quarta-feira, 31 de agosto de 2016

Anna Paula

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1929 - 2016
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segunda-feira, 29 de agosto de 2016

Ben-Hur (2016)

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Ben-Hur de Timur Bekmambetov é a mais recente longa-metragem norte-americana do realizador cazaque e um remake - bem livre digamos - do clássico de William Wyler de 1959 interpretado por Charlton Heston e um dos três filmes recordistas dos prémios da Academia.
Judah Ben-Hur (Jack Huston) é um príncipe na Judeia ocupada por Roma. Respeitado pelos demais, partilha os seus dias tranquilos na companhia da mãe Naomi (ayelet Zurer), da irmã Tirzah (Sofia Black D'Elia) de vários empregados onde se destaca Esther (Nazanin Boniadi) por quem se apaixona e ainda com Messala (Toby Kebbell) o irmão adoptivo.
Quando a competição entre os dois irmãos se torna insuportável demais, Messala decide embarcar numa viagem para Roma onde espera tornar-se um homem de respeito na sociedade mas, aquando do seu regresso à Judeia, a sua relação com Judah degrada-se ao ponto de se tornar dois rivais num território ocupado pela infâmia, guerra e divisões políticas e religiosas.
Qualquer descrição ou mini-sinopse que possa fazer sobre a respeito desta nova incursão no clássico Ben-Hur é, assumidamente, pouco inspirada. E digo isto porquê?! Simples... Para qualquer cinéfilo que goste destes grandes épicos que marcaram a história do cinema e que à custa dos tão cobiçados troféus de Hollywood se transformaram em filmes intocáveis com uma mensagem muito própria - e eterna - sobre a condição humana, os remakes, adaptações (livres) ou sequelas são, no mínimo, insultuosas quando não respeitam a memória e o legado que as mesmas deixaram.
Keith R. Clarke e John Ridley - este último vencedor do Oscar de Melhor Argumento Adaptado com 12 Years a Slave - re-escrevem aquilo que todos nós conhecemos do clássico da década de 50. No épico de William Wyler, temos um "Judah Ben-Hur" (Heston) respeitado sim, amado pelos seus sim, descrente quanto baste sim mas... com ligações muito próprias àqueles que o rodeiam. Desde um "Messala" com quem é amigo e não irmão, cúmplices mas ao mesmo tempo distantes pelo espaço geográfico que os separou - talvez aqui a dupla Clarke e Ridley quisessem levar o espectador ao seu passado - e que não destruindo a amizade os apresenta uma vez mais agora como homens adultos e donos das suas próprias "casas". Ou mesmo a relação cúmplice com a mãe "Miriam" (1959) que agora se apelida de "Naomi" transformando-se também ela num elo mais frio e pouco familiar, ou com "Tirzah" - a irmã - que tão importante, apesar de secundário, desempenho tem e que aqui se esbate numa quase participação especial sem nexo e tão pouco conteúdo para lá de uma potencial conspiradora que nunca se assume de facto. Mais, enquanto no clássico de Wyler a relação entre "Judah" e "Esther" se fundamenta essencialmente numa corte e numa paixão declarada, nesta versão recente e hiper-acelerada não só se confirma o casamento como uma rápida e inesperada separação...
Num misto de flashback onde o antes rapidamente se avizinha do depois, e neste presente até "Cristo" (Rodrigo Santoro) se afirma por alguns discursos para que o espectador perceba quem ele é - não fosse ter escapado ao espectador o detalhe da carpintaria - nem a relação entre o príncipe judeu e "Ilderim" - antes Hugh Griffith agora Morgan Freeman - tem aquele requinte de malícia que as palavras fazem transparecer ou a verve incutida por um "matreiro" Griffith num desempenho que, aliás, lhe granjeou o único Oscar da sua carreira.
As pequenas preciosidades que se transformam numa versão mais actualizada, mais movimentada e até mais politicamente correcta deste século XXI não conseguem, também elas, contribuir para uma maior credibilização desta história que parece querer enterrar-se nas areias do deserto com uma rapidez alucinante. Primeiro comecemos pela franca necessidade em transformar a telha de um telhado numa flecha atirada por um conspirador... se a vontade é demonstrar um acidente voluntariamente não compreendido, havia necessidade de transformá-lo num caso político encetado pelos "terroristas" de então que não desejam a presença dos Romanos?! Segundo, a clara omissão do rosto de Cristo no clássico de Wyler que aqui é transformado num todo presente Rodrigo Santoro com discursos bonitos sobre a humanidade... Ora, se Cristo conquistava com uma presença desarmante que fazia tremer aqueles que com ele se cruzavam, não parece um clímax perdido graças à imprudente verbalização daquilo que deveria estar no coração dos homens ou de actos beneméritos que, na prática, mais não são do que tapa buracos?  A atribuição de um rosto a Cristo ou até mesmo o seu pós-assassinato - pouco inspirado, diga-se -, em nada têm a ver com o da década de 50 que se constitui como um dos momentos mais fortes e dramáticos no género. Finalmente, o segmento nas galés que em nada dignifica nem este... nem o clássico Ben-Hur. Ao contrário do clássico de Wyler, aqui todo este breve - que o é - segmento, não consegue conter metade da tensão dramática, deixando apenas um ligeiro apontamento de que sim, "Ben-Hur" esteve lá prezo. Onde está a tensão dramática das incomodativas batidas para criar o ritmo a que o barco deveria navegar? Onde está o desdém entre "Ben-Hur" e "Quintus Arrius" (Jack Hawkins) que mais tarde se transformaria numa suprema amizade e dedicação levando este último a adoptar o príncipe da Judeia? Ou até mesmo a invisível batalha naval que os condena a uma solitária travessia no mar? Onde está todo o infame vale dos leprosos para onde as inocentes "Miriam" e "Tirzah" são levadas e onde sobrevivem graças a uma cúmplice "Esther" que aqui - versão 2016 - está mais preocupada com a palavra de Cristo esquecendo a amabilidade e empatia que partilha com a sua - não assumida - família? Não... este Ben-Hur não me convenceu.
Não me convenceu pela óbvia e voluntária omissão de importantes detalhes que transformam toda a mensagem - bíblica, política e humanitária - da obra de Wyler (mesmo que os tempos "reais" fossem assumidamente outros), nem tão pouco pelos desempenhos "ultra-modernos" também eles preocupados com uma imagem Hollywoodesca que se tem de manter e não com a veracidade e credibilidade da época, dos momentos ou tão pouco da mensagem. Aqui, o bem também triunfa, é um facto, mas triunfa de uma forma quase paternalista e pouco isenta. Aqui todos sobrevivem e ultrapassam os seus problemas porque afinal... somos todos "irmãos". As químicas entre as diversas personagens foram em tempos indiferentes, distantes ou até mesmo indesejadas - que o confirme "Messala" e os impróprios olhares de "Naomi" - mas "agora", depois de uma dura corrida no circo romano - novamente, nem esta se aproxima da magnificência do de 1959 - todos compreendem que são "família", que todos se desejam e que a vida - tal como refere o "Ilderim" de Morgan Freeman... está para a frente.
Assim, o único elemento a manter semelhanças entre as obras de Wyler e Bekmambetov está, no entanto, na premissa de uma Roma impiedosa, de um Império forjado no sofrimento alheio que desespera pelo sangue das suas vítimas, transformando todos aqueles que vibram com o mesmo em novos - mas não iguais - "romanos" longe de Roma e portanto, toda uma vontade de ódio e vingança que apenas seriam acalmadas pela presença de um Cristo redentor que apela ao coração dos homens numa época e num espaço onde este insiste em não existir. Cristo esse que nem a sua morte tráz a redenção dos homens e que, enquanto elemento de dramatização da obra, deixa muito a desejar em relação ao magnetismo que Wyler conseguiu recriar... há quase cinquenta anos.
Com inspirações assumidamente desinspirada de Jack Huston e Toby Kebbell e nem tão pouco a sentida presença de Morgan Freeman consegue fazer-se notar, este Ben-Hur acaba por se transformar muito rapidamente, no mais recente título a incorporar a próxima listagem dos Razzies e daquele grande novo épico que... não o chegou a ser vencendo apenas em apontamentos técnicos como o guarda-roupa ou a direcção artística que não chegam para a credibilidade do mesmo que, já de si inexistente, se afunda com a inserção de uma canção original já bem perto do final cujo único propósito é... awards season.
Eventualmente interessante para uma nova geração de potenciais cinéfilos que miram os clássicos como obras pesadas e aborrecidas - shame on you - e que aqui vêem novos e frescos rostos a interpretar personagens diferentes naquilo que se chamava antigamente de "filme bíblico" mas que agora mais parece querer converter-se numa filme de acção... de época falhando, no entanto, em todas as suas eventuais pretensões. Nada contra Bekmambetov, afinal sou um fã confesso de Wanted com Angelina Jolie e o grande Morgan Freeman mas, na prática, aqui falhou redondamente em qualquer desejo de criar um novo épico que se recorde com bons olhos num futuro imediato.
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4 / 10
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Gene Wilder

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1933 - 2016
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Washakie y el Chico de las Manos Mojadas (2015)

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Washakie y el Chico de las Manos Mojadas de Eric Monteagudo e Orió Peñalver é uma curta-metragem espanhola de ficção ambientada no oeste norte-americano durante o século XVIII onde é relatada a viagem de Washakie (Bryan Ostolaza) um nativo americano em busca de água para salvar a vida do pai que, a dada altura da sua viagem, se cruza com um Cowboy (Daniel Horvath) por quem sente uma imediata e estranha atracção.
O argumento de Washakie y el Chico de las Manos Mojadas da autoria de Monteagudo contém interessantes e mordazes detalhes dignos de uma direcção que está, também ela, original, provocadora e extremamente bem sucedida. Num registo inicial, esta curta-metragem espanhola prende o espectador graças a todo um imaginário nativo-americano - a que tão vulgarmente chamamos índio - onde as danças tribais como preparação para as batalhas entre tribos e para com o inimigo "branco" e essas mesmas guerras e lutas cruzam as memórias que todos nós temos das eternas matinées televisivas onde perdíamos horas a testemunhar as mais diversas longas norte-americanas das décadas passadas e delirávamos com as mais diferentes incursões no cinema de género. Para qualquer um de nós que recorde ter vivido esses momentos, Washakie é, desde logo, um ponto positivo na recuperação dos mesmos.
Mas o sucesso desta curta-metragem não termina aqui. Toda a sua narração, imersa - a utilização desta palavra não é ao acaso dada a temática inicial da mesma - num misticismo abstracto que priva o espectador de um cenário de opulentas e majestosas paisagens brindando-o apenas com os elementos necessários para compreender que aquela viagem é repleta de perigos não só naturais como principalmente humanos, consegue fazer com que quem assiste a Washakie se preocupe com esses pequenos detalhes que o inserem num espaço normalmente inóspito. Em termos criativos, esta curta-metragem consegue portanto representar o selvagem oeste norte-americano como, ao mesmo tempo, manter a sua própria história e narração mostrando que os actores "em palco" não estão abandonados ou desprovidos de elementos que os transportem - e a nós - àquele lugar.
A água, tão importante então para a sobrevivência de populações que escassamente lhe tinham acesso, é uma constante. No entanto, o espectador é então levado para uma relação ora platónica ora de um intenso desejo entre os dois jovens homens que olham, observam e admiram o corpo do outro como que uma novidade que agora testemunham. Esta admiração que tanto pode ser confundida como a primeira mútua observação de "índio" e "homem branco", pode ser também confundida como uma relação homo-erótica estabelecida entre os dois jovens que não só começam a conhecer o mundo como também despertam para uma sexualidade que - tanto quanto é do conhecimento do espectador - está apenas agora a começar. Esta mútua contemplação - com breves momentos em que o toque e a sensação ganham forma e se assumem como fundamentais para a dinâmica entre ambos (como relação desejada e obviamente proibida) - é, também ela, submergida numa permanente lembrança da missão inicial - a água como elemento de salvação - e na diferença de "raças" (palavra tenebrosa) que então, mais do que nunca, fazia todo o sentido para uma terra que se pretendia conquistar e desbravar de influências indesejadas, ou seja, a sua população indígena.
Se a água é como uma salvação e se brota de um jovem cowboy que é então o "objecto" de admiração de um jovem nativo americano... poderá isto querer significar que a sua eventual relação não é, afinal, tão proibida como se poderia esperar? Ou, por sua vez, não poderá esta salvação de uma comunidade existir graças às "mãos" do outro? Num misticismo permanente que se cruza sem reservas num imaginário erótico, Washakie y el Chico de las Manos Mojadas parece ter brotado dos velhos western norte-americanos onde lendas e superstições cruzavam caminho com grandes batalhas, honra e continuidade de uma comunidade não esquecendo, no entanto, que esta continuidade é aqui vista com um olhar mais subversivo e felizmente pouco conservador que ganha forma graças a duas magníficas interpretações - de certa forma também elas contemplativas de um espaço ausente - de Ostolaza e Orvath, uma magnífica reconstituição histórica presente em detalhes como o guarda-roupa às mãos da dupla de realizadores em colaboração com Ana Peña e da pontual, mas essencial, direcção de arte de Eric Monteagudo, Miguel Monteagudo, Ricardo Ruiz e Gloria Tamarit que faz juz à velha expressão... less is more.
Destaque muito positivo ainda para a direcção de fotografia de Noel Mendez que abstrai o espectador da ausência de um cenário constante, obrigando-o a focar-se nos já referidos pequenos detalhes de construção de toda uma história de época sem que, no entanto, os actores estejam, de facto, lá.
Imaginativa, por vezes a exalar uma sensualidade quase animal e um interessante e mordaz retrato de uma sociedade que, então tal como agora, sobrevive à custa das necessidades maiores daqueles que num momento... nada têm.
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8 / 10
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Hipoglucemia (2015)

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Hipoglucemia de Mercedes R. Bodero e Jesús Cantón é uma curta-metragem espanhola de ficção que relata um pequeno mas decisivo momento na vida de um casal onde as redes sociais virtuais e a desconfiança se cruzam de forma fatal.
Ao ler de forma mais ou menos acidental as conversas que a sua mulher mantém numa rede social, um marido suspeita que a mulher enriqueceu com a lotaria e que não só se prepara para o abandonar agora que está doente como também irá a correr para os braços de outro homem.
Original pela sua construção como um filme de tempos idos onde as expressões corporais e faciais representavam todo um mundo de emoções, Hipoglucemia perde pela previsibilidade da história e elementos já comuns em diversos filmes do género. Facilmente perceptível a desconfiança e a suspeita que, de braços dados, encaminham o espectador para um suposto rumo que este percebe não ser correcto, esta curta-metragem espanhola perde-se com um conjunto de interpretações bem intencionadas mas frágeis na sua génese.
A já referida previsibilidade e todo um conjunto de lugares comuns já muito explorados - da suposta traição à morte e desta a uma vida de sonho que um não irá cumprir -, Hipoglucemia apresenta-se mais como um trabalho ensaio com alguns elementos técnicos bem construídos mas que, ainda assim, não conseguem elevar o trabalho final a uma curta-metragem que consiga explorar a sua mensagem no seu âmago com alguma originalidade.
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4 / 10
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Solari, The Origin of Ceviche or the Original Ceviche (2016)

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Solari, The Origin of Ceviche or the Original Ceviche de Sergio García é um documentário peruano em formato de curta-metragem sobre Pedro Solari, cozinheiro de 93 anos que continua a receber os seus clientes com a simpatia que o caracterizou.
Aristóteles Onassis, Rafaela Carrá, Cantinflas, Celia Cruz e John Wayne foram apenas alguns dos seus clientes mais famosos que não prescindiam do seu ceviche e se deslocavam repetidas vezes ao seu restaurante para disfrutar da simpatia e de uma boa refeição.
Num registo ameno e sem grandes inovações no estilo documental utilizado, Sergio García cria um documentário homenagem a um homem que dedicou a sua vida a uma paixão reconhecida internacionalmente e que lhe granjeou uma fama numa procurada mas alcançada. Simpático e curioso pelo lado histórico e factual, Solari, The Origin of Ceviche or the Original Ceviche é um pequeno e interessante documentário para os conhecedores da história, da gastronomia e das curiosidades que lhe estão inerentes.
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6 / 10
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domingo, 28 de agosto de 2016

Juan Gabriel

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1950 - 2016
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FARCUME - Festival Internacional de Curtas-Metragens de Faro 2016: os vencedores

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Foram hoje anunciados os vencedores da sexta edição do FARCUME - Festival Internacional de Curtas-Metragens de Faro que hoje termina na capital Algarvia. São eles:
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Ficção
1º Classificado: Born in Battle, de Yangzom Brauen (Suíça)
2º Classificado: Coming to Terms, de David Bertran (Espanha)
3º Classificado: Who's in the Fridge? (A Love Story), de Philippe Lamensch (Bélgica)
Menção Honrosa: Kuru, de Francisco Antunez (Portugal), Luto Branco, de Frederico Ferreira (Portugal) e TURP, de Liliana Gonçalves (Portugal)
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Documentário
1º Classificado: Nature Needs You, de Mark Pearce (Austrália)
2º Classificado: Sur les Pointes, de Diana Ricardo, Maria do Carmo Duarte e Sandra Carneiro (Portugal)
3º Classificado: When Our Gardens Grow Silent, de Mzung (Vietname)
Menção Honrosa: Espaço Memória - Tipografia Popular do Seixal, de Mário Sirgado (Portugal), O Barbeiro Guitarrista, de André Almeida Rodrigues (Portugal), Whale Aware, de Lauren Gilberson (EUA) e Entremundo, de Thiago B. Mendonça e Renata Jardim (Brasil)
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Animação
1º Classificado: The Beach Boy, de Hannes Ral (Singapura/Alemanha)
2º Classificado: The Edge, de Alexandra Averyanova (Rússia)
3º Classificado: Pronto, Era Assim, de Joana Nogueira e Patrícia Rodrigues (Portugal)
Menção Honrosa: Karouma, de Boubaker Boukhari (Emiratos Árabes Unidos) e Juan y la Nube, de Giovanni Maccelli (Espanha)
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Videoclip
1º Classificado: Tonight Is the Night, de Javier Chacártegui (Espanha)
2º Classificado: Can You Decide, de Lu Pulici (Itália)
3º Classificado: The Apple & the Serpent, de Cristina Vieira (Portugal)
Menção Honrosa: Broken Dance, de Konstantin Vihrev-Smirnov (Rússia), Walking Dead, de Luís Miranda (Portugal) e Caixinhas by Orblua, de Carlos Norton (Portugal)
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Curtíssima
Prémio Curtíssima: Stripes, de Tibo Pinsard (França)
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quinta-feira, 25 de agosto de 2016

Maria Eugénia

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1927 - 2016
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terça-feira, 23 de agosto de 2016

Shortcutz Viseu 2016: os nomeados

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O Shortcutz Viseu acaba de anunciar todos os seus nomeados do terceiro aniversário que serão premiados numa cerimónia a realizar no próximo dia 3 de Setembro no Carmo'81, em Viseu.
Entre os nomeados estão não só as curtas-metragens eleitas como a melhor de cada mês bem como num conjunto de outras categorias entre as quais Melhor Realizador, Actor e Actriz. São assim os nomeados:
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Melhor Curta do Ano
Arcana, de Jerónimo Ribeiro Rocha
Deus Providenciará, de Luís Porto
Doce Lar, de Nuno Baltazar
Gasolina, de João Teixeira
Kuru, de Francisco Antunez
Lei da Gravidade, de Tiago Rosa-Rosso
Luto Branco, de Frederico Ferreira
OOBE, de Joana Maria Sousa e Manuel Carneiro
Prefiro Não Dizer, de Pedro Augusto Almeida
O Silêncio Entre Duas Canções, de Mónica Lima
Vazio, de Bruno Gascon
Xico+Xana, de Francisco Falcão
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Melhor Actor
Miguel Borges, Encontradouro
Adriano Carvalho, Doce Lar
Jorge Cruz, Vazio
José Mata, Luto Branco
João Sá Nogueira, Xico+Xana
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Melhor Actriz
Isabel Abreu, Deus Providenciará
Sara Barros Leitão, Marta
Tânia Figueiras Ribeiro, Prefiro Não Dizer
Mia Tomé, Sintoma de Ausência
Joana de Verona, O Silêncio Entre Duas Canções
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Melhor Realizador
Jerónimo Ribeiro Rocha, Arcana
Luís Porto, Deus Providenciará
Francisco Antunez, Kuru
Bernardo Gomes de Almeida, Marta
Pedro Augusto Almeida, Prefiro Não Dizer
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Melhor Argumento
Arcana, Jerónimo Ribeiro Rocha
Deus Providenciará, Jaime Monsanto e Nuno Campos Monteiro
Lei da Gravidade, Tiago Rosa-Rosso
Luto Branco, Frederico Ferreira
Que é Feito dos Dias na Cave?, Tiago Primitivo
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Melhor Fotografia
Arcana, João Lança Morais
Gasolina, António Lima
OOBE, Joana Maria Sousa e Manuel Carneiro
Prefiro Não Dizer, Vasco Mendes
Sintoma de Ausência, Mário Ferronha
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Melhor Som
Arcana, Henrique Lima
Deus Providenciará, Nuno Maciel
Encontradouro, Sérgio Costa
OOBE, Luís Tomás
Vazio, Filipe Goulart
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Shortcutz Viseu - nomeados a Melhor Curta do Ano 2016

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À semelhança do que tem acontecido nos últimos dias, o Shortcutz Viseu anunciou hoje os seus últimos nomeados, ou seja, aqueles ao prémio de Melhor Curta do Ano que consiste nos vencedores mensais mais uma curta-metragem considerada de elevado valor artístico. São eles:
  • Arcana, de Jerónimo Ribeiro Rocha
  • Deus Providenciará, de Luís Porto
  • Doce Lar, de Nuno Baltazar
  • Gasolina, de João Teixeira
  • Kuru, de Francisco Antunez
  • Lei da Gravidade, de Tiago Rosa-Rosso
  • Luto Branco, de Frederico Ferreira
  • OOBE, de Joana Maria Sousa e Manuel Carneiro
  • Prefiro Não Dizer, de Pedro Augusto Almeida
  • O Silêncio Entre Duas Canções, de Mónica Lima
  • Vazio, de Bruno Gascon
  • Xico+Xana, de Francisco Falcão
O vencedor desta e demais categorias será revelado no próximo dia 3 de Setembro numa cerimónia a realizar no Carmo'81, em Viseu.
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European Film Awards 2016 - pré-selecção oficial

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A Academia Europeia de Cinema divulgou hoje a sua lista de longas-metragens de ficção pré-seleccionadas aos European Film Awards referentes ao corrente ano, que serão entregues no próximo dia 10 de Dezembro em Wroclaw - Capital Europeia da Cultura -, na Polónia. 
Esta selecção deriva de uma escolha por parte dos vinte países com maior representação junto da Academia Europeia de Cinema e de um comité composto por Péter Bognár (Hungria), Dave Calhoun (Reino Unido), Paz Lazaro Barquilla (Espanha), Christophe Leparc (França) e Alik Shpilyuk (Ucrânia) que incluíram outras obras representativas daquilo que de melhor se fez durante o ano na Europa.
As obras cinematográficas Europeias pré-seleccionadas são:
  • 24 Wochen, de Anne Zohra Berrached (Alemanha)
  • Abluka, de Emin Alper (Turquia/Qatar/França)
  • D'Ardennen, de Robin Pront (Bélgica/Holanda)
  • L'Avenir, de Mia Hansen-Love (França/Alemanha)
  • Ausma, de Laila Pakalnina (Letónia/Polónia/Estónia)
  • Bacalaureat, de Cristian Mungiu (Roménia/França/Bélgica)
  • Cartas da Guerra, de Ivo M. Ferreira (Portugal)
  • Chevalier, de Athina Rachel Tsangari (Grécia/Alemanha)
  • Córki Dancingu, de Agnieszka Smoczynska (Polónia)
  • Einer von Uns, de Stephan Richter (Áustria)
  • Elle, de Paul Verhoeven (França/Alemanha)
  • La Fille Inconnu, de Jean-Pierre Dardenne e Luc Dardenne (Bélgica/França)
  • Florence Foster Jenkins, de Stephen Frears (Reino Unido)
  • Hymalievä Mies, de Juho Kuosmanen (Finlândia/Alemanha/Suécia)
  • I, Daniel Blake, de Ken Loach (Reino Unido/França)
  • Já, Olga Hepnarová, de Tomás Weinreb e Petr Kazda (República Checa/Polónia/Eslováquia/França)
  • Julieta, de Pedro Almodóvar (Espanha)
  • Kollektivet, de Thomas Vinterberg (Dinamarca/Suécia/Holanda)
  • Köpek, de Esen Isik (Suíça)
  • Krigen, de Adam Nielsen (Dinamarca)
  • Mammal, de Rebecca Daly (Irlanda/Luxemburgo/Holanda)
  • En Man Som Heter Ove, de Hannes Holm (Suécia/Noruega)
  • Me'Ever Laharim Vehagvaot, de Eran Kolirin (Israel/Alemanha/Bélgica)
  • Mimosas, de Oliver Laxe (Espanha/Marrocos/França/Qatar)
  • Non Essere Cattivo, de Claudio Caligari (Itália)
  • Obce Niebo, de Dariusz Gajewski (Polónia)
  • El Olivo, de Iciar Bollaín (Espanha/Alemanha)
  • The Paradise Suite, de Joost van Ginkel (Holanda/Suécia/Bulgária)
  • La Pazza Gioia, de Paolo Virzì (Itália/França)
  • Perfetti Sconosciuti, de Paolo Genovese (Itália)
  • Pesn Pesney, de Eva Neymann (Ucrânia)
  • Prestir, de Rúnar Rúnarsson (Islândia/Dinamarca/Croácia)
  • Pyromanen, de Erik Skjoldbjaerg (Noruega/Suécia/Alemanha)
  • Quand on a 17 Ans, de André Téchiné (França)
  • Rauf, de Baris Kaya e Soner Caner (Turquia)
  • Room, de Lenny Abrahamson (Irlanda/Canadá)
  • S On Strane, de Zrinko Ogresta (Croácia/Sérvia)
  • Sieranevada, de Cristi Puiu (Roménia/França)
  • Smrt u Sarajevu, de Danis Tanovic (Bósnia-Herzegovina)
  • Der Staat Gegen Fritz Bauer, de Lars Kraume (Alemanha)
  • Suffragette, de Sarah Gavron (Reino Unido)
  • Suntan, de Argyris Papadimitropoulos (Grécia/Alemanha)
  • Tikkun, de Avishai Sivan (Israel)
  • Tiszta Szívvel, de Attila Till (Hungria)
  • Toni Erdmann, de Maren Ade (Alemanha/Áustria)
  • Truman, de Cesc Gay (Espanha/Argentina)
  • Uchenik, de Kiril Serebrennikov (Rússia)
  • Under Sandet, de Martin Zandvliet (Dinamarca/Alemanha)
  • Zjednoczone Stany Milosci, de Tomasz Wasilewski (Polónia/Suécia)
  • Ztraceni v Mnichove, de Petr Zelenka (República Checa)
Os nomeados nas categorias de Filme, Realizador, Actor, Actriz e Argumento serão conhecidos a 5 de Novembro próximo durante o Festival de Cinema Europeu de Sevilha, em Espanha.
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segunda-feira, 22 de agosto de 2016

Shortcutz Viseu - nomeados a Melhor Realização 2016

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À semelhança do que tem acontecido nos últimos dias, o Shortcutz Viseu anunciou hoje os cinco nomeados ao prémio de Melhor Realização do ano. São eles:
  • Jerónimo Ribeiro Rocha, Arcana
  • Luís Porto, Deus Providenciará
  • Francisco Antunez, Kuru
  • Bernardo Gomes de Almeida, Marta
  • Pedro Augusto Almeida, Prefiro Não Dizer
O vencedor desta e demais categorias será revelado no próximo dia 3 de Setembro numa cerimónia a realizar no Carmo'81, em Viseu.
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domingo, 21 de agosto de 2016

Shortcutz Viseu - nomeados a Melhor Som 2016

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À semelhança do que tem acontecido nos últimos dias, o Shortcutz Viseu anunciou hoje os cinco nomeados ao prémio de Melhor Som do ano. São eles:
  • Henrique Lima, Arcana
  • Nuno Maciel, Deus Providenciará
  • Sérgio Costa, Encontradouro
  • Luís Tomás, OOBE
  • Filipe Goulart, Vazio
O vencedor desta e demais categorias será revelado no próximo dia 3 de Setembro numa cerimónia a realizar no Carmo'81, em Viseu.
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sábado, 20 de agosto de 2016

Shortcutz Viseu - nomeados a Melhor Argumento 2016

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À semelhança do que tem acontecido nos últimos dias, o Shortcutz Viseu anunciou hoje os cinco nomeados ao prémio de Melhor Argumento do ano. São eles:
  • Jerónimo Ribeiro Rocha, Arcana
  • Jaime Monsanto e Nuno Campos Monteiro, Deus Providenciará
  • Tiago Rosa-Rosso, Lei da Gravidade
  • Frederico Ferreira, Luto Branco
  • Tiago Primitivo, Que é Feito dos Dias na Cave?
O vencedor desta e demais categorias será revelado no próximo dia 3 de Setembro numa cerimónia a realizar no Carmo'81, em Viseu.
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sexta-feira, 19 de agosto de 2016

Shortcutz Viseu - nomeados a Melhor Fotografia 2016

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À semelhança do que tem acontecido nos últimos dias, o Shortcutz Viseu anunciou hoje os cinco nomeados ao prémio de Melhor Fotografia do ano. São eles:
  • João Lança Morais, Arcana
  • António Lima, Gasolina
  • Joana Maria Sousa e Manuel Carneiro, OOBE
  • Vasco Mendes, Prefiro Não Dizer
  • Mário Ferronha, Sintoma de Ausência
O vencedor desta e demais categorias será revelado no próximo dia 3 de Setembro numa cerimónia a realizar no Carmo'81, em Viseu.
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quinta-feira, 18 de agosto de 2016

Madalena Sotto

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1916 - 2016
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Shortcutz Viseu - nomeados a Melhor Actor 2016

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À semelhança do que aconteceu ontem com as cinco nomeadas para Melhor Actriz, o Shortcutz Viseu anunciou hoje os cinco nomeados ao prémio de Melhor Actor do ano. São eles:
  • Miguel Borges, Encontradouro
  • Adriano Carvalho, Doce Lar
  • Jorge Cruz, Vazio
  • José Mata, Luto Branco
  • João Sá Nogueira, Xico+Xana
O vencedor desta e demais categorias será revelado no próximo dia 3 de Setembro numa cerimónia a realizar no Carmo'81, em Viseu.
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quarta-feira, 17 de agosto de 2016

Arthur Hiller

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1923 - 2016
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Shortcutz Viseu - nomeadas a Melhor Actriz 2016

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O Shortcutz Viseu anunciou hoje as cinco nomeadas ao prémio de Melhor Actriz do ano. São elas:
  • Isabel Abreu, Deus Providenciará
  • Sara Barros Leirão, Marta
  • Tânia Figueiras Ribeiro, Prefiro Não Dizer
  • Mia Tomé, Sintoma de Ausência
  • Joana de Verona, O Silêncio Entre Duas Canções
A vencedora desta e demais categorias será revelada no próximo dia 3 de Setembro numa cerimónia a realizar no Carmo'81, em Viseu.
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terça-feira, 16 de agosto de 2016

European Film Awards 2016: Documentários pré-seleccionados

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A Academia Europeia de Cinema divulgou hoje os quinze documentários em formato de longa-metragem pré-seleccionados para as cinco nomeações dos European Film Awards a atribuir em Dezembro próximo.
São eles:
  1. 21 X Nowy Jork, de Piotr Stasik (Polónia)
  2. Bella e Perduta, de Pietro Marcello (Itália)
  3. Bref Manuel de Liberation, de Alexander Kuznetsov (França)
  4. Déjà Vu, de Jon Bang Carlsen (Dinamarca)
  5. Ein Deutsches Leben, de Christian Krönes, Olaf S. Müller, Roland Schrotthofer e Florian Weigensamer (Áustria)
  6. Europe, She Loves, de Jan Gassmann (Suíça/Alemanha)
  7. A Family Affair, de Tom Fassaert (Holanda/Bélgica)
  8. Fuocoammare, de Gianfranco Rosi (Itália/França)
  9. Herr Von Bohlen, de André Shäfer (Alemanha)
  10. The Land of the Enlightened, de Pieter-Jan de Pue (Bélgica/Irlanda/Holanda/Alemanha)
  11. Mallory, de Helena Trestíková (República Checa)
  12. Mr. Gaga, de Tomer Heymann (Israel/Suécia/Alemanha/Holanda)
  13. O Pio Makris Dromos, de Marianna Economou (Grécia)
  14. Sobytie, de Sergei Loznitsa (Holanda/Bélgica)
  15. Den Unge Zlatan, de Fredrik Gertten e Magnus Gertten (Suécia/Holanda/Itália)
Os nomeados serão anunciados em Novembro próximo e a cerimónia de entrega dos European Film Awards irá decorrer no dia 10 de Dezembro em Wroclaw, na Polónia, Capital Europeia da Cultura 2016.
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Elke Maravilha

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1945 - 2016
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domingo, 14 de agosto de 2016

Fyvush Finkel

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1922 - 2016
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Alone (2013)

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Alone de Brock Torunski é uma curta-metragem canadiana de ficção e que versa sobre o fim dos tempos quando, num mundo pós-apocalíptico, um homem (Alex Vietinghoff) - o último homem na Terra - recorda o passado tendo em mente o seu presente, solitário e onde todo um conjunto de rotinas se limita à sua própria sobrevivência.
Realizador e actor assinam o argumento de Alone, uma invulgar curta-metragem sobre o fim dos tempos onde a acção não se concentra sobre qualquer tipo de cataclismo ou epidemia mas sim sobre a rotina diária de um homem que tenta encontrar sentido na sua sobrevivência. Sentido esse que passa pela sua resistência à passagem de um tempo não determinado onde as memórias começam a tornar-se dispersas e onde o sobrevivente em questão já começa a desconhecer tudo aquilo que lhe era familiar... a sua voz incluída.
A pergunta que as suas acções e reflexões desperta é apenas uma... qual o sentido de uma vida onde tudo permaneceu no mesmo local mas onde todos aqueles que o partilhavam desaparecerem e deixaram de existir? Como será o mundo se apenas "eu" existo e me limito a uma sobrevivência sem aparente sentido e que fará, com o meu desaparecimento, a confirmação da extinção humana?
Num ritual de reflexão sobre o sentido da vida - e até desta ser (ou não) uma vida -, como poderia esta alterar se, de repente, se descobrisse que o isolamento afinal não é como se equacionou até então? O que aconteceria se afinal se descobrisse que no seio de todo um deserto, existia mais uma pessoa que estava ali ao alcance de toda uma nova descoberta humana e social? Quem será a outra pessoa? Como conseguiu sobreviver? Onde esteve todos aqueles anos? Num momento em que tudo era questionado inclusive o sentido de uma vida que aparentava já não o ser, como regressar a um novo mundo de uma interacção social até então desaparecida?
Interessante, e até invulgar, pela forma como aborda a solidão independentemente do local temporal e físico em que se desenrola, Alone é acima de tudo uma reflexão sobre essa mesma solidão, sobre a forma como o Homem se esquece do mundo e até dos seus próprios rituais mas sobretudo sobre o poder da memória, do registo mental de um passado vivido e da vontade extrema da união e da interacção social quando esta parece impossível.
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7 / 10
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Domonic (2015)

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Domonic de Juan Cruz é uma curta-metragem espanhola de ficção que relata um dia na vida de Gastón (José Coronado), um homem extremamente organizado que usa os recursos energéticos para manter a sua vida e o seu espaço controlado. No entanto, aquilo que não espera é que esses recursos ganhem a sua própria consciência através de um rosto familiar.
O realizador e argumentista Juan Cruz recria uma história que tenta não tão subtilmente consciencializar o espectador de uma forma extrema - é um facto - sobre os usos (e abusos) excessivos de um consumo de energia. Considerando um planeta com um acentuado desgaste dos seus recursos e onde toda uma população vive a "crédito" dos mesmos, Domonic questiona o espectador sobre qual a sua necessidade pessoal dos mesmos face a uma vida que se tem cada vez mais rápida e exigente.
"Gastón" é um homem solitário, desligado do mundo - ou melhor, do planeta - e dos problemas que o mesmo enfrenta, contentando-se com uma vida plena de subtis excessos que o deixam pleno na sua existência ignorando que, lá fora, todo um planeta se ressente pelo exagero dos Homens. Num espaço que é a sua casa - de lar... nada tem... - que apenas divide com uma pequena cadela que o próprio praticamente ignora, "Gastón" possui um sistema informatizado que lhe confere todas as comodidades possíveis e imaginadas. É o rosto da sua falecida mãe (Terele Pávez) que o recebe todos os dias consciente dos seus excessos. Consciente dos seus abusos e principalmente da sua indiferença para todo um planeta que sofre vítima dos mesmos. "Gastón" precisa de uma lição... e ela como sua figura maternal incorporada num sistema informático é a única capaz de o chamar à razão... nem que seja pela força.
É a mensagem e a acção vingadora de uma mãe preocupada - agora não com ele mas sim com o planeta ao qual pertence "em espírito" - que o prende aos seus recursos como se de um refém se tratasse. Alguém incapaz de lidar com os próprios abusos que cometeu e que agora sofre de uma intensa ressaca que lhe poderá custar a sua própria vida. Extremo mas com uma nuance cómica-trágica que nos faz rir dos nossos próprios abusos ambientais e sociais, Domonic cria portanto a necessária consciencialização de Homem sobre o seu espaço, sobre o seu planeta e essencialmente sobre a necessidade - ou falta dela - de usufruir à exaustão de um bem que deveria ser comum... Será apenas na sua falta que o Homem se irá lembrar da sua importância e recordar aquilo que em tempos foi?!
Ainda que José Coronado entregue - uma vez mais - uma interpretação de um homem rude e de carácter forte, é a brilhante Terele Pávez que se destaca com mais uma composição de mulher vingadora e capaz de levar ao extremo as acções, reacções, desespero e pensamentos daqueles que caem nas suas "garras". Com uma presença que é quase exclusivamente composta pelas suas expressões e olhares "corrosivos", Pávez mostra o quão forte é... e que ninguém lhe escapa.
Ecologicamente mordaz... Domonic vai para além do simples filme curto... impondo-se de forma inteligente nas consciências de cada um de nós.
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7 / 10
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Year Six (2014)

Year Six de Austin Barbetto é uma curta-metragem norte-americana de ficção que se insere no sub-género filme pós-apocalíptico aqui filmado enquanto projecto de final de curso.
Ele (Mark Boucher) procura desesperadamente pela sua namorada Alice. Ao longo do seu caminho por um mundo posterior a um apocalipse que nunca conhecemos, encontra pequenas mensagens que ela lhe foi deixando com o tempo. Seis anos depois, poderá ele encontrar aquele que foi o amor da sua vida?
O realizador Austin Barbetto em colaboração com Mark Boucher escreveram o argumento desta curta-metragem que, inserindo-se num rico e prolífero género que sendo muito explorado não deixa de apresentar interessantes e enigmáticas histórias que permitem ao espectador deixar-se levar pelos recantos mais sombrios da sua imaginação exibe, no entanto, pequenas falhas que se compreendem pela falta de tempo, recursos e uma história... inacabada.
Recorrendo quase exclusivamente a espaços abandonados que recriam o ambiente de um território desolado por um qualquer cataclismo que nunca foi revelado - apesar de um breve tocar de sirenes que o nosso protagonista sonha num momento específico - e a uma planeada filmagem que tem apenas no seu protagonista o "único" interveniente a tempo inteiro, Year Six deixa, ao longo dos seus quase sessenta minutos de duração - a sensação de que este poderia ter sido mais... durante mais tempo.
Sem menosprezar o trabalho daqueles que não sendo profissionais depositam nesta história, esta curta-metragem (quase longa sem o saber) inicia a sua "kilometragem" de uma forma interessante ao revelar um protagonista solitário por um espaço inóspito - brilhantemente aproveitado os momentos de um eventual Outono mais "apagado" - que tem uma missão não tão misteriosa mas invulgar no género, ou seja, procurar o (seu) amor num momento em que tudo parece apontar para uma desistência (in)esperada. Os perigos não sentidos nos primeiros instantes, começam lentamente a revelar-se como uma constante... Afinal, é nos momentos de crise extrema que o verdadeiro carácter de cada um se manifesta, e numa época em que tudo aparenta ter terminado... o lado selvagem e desumano do Homem revela-se como que de um coma despertado. Cada um sobrevive como pode... e aqueles que (des)esperam na sua solidão são os mesmos que se tornam ainda mais selvagens, mais rudes, mais impiedosos e, como tal, os verdadeiros sobreviventes de um mundo que já não o é.
A dinâmica - de história e de espaço - de Year Six consegue aguentar-se intacta durante muito tempo mas são aqueles pequenos detalhes que, no entanto, parecem minar a confiança que o espectador deposita na história nomeadamente uma banda-sonora desajustada para a tensão dramática que se fazia esperar - estamos afinal num fim dos tempos e não num passeio pelo parque onde pensamos na vida... bom, esta última parte talvez até seja verdade - que apenas se agudiza com algumas interpretações secundárias que não fogem ao tido como normalizado no género e, como tal, tendem a banalizar as suas acções e os seus propósitos... se é que alguns.
A própria descrição desta curta-metragem como "uma longa que não o chegou a ser", não só condiciona a certo nível a opinião global do espectador como faz, ao mesmo tempo, compreender o porquê de tantos momentos que poderiam - deveriam - ter sido explicados e que se espera o teriam sido caso este projecto tivesse sido terminado como o realizador e restante equipa esperavam - a referida longa - e, se compreendemos os porquês dessas lacunas, não deixa de ser também uma realidade que Year Six perde um tanto a sua dinâmica e propósito se pensarmos que estamos perante um filme... que não o foi mesmo que não propositadamente.
Assim, e com a devida ressalva para os locais escolhidos para as filmagens que dinamizam e bem a acção e a direcção de fotografia da autoria do própria realizador, as interpretações fragilizadas por uma não conclusão da história, o já referido argumento relativamente linear para o género em questão e uma escolha musical bastante frágil, prejudicam o resultado final não deixando, no entanto, de ser uma simpática curta-metragem quase experimental - pela vontade expressa em contar uma história que não termina nem sequer dá lugar ao livre arbítrio do espectador - que fica, no entanto, num limbo por se perceber que os eu desfecho... não estará para chegar.
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4 / 10
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The End of the World (2012)

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The End of the World de Christopher Downs é uma curta-metragem espanhola de ficção que transporta o espectador para um futuro próximo onde a realidade não está tão distante daquilo a que tem assistido nos últimos anos.
A 1 de Maio de 2021 fazem-se sentir os efeitos de uma severa crise económica que antecedeu uma guerra. A população está dividida em grupos e a escassez de trabalho faz com que muitos definhem na fome e na miséria. Estados Unidos, Canadá, China e Japão, outrora grandes economias mundiais caem agora às mãos das Nações Unidas Africanas a quem pedem apoio humanitário. No meio desta miséria uns proliferam enquanto outros cedem à marginalidade. No meio está um Homem (Rafa Rojas-Díez) que observa o meio enquanto recorda o seu passado.
Para lá de tecnicamente ser um filme muito interessante, nomeadamente se observarmos a direcção de fotografia de Juan Luis Cabellos que emerge toda a atmosfera de The End of the World num futuro pós-apocalíptico resultante de uma sucessão de calamidades sem, no entanto, apresentar uma destruição física do espaço, aquilo que acaba por se tornar mais dinâmico em todo este filme curto é, sem margem para dúvidas, o seu argumento também ele da autoria de Christopher Downs que apresenta desde o primeiro instante o curioso facto de reverter os "pólos" colocando aquilo que hoje conhecemos como primeiro mundo agora afectado, destruído e desolado por uma guerra e crise que não pouparam ninguém enquanto que o chamado "terceiro mundo" é agora próspero e proeminente, encetando as mesmas pressões já conhecidas que hoje vigoram por parte dos países ditos mais industrializados.
A memória acaba por ser também um dos aspectos aqui trabalhados, apresentando uma réstia de lembrança daquilo que anteriormente era conhecido como a "Humanidade" (agora desfeita), e submergindo algumas das suas personagens, nomeadamente as de Rojas-Díez e Pávez, numa breve recordação daquilo que em tempos foram e do auxílio - quando necessário - que poderão ter prestado àqueles com quem se cruzavam... nessa "outra" vida. Memória esta que é, no entanto, afectada se pensarmos em toda a atmosfera deste filme... num mundo que está literalmente no "fim dos tempos" e onde todos parecem esperar por algo que, eles próprios já não conseguem identificar, ou seja, a sua própria sobrevivência. Um lugar onde todos acabam por ir definhando lentamente com o pouco - ou nada - que têm e que para lá têm caminhado de forma quase inconsciente na medida em que é, naquele instante, o normal e previsível de se ter ou fazer. Longe das esperanças de uma qualquer sobrevivência e ainda mais longe das recordações de um passado agora distante, todos aqueles que habitam este mundo "moderno" mais não são do que fantasmas de um passado que, também ele, morreu.
O crime prolifera. O vandalismo e a marginalidade são reis. Todos esquecem a comunicação como um elo entre si dando lugar a uma consciência de insignificância que os impede da mesma e apenas os escassos e tímidos olhares entre si podem representar um pensamento ou, por vezes, uma emoção. A bondade desapareceu e à miséria sucedem-se os cortes de electricidade, a desertificação, o abandono ganhando forma o desespero dos cidadãos - agora meramente identificados por uma letra e, como tal, desprovidos da sua identidade - nas enormes filas para um emprego que nunca irá chegar fazendo, pelo caminho, crescer todos aqueles que lucram com o negócio fácil e a desgraça alheia.
O assustador está naquele exacto momento em que o espectador pensa no quão próxima está a acção deste filme como a realidade de um presente não imaginado, onde a crise financeira se apoderou da vida de milhões e onde a data - futura - desta curta-metragem não está num futuro assim tão distante.
Com um conjunto de actores conhecidos da cena artística espanhola onde se destacam o protagonista - e também produtor - Rafa Rojas-Díez, Terele Pávez, Ricard Sales ou Fernando Tielve, The End of the World apresenta com primor a sua caracterização e guarda-roupa que (re)criam o ambiente perfeito de um espaço desolado que ignorando a guerra física - não o será também uma aquela que é a económica? -, este fim do mundo (como o conhecemos) acaba por se tornar numa imagem futurista de um presente assustadoramente real.
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8 / 10
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The Gift (2010)

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The Gift de Carl Rinsch é uma curta-metragem britânica de ficção do mesmo realizador de 47 Ronin (2013) cuja acção se centra numa Rússia futurista onde um misterioso presente tem de ser entregue com a máxima urgência.
O inevitável acontece quando um homem descobre o verdadeiro conteúdo do presente que tenta entregar e deseja, para lá de todas as suas possibilidades, mantê-lo no seu poder. Numa corrida contra o tempo e num mundo aparentemente autoritário e policiado por todos os cantos, como poderá a ganância resistir numa luta constante pelo poder?
Das luxuosas estações de metro ao esplendor da Praça Vermelha em Moscovo tendo o Kremlin como pano de fundo, The Gift deslumbra pelo seu imponente aspecto visual que nos leva ainda a elegantes interiores de apartamentos palácio que cativa o espectador sedente de todos os pequenos detalhes que lhe são apresentados. (In)consciente desta realidade, o realizador e argumentista Carl Rinsch apresenta um filme curto que é, essencialmente, uma revisitação à premissa da Caixa de Pandora. Incutido de um elevado sentido de responsabilidade em fazer chegar aquele magnífico presente ao seu real - supomos - dono, um homem percorre os mais sumptuosos locais de uma Moscovo futurista onde o controlo parece espreitar por todos os lados. No entanto, revela-se a grande questão... quando todos se deixam fascinar pelo conteúdo daquela caixa... irá ela conferir riquezas inimagináveis ou, por sua vez, trazer a destruição e morte àqueles que a ousam abrir?
As sucessivas mortes e as perseguições alucinantes por uma Moscovo onde todos parecem ser suspeitos, e que fazem a nova (ou velha?!) versão da Caixa de Pandora seguir de mão em mão seduzindo e induzindo todos aqueles que a vislumbram a cometer o crime de a desejarem, revelam ao espectador que o pecado da cobiça se mantém vivo e desperto deixando pelo caminho - com as mortes mais ou menos aparatosas - as vítimas que em vida acharam poder ter mais do que aquilo que lhes competia.
Num mundo que é assumidamente o futuro dos nossos dias, aquilo que se mantém intacto independentemente da época em questão é a cobiça do Homem. O inalterado desejo de que existe algo mais - sempre mais - que se deseja e quer, leva o Homem ao impensável, à ganância, ao desdém, à inveja e ao facto de em breves segundos poder cometer toda uma diferente paleta de crimes ou pecados mortais pois está no direito - apenas o seu - de exigir e querer sempre aquilo que não lhe está destinado.
Com admiráveis sequências de acção e inspirados momentos em que as belezas não naturais de Moscovo são captadas como o perfeito enquadramento de uma história futurista, The Gift é uma mordaz reflexão sobre o mundo dos homens que, independentemente da sua idade ou estrato social, desesperam pela próxima Caixa de Pandora prestes a libertar toda a sua destruição.
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7 / 10
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sábado, 13 de agosto de 2016

Festival del Film Locarno 2016: os vencedores

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Foram hoje anunciados os vencedores da mais recente edição do Festival del Film Locarno a decorrer na Suíça desde o passado dia 3 de Agosto e, entre eles, destaca-se a vitória de João Pedro Rodrigues pel'O Ornitólogo como Melhor Realizador. A vitória de João Pedro Rodrigues constitui a terceira vitória consecutiva de um realizador de um filme português no respectivo festival depois de em 2014 ter vencido Pedro Costa por Cavalo Dinheiro e em 2015 Andrzej Zulawski por Cosmos.
De destacar ainda a vitória do Leopardo de Ouro por O Auge do Humano de Eduardo Williams na secção Cineasti del Presente (primeira ou segunda longa-metragem).
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Competição Internacional
Leopardo de Ouro: Godless, de Ralitza Petrova
Prémio Especial do Júri: Inimi Cicatrizate, de Radu Jude
Realização: João Pedro Rodrigues, O Ornitólogo
Actor: Andrzej Seweryn, Ostatnia Rodnizina
Actriz:
Irena Ivanova, Godless
Menção Especial: Mister Universo, de Tizza Covi e Rainer Frimmel
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Cineasti del Presente
Leopardo de Ouro: O Auge do Humano, de Eduardo Williams
Prémio Especial do Júri: The Challenge, de Yuri Ancarani
Realizador Emergente: Mariko Tetsuya, Destruction Babies
Menção Especial: Viejo Calavera, de Kiro Russo
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Primeira Obra
Primeiro Filme: El Futuro Perfecto, de Nele Wohlatz
Prémio Swatch Art Peace Hotel: Gorge Coeur Ventre, de Maud Alpi
Menção Especial: O Auge do Humano, de Eduardo Williams
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Pardi di Domani - Internacional (curtas-metragens)
Pardino d'Oro: L'Immense Retour, de Manon Coubia
Pardino d'Argento: Cilaos, de Camilo Restrepo
Locarno European Film Awards: L'Immense Retour, de Manon Coubia
Prémio Film und Video Untertitelung: Valparaiso, de Carlo Sironi
Menção Especial: Non Castus, de Andrea Castillo
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Pardi di Domani - Nacional
Pardino d'Oro: Die Brücke Über Den Fluss, de Jadwiga Kowalska
Pardino d'Argento: Genesis, de Lucien Monot
Prémio Revelação: La Sève, de Manon Goupil
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Prémio do Público: I, Daniel Blake, de Ken Loach
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Prémio Variety Piazza Grande: Moka, de Frédéric Mermoud
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Kenny Baker

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1934 - 2016
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terça-feira, 9 de agosto de 2016

Offline (2016)

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Offline de Guilherme Trindade é uma longa-metragem portuguesa feita com um conjunto de actores da nova geração como Duarte Gomes, Íris Cayatte, Sara Barros Leitão, Daniela Love, João Nunes Monteiro, Miguel Lemos e João Harrington Sena aos quais se juntam alguns nomes confirmados como Ana Bustorff e Emília Silvestre em interpretações secundárias.
Feito inicialmente para a RTP, Offline conta-nos a história de Tiago (Duarte Gomes), recentemente chegado a Portugal vindo de uma missão humanitária por África e que começa a trabalhar como professor de História e Geografia num colégio. Rita (Íris Cayatte), a sua vizinha do lado, é uma informática reclusa no seu apartamento e incapaz de mostrar qualquer comportamento social dito normal distanciando-se de qualquer forma de socialização exterior ao mesmo. Os dois encontram-se... Conhecem-se e parecem desenvolver uma química por explorar que os poderá aproximar bem como ao mundo que os rodeia... Quer a nível pessoal como sentimental.
Ivone Rodrigues, João Harrington Sena e Guilherme Trindade escrevem o argumento de Offline naquela que é uma história sobre as relações inter-pessoais de uma nova geração habituada às redes sociais e à informatização dos relacionamentos esquecendo, por outro lado, que existe todo um mundo distante dos toques de um telemóvel ou das teclas de um computador onde pessoas reais com emoções, expressões e sentimentos espontaneamente manifestados vibra e se faz sentir. Actual e bastante pertinente, esta história remete o espectador para a análise de dois universos "virtualmente" díspares como são os de "Tiago", um jovem distanciado dos telemóveis, da televisão, da informática e claro, das redes sociais, mas habituado sim à confraternização com as pessoas com quem se cruza. Do outro lado encontramos "Rita", uma jovem socialmente inadaptada para quem a interacção com outras pessoas representa um desafio que parece ser difícil de ultrapassar, que se assumem como os protagonistas de uma invulgar e inesperada história de amor. À sua volta todo um conjunto de amigos que os cruzam como "Carla "Sailorspoon"" (Sara Barros Leitão) e "Leonardo "Davintji"" (João Nunes Monteiro), ela uma vlogger famosa cujos vídeos a fazem sentir-se ligada ao mundo sem, no entanto, esquecer o seu intensa e bem sucedida faceta social que a aproxima de inúmeros amigos e ele o típico vlogger nerd que aproveita os melhores dias da sua juventude, sem esquecer "Marco" (Miguel Lemos) e "Diana" (Daniela Love), o resultado de um casal "moderno" fruto da interactividade das redes virtuais que comunica quase exclusivamente por mensagens até ao momento "final" em que se conhecem vivendo uma química emergente mas com alguns segredos por revelar.
Se o tema das relações, e por consequência o amor, é um (senão o) tema principal desta longa-metragem, não será menos correcto afirmar que este surge como um aspecto de um conjunto de personagens socialmente inadaptadas - mas apaixonantes - nas relações físicas que se estabelecem entre todos e que por várias condicionantes se tornam por vezes mecânicas, pouco espontâneas ou até mesmo pouco naturais. As relações inter-pessoais surgem deterioradas, mostrando personagens que comunicam através de siglas virtuais - a nova linguagem - e não por um conjunto natural de assuntos partilhados em comum como que o resultado de algo mecânico... É um facto que as novas tecnologias aproximam as pessoas distantes e espalhadas pelos mais exuberantes locais do mundo mas, por outro lado, até que ponto não distanciarão aquelas que de "nós" mais perto se encontram?!
"Tiago" e "Rita" são assim o resultado de uma sociedade moderna mas, todavia, em lugares bem distintos da mesma. Ele centrado num mundo onde os olhares e as relações físicas se sobrepõem a tecnologias que chegam ao mundo mas que, por sua vez, o afastam do mesmo. Posição esta que aliás, o distancia e lhe dificultam uma vida profissional alvo das várias ameaças encapotadas de Isabel (Emília Silvestre) a directora de colégio onde dá aulas que não desarma face à auto-exclusão informática de um professor "fora do seu tempo". Já "Rita" é uma mulher afastada da sociedade... Sem amigos - apenas uma que conhecemos - e sem grande tacto para uma conversa que dure mais de um minuto, ela refugia-se numa profissão que a levam a entrar cada vez mais num isolamento auto-imposto enquanto o mundo continua "lá fora". Mas, como o ditado já é antigo... poderão estes opostos atrair-se?!
É aqui que entra aquele que considero como o mais apaixonante desta longa-metragem - que afirmo ter sido uma simpática e muito agradável surpresa - quando observamos a interacção entre o casal protagonista e a evolução que ambos têm a um "centro". "Tiago" vê-se (in)voluntariamente forçado a abraçar o mundo do qual se tem mantido distante e abrir o seu espaço às novas tecnologias e a toda a informação que lhe chega à distância de um click... Por sua vez é "Rita" que revela a maior transformação - e adaptação - a um mundo de interacção física e pessoal abraçando a existência de um mundo para lá das redes sociais e da lividez da informatização conhecendo aqueles que estão para lá da porta da sua casa... Transformação essa que inicialmente a revelam como uma inadaptada e que depois, muito lentamente, mostram como ele conhece todo esse admirável mundo novo de emoções, de sensações e de um conhecimento e amadurecimento sentimental que desenvolve com "Tiago" como o seu não só novo amigo como um amor que a poderá ver crescer para lá de uma simples evolução etária.
Com um desfecho apaixonante e que cativa pela forma como se revela esta evolução sentimental naquele que é um dos momentos mais apaixonantes de um novo cinema português, Offline "agarra" o espectador pelas leves e inspiradas interpretações de um conjunto de grandes e novos talentos nacionais que interpretam uma história terna e actual, pela inspirada interpretação de uma "vilã" simpática a cargo de Emília Silvestre e a recuperação de uma desaparecida Ana Bustorff que, apesar da sua brevíssima interpretação, seduz pelo encanto e presença marcante.
Uma pena que Offline ainda não tenha recebido o merecido destaque pela simpática e profissional execução de uma obra que é ligeira e representativa de um cinema comercial e abrangente, que não cai em lugares comuns e que, ao mesmo tempo, se apresenta longe de pretensões, primando apenas pela entrega de um conjunto de profissionais que querem contar uma boa história.
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"Rita: Qual a diferença entre a cola, um avião e a família?
Filipe: Qual?
Rita: A cola... cola... e o avião descola...
Filipe: E a família?
Rita: Vai bem obrigado!"
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8 / 10
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segunda-feira, 8 de agosto de 2016

Bad Moms (2016)

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Mães à Solta de Jon Lucas e Scott Moore é uma longa-metragem norte-americana de comédia da mesma equipa que esteve por detrás do argumento da trilogia Hangover (2009), (2011) e (2013).
Amy (Mila Kunis) é uma mãe com excesso de responsabilidade num lar que não a compreende, num trabalho que não a respeita e num casamento no qual o marido não lhe é fiel. Quando tudo parece estar a ruir à sua volta, Amy conhece Carla (Kathryn Hahn) e Kiki (Kristen Bell), duas mães às quais, tal como ela, não lhes é reconhecido o devido mérito e valor. Quando a sua união na rebeldia afronta a toda poderosa Gwendolyn (Christina Applegate), Presidente da Associação de Pais, as três mulheres percebem que apenas na sua amizade e na sua liberdade poderá residir a resposta a todos os seus problemas.
Tendencialmente adverso que sou a estas comédias que se assumem desde o primeiro instante como "brejeiras" em excesso, o facto é que acabo por não conseguir resistir a vê-las na esperança de poder ou simpatizar ou, por outro lado, fazer um daqueles comentários mordazes e sarcásticos deixando a verve correr com satisfação. Aqui, com Bad Moms prevaleceu a primeira hipótese. Reunindo aquilo que de melhor foi feito com Hangover onde um conjunto de homens amigos adultos e eternos adolescentes revivem uma juventude que já passou questionando-se sobre quem são na realidade num presente repleto de responsabilidades, a dupla de realizadores e argumentistas cria uma história que não sendo necessariamente para mulheres é, fundamentalmente, sobre elas. As personagens interpretadas por Kunis, Hahn e Bell são três mulheres que perdidas no e com o passar dos anos esqueceram aquilo que era fundamental... quem elas próprias eram. Com desejos e sonhos por cumprir e a viverem casamentos e relações falhadas e por concretizar, carreiras profissionais nem sempre - ou quase nunca - bem sucedidas e todo um conjunto de responsabilidades acrescidas que não conseguem largar, a estas três mulheres falta a cumplicidade de um grupo de verdadeiras amigas com quem possam celebrar um pouco daquela juventude e brilho que se perdeu. Perdidas nos seus trinta's e sem grandes perspectivas ou motivos para acordarem no dia seguinte, são os pequenos detalhes da sua própria individualidade que irá premir o gatilho de toda uma nova transformação.
A "Amy" de Kunis, personagem central e à volta da qual tudo acontece, é uma mulher vítima dessa perda de individualidade. Mulher adulta, dona de uma carreira que na realidade não tem, mãe, mulher, dona-de-casa vive concentrada em todos alegrar sem na realidade perceber quem é ou o que a faz ser feliz. Dotada de uma capacidade extrema de deixar os demais tranquilos nos seus afazeres assumindo até as suas responsabilidades e tarefas, "Amy" atinge um ponto de ruptura com uma traição dentro da sua própria casa e que desconhecia. É depois de toda uma sucessão de acidentes de percurso, de tarefas mal executadas e de atingir o ponto mais baixo da sua vida - pensa ela - que o improvável apoio chega de mulheres que, tal como ela, são consideradas (até pelas próprias) como nódoas numa existência sem sentido.
É a tal relação e proximidade por identificação que as transforma. De meras conhecidas a amigas que partilham objectivos, com defeitos e qualidades que se complementam das formas mais inesperadas e que, a seu tempo, as fazem sentir aquilo que já haviam esquecido... pessoas com a sua própria individualidade e personalidade. Com as suas expectativas, sonhos, desejos, ânsias e claro... a eterna vontade de serem realmente amadas por alguém que delas goste... tal como são.
Se Kunis incorpora um certo estilo narrativo e personagem principal de uma história que, na realidade, todos nós podemos identificar em alguém que conhecemos, são as suas parceiras de crime - pelo bem e pelo mal - que resgatam os melhores e mais ousados momentos de comédia de Bad Moms. De uma eterna secundária como Kathryn Hahn que com a sua "Carla" confere os momentos mais ousados e sexuais desta longa-metragem numa interpretação que consegue impôr-se pela sua estranha e invulgar sensualidade a uma eventualmente inocente e tímida Kristen Bell que com a sua "Kiki" revela ter o seu próprio fogo por revelar numa interpretação de uma mulher submissa - e passivo-agressiva - que mais do que "Amy" precisa impôr-se numa relação marital e familiar onde é o capacho de serviço. É a sua primeira saída em grupo - já quase sem noção dos seus próprios sentidos - que lança o mote àquilo que faltava nas suas vidas... uma boa dose de loucura, toda ela exposta numa ida às compras.
No entanto, seria injusto falar do trio protagonista sem referir a actriz que completa a quadra... Christina Applegate que regressa em boa forma desde The Sweetest Thing (2002), de Roger Kumble e aqui como a vilã de serviço capaz de sodomizar e torturar todos aqueles que vão contra a sua vontade e ordens mas que é, também ela, uma cruel insatisfeita com os destinos que a sua vida levou comprovando, uma vez mais, que se escondem por detrás de todos os maus actos de alguém, as amarguras e desejos pro cumprir que aos poucos vão eliminando o sonhador que em tempos se foi.
No fundo Bad Moms será aquilo que se poderá chamar de o outro lado de um filme sobre a adolescência, ou seja, aqui o espectador observa todos aqueles que estão por detrás desse tão importante período na vida de cada um onde todas as transformações e descobertas se evidenciam mostrando, por sua vez, aqueles que os guiam... os pais. Pais que se esqueceram de si quando percorriam como observadores o caminho dos filhos... Pais que tantas vezes tudo abdicam por um futuro melhor para os seus... Pais que se esquecem da sua própria individualidade, desejos, segredos, sonhos, desejos e aspirações porque um dia "perceberam" ter alguém que era mais importante do que eles e que, quando os filhos já têm as suas próprias ambições, param e pensam... "e agora?"...
Muito ao estilo de Hangover mas agora com um elenco predominantemente feminino, Bad Moms exerce o mesmo efeito que a referida trilogia conseguindo captar a atenção de um público também masculino por revelar não só o outro lado de uma dupla como pelo humor divertido, por vezes assanhado e sempre mordaz que uma comédia fresca e bem disposta deve(rá) ter, com um ritmo intenso e poucos momentos que o espectador possa considerar "over the top" e um elenco com quatro grandes actrizes sempre dispostas a dar o seu melhor com garra, alma e muita atitude.
Não foi preciso ir para Las Vegas... Bad Moms revela que nos pacatos e eventualmente conservadores subúrbios de uma atarefada Chicago também existem histórias disponíveis - e altamente recomendadas - para serem contadas.
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7 / 10
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domingo, 7 de agosto de 2016

Shortcutz Viseu - vencedor de Julho

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O Shortcutz Viseu anunciou que a curta-metragem Vazio, de Bruno Gascon é a vencedora do mês de Julho. Desta forma torna-se assim a mais recente candidata ao prémio de Melhor Curta do Ano a eleger durante a cerimónia de terceiro aniversário do Shortcutz Viseu a realizar a 3 de Setembro próximo.
A curta-metragem de Bruno Gascon junta-se assim às anteriores vencedoras que estão a competir pelo prémio de Melhor Curta-Metragem do Ano sendo elas Deus Providenciará, de Luís Porto, O Silêncio Entre Duas Canções, de Mónica Lima, Doce Lar, de Nuno Baltazar, Lei da Gravidade, de Tiago Rosarosso, Oobe, de Joana Maria Sousa e Manuel Carneiro, Xico+Xana, de Francisco Falcão a.k.a. Fakano, Gasolina, de João Teixeira, Kuru, de Francisco Antunez, Arcana, de Jerónimo Rocha e Luto Branco, de Frederico Ferreira.
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