sábado, 16 de abril de 2011

Tarde Demais (2000)

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Tarde Demais de José Nascimento é um filme com um estrondoso elenco nacional onde figuram Vítor Norte (vencedor do Globo de Ouro de Actor), Nuno Melo, Adriano Luz, Carlos Santos, Rita Blanco, Suzana Borges, Francisco Nascimento e Ana Moreira.
Quando o barco de pesca onde estão Zé (Norte), Manel (Luz), Joaquim (Melo) e António (Santos) encalha no meio do Tejo, os quatro homens vêem-se "presos" no rio perto da costa mas sem uma forma segura de chegar a terra.
É com esta premissa que começa a sua longa e árdua tarefa pela manutenção da própria sanidade e especialmente da sua segurança física que se encontra agora ameaçada. Passam pelo frio, pelo desespero, pelo medo e até mesmo pela morte ali, sempre tão perto de uma margem que apesar de tão perto estar quase parece intocável.
Considerando os nomes que compõem o elenco deste filme escusado será dizer que era muito grande a expectativa que este filme me causava. Para aqueles que me conhecem sabem que qualquer presença de Suzana Borges, Rita Blanco ou Carlos Santos (não menosprezando em nada os restantes actores) têm, obrigatoriamente, o meu olhar bem atento.
A história, baseada em factos reais e que tem potencial suficiente para dar origem a um filme enérgico e dinâmico onde as "pequenas" dificuldades pelas quais as personagens passam ganham um impacto ainda maior acaba, no entanto, por falhar um pouco.
Com todo o respeito que tenho pelo trabalho cinematográfico português, e tenho bastante mais que não seja pelo simples facto de perceber que em Portugal é bastante difícil criar uma obra e dar-lhe a devida publicidade e atenção do seu público, o que é certo é que ao assistir à odisseia pela qual passaram aqueles homens fica-me uma constante sensação de que aquilo não está a ser real... e foi.
Através de mais de uma hora de "viagem" pelas águas calmas mas mortais de um rio Tejo onde tomamos conhecimento não só do sofrimento daqueles homens por não terem quem os salve e por não conseguirem eles próprios salvarem-se, a sensação que me ficou enquanto espectador foi quase de uma total indiferença.
Há algo que me impediu enquanto espectador de criar algum tipo de empatia com estas personagens e de perceber ou sequer sentir o seu sofrimento e o seu desespero. Momentos existiram em que dei por mim a pensar se aquilo pretendia ser realmente um filme baseado em factos reais ou uma qualquer tragicomédia onde, ao estilo de um qualquer talk-show norte-americano, se estivesse a parodiar um verdadeiramente trágico drama humano.
Um aspecto bastante positivo deste filme é sem qualquer margem para dúvidas o brilhante trabalho de fotografia da autoria de Mário Castanheira que não só nos brinda com um ambiente perfeitamente sombrio, retrato não só de um clima austero como da própria vivência que testemunhamos. Aqui o filme tem uma nota bastante positiva.
De resto este filme de José Nascimento, que reconheço ser um óptimo realizador, não me consegue convencer ao ponto de achar este filme um daqueles que me impressionasse apesar da expectativa que me gerou, muito pelo elenco que o compõe bem como pelo extraordinário trailer promocional.
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3 / 10
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