sábado, 30 de abril de 2011

Carry on Spying (1964)

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Com Jeito Vai Espiando de Gerald Thomas reune uma vez mais um conjunto razoável de actores da saga Carry On... britânica que fez as delícias de tantos.
Neste filme da extensa série, a "trupe" do costume que faz parte de uma gência de espiões, deveras incompetente, vê-se a braços com as influências malévolas de uma agência rival que pretende não só ridicularizá-los como obter praticamente o controle mundial.
Cabe aos tão mal-fadados espiões conseguirem impedir tais planos e claro, saírem vitoriosos independentemente de sequer saberem como o conseguiram e claro, percorrer as inúmeras localizações por onde passam e assistir a um conjunto de desastres de proporções quase bíblicas a que eles sujeitam tudo e todos com quem se cruzam.
De todos os filmes da séria que aqui já comentei, este é aquele que consegue aproximar-se um pouco mais do tom de comédia mais popular que tanto caracterizou este conjunto de filmes sem que, no entanto, tivesse lá os elementos mais sexuais que tanto os popularizaram. Verdade seja dita que Sid James ainda não fazia parte deste grupo e que, como tal, todo esse "encanto" ainda não estava aqui presente.
A comédia é agradável, se considerarmos o ano em que o filme foi feito, e já tem alguns elementos de "malícia" que esperamos ver, mas ainda assim fica muito áquem dos tão gloriosos filmes que granjearam os respectivos fãs, de momentos de puro delírio. Ainda assim para aqueles que, como eu, vibraram assistir durante tardes intermináveis a estas patifarias sem fim, vale sempre a pena dar uma vista de olhos ao que por este filme se passa.
Uma nota de menção especial ao fantástico desempenho de Kenneth Williams que com o seu charme e poses absurdas nos consegue tirar do sério com algumas boas gargalhadas.
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6 / 10
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sexta-feira, 29 de abril de 2011

Outside (2008)

Outside de Sérgio Cruz é um documentário feito com base em filmagens feitas pelo realizador em Pequim onde nos mostra que a vida diária da população da capital chinesa tem hábitos que os ligam de uma forma muito constante à cultura e às tradições, desde a dança, o canto e à música.
O conceito que o realizador pretende alcançar sobre esta ligação à cultura são até interessantes para nos mostrar hábitos de um povo que vive literalmente no outro lado do globo. No entanto parece-me que a sua execução fica um tanto longe do objectivo pretendido.
As imagens algo desconexas e descontextualizadas ficam um pouco a "pairar no ar" sem haver uma concretização, ou ligação, real dos objectivos deste documentário, no entanto há que dar um louvor às intenções do realizador em querer mostrar esses mesmos hábitos culturais.
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2 / 10
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quinta-feira, 28 de abril de 2011

Vida Dupla (2008)

Vida Dupla de Lourenço de Mello foi mais um dos telefilmes que a TVI produziu e que desta vez conta com as interpretações de Guilherme Filipe, Mané Ribeiro e Sofia Nicholson secundados por Marta Andrino e Mafalda Luís de Castro.
Toda esta história gira em torno de Cesário (Filipe) um delegado de acção médica que tem uma aparente vida pacata. No entanto há medida que o vamos "conhecendo", percebemos que algo mais se esconde por detrás daquela inofensiva aparência.
Cesário é casado com Silvina (Nicholson) e pai de Ana (Castro). Esta por sua vez é colega de escola de Tatiana (Andrino) e filha de Mariema (Ribeiro), uma fogosa mulher que é casado com... Cesário. Todo este ciclo é quebrado quando Ana descobre a vida dupla do seu pai, sendo este desmascarado e obrigado a assumir a sua bigamia.
Com argumento de José Fanha este foi um dos telefilmes que a TVI inicialmente produziu e que conseguiu escapar por uma "unha negra" às produções mais fracas do canal. Ainda assim não se conseguiu destacar como sendo uma boa produção capaz de se equiparar a um telefilme dito de qualidade. Não pela fraqueza do argumento, ou tão pouco pelas interpretações que são sólidas e seguras, mas por uma vontade sistemática deste canal de televisão em tratar todas as suas produções como se telenovelas fossem. Para aquelas que o são... resultam. Aquelas que não o são esta "colagem" falha em todas as frentes.
Dito isto, este telefilme é interessante e com alguns momentos de boa disposição que nos aliciam a vê-lo mas que, no final, não o torna num daqueles filmes que guardamos para o futuro.
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5 / 10
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quarta-feira, 27 de abril de 2011

Hellhounds (2009)

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Os Guardiões de Hades de Rick Schroder (mais conhecido por ser o jovem actor de O Campeão com Jon Voigt e Faye Dunaway), é um filme cuja acção decorre essencialmente em torno de temas mitológicos.
A história resume-se a pouco. Kleitos (Scott Elrod) tem de viajar até ao Submundo governado por Hades (Oltin Hurezeanu) para salvar a sua amada Demetria (Amanda Brooks), cobiçada e raptada por este deus do submundo.
Na viagem, e já não bastasse a equipa que acompanha Kleitos ser quase toda dizimada, ainda temos duas criaturas bizarras e um tanto mal feitas que dão vida ao título original do filme (é ver no cartaz), a persegui-los. Erro disto além da má execução que os efeitos especiais têm, é mesmo o facto de durante TODA a perseguição aparecerem dois cães danados (não confundir com o filme), e no final quando "dá jeito" à narrativa lá aparece um terceiro que nunca vimos em parte alguma do filme.
Se os efeitos especiais já não são nada de especial, e se o argumento por si só também já deixa assim daquelas falhas que não se devem perdoar (desde saltitar de cena em cena... a aparecerem momentos repetidos claramente com o propósito de tornar o filme um pouco mais longo), as interpretações dos actores também não safam a coisa. Muitos quase parece que estão a ler. Outros parece que estão a sofrer enquanto representam e depois outros há que de tão perdidos estarem mais depressa fazem de elemento cómico do que contribuem para a intensidade dramática do filme.
Resumidamente é um filme sem grande energia como normalmente estes filmes costumam ter e que revela uma inexperiência total do realizador mas, é de minha opinião que vale, pelo menos, pela tentativa de diversão e entretenimento que o filme nos gera. Quer queiramos quer não acabamos por nos divertir e passar um bom bocado com este filme, mais que não seja por assistirmos a um conjunto de situações amadoras que se presenciam ao longo deste hora e meia.
Se o encararmos desta perspectiva e pela boa disposição que se tem à custa de algo "mal feitinho" então temos aqui o filme perfeito. Além disso, é escusado esperar seja o que fôr.
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2 / 10
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terça-feira, 26 de abril de 2011

Young Adam (2003)

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Young Adam de David Mackenzie conta com um elenco que pode fazer invejar a muito filme. Ewan McGregor, Tilda Swinton, Emily Mortimer e Peter Mullan são aquilo que se pode chamar de um elenco de luxo.
Tudo se desenrola em torno de Joe (McGregor) que trabalha para Les (Mullan) e Ella (Swinton) num barco, e que acaba por desenvolver uma relação meramente sexual com esta. Um dia Les e Joe descobrem no rio o cadáver de uma jovem que mais tarde se vem a saber ser Cathie (Mortimer), com quem Joe manteve uma relação.
O enredo que, aliado ao magnífico elenco, pode parecer inicialmente apelativo, rapidamente descamba quando mais de metade do filme é passado num qualquer tipo de fornicação sem limites que não o torna interessante mas sim ligeiramente porno-erótico. E pior, não só isto por si já é enfadonho como no meio de tanta podridão e miséria acaba por ser extremamente decadente e sem "sal".
Sexo à parte torna-se muito difícil, mesmo muito, comentar seja o que fôr deste filme. Aquilo que conseguiu ainda ter alguma credibilidade, muito pouca devido ao conteúdo geral do filme, é a morte de Cathie. É sobre ela que se gera o grande dilema do filme. Como pode ter alguém tão desprendido e despreocupado como Joe, moral suficiente para revelar que a morte de Cathie foi acidental e assim impedir que um inocente não seja condenado à morte por algo que não cometeu?
Esta pergunta, respondida no exacto final do filme, acaba por ser a única digna de relevância maior e que consegue conter algum conteúdo num filme que, à excepção do muito bom trabalho de fotografia da autoria de Gilles Nuttgens que, de certa forma, adensa ainda maior a já estrondosa atmosfera claustrofóbica sentida pela vivência de todas estas personagens num único barco onde trabalham, vivem, comem, dormem e... fornicam...
Não é o tipo de filme que em nada me seduz. Não pelo facto de ter sexo à mistura (Instinto Fatal volta que és o excelente exemplo de como um filme thriller-erótico deve ser feito), mas simplesmente pelo facto de tudo ser aqui, gratuito demais. Assim este acaba por ser um filme completamente dispensável e de lamentar que um conjunto tão bom de actores tenha feito parte dele.
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2 / 10
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segunda-feira, 25 de abril de 2011

Assalto ao Santa Maria (2010)

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Assalto ao Santa Maria de Francisco Manso, realizador que já nos presenteou com magníficas histórias da nossa História como é o caso de O Último Condenado à Morte ou A Ilha dos Escravos bem como o internacionalmente premiado O Testamento do Senhor Napumoceno, e aquele que aguardo com muita expectativa O Consul de Bordéus.
Neste filme acompanhamos o "assalto" feito ao paquete Santa Maria, a pérola da marinha portuguesa, que fazia viagem da América do Sul para Portugal, liderado pelo capitão Henrique Galvão (Carlos Paulo) em colaboração com outros militares portugueses e espanhóis, como forma de protesto contra os regimes ditatoriais da Península Ibérica que vingavam há mais de trinta anos.
À medida que presenciamos todos os acontecimentos baseados num caso real e importante da História de Portugal e da luta contra a ditadura salazarista, assistimos também a uma história ficcionada de esperança num amor que parece, à partida, proibido entre Zé Ramos (Pedro Cunha) um dos revoltosos portugueses e Ilda (Leonor Seixas) filha de Alfredo Enes (Vítor Norte) um ex-militar pró-regime que também se encontra no paquete.
E são estas as duas dinâmicas do filme. Por um lado o confronto ocasional de ideias de um novo Portugal contra um regime obsoleto (Galvão vs. Enes) e por outro a tentativa de frescura e de afastamento de um ambiente tão pesado, através do amor, perpetrado por Zé Ramos e Ilda. O desfecho, para ambos, seria trágico.
O elenco de primeira linha onde se destacam além dos nomes já referidos, Maria d'Aires, João Cabral, António Pedro Cerdeira e Alfonso Agra é bastante coerente entre si e dão vida às palavras que compõem o argumento escrito por Vicente Alves do Ó e João Nunes ao som de uma muito boa banda-sonora da autoria de Nuno Maló que cada vez mais se destaca na composição para filmes nacionais (o que é francamente muito positivo).
O pior, ou pelo menos o aspecto mais negativo, que nem tem a ver com o filme em si mas para com a filmografia de Francisco Manso, é o tão demorado tempo que levam os seus filmes a estrear pois retratam, a meu ver, não só importantes, e bem filmadas histórias, como História propriamente dita. Gosto da filmografia que tenho visto deste realizador e só lamento não ter mais publicidade, e dinâmico, a apoiá-la (e refiro-me muito concretamente à sua ainda por estrear obra O Consul de Bordéus que por motivos pessoais muito ansiosamente aguardo).
Com este e outros bons exemplos com que a cinematografia nacional se tem destacado, é uma pena que insista em não existir uma Academia de Cinema Português que dignamente premiasse o cinema português o que faria, em muitos casos, com que o filme não caísse no esquecimento após algumas escassas semanas de exibição nas nossas salas.
Mais uma vez, parabéns a Francisco Manso e toda a equipa de técnicos, argumentistas e actores que trabalham para a concretização deste filme e à RTP que se lembrou de o passar ontem junto a uma data tão importante na nossa História.
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8 / 10
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domingo, 24 de abril de 2011

Swoon (1992)

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Swoon - Colapso do Desejo de Tom Kalin foi o filme vencedor do Grande Prémio da Semana dos Realizadores do Fantasporto em 1993 e conta-nos a história do casal homossexual assasino Richard Loeb e Nathan Leopold Jr..
Esta dupla de assassinos Leopold (Craig Chester) e Loeb (Daniel Schlachet) embarcaram durante a década de 20 num conjunto de crimes cada vez mais elaborados com o único e exclusivo intuito de provar se eram realmente capazes de os cometer. Por entre assaltos, incêndios e destruição de tudo por onde passavam, esta dupla resolve efectuar o rapto de uma criança judia, cujos pais eram ricos e conceituados, como forma de por ela pedirem um resgate. Aquilo que depois decidiram foi além do rapto, assassinar também a criança para que não restassem provas.
Com este filme acompanhamos não só a sórdida e doentia relação de dominador e dominado que unia estes dois homens, mais do que uma relação de amor ou de cumplicidade, e os primeiros passos que davam nos seus pequenos e crescentes crimes.
Em tom de relato ao estilo de um diário, percebemos a tensão que se acumulava entre ambos e também para com os planos que arquitectavam em nome de um cada vez melhor e mais bem executado crime até ao tão famoso rapto passando de seguida à execução do mesmo, consequente captura e processo judicial que envolveu muitos peritos que os estudaram devido ao tão hediondo crime que chocou toda a comunidade.
Finalmente temos ainda um relato novamente similar a um diário de toda a vida dos dois criminosos na prisão, o consequente assassinato de Loeb e a restante vida de Leopold que faleceu já de idade avançada e em liberdade.
O estilo de relato quase permanente deste filme não me conseguiu seduzir minimamente. É certo que temos uma dramatização dos factos a acompanhá-lo mas a divisão entre ficção e ficção/documental não consegue cativar facilmente o espectador.
As interpretações dos dois actores, praticamente desconhecidos, é francamente positiva e ambos conseguem transmitir perfeitamente a relação de dominador e dominado ao longo do filme. As tensões existentes entre ambos para elaborarem o crime perfeito, a relação de dominação bem com a excitação que ambos retiravam da mesma está presente durante todos os momentos em que representam juntos. No entanto, a falta de secundários que suportem esta dinâmica acaba por fazer o filme perder-se um pouco na interacção destes actores para com os demais. Muito quente em dados momentos para totalmente frio nos demais não estabelecendo uma uniformidade ao longo de todo o filme.
A fotografia de Ellen Kuras é francamente interessante mas, no entanto, graças à generalidade de cenários excessivamente minimalistas esta acaba por perder-se e não real potencialidade ao filme acabando no final por ser apenas um filme a preto e branco privado de cenários enriquecedores para caracterizar não só a época como as personagens.
Como apreciação final... este filme é, genericamente falando, interessante. Tem duas boas interpretações e uma história famosa da qual ainda hoje se fala mas que perde por alguns importantes aspectos negativos que acabam por tomar conta do filme.
Assim, vale a pena ver, é um facto, mas não só é de degustação dificil como no final acabamos por perceber que fica longe daquilo que poderia ter sido. Interessante mas longe de ser bom.
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6 / 10
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sábado, 23 de abril de 2011

En el WC (2007)

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En el WC de Claudio A. Bonelli é uma curta-metragem de temática homossexual feita como projecto de final de universidade.
Esta curta que como o próprio nome indica decorre num wc, mostra-nos dois homens... Ambos claramente à procura de um engate sendo que um deles inexperiente mostra claras reservas àquilo que ele próprio procura.
O ambiente recriado é perfeito para a ideia de um encontro sexual ocasional. Ambiente com pouca luz onde tudo à volta é em cores fortes e pesadas... vermelho e preto numa clara referência à sexualidade e ao desejo. Interessante em termos de história, boa em termos de fotografia, e consegue até provocar desconforto por alguns dos momentos retratados.
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7 / 10
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sexta-feira, 22 de abril de 2011

Vacation (1983)

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Que Paródia de Férias de Harold Ramis e com argumento de um dos eternos mestres da comédia contemporânea John Hughes.
Neste filme, ao qual se seguiriam outras tantas sequelas, acompanhamos a família Griswold. Clark (Chevy Chase), Ellen (Beverly D'Angelo), Rusty (Anthony Michael Hall) e Audrey (Dana Barron) enquanto embarcam numa road trip pelo interior profundo dos Estados Unidos onde não só se vêem a braços com situações algo desconfortáveis como também encontram pelo caminho um conjunto de personagens que ultrapassam os limites do bizarro.
Este filme que iniciou uma série de viagens da família Griswold pelos mais diversos locais do globo, tornou-se um clássico instantâneo do género de comédia pelo conjunto de situações quase non-sense que tanto roçam o grotesco como o sexual com as quais a família se viu "obrigada" a lidar. Os Griswold acabam por personificar aquele típico turista norte-americano que, dentro ou fora de portas, preferimos evitar ou de preferência passar bem longe.
Situação atrás de situação esta família em nada incentiva a ideia de que podemos alguma vez querer cruzar caminho com eles pois, se o fizermos, certamente iremos ser vítimas de algum esquema milaborante que um deles se lembra de inventar.
Dito isto e se pensarmos que temos aqui um dos argumentos escritos por John Hughes que tantas pérolas da comédia nos entregou, podemos então esperar um conjunto de cómicas situações, naquilo que é essencialmente uma viagem pela América profunda, e que nos irão fazer passar um bom momento cinematográfico cheio de gargalhadas que involuntariamente damos mais que não seja pelo absurdo de certos momentos a que assistimos.
Vale a pena ver este e depois, claro está, dar continuidade aos demais filmes desta série que foram feitos.
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6 / 10
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quinta-feira, 21 de abril de 2011

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Tim Hetherington

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1970 - 2011
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terça-feira, 19 de abril de 2011

Sacrifice (2009)

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Sacrifice de Steve Looker é uma interessante curta-metragem britânica que fala principalmente da possibilidade das segundas oportunidades. Daqueles que as têm e daqueles que as poderiam vir a ter.
Não me adiantando mais sobre a história, pois todos os filmes devem ser vistos e absorvidos por cada um à sua própria maneira, não deixo no entanto de destacar a versatilidade de conteúdos que este realizador aborda nos seus diversos trabalhos.
Terror, drama e esperança estão todos interligados nos seus trabalhos independentemente da história que, como pano de fundo, retrate.
Interessante trabalho que apenas se perde um pouco nos diálogos graças ao acentuado sotaque que os actores (penso que de Manchester) falam. No entanto, se estivermos atentos ao trabalho em si (que é o que na realidade devemos estar a fazer) tudo se ultrapassa e a mensagem é alcançada.
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7 / 10
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segunda-feira, 18 de abril de 2011

No Control Over Me (2010)

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No Control Over Me de Jeffrey Whitten é uma curta-metragem de ficção feita como trabalho de final de curso que nos fala do amor, da falta dele e de descoberta pessoal.
A história desta curta centra-se no facto de dois amigos estarem secretamente apaixonados um pelo outro... bom talvez mais ela por ele do que o contrário sendo que este apenas revela sentir amor como uma forma de perceber se a sua homossexualidade é ou não um facto consumado.
Àparte da descoberta pessoal, por vezes determinante para muitas pessoas, esta curta-metragem fica a anos luz de tantas outras da mesma temática. Não só o argumento já muito visto tem os clichés do costume que em nada favorecem a narrativa como as interpretações são bastante "plásticas" recorrendo quase ao ler o texto que está numa placa à frente deles.
Como se isto não bastasse em termos técnicos esta curta também não resulta na perfeição bastando para isso vermos com atenção determinados detalhes coo a fotografia onde a falta de capacidade de colocar à câmara de forma a não "entrarmos" em planos onde a luz bloqueia qualquer percepção sobre a imagem que pretendemos assistir ou, mais flagrante e comum ainda, o facto dos cortes de montagem serem tão óbvios e explícitos que nos "cortam" também a nós a vontade de ver esta curta.
Globalmente é um trabalho fraco e cheio de lugares comuns que deixa muito a desejar sobre o essencial que seria a vontade de mostrar um bom trabalho com uma história que se tornasse apelativa para um público assistir.
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2 / 10
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domingo, 17 de abril de 2011

Coffee (2004)

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Café de Todd Bartoo é uma curta-metragem de comédia onde dois distintos grupos de amigos se preparam para passar uma calma noite a ouvir poesia ao estilo de stand up, enquanto tomam o seu café.
Um desses grupos é composto por três amigos, cada um mais distinto que o outro, e onde um deles acabou uma suposta relação com a sua namorada. Namorada esta que faz parte do outro grupo e onde discutem a sexualidade do seu ex.
Quando a sua ex-namorada se envolve numa pequena luta com os amigos do ex como se crianças do infantário fossem, este e um amigo dela envolvem-se numa sessão de engate no wc do bar clarificando assim aquilo que todos pensavam a seu respeito.
Argumento? Quase inexistente e à excepção dos inúmeros momentos absurdos esta curta não tem muito maior conteúdo. No entanto, estranhamente, acaba por serem esses mesmos absurdos, ou cómicos de situação chamemos-lhe como quisermos, que dão a todo o trabalho um certo ar de sua graça e acabamos por nos rir com aquela luta de adultos que em tudo parecem duas crianças pequenas... bem pequenas, fazendo da sua falta de jeito na interpretação aquilo que vale a pena ver neste trabalho.
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6 / 10
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sábado, 16 de abril de 2011

Tarde Demais (2000)

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Tarde Demais de José Nascimento é um filme com um estrondoso elenco nacional onde figuram Vítor Norte (vencedor do Globo de Ouro de Actor), Nuno Melo, Adriano Luz, Carlos Santos, Rita Blanco, Suzana Borges, Francisco Nascimento e Ana Moreira.
Quando o barco de pesca onde estão Zé (Norte), Manel (Luz), Joaquim (Melo) e António (Santos) encalha no meio do Tejo, os quatro homens vêem-se "presos" no rio perto da costa mas sem uma forma segura de chegar a terra.
É com esta premissa que começa a sua longa e árdua tarefa pela manutenção da própria sanidade e especialmente da sua segurança física que se encontra agora ameaçada. Passam pelo frio, pelo desespero, pelo medo e até mesmo pela morte ali, sempre tão perto de uma margem que apesar de tão perto estar quase parece intocável.
Considerando os nomes que compõem o elenco deste filme escusado será dizer que era muito grande a expectativa que este filme me causava. Para aqueles que me conhecem sabem que qualquer presença de Suzana Borges, Rita Blanco ou Carlos Santos (não menosprezando em nada os restantes actores) têm, obrigatoriamente, o meu olhar bem atento.
A história, baseada em factos reais e que tem potencial suficiente para dar origem a um filme enérgico e dinâmico onde as "pequenas" dificuldades pelas quais as personagens passam ganham um impacto ainda maior acaba, no entanto, por falhar um pouco.
Com todo o respeito que tenho pelo trabalho cinematográfico português, e tenho bastante mais que não seja pelo simples facto de perceber que em Portugal é bastante difícil criar uma obra e dar-lhe a devida publicidade e atenção do seu público, o que é certo é que ao assistir à odisseia pela qual passaram aqueles homens fica-me uma constante sensação de que aquilo não está a ser real... e foi.
Através de mais de uma hora de "viagem" pelas águas calmas mas mortais de um rio Tejo onde tomamos conhecimento não só do sofrimento daqueles homens por não terem quem os salve e por não conseguirem eles próprios salvarem-se, a sensação que me ficou enquanto espectador foi quase de uma total indiferença.
Há algo que me impediu enquanto espectador de criar algum tipo de empatia com estas personagens e de perceber ou sequer sentir o seu sofrimento e o seu desespero. Momentos existiram em que dei por mim a pensar se aquilo pretendia ser realmente um filme baseado em factos reais ou uma qualquer tragicomédia onde, ao estilo de um qualquer talk-show norte-americano, se estivesse a parodiar um verdadeiramente trágico drama humano.
Um aspecto bastante positivo deste filme é sem qualquer margem para dúvidas o brilhante trabalho de fotografia da autoria de Mário Castanheira que não só nos brinda com um ambiente perfeitamente sombrio, retrato não só de um clima austero como da própria vivência que testemunhamos. Aqui o filme tem uma nota bastante positiva.
De resto este filme de José Nascimento, que reconheço ser um óptimo realizador, não me consegue convencer ao ponto de achar este filme um daqueles que me impressionasse apesar da expectativa que me gerou, muito pelo elenco que o compõe bem como pelo extraordinário trailer promocional.
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3 / 10
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sexta-feira, 15 de abril de 2011

Coming Home (1978)

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O Regresso dos Heróis de Hal Ashby, filme vencedor de três Oscars, nomeadamente para Jon Voigt como Actor, Jane Fonda como Actriz e para o Argumento Original de Nancy Dowd, Waldo Salt e Robert C. Jones, relata-nos uma história decorrida nos tempos da guerra do Vietname.
Não é um filme que decorre nos campos de batalha no próprio terreno mas sim sobre os seus efeitos naqueles que voltam e naqueles que ficam para trás, que é como dizer nos soldados regressados a casa e nas famílias que muitos deles deixaram para trás.
Sally Hyde (Fonda) vê o seu marido Bob (Bruce Dern) ser enviado para a guerra do Vietname. Tendo ficado sózinha em casa, decide voluntariar-se para trabalhar num hospital onde se encontram muitos dos feridos que regressaram a casa vindos daquele conflito. É aqui que reencontra Luke Martin (Voigt) com quem estudou no liceu e com quem inicia uma turbulenta relação que termina em compreensão, amizade e amor.
Sally encontra-se assim dividida entre o seu marido que sente fazer o dever patriótico estando naquela guerra e Luke o homem que a fez novamente despoletar sentimentos que tinha, até então, adormecidos e esquecidos.
Este filme que saiu vencedor dos três Oscars já referidos, foi ainda nomeado em mais cinco categorias. Bruce Dern como Actor Secundário, Penelope Milford como Actriz Secundária, Montagem, Realizador e Filme. Numa época em que os filmes sobre o Vietname estavam muito presentes na sociedade norte-americana é, até certo ponto, de espantar o destaque que este havia tido ao ponto de conquistar dois dos mais importantes prémios da indústria cinematográfica mundial. Talvez isso se deva ao próprio mediatismo da dupla principal de actores, e muito em especial à própria Jane Fonda que sempre esteve muito presente em acontecimentos que dessem destaque ao próprio conflito.
Muitos são os pontos fortes deste filme. Podemos começar imediatamente pelas três interpretações protagonistas. Fonda, Voigt e Dern são de facto uma tripla coerente e muito competente na química que é suposto trocarem entre si. Jane Fonda ao interpretar Sally Hyde é brilhante ao ponto de inicialmente nos entregar uma mulher frágil e afastada de qualquer protagonismo em favor do seu marido Bob "Dern" Hyde, um militar de alta patente que era agora destacado para o Vietname.
A transformação crescente que a actriz tem no filme é digna do Oscar que venceu. Fonda transforma-se no exacto momento que conhece Luke (Voigt). Passa de uma mulher isolada e sem qualquer voz, para uma mulher que se sente viva e que desperta em si sentimentos, sensações e opiniões que, até então, nem ousaria dizer em voz alta.
Mas não é só ela que "sente" estas transformações. O duo masculino protagonista também as demonstra. Enquanto Bob era um marido preocupado e atencioso antes de embarcar para o conflito e que depois dele se mostra indiferente e violento para com a mulher, mostrando aqui uma clara crítica ao efeitos nocisos que este conflito teve para com toda uma geração, também Luke é o retrato daqueles que tendo regressado a casa foram ignorados e esquecidos, até mesmo afastados do olhar de um público cada vez mais preocupado, e que aos poucos tendo obtido a atenção de alguém que com ele genuinamente se preocupasse, redescobriu o amor e a atenção de que tanto necessitava.
Este filme que muito provavelmente não tem hoje o mesmo impacto que teve nos anos 70 do século passado, em que este conflito era ainda bem vivo e presente na memória da sociedade norte-americana, não deixa no entanto de ainda nos nossos dias ser um perfeito exemplo daquilo que toda uma geração, que foi perdida, passou. É aqui que tem grandes semelhanças com o seu equivalente deste já não tão novo século, The Hurt Locker. Outro conflito, outra geração, mas muitos sentimentos e muitas semelhanças entre ambos e, como exemplo comparativo, são de facto muito bons para ilustrar como independentemente dos anos que as separam mas as duas épocas/sociedades têm muito em comum.
Para aqueles que gostam deste género de filmes, confesso que sou um deles apesar de ir muito céptico antes de iniciar o seu visionamento, garanto que têm aqui uma boa aposta não só de entretenimento, pois afinal trata-se de um filme, como também de um claro e bom exemplo que retrata as ansiedades e medos de uma geração apesar de já estar separada das nossas por uns quantos anos.
Um aplauso para o trio de actores, muito em especial para Fonda e para Voigt que são de facto as almas de todo este filme. Vale muito a pena ver, mesmo que estejam à partida indecisos como eu me encontrava.
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"Luke Martin: I have killed for my country, or whatever, and I don't feel good about it. Coz there's not enough reason, man, to feel a person die in your hands, or to see your best buddy get blown away."

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7 / 10
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quinta-feira, 14 de abril de 2011

Five Minutes of Heaven (2009)

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Cinco Minutos de Paz de Oliver Hirschbiegel é um filme que relata as velhas feridas criadas na Irlanda do Norte e as suas consequências não só nos seus intervenientes como na sociedade actual e que conta com a participação nos desempenhos principais de dois dos mais produtivos e talentosos actores Europeus de língua inglesa... Liam Neeson e James Nesbitt.
Alistair Little (Neeson) é um homem que vive com um pesado passado em que assassinou um homem. Anos depois de ter cumprido pena pelo crime é convidado por um programa de televisão que decide reconciliá-lo com Joe Griffin (Nesbitt), o único membro da família do jovem que matou.
Enquanto carrega um fardo pesado do qual se quer desculpar, Alistair não imagina a dor e o sofrimento que este seu acto causou na família do outro jovem. A morte pairou sobre eles desde o seu acto e toda a família ficou desfeita. Toda a família e em particular Joe que se viu culpado pela sua mãe durante toda a sua vida.
Obra do realizador alemão Oliver Hirschbiegel que já nos havia entregue o thriller A Invasão e os muito polémicos e muito brilhantes A Experiência e A Queda, neste filme voltamos a assistir a temas delicados que cruzam não só velhos conflitos entre católicos e protestantes na Irlanda do Norte como também as tentativas, quase em vão, de reconciliação por parte daqueles que hoje tentam avançar nas suas vidas apesar das feridas que lhes marcaram o passado.
Como disse logo de início estes dois fortes e carismáticos actores são logo uma referência para não perdermos este filme o que, aliando ao realizador que é e ao seu historial só ajuda a que o nosso interesse esteja sempre presente.
No entanto, apesar de ser um interessante filme que foca nas consequências pessoais do conflito irlandês e como este afectou de forma irremediável as vidas de tantas e tantas pessoas aqui visadas na vida destes dois últimos sobreviventes, o filme propriamente dito não consegue ter o impacto e a profundidade que outros obras do realizador alcançaram. Que é bom, é. Que tem fortes interpretações, tem. Mas falta-lhe algum dinamismo que encontramos nas outras obras do realizador alemão não deixando, no entanto, de ser um filme forte e com uma solidez que lhe é característica.
Exemplo disto são os longos minutos entre os dois actores principais no local onde tudo se iniciou. O confronto físico e verbal encetado pelos dois actores é de cortar a respiração. Bem como o inesperado final. Inesperado por ser tão pacífico depois de momentos tão intensos e dramáticos passados entre ambos.
É um extraordinário filme que merece ser visto mas que me parece ter passado "ao lado" dos espectadores que acima do comflito em si versa sobre as suas consequências a longo prazo. Sobre as feridas que são provocadas nas vidas tanto de agressores como de vítimas e especialmente na capacidade que estas últimas têm de redenção, de aceitação em nome de uma potencial vida longe de problemas e especialmente em paz.
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7 / 10
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Cannes 2011

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Selecção Oficial - Competição (Palma de Ouro)
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L'Apollonide - Souvenirs de la Maison Close, de Bertrand Bonello
Bir Zamanlar Anadolu'da, de Nuri Blige Ceylan
Drive, de Nicolas Winding Refn
Le Gamin au Vélo, de Jean-Pierre Dardenne e Luc Dardenne
Habemus Papam, de Nanni Moretti
Hanezu no Tsuki, de Naomi Kawase
Le Havre, Aki Kaurismäki
Hearat Shulayim, de Joseph Cedar
Ichimei, de Takashi Miike
Melancholia, de Lars von Trier
Michael, de Markus Schleinzer
Pater, de Alain Cavalier
La Piel que Habito, de Pedro Almodóvar
Polisse, de Maïwenn
Sleeping Beauty, de Julia Leigh
La Source des Femmes, de Radu Mihaileanu
This Must de the Place, de Paolo Sorrentino
The Tree of Life, de Terrence Malick
We Need to Talk About Kevin, Lynne Ramsay
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quarta-feira, 13 de abril de 2011

Troféus TV 7 Dias 2011: vencedores

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TELENOVELAS
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TELENOVELA
Espírito Indomável (TVI)
Laços de Sangue (SIC)
Mar de Paixão (TVI)
Meu Amor (TVI)
Perfeito Coração (SIC)
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ACTOR PRINCIPAL
António Capelo (Espírito Indomável)
Carlos Vieira (Laços de Sangue)
Diogo Morgado (Laços de Sangue)
Nicolau Breyner (Meu Amor)
Rogério Samora (Mar de Paixão)
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ACTRIZ PRINCIPAL
Alexandra Lencastre (Meu Amor)
Joana Santos (Laços de Sangue)
Margarida Marinho (Meu Amor)
Maria João Luís (Sedução)
Paula Lobo Antunes (Mar de Paixão)
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ACTOR DE ELENCO
Fernando Luís (Sentimentos)
João Perry (Sedução)
João Ricardo (Laços de Sangue)
Manuel Cavaco (Meu Amor)
Paulo Rocha (Perfeito Coração)
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ACTRIZ DE ELENCO
Eunice Muñoz (Mar de Paixão)
Helena Laureano (Mar de Paixão)
Margarida Carpinteiro (Laços de Sangue)
Maria José Pascoal (Mar de Paixão)
Patrícia Tavares (Meu Amor)
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MÚSICA DE GENÉRICO
"Estou Além", de Ana Vieira (Laços de Sangue)
"Gaivota", de Amália Hoje (Perfeito Coração)
"Grita, Sente", de Diana Bastos (Espírito Indomável)
"Intervalo", de Perfume e Rui Veloso (Mar de Paixão)
"Meu Mundo Inteiro", de Mariza e Paulo de Carvalho (Sedução)
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SÉRIES
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SÉRIE
37 (TVI)
Cidade Despida (RTP1)
Conta-me Como Foi (RTP1)
Pai à Força (RTP1)
República (RTP1)
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ACTOR
Albano Jerónimo (Cidade Despida)
Ivo Canelas (Liberdade XXI)
Marco d'Almeida (Ela é Ela)
Miguel Guilherme (Conta-me Como Foi)
Pepê Rapazote (Pai à Força)
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ACTRIZ
Catarina Wallenstein (Destino Imortal)
Cucha Carvalheiro (37)
Mafalda Luís de Castro (Lua Vermelha)
Rita Blanco (Conta-me Como Foi)
Sofia Alves (37)
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HUMOR
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PROGRAMA
Aqui Não Há Quem Viva (SIC)
Contra Informação (RTP1)
Herman 2010 (RTP1)
Lado B (RTP1)
A Última Ceia (SIC Radical)
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ACTOR/HUMORISTA
Bruno Nogueira (Lado B)
César Mourão (Companhia das Manhãs)
Herman José (Herman 2010)
Marco Horácio (Salve-se Quem Puder)
Nicolau Breyner (Aqui Não Há Quem Viva)
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ACTRIZ/HUMORISTA
Ana Bola (Companhia das Manhãs)
Maria João Abreu (Aqui Não Há Quem Viva)
Maria Rueff (Companhia das Manhãs)
Rita Ribeiro (Aqui Não Há Quem Viva)
Rosa Lobato de Faria (Aqui Não Há Quem Viva)
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PROGRAMA INFANTO-JUVENIL: Morangos com Açúcar VII (TVI)
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PRÉMIO REVELAÇÃO: Joana Santos (Laços de Sangue)
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PRÉMIO CARREIRA: Nicolau Breyner
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PRÉMIO MEMÓRIA: Mariana Rey Monteiro
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PRÉMIO PRESTIGIO: Luís Andrade
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terça-feira, 12 de abril de 2011

Festival Ibérico de Cinema 2011: Participação portuguesa em Badajoz

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Este festival que em edições anteriores premiou Fernando Lopes como Melhor Actor na curta A Felicidade de Jorge Silva Melo, Deus Não Quis de António Ferreira ou Maria João Luís como Melhor Actriz em Crónica Feminina de Gonçalo C. Luz, acaba de divulgar a sua selecção oficial para a edição de 2011 onde se destacam algumas obras portuguesas, nomeadamente Castelos no Ar de Vicente Alves do Ó, Os Olhos do Farol de Pedro Serrazina e Arena (vencedora da Palma de Ouro em Cannes) de João Salaviza.
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segunda-feira, 11 de abril de 2011

Harry Un Ami qui Vous Veut du Bien (2000)

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Harry, Um Amigo ao Seu Dispôr de Dominik Moll é um intrigante e de certa forma intimidante filme francês, ou não tivesse ele como actor principal o catalão Sergi López, aquele que quase faz hábito de interpretar personagens malévolas o suficiente para assustarem qualquer um.
Este filme, vencedor de quatro Cesars, incluindo o de Actor para Sergi López, e também do European Film Award na mesma categoria, conta-nos a história de Michel (Laurent Lucas) que se encontra em viagem com Claire (Mathilde Seigner) a sua mulher e as suas três filhas. Numa paragem numa estação de serviço encontra Harry (López) e a sua namorada Prune (Sophie Guillemin) e reconhece Michel dos seus anos de escola.
O encontro, que inicialmente parece inofensivo e casual (apesar de nos deixar com uma enorme sensação de desconforto), rapidamente se torna coincidente demais, e Harry quase que se auto-convida para casa de Michel onde, com o passar dos dias, muitos actos estranhos e pouco normais sucedem a um ritmo muito elevado.
O argumento assinado por Dominik Moll e Gilles Marchand com base num poema de Francis Villain, não só consegue transmitir um enorme suspense e incerteza no que se irá suceder à medida que a acção decorre, consegue igualmente retirar do quarteto protagonista excelentes desempenhos que são dignos da nossa admiração enquanto espectadores.
Laurent Lucas (Michel), um pai de família conformado com esta sua actividade e que havia ignorado há muito a sua grande paixão com a escrita, é aquele que ao longo do filme mostra uma enorme transformação. De um homem contido e reservado passa a ser aquele que toma decisões e zela pelo futuro e bem-estar da sua família.
Já Sergi López (Harry), a figura central e destabilizadora da harmonia do casal está igual a si próprio. E digo isto não com um tom condescendente mas sim por ser exactamente aquilo que esperamos deste brilhante actor. Quando vemos um filme em que ele é uma das suas personagens, esperamos ver alguém duro, com aspecto calmo mas que vive uma intensa turbulência. Controlador. Dominante. Dominador. Seco. Bruto. E, há que admiti-lo, com uma enorme carga paranóica bem doseada ao longo de todo o filme. Podemos constatá-lo ao longo de todo o filme mas... se seguirmos com atenção (e não será preciso muito pois o momento prende-nos ao ecrã de uma forma assustadora), o segmento em que ele vai a conduzir desalmadamente por entre uma estrada escura e que nem sabe para que lado as curvas vão... temos a total confirmação de que ali está algo de muito errado. Não foge ao esperado e entrega-nos tudo aquilo que esperamos dele e com muita intensidade. E a confirmá-lo estão os prémios de que foi um justíssimo vencedor.
Já na dupla feminina, em desempenhos secundários, mas ainda assim bastante importantes para a continuidade da história, temos Mathilde Seigner (Claire), a mulher de Michel que funciona para ele como o elemento que o "impediu" de dar continuidade à sua paixão mas que, na realidade, nem sequer sabia da sua existência. E finalmente temos Sophie Guillemin (Prune), namorada de Harry que na prática mais não é do que a mulher-objecto da qual Harry se aproveita para criar aos demais uma falsa aparência de sucesso. Sucesso esse que mais não é do que uma forma de exteriorizar uma aparente normalidade que nem sequer existe na sua vida.
Além das interpretações, que repito estão brilhantes, aquilo que mais me seduziu em toda esta história foi a aparente tranquilidade com que ela se apresenta. Uma vida mais campestre onde os problemas se tendem a resolver e solucionar mas que no fundo nada mais esconde do que uma intensa turbulência prestes a explodir a qualquer momento. É essa mesma tranquilidade que Harry se propõe, sem qualquer reserva, minar.
Harry serve para Michel como se fosse um desbloqueador. Retira-lhe todos os problemas da frente. Desde um carro que já mal funciona até ao controlo que os seus pais tendem a exercer na sua vida que se quer independente... um irmão sem qualquer vontade de assumir responsabilidades ou mesmo uma mulher e filhas que, para Harry, nada mais são do que perfeitos entraves à reanimação da sua arte. Harry está disposto a tudo... tudo por aquilo que considera ser o bem-estar do seu amigo.
Intenso e poderoso drama de suspense francês, que classifico sem qualquer reserva como um dos melhores filmes do cinema Europeu do início do século XXI e que testa os limites da tranqulidade psicológica do espectador bem como nos mostra até onde uns são capazes de ir e até onde outros são capazes de abdicar dos seus princípios morais em nome de uma vontade ou paixão.
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8 / 10
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domingo, 10 de abril de 2011

L.I.E. (2001)

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L.I.E. Sem Saída de Michael Cuesta com Brian Cox e Paul Dano nos principais desempenhos, é um filme que nos transporta para uma cidade norte-americana onde ainda persistem alguns tabus que muitos ou desconhecem os preferem nem sequer pensar neles.
Numa sociedade de classe média-alta Howie (Dano) cresce sem qualquer tipo de supervisão, uma vez que a sua mãe já faleceu e o seu pai preocupa-se exclusivamente com a sua nova namorada com quem tem uma vida de boémia.
Howie e o seu grupo de amigos ignoram a escola e dedicam-se a uma vida de assaltos às abastadas casas da vizinhança até ao dia em que entram na casa de Big John (Cox) um respeitado membro da comunidade que tem, também ele, muitos segredos a esconder.
A relação entre Howie e Big John, que inicialmente se trava à custa da desconfiança, ganha muito rapidamente contornos que ultrapassam aqueles que seriam à partida, moralmente aceites, considerando o contexto pessoal e moral que cada uma das suas personagens carrega. No entanto, nem tudo aquilo que à partida parece óbvio acaba por o ser necessariamente.
Brian Cox, que tem um especial vocação para estas interpretações cujas personagens são difiíceis de digerir ou de criar simpatia, aqui não foge à regra. O preocupante para nós, enquanto espectadores, é que quase ganhamos simpatia por ver aquele homem de comportamentos duvidosos e que tem ali uma especial atenção para com o bem-estar daquele jovem adolescente que se encontra à deriva.
Paul Dano, em pé de igualdade com Cox, é convincente e bastante credível a interpretar aquele jovem desamparado e esquecido pelo pai, que encontra na figura de Big John, um pedófilo e predador, o conforto e o amparo que no seu próprio lar não tem.
É aqui que reside a nossa dualidade entre empatia e repúdio pela personagem de Brian Cox. Por um lado sabemos o que ele faz... Qual o seu estilo de vida.... Repudiamos e achamos totalmente impróprio. Por outro percebemos que por aquele jovem ele nutre simpatia e algum afecto que, é perceptível, não ser sexual nem íntimo, mas sim como se de um filho se tratasse.
O filme, que não sendo uma obra máxima, não deixa de tocar em questões demasiado sensíveis que afectam e muito a nossa sociedade actual pelos temas que aborda e por isso conseguir sair triunfante, tem ainda uma banda-sonora feita à medida que dá um ambiente ainda mais reprimido mas ao mesmo tempo esclarecedor sobre o que se passa por detrás das quatro paredes de uma casa.
L.I.E. (Long Island Expressway) que poderia também ser "lie", uma mentira. Uma mentira contada para manter uma aparente imagem incólume enquanto cidadão. As mentiras de Big John para a sociedade em nome da manutenção da sua imagem... As de Howie que nega os seus verdadeiros sentimentos e o que se passa em sua casa, e as do seu pai com problemas com a lei que pretende esquecer como se não lhe dissessem respeito.
Interessante este filme, que saiu vencedor da Semana dos Realizadores do Fantasporto em 2003, com os prémios de Actor para Paul Dano e Realizador e Filme para Michael Cuesta. Com boas e seguras interpretações por parte do duo protagonista e que consegue levantar bastante um véu que esconde muitas vidas reais daqueles pequenos meios que parecem, à primeira vista, idílicos.
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"Howie: On the Long Island Expressway there are lanes going east, lanes going west, and lanes going straight to hell."
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6 / 10
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sábado, 9 de abril de 2011

Sidney Lumet

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1920 - 2011
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sexta-feira, 8 de abril de 2011

The Italian (2009)


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The Italian de Giuseppe Iacono e que também interpreta a personagem principal que é como quem diz, um italiano que se lança no mundo do cinema pornográfico e que emigra para os Estados Unidos na esperança de fazer algum dinheiro, encontra-se uma vez lá chegado, em complicações bem mais graves do que a falta de dinheiro.
Grave, ou melhor, bem trágico, é esta média-metragem de uma ponta à outra. Actores italo-americanos que pouco italiano falam mas têm sotaques manhosos a interpretarem mafiosos sem qualquer categoria é o prato forte.
A história, por muito bem intencionada que seja, não passa de um conjunto de situações sem graça e sem qualquer sentido que não conseguem seduzir ninguém, valendo apenas as boas intenções com que podem ter eventualmente sido filmadas.
Algo de positivo sobre este filme... bom... os momentos em que o actor principal foi drogado e passa por um conjunto de memórias mais ou menos fiéis até tem alguns momentos bem estruturados mas de resto não passa de um conjunto de imagens sem grande nexo que a única função que têm é dar vida a uma história pouco pensada que se dispersa em todas as frentes.
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1 / 10
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quinta-feira, 7 de abril de 2011

David di Donatello 2011: nomeados

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FILME
Basilicata Coast to Coast, Isabella Cocuzza, Arturo Paglia, Mark Lombardo, Elisabetta Olmi (prod.) e Rocco Papaleo (real.)
Benvenuti Al Sud, Luca Miniero (real.)
Noi Credevamo, Carlo Degli Esposti, Conchita Airoldi e Giorgio Magliuto (prod.) e Mario Martone (real.)
La Nostra Vita, Riccardo Tozzi, Giovanni Stabilini, Marco Chimenez (prod.) e Daniele Luchetti (real.)
Una Vita Tranquilla, Fabrizio Mosca (prod.) e Claudio Cupellini (real.)
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ACTOR
Antonio Albanese, Qualunquemente
Claudio Bisio, Benvenuti al Sud
Elio Germano, La Nostra Vita
Kim Rossi Stuart, Vallanzasca gli Angeli del Male
Vinicio Marchioni, 20 Sigarette
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ACTRIZ
Alba Rohrwacher, La Solitudine dei Numeri Primi
Angela Finocchiaro, Benvenuti al Sud
Isabella Ragonese, La Nostra Vita
Paola Cortellesi, Nessuno mi può Giudicare
Sarah Felberbaum, Il Gioiellino
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ACTOR SECUNDÁRIO
Alessandro Siani, Benvenuti al Sud
Francesco di Leva, Una Vita Tranquilla
Giuseppe Battiston, La Passione
Raoul Bova, La Nostra Vita
Rocco Papaleo, Nessuno mi può Giudicare
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ACTRIZ SECUNDÁRIA
Anna Foglietta, Nessuno mi può Giudicare
Barbora Bobulova, La Bellezza del Somaro
Claudia Potenza, Basilicata Coast to Coast
Valentina Lodovini, Benvenuti al Sud
Valeria de Franciscis Bendoni, Gianni e le Donne
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REALIZADOR
Claudio Cupellini, Una Vita Tranquilla
Daniele Luchetti, La Nostra Vita
Luca Miniero, Benvenuti al Sud
Marco Bellocchio, Sorelle Mai
Mario Martone, Noi Credevamo
Michelangelo Frammartino, Le Quattro Volte
Paolo Genovese, Immaturi
Saverio Costanzo, La Solitudine dei Numeri Primi
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REALIZADOR REVELAÇÃO
Aureliano Amadei, 20 Sigarette
Edoardo Leo, Diciotto Anni Dopo
Massimiliano Bruno, Nessuno mi può Giudicare
Paola Randi, Into Paradiso
Rocco Papaleo, Basilicata Coast to Coast
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ARGUMENTO
Basilicata Coast to Coast, Rocco Papaleo e Valter Lupo
Immaturi, Paolo Genovese
Noi Credevamo, Giancarlo de Cataldo e Mario Martone
La Nostra Vita, Daniele Luchetti, Sandro Petraglia e Stefano Rulli
Una Vita Tranquilla, Claudio Cupellini, Filippo Gravino e Guido Iuculano
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PRODUTOR
20 Sigarette, Claudio Bonivento, Gianni Romoli e Tilde Corsi
Basilicata Coast to Coast, Arturo Paglia, Elisabetta Olmi, Isabella Cocuzza e Mark Lombardo
Benvenuti al Sud, Medusa e Cattleya
Gianni e le Donne, Angelo Barbagallo
Noi Credevamo, Carlo Degli Esposti, Conchita Airoldi e Giorgio Magliulo
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FOTOGRAFIA
20 Sigarette, Vittorio Omodei Zorini
Il Gioiellino, Luca Bigazzi
Noi Credevamo, Renato Berta
La Solitudine dei Numeri Primi, Fabio Cianchetti
Vallanzasca gli Angeli del Male, Arnaldo Catinari
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BANDA-SONORA
Basilicata Coast to Coast, Rita Marcotulli e Rocco Papaleo
Benvenuti al Sud, Umberto Scipione
Il Gioiellino, Teho Teardo
Into Paradiso, Fausto Mesolella
Noi Credevamo, Hubert Westkemper
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CANÇÃO
"Mentre Dormi", de Basilicata Coast to Coast, Gimmi Cantucci e Max Gazzé
"L'Amore Non ha Religione", de Che Bella Giornata, Luca Medici
"Immaturi", de Immaturi, Alex Britti
"Capocotta Creamin'", de Nessuno mi può Giudicare, Marco Conidi, Massimiliano Bruno e Maurizio Filardo
"Qualunquemente", de Qualunquemente, Amerigo Sirianni, Antonio Albanese, Peppe Voltarelli, Piero Guerrera e Salvatore de Siena
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DIRECÇÃO ARTÍSTICA
Amici Miei Come Tutto Ebbe Inizio, Francesco Frigeri
Benvenuti al Sud, Paola Comencini
Into Paradiso, Paki Meduri
Noi Credevamo, Emita Frigato
Vallanzasca gli Angeli del Male, Tonino Zera
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GUARDA-ROUPA
Amici Miei Come Tutto Ebbe Inizio, Alfonsina Lettieri
Christine Cristina, Nanà Cecchi
Noi Credevamo, Ursula Patzak
La Passione, Francesca Sartori
Vallanzasca gli Angeli del Male, Roberto Chiocchi
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CARACTERIZAÇÃO
Amici Miei Come Tutto Ebbe Inizio, Vincenzo Mastrantonio
Gorbaciof, Lorella de Rossi
Noi Credevamo, Vittorio Sodano
La Passione, Gianfranco Mecacci
Vallanzasca gli Angeli del Male, Francesco Nardi e Matteo Silvi
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DESIGN/ESTILO CABELO
Amici Miei Come Tutto Ebbe Inizio, Ferdinando Merolla
Christine Cristina, Mauro Tamagnini
Noi Credevamo, Aldo Signoretti
Qualunquemente, Teresa di Serio
La Solitudine dei Numeri Primi, Massimo Gattabrusi
Vallanzasca gli Angeli del Male, Claudia Pallotti e Teresa di Serio
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MONTAGEM
20 Sigarette, Alessio Doglione
Noi Credevamo, Jacopo Quadri
La Nostra Vita, Mirco Garrone
Sorelle Mai, Francesca Calvelli
Vallanzasca gli Angeli del Male, Consuelo Catucci
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SOM
20 Sigarette, Mario Iaquone
Basilicata Coast to Coast, Francesco Liotard
Noi Credevamo, Gaetano Carito e Maricetta Lombardo
La Nostra Vita, Bruno Pupparo
Le Quattro Volte, Paolo Benvenuti e Simone Paolo Olivero
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EFEITOS ESPECIAIS VISUAIS
20 Sigarette, REBEL ALLIANCE
Amici Miei Come Tutto Ebbe Inizio, CANECANE
Christine Cristina, RESET VFX
Into Paradiso, Daniele Stirpe Jost, Paola Randi, Paola Trisoglio e Stefano Marinoni
Winxclub 3D - Magica Avventura, Corrado Virgili e Gianmario Catania
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FILME DA UNIÃO EUROPEIA
Another Year, Mike Leigh (Reino Unido)
Haeven, Susanne Bier (Dinamarca)
Des Hommes et des Dieux, Xavier Beauvois (França)
The King's Speech, Tom Hooper (Reino Unido)
El Secreto de Sus Ojos, Juan José Campanella (Espanha)
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FILME ESTRANGEIRO
Black Swan, Darren Aronofsky (EUA)
Hereafter, Clint Eastwood (EUA)
Incendies, Denis Villeneuve (Canadá)
Inception, Christopher Nolan (EUA)
The Social Network, David Fincher (EUA)
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DOCUMENTÁRIO LONGA-METRAGEM
É Stato Morto un Ragazzo. Federico Aldrovandi che una Notte Incontrò la Polizia, Filippo Vendemmiati
Ritratto di mio Padre, Maria Sole Tognazzi
This is My Land... Hebron, Giulia Amati e Stephen Natanson
L'Ultimo Gattopardo: Ritratto di Goffredo Lombard, Giuseppe Tornatore
Ward 54, Monica Maggioni
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CURTA-METRAGEM
Caffé Capo, Andrea Zaccariello
Io Sono Qui, Mario Piredda
Jody delle Giostre, Adriano Sforzi
Salvatore, Bruno Urso e Fabrizio Urso
Stand by Me, Giuseppe Marco Albano
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DAVID GIOVANI
20 Sigarette, Aureliano Amadei
Benvenuti al Sud, Luca Miniero
Noi Credevamo, Mario Martone
Un Altro Mondo, Silvio Muccino
Vallanzasca gli Angeli del Male, Michele Placido
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quarta-feira, 6 de abril de 2011

Hitler's S.S.: Portrait in Evil (1985)

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Hitler e as SS - Retrato do Mal de Jim Goddard é um telefilme britânico com a participação de Bill Nighy, John Shea e o actor galardoado com um Oscar José Ferrer que nos retrata uma Alemanha antes e durante a Segunda Guerra Mundial através do olhar de dois irmãos que seguiram caminhos opostos.
Temos assim a história de Helmut Hoffmann (Nighy) um académico alemão que em nada se revê nas políticas germânicas que rapidamente ascendiam com a presença de Hitler na vida política do país. Por outro lado temos o seu irmão Karl (Shea) membro das SA e que participa activamente e politicamente em todos os comícios das mesmas.
Estes dois irmãos que se encontram tão díspares nos seus comportamentos e ideologias acabam por, a certo momento das suas vidas, mudar de campo e de pensamento. Enquanto Helmut se torna num destacado membro da SS, Karl por ter sido detido e enviado para Dachau reflete sobre aquilo que até então defendeu e no injustas que são as acções dos membros do partido nazi.
Claramente perceptível o facto de se tratar de um telefilme não só pelas suas filmagens como também pela forma como toda a narrativa é filmada, nem a sua excessiva duração modifica o facto de ser contado de uma forma como se o tempo fosse pouco demais para abordar todos os aspectos, alguns por vezes desnecessários, que compõem todo o argumento. Não só a relação entre os dois irmãos como deles para com a mulher de que ambos gostaram, com os seus respectivos pais e também com o irmão mais novo que tem um trágico destino (ilustrando assim toda uma jovem geração que ficou perdida),ou até as relações com superiores, conhecidos... Tudo, mesmo tudo, tem o seu pequeno espaço neste telefilme o que, a certa altura, cria uma dispersão exagerada em todas as narrativas que se querem contar mas que, por um ou outro motivo, acabam por ficar perdidas e sem a devida importância por não chegar o tempo que precisavam para serem devidamente exploradas.
Assumo o total interesse por filmes que retratem esta época tão conturbada e como tal "correr" para os ver. No entanto, ao mesmo tempo assumo também que espero deles um total compromisso para com essa mesma época e para com os verdadeiros dramas que afectaram tantos durante vários anos. Sinto-me de certa forma "enganado" quando, ao assistir a um filme que aborde este período, ver que as intenções do seu realizador são as de contar tudo num curto espaço de tempo o que, na maioria dos casos, não dá nem um terço da relevância para a história principal que se tenta contar. É o que aqui acontece. Há uma vontade de nos mostrar a mudança de comportamentos e de pensamentos destes dois irmãos mas ao mesmo tempo uma necessidade extrema de relatar o que se passa com todos aqueles que se encontram à sua volta e, como se isso não bastasse, contar também os factos que decorriam a nível militar. O filme a certo ponto perde-se para não voltar a encontrar um rumo coerente na sua história.
Não é um telefilme mau, nem de longe, mas não tem o potencial que poderia ter caso se tivesse concentrado em apenas algumas histórias e as levasse a bom porto. Tem alguns aspectos interessantes do ponto de vista da história daqueles tão conturbados anos mas não atinge, nem de perto, aquilo que poderia ter sido enquanto filme.
Vale a pena ver para os interessados neste período histórico mas no entanto não é um filme que os preencha ou satisfaça na sua globalidade por ser algo monótono e disperso e torna-se assim num filme que, pouco tempo depois de ser visto... é esquecido.
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5 / 10
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terça-feira, 5 de abril de 2011

Espelho (2009)

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Espelho de António Carlos Castro é uma curta-metragem bem amadora com a qual, por muito que se queira, se torna difícil simpatizar.
Baseada claramente em inúmeros filmes série B norte-americanos, nesta curta Carolina (Carolina Campos) faz uma daquelas muitas experiências em que frente a um espelho tenta descobrir o dia em que vai morrer. Se à primeira não resulta, à segunda reebe uma mensagem no espelho que lhe diz ser naquele exacto dia.
Completamente descoordenado ou sem qualquer lugação vêmo-la andar à la zombie até a câmara lhe fazer um grande plano onde a vemos com uma caracterização (efeito especial computorizado) em que parece a tipa do The Ring.
O som... é mauzinho ao ponto de por vezes ser complicado perceber o que esta jovem actriz (também ela fraquinha) está a dizer na sua constante conversa telefónica onde repete vezes sem fim as mesmas expressões... e a fotografia onde a luz não é devidamente aproveitada para se tornarem claras as poucas expressões que tem mais visíveis, também não é a melhor.
Ponto positivo é só mesmo saber que o realizador desta curta tem umas quantas referências a uns tantos filmes do sobrenatural e do terror porque ela por si só... pouco vale à excepção das boas intenções. Dito isto, esperemos pela próxima com alguma maior credibilidade.
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1 / 10
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segunda-feira, 4 de abril de 2011

Pas de Repos pour les Braves (2003)

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Os Bravos Não Têm Descanso de Alain Giraudie é um daqueles filmes que retirando o trabalho de fotografia de Antoine Héberlé que é bastante interessante... tudo o resto é perfeitamente assustador. E digo isto não por ser um filme que meta medo mas sim porque é um perfeito e completo disparate de uma ponta à outra.
A história resume-se a Basile (Thomas Suire), um rapaz que julga que se adormecer não volta a acordar. Como tal priva-se do sono e durante o restante filme temos aquilo a que podemos chamar de uma alucinação pegada resultante desse seu estado.
Desde a manter uma relação homossexual com um homem muito mais velho a pensar que assassinou toda a população de uma pequena aldeia, este filme mostra-nos um pouco de tudo naquilo que não convence sob qualquer que seja a perspectiva que se assista a este filme.
Não é preciso muito tempo de visualização deste filme para que comecemos a achar insuportável aquilo pelo qual estamos a passar. A pouco mais de vinte minutos de filme visto, damos por nós a desejar muito rapidamente o seu final e pensar porque motivo será que ainda o continuamos a ver.
Sim, o filme é assim tão mau. Esta tentativa de dar ao público um filme que se considere muito transcendente e dito "erudito", quando disso pouco ou nada tem, para convencer um público para o qual claramente não se está a fazer o filme normalmente resulta em duas coisas. A primeira que é conseguir fazer um filme realmente bom que acaba por conquistar multidões de fãs. A segunda, claramente o que aqui aconteceu, é exactamente o oposto quando se consegue conquistar o repúdio do público.
Ao fazer este comentário dou por mim a tentar dar e dizer algo de útil sobre este filme mas na prática não consigo encontrar nada que me tenha convencido minimamente quanto mais algo que considere francamente positivo.
Ao público, apenas e só pela curiosidade motivado por algum comentário que tenham lido, o filme ainda pode suscitar o interesse. Na prática este é um filme perfeitamente dispensável e sem qualquer tipo de contributo interessante para esta grande arte que é o cinema.
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2 / 10
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