segunda-feira, 18 de maio de 2020

Shift (2018)

.
Shift de Brent S. Duncan (EUA) é uma das curtas-metragens na competição oficial do Trapped Film Festival dedicado ao cinema fantástico e de terror que, nesta trama da autoria do próprio realizador, transporta o espectador para uma viagem temporal em que Shane (Brandon Rumfelt) é o inesperado herói que vê a sua vida ser totalmente transformada pela chegada de um conjunto de misteriosos homens de negro.
A premissa da viagem temporal onde os factos passados podem ser alterados em nome de um futuro melhor - pelo menos para aquele que o tempo mudar -, ou aquelas em que o passado é reescrito ignorando todo um passado diferente daquele que conhecemos... já não é nova. A história tentada vezes sem conta tanto no formato longo como no curto com maior ou menor qualidade e empenho não é desconhecida do espectador mais atento que facilmente consegue encontrar não só as referências ao género como todo um conjunto de lugares comuns mais ou menos indispensáveis para que uma história deste género possa... "resultar". Mas... o que falha nas mesmas ou, mais concretamente, em Shift? A resposta a esta pergunta... é tão óbvia como as falhas que se prendem com a sua execução...
Não é estranho que a vontade de mostrar um passado - presente - futuro diferente daquele que conhecemos é um dos pontos "altos" do cinema. É tentado, é filmado... é escrito e reescrito vezes sem conta tentando até, em diversos momentos, expôr uma qualquer ligação e união entre estas histórias que transforme a ideia de futuro em algo mais apetecível, e quanto baste tranquilo, para aqueles que de nós lá chegarmos. Mas... como em tudo na vida há um "mas"... estas histórias tendem tradicionalmente a cair no mesmo conjunto de erros. Quando não é um argumento mais falível é um conjunto de interpretações menos dinâmicos e, quando estas lá aguentam a pressão de um esperado argumento mais intenso eis que surgem a banda-sonora apocalíptica que lança tudo e todos (espectadores incluídos) numa correria sem fim incapaz de prestar atenção aos detalhes que - se espera - sejam aqueles que ligam todos os pontos e que encontrem a coesão numa história que pode, por si só, falhar e transformar tudo numa simples anedota. Aqui nos encontramos em Shift...
Se esta curta-metragem é, no que a direcção diz respeito, uma história com alguma coerência que coloca o nosso protagonista numa espiral de enredos políticos até credíveis para o espectador sedento da trama política e internacional... eis que surge toda uma banda-sonora atípica e descoordenada que o lança numa correria tão grande como a do protagonista transformando tudo numa impossibilidade enquanto história onde as viagens temporais são uma constante. Se o argumento até pode ser apelativo... a sua transformação em imagem real repleta de alicerces desnecessários lança o caos do qual é impossível escapar.
Visualmente apelativo e tecnicamente bem construída e filmada, Shift acaba por encontrar no seu título um pouco da sua realidade... um turno incapaz de ser completo e uma história que tenta sobreviver pela sua premissa e não tanto pela sua coordenada execução onde os detalhes são importantes e os artifícios completamente desnecessários.
.
4 / 10
.
.

Sem comentários:

Enviar um comentário