Pico de Orizaba de Jaime Fidalgo (Espanha/México) é uma das curtas-metragens presentes na Competição Oficial Nacional da nona edição do Piélagos en Corto - Festival Internacional de Cortometrajes que decorre até ao próximo dia 5 de Maio na Cantábria, em Espanha.
Num simpático e acolhedor restaurante, dois amigos (Luis Alberti e Juan Pablo Castañeda) reencontram-se. Aquilo que parecia uma amena conversa entre ambos, cedo se transforma num confronto de ideias quando um deles parece revelar ao outro a sua sexualidade. Mas nem tudo é o que aparenta... ou será?!
Jaime Fidalgo e Juan Pablo Corcuera assinam o argumento desta curta-metragem onde os inuendos e os subterfúgios de uma conversa que esconde segredos incapazes de ser revelados ao longo de uma vida atribuem, por si só, toda uma nova vida aos dois protagonistas. Cedo é apresentado ao espectador um ambiente informal entre dois amigos que, independentemente das distâncias que habitualmente os separem, deixam transparecer toda uma sentida cumplicidade típica de uma amizade próxima e já longa. No entanto, é através das pequenas "armadilhas" de uma linguagem que compromete mais quem escuta do que aquele que quer transmitir uma mensagem, que cedo se revelam os comportamentos - e os segredos - destes dois amigos que, afinal, estão mais distantes um do outro do que aquilo que o espectador cedo pensou ter compreendido. Se esta distância se assume mais psicológica do que propriamente física, é à medida que se desconstrói todo o seu discurso que se compreende que, afinal, aquela pessoa que se julgou amiga mais não é do que um estranho em potência que se apresenta à sua frente.
Mas, quem são afinal estes dois amigos? O seu discurso faz o espectador deduzir que são confidentes de outros tempos... cúmplices nas inúmeras desventuras tradicionalmente esperadas de dois amigos que se conhecem de longa data e confortavelmente confiantes da relação de amizade que mantêm. No entanto, algo faz despoletar uma reacção adversa quando um beijo surge no seu imaginário. Um beijo dado na mesa do lado que ambos observam e que poderá representar o elemento de mudança na relação que até então mantinham. Será esta uma relação que sobrevive à revelação de um segredo mantido até então? Poderá a maior fragilidade perante uma esperada amizade ser o motivo para que estes dois amigos se revelem, afinal, como dois estranhos incapazes de conviver com a diferença que até então os tinha aproximado? Existirá um "dia de amanhã" que os aproxime agora que todos os seus segredos foram finalmente revelados?
Com o tempo - breve mas conciso desta curta-metragem -, o espectador conhece dois opostos refugiados em todo um conjunto de lugares comuns que a revelação do segredo desmistifica. Da amizade o espectador espera encontrar uma história que o elucide (ou confirme) sobre o poder da empatia, sobre aquilo que reconhece como expectável entre dois amigos que nada poderá separar... nem mesmo a tal "diferença" mas... e se tudo se alterar com uma simples palavra? E se o conhecimento fôr determinante para que nada mais seja como até então?! E se, a partir daquele instante, se compreender que até mesmo a amizade pode ser tão fugaz como uma ligeira brisa?
Com duas dinâmicas interpretações que brilham pelo poder das palavras e uma inteligente realização de Jaime Fidalgo que aproxima o espectador das expressões e reacções de dois intérpretes que dão corpo, vida e alma a duas intensamente (não tão) ligeiras personagens, Pico de Orizaba surge como uma descida/subida a uma montanha repleta de pequenas surpresas que podem (ou não) ser ultrapassadas dependendo da convicção com que cada um tende a enfrentá-las sem esquecer a capacidade de desmistificar recorrentes lugares comuns sobre a sexualidade, a forma como cada um a encara ou, até mesmo, sobre o modo como cada um a expressa.
.Mas, quem são afinal estes dois amigos? O seu discurso faz o espectador deduzir que são confidentes de outros tempos... cúmplices nas inúmeras desventuras tradicionalmente esperadas de dois amigos que se conhecem de longa data e confortavelmente confiantes da relação de amizade que mantêm. No entanto, algo faz despoletar uma reacção adversa quando um beijo surge no seu imaginário. Um beijo dado na mesa do lado que ambos observam e que poderá representar o elemento de mudança na relação que até então mantinham. Será esta uma relação que sobrevive à revelação de um segredo mantido até então? Poderá a maior fragilidade perante uma esperada amizade ser o motivo para que estes dois amigos se revelem, afinal, como dois estranhos incapazes de conviver com a diferença que até então os tinha aproximado? Existirá um "dia de amanhã" que os aproxime agora que todos os seus segredos foram finalmente revelados?
Com o tempo - breve mas conciso desta curta-metragem -, o espectador conhece dois opostos refugiados em todo um conjunto de lugares comuns que a revelação do segredo desmistifica. Da amizade o espectador espera encontrar uma história que o elucide (ou confirme) sobre o poder da empatia, sobre aquilo que reconhece como expectável entre dois amigos que nada poderá separar... nem mesmo a tal "diferença" mas... e se tudo se alterar com uma simples palavra? E se o conhecimento fôr determinante para que nada mais seja como até então?! E se, a partir daquele instante, se compreender que até mesmo a amizade pode ser tão fugaz como uma ligeira brisa?
Com duas dinâmicas interpretações que brilham pelo poder das palavras e uma inteligente realização de Jaime Fidalgo que aproxima o espectador das expressões e reacções de dois intérpretes que dão corpo, vida e alma a duas intensamente (não tão) ligeiras personagens, Pico de Orizaba surge como uma descida/subida a uma montanha repleta de pequenas surpresas que podem (ou não) ser ultrapassadas dependendo da convicção com que cada um tende a enfrentá-las sem esquecer a capacidade de desmistificar recorrentes lugares comuns sobre a sexualidade, a forma como cada um a encara ou, até mesmo, sobre o modo como cada um a expressa.
9 / 10
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