dos seus mais intensos elementos.
.A união entre mãe e filho fica em risco quando numa noite um estranho surge nas suas vidas levando a ser questionados os laços de afectividade que os unem.
Esta curta-metragem leva o espectador para um cenário que se sente de reclusão. As personagens encontram-se, perdidas ou não, no interior de uma casa esquecida no meio do campo que tem apenas um único caminho de chegada ou partida. É aqui que analisamos a relação de dependência deste filho para com a mãe que, por motivos que nos são alheios, faz do cuidado para com ele toda a sua existência. No entanto, existe desde logo a impressão por parte do espectador que a realidade e a dinâmica entre estas duas personagens está prestes a ser alterada quando um misterioso carro chega e dele sai um homem que parece vir interferir na dinâmica entre mãe e filho.
Nada é revelado com clareza e a ausência de diálogos que indiquem o espectador para uma qualquer realidade permite, desde logo, a que cada um de nós interprete aquilo que observa revelando as imagens e a sua mística conforme toda a acção decorre. É a chegada desde homem que tudo altera. Pensamos, com naturalidade, que este homem é alguém que se adivinha como um novo relacionamento da mãe. Uma mulher solitária com um filho em constante transformação e que encontra e decide que este homem exerça uma função paternal para o seu filho como também - e talvez preferencialmente - a companhia sentimental, física e sexual que espera para a sua vida. No entanto, a dinâmica entre as duas figuras masculinas ganha contornos inesperados quando a presença de um se assume de posse para a mulher que, neste caso em concreto, é de um filho sobre a mãe ao considerar a presença de outro homem como uma ameaça à relação tida até então.
A transformação da relação de dois, até então perfeita e harmoniosa, é então ameaçada. Entra um desconhecido cujos propósitos são - para o jovem - um equilibrio de poderes onde a dominância e a posse oscilam e nas quais todos têm forçosamente de redefinir papéis sociais e onde as cedências e compromissos tardaram mas têm de se fazer notar. O jovem - rapidamente representado como um urso selvagem que pretende redefinir o seu espaço sócio-geográfico - ameaçado no seu poder e no foco de atenção para uma mulher e mãe que até então conhecera, manifesta-se lutando pelo exercício do seu domínio e tentando afastar a presença de um invasor que não está ainda assumido como uma presença e que, dessa forma, poderá ser totalmente afastado do território que até então a criança/urso havia dominado sem opositores.
Com uma imagem completamente simbólica e uma linguagem animada e composição musical que combinam um conjunto de estados de emoção e sentimentos, L'Heure de l'Ours é uma curta-metragem sobre a união entre uma mãe e o seu filho... da primeira e a sua tentativa de restabelecer uma vida afectiva, sentimental e sexual com um novo parceiro - o segmento da cópula entre gafanhotos que depois se transformam em corpos humanos isso denota - e finalmente sobre o relativismo que esta nova figura masculina pode exercer na relação familiar entre os dois primeiros onde o filho claramente vence pela sua dominância sobre os sentimentos de uma mulher que se assume primeiro como mãe.
Estética e visualmente apelativa, dotada de uma linguagem animada que nos aproxima da representação de um quadro em movimento, L'Heure de l'Ours é uma arrojada aposta na animação que este festival nos apresenta e que cativa pelo esperado inesperado que nos é apresentado na narrativa e na própria animação que funciona por si só como um dos seus mais intensos elementos.
7 / 10
.![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiOU6JraRqvo24sbtzzK4Z_zNQ3kmnBUf5GlFmgUnZvDk8Vo4R_2wqjenETmuCXLUncA_jVStZf6n0PCH7VeuDf3k9KMHMUyT7zQEk6FJFdWYEBfEB3m9xpkDvEwK0SuBvr6HDgvzz8DVaQiXDui5k-vQ_xIG78gO_THknVhf899P94RG_pykyzwpgzdH0u/w400-h225/We%20Are%20One%20-%20A%20Global%20Film%20Festival.jpg)
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