segunda-feira, 27 de junho de 2016

Bud Spencer

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1929 - 2016
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Fest - New Directors New Films Festival 2016: os vencedores

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Terminou ontem a 12ª edição do FEST - New Directors New Films Festival que decorreu em Espinho, tendo sido anunciados os vencedores nas diversas categorias, sendo eles:
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Lince de Ouro - Ficção: Aloys, de Tobias Nölle (Suíça/França)
Menções Honrosas: Easy Ball, de Juan Fernandez Gebauer e Nicolas Suarez (Argentina), The Fits, de Anna Rose Holmer (EUA) e Granny’s Dancing on the Table, de Hanna Sköld (Suécia)
Lince de Ouro - Documentário: Irmãos, de Pedro Magano (Portugal)
Menção Honrosa: Starless Dreams, de Mehrdad Oskouei (Irão)
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Lince de Prata - Curta-Metragem de Ficção: Hold On, de Charlote Scott Wilson (Holanda)
Menção Honrosa: Considerations on Smoke and Moss, de Artur Miranda (Brasil)
Lince de Prata - Curta-Metragem Documental: Alphonsine, de Matthieu Raulic (Bélgica)
Menção Honrosa: Three Women, de Alexis Delgado Burdalo (Espanha)
Lince de Prata - Curta-Metragem de Animação: Fury, de Paulina Wyrt (Polónia)
Menção Honrosa: Manoman, de Simon Cartwright (Reino Unido)
Lince de Prata - Experimental: Novacieres, de Marine Brutti, Jonathan Debrower, Arthur Harel e Céline Signoret (França)
Menção Honrosa: Eat My Dream, de Jessica Dürwald (Alemanha)
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NEXXT: O Que é Feito dos Dias na Cave, de Rafael Almeida (Portugal) - UBI
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FESTinha: Loopi Gugo, de João Sousa (Portugal) e Temperar a Gosto, de Susana Neves (Portugal)
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Grande Prémio Nacional: As Rosas Brancas, de Diogo Costa Amarante
Menções Honrosas: A Tua Plateia, de Óscar Faria, Il Suo Nome, de Pedro Lino, A Minha Juventude, de Rita Quelhas, Pronto, Era Assim, de Joana Nogueira e Patrícia Rodrigues e Caça Revoluções, de Margarida Rego
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Cineuropa - Prémio do Público Longa-Metragem: Starless Dreams, de Mehrdad Oskouei (Irão)
Cineuropa - Prémio do Público Curta-Metragem: Getting Fat in a Healthy Way, de Kevork Aslanyan (Bulgária)
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sábado, 25 de junho de 2016

Giuseppe Ferrara

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1932 - 2016
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Peter B. Hutton

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1944 - 2016
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sexta-feira, 24 de junho de 2016

Independence Day: Resurgence (2016)

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O Dia da Independência: Nova Ameaça de Roland Emmerich é a esperada sequela do êxito de 1996 que, vinte anos passados, recupera a já esperada re-invasão do Planeta Terra pelas mãos de uma horde alienígena que pretende capturar os recursos do mesmo para a sua subsistência eliminando, dessa forma, toda a vida conforme os humanos a conhecem.
Num mundo transformado pelo património tecnológico deixado após a invasão de 1996, o Planeta Terra recebe novos indícios de um novo ataque está iminente. O antigo Presidente Whitmore (Bill Pullman) é agora um homem atormentado física e psicologicamente por todos os traumas de uma guerra então desconhecida. Vetado a um auto-isolamento onde vive atormentado pelos pesadelos dos trágicos dias de há vinte anos, Whitmore "acorda" para a dura realidade de que os factos se vão repetir... e em maior escala.
David Levinson (Jeff Goldblum), agora um enviado do governo norte-americano aos locais onde existem indícios extra-terrestres volta, também ele, a pressentir que algo se prepara enquanto toda uma nova força de jovens ases militares composta por Jake Morrison (Liam Hemsworth), Dylan Hiller (Jessie T. Usher) - filho de "Steve Hiller" interpretado por Will Smith aqui não presente - e Patricia Whitmore (Maika Monroe) vão enfrentar o perigo uma vez que este chegue finalmente ao planeta.
Já sem a presença de Will Smith ou de Margaret Colin que teve uma presença secundária mas determinante na trama de Independence Day (1996) e com uma Jasmine Hiller (Vivica A. Fox) com uma participação especial e meramente figurativa, o argumento de Independence Day: Resurgence da autoria do realizador em colaboração com Dean Devlin, Nicolas Wright, James A. Woods e James Vanderbilt centra-se quase exclusivamente num novo desfile de dispendiosos efeitos especiais, na introdução de uma "segunda geração" de guerreiros que pressupõe de igual forma a despedida da primeira, e num ideal de um planeta unido em torno de um bem comum - a sua própria segurança - graças a uma sociedade tecnologicamente avançada às custas dos despojos de guerra deixados na Terra em 1996.
Resumindo, do elenco original já faltam alguns actores cujas personagens ou desapareceram por força das circunstâncias ao longo do título original ou que, por sua vez, a passagem dos tempos e dos riscos que lhe estavam inerentes, os fez "desaparecer" sem deixar rasto - ou por outra forma de o dizer... alguns não quiseram voltar a fazer parte deste capítulo das suas carreiras profissionais - e, desta forma, existem (vinte anos depois), toda uma nova geração de actores (então crianças ou adolescentes) que poderão agora tomar o controle dos destinos do nosso planeta sacrificando e inovando os seus desempenhos a cada dia que passa. Simpática - ainda que relativamente previsível - a recuperação de "Dylan" e "Patricia" para Independence Day: Resurgence agora como jovens adultos e combatentes num mundo que ainda que pacificado, não pode esquecer os duros dias do Verão de '96 em que tudo e todos foram ameaçados. Com os seus próprios dramas pessoais - ainda que pouco explorados - onde a amizade e a fidelidade à família (antiga e futura) em causa, estas personagens como, na prática, todas as demais ficam muito aquém do respectivo e merecido desenvolvimento que poderia de melhor forma ilustrar como passaram esses tais vinte anos e como lidaram - ou lidam - com as perdas pessoais que os mesmos lhes granjearam destacando apenas, e ainda que de forma muito tímida, o cada vez mais cómico e excêntrico "Dr. Okun" de Brent Spiner que não tendo registado grande evolução na sua personagem (por motivos que apenas irá perceber que fôr ver este filme) consegue, no entanto, ser aquele que se destaca de todos os demais mesmo que com uma participação pontual. Como o desenvolvimento da personagem é, normalmente, colocado para segundo plano neste género de filmes onde o caos e a desordem reinam, Independence Day: Resurgence centra-se basicamente naquilo em que se espera que seja bom... os seus efeitos especiais. Não sendo especialista no infindável mundo que os sustenta, a única coisa que posso dizer enquanto espectador é que foi uma prova superada e não só os temos para todos os gostos como presentes do primeiro ao último instante. Mas, mesmo aqui, poderia ter existido um melhor aproveitamento do mesmo começando pela exploração de todo um mundo novo - o interior da gigantesca nave-mãe - não o remetendo para pequenos segmentos que são, também eles, francamente esperados e previsíveis. Simpáticos para a dinâmica de acção de Independence Day: Resurgence mas... previsíveis.
Previsível também - e algo que começa por se tornar numa "tendência" do género - é a simpática aliança sino-americana naquela que é uma clara piscadela de olho ao público chinês. Certo, já percebemos... este filme tem mais hipótese de recuperar tudo aquilo que foi gasto na sua concepção apenas com o público chinês mas... sejamos honestos, existem formas menos óbvias de o fazer sem que o líder de toda a estação lunar seja chinês e uma das mais experientes pilotos seja a sua sobrinha... também ela chinesa. Estamos em 2016, e com certeza todos nós sabemos que a China não é um canto isolado do mundo pelo qual a inovação e o progresso não passaram...
Assim, com momentos mais ou menos empolgantes que na prática foram mais bem sucedidos no título do século XX do que aqui, Independence Day: Resurgence é aquilo que dele se espera... um blockbuster pronto a fazer dinheiro nas bilheteiras durante este Verão... um sem número de elaborados efeitos especiais que tentam - e alguns conseguem - surpreender pela sua qualidade... uma história sem grande novidade na história (?) para além do envelhecimento e desaparecimento de algumas das suas personagens e a clara apresentação da "nova geração" que, como o próprio filme deixa adivinhar, esteve em treinos para o eventual terceiro e derradeiro título onde "all bets are off"...
Será de esperar ver algo diferente? Obviamente que não... Estamos perante alguns lugares comuns e piadas forçadas do estilo "eles gostam de locais históricos para destruir"?... sim! Consegue Independence Day: Resurgence distrair, divertir e cumpre a função enquanto filme de acção?! Sem dúvida alguma... não deixa o impacto que teve o seu predecessor mas, ainda assim, cumpre a sua missão enquanto um bom filme de entretenimento que irá fazer sucesso na próxima gala dos MTV Awards...
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"President Whitmore: We convinced an entire generation, that this is a battle that we could win. We sacrifice for each other no matter what the cost. And that's worth fighting for."
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7 / 10
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quinta-feira, 23 de junho de 2016

Harry Rabinowitz

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1916 - 2016
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La Mosca (2015)

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La Mosca de Marco Di Gerlando é uma curta-metragem italiana de ficção na qual, dentro de uma sala de aula, a pequena Carlotta (Carlotta Ligalupo) tem de desenhar um animal que comece pela letra M. Depois de alguns instantes em que vê todos os seus colegas a trabalhar não tendo ideia sobre o que fazer, Carlotta, temendo a reacção da temida professora (Ludovica Gibelli), consegue finalmente alcançar a inspiração que lhe faltava. No entanto, quando a obra é maior do que o mestre...
A mais recente curta-metragem do realizador de Nella Tasca del Cappotto insere o espectador na dinâmica de uma infância onde todos os sonhos têm vida e todos os desejos se tornam realidade... de uma ou outra forma. Assim, num universo muito próprio onde a imaginação e o seu poder são reis e senhores de toda uma narrativa, La Mosca é a prova última de que a um dado momento na vida de todos existe aquele pequeno detalhe que confirma a existência de um pensamento livre e a sua perda. Por outras palavras, algures no tempo todos nós, sem darmos conta disso, perdemos aquela inocência que nos faz observar o mundo com os olhares ingénuos que outrora nos caracterizavam.
"Carlotta", uma jovem menina de sete anos que tem todo um mundo pela frente, encontra esse referido momento quando, após um bloqueio criativo, decide desenhar aquele que será um improvável animal... uma mosca. Se por um lado existe a confirmação de que o seu intelecto e imaginação são tão livres e despreocupados como a mosca que desenha - que ganha a sua própria vida fora do papel voando pela sala de aula -, não é menos real que esta mesma liberdade é cedo vetada a uma ostracização em nome de uma normalização que transforma todas as crianças em adultos antecipados num mundo que não pára ou espera por ninguém.
Marco Di Gerlando que assume as funções de argumentista e realizador, cria assim a história perfeita que, sob a égide de uma metáfora, retrata esse decisivo momento em que a inocência se perde ganhando, por sua vez, a consciencialização de que a liberdade - que não só a de pensamento - não é um direito conquistado mas sim um pelo qual todos os dias necessita de uma constante luta e confirmação. A isto junta-se a jovialidade e o humor de uma consistente Carlotta Ligalupo que conquista pela sua inocência e espírito livre bem como uma austera Ludovica Gibelli que nos faz imaginar a mais rude e implacável das professoras (afinal... todos tivemos uma).
Com um humor desarmante e uma mensagem social sempre presente, La Mosca é uma pacata mas afirmativa curta-metragem do melhor e mais humorado cinema em formato curto italiano que nos confirma que não existe liberdade maior do que aquela tida nos labirintos da nossa consciência.
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8 / 10
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Luto Branco (2016)

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Luto Branco de Frederico Ferreira é uma curta-metragem portuguesa de ficção que nos relata os momentos posteriores a um fim. A um fim de relação onde Ele (José Mata) tenta reencontrar(-se) um sentido da vida ultrapassando, se possível, o sentimento de perda pelo qual atravessa.
O realizador Frederico Ferreira assina também o argumento desta curta-metragem onde a sua personagem principal interpretada por José Mata - actor vencedor do Sophia da Academia Portuguesa de Cinema - vagueia por entre encontros ocasionais com amigos pela cidade de Lisboa onde reflecte sobre a perda, sobre a sua existência, a solidão, o amor e até mesmo a morte.
Depois de um momento em que o espectador percebe que a sua vida ganha toda uma nova dimensão após uma relação que não resultou, "Ele" elimina violentamente os últimos testemunhos de um passado a dois. Um passado pelo qual lutou mas que perdeu. Um passado que lhe deixa as marcas de um descontentamento sentido e sofrido e que apenas ele consegue valorizar e perceber a sua real dimensão. Pelas palavras dos amigos encontramos momentos piores, de uma eventual redenção com a sua condição enquanto outros questionam as ironias da vida - e da morte - de uma perda sentida e - para eles - mais acentuada enquanto outros se deleitam com os momentos mais doces da vida (sua) prestes a começar e entrar numa nova etapa... a dois... os outros.
Como viver com a felicidade alheia num momento em que nos sentimos perdidos? Como ficar satisfeito com os bons momentos dos outros? Como compreender que mesmo num momento menos positivo há que fazer parte da alegria dos demais? No fundo, como esquecer alguém que completou a nossa vida de forma a poder dar um passo em frente e continuar os demais dias? "Não se esquece... vai-se esquecendo", escuta-se por momentos, como que a prova final de que o passado terá sempre um peso determinante na vida de cada um... um peso que é, também ele, determinado pelos momentos passados em conjunto, pelas experiências e alegrias que ficam e que são - todos eles - vivas recordações de um momento ainda presente.
A tal perda que o vai fazendo sentir a morrer - "por dentro e por fora" - consome-o lentamente fazendo-o desligar de toda uma vida física e psicológica que o atormenta, transformando-o como que num autómato sem rumo e destino. Com Lisboa no pano de fundo como que uma testemunha única da sua agora existência solitária, "Ele" percorre as suas ruas recordando momentos, lugares e uma vida que agora já não tem. Testemunha-o Lisboa e o espectador que, numa abordagem muito próxima da de Terrence Malick em The Tree of Life, faz do espectador como que um ocupante invisível de um espaço que não lhe pertence - a "Ele" - mas sim a todos aqueles que o acompanham na sua reflexão pessoal sobre o que teve, não tem e não saberá se voltará a repetir.
Entre a perda de uma crença - de fé? esperança? - a confirmação de que a mesma fez morrer um pouco daquilo que ele era - do seu sentimento - e de uma vida que já não será sua, "Ele" depara-se com as ironias que se lhe apresentam... relatos da morte daqueles que provocaram a morte, o amor encontrado por aqueles que nele não acreditavam (ou por ele esperavam), enquanto tem de perceber uma nova realidade (a sua) que o faz compreender a felicidade dos que o rodeiam ao mesmo tempo que (in)voluntariamente dela se alheia.
A primeira curta-metragem de Frederico Ferreira enquanto realizador - de quem espero com bastante curiosidade pelo próximo trabalho - é ainda habilmente composta por uma exímia direcção de fotografia de Afonso Oliveira que transforma a (luz da) cidade de Lisboa num limbo distante de todos os sinais de vida e uma interpretação discreta de José Mata - quase fantasmagórica - enquanto a testemunha única que vagueia pelos dias que se sucedem e pelas vidas que vivem enquanto a dele parece ter parado temporalmente, Luto Branco é um interessante e sentido ensaio sobre "o(s) dia(s) depois". Como voltar a viver? Como voltar a respirar? Como voltar a sentir? E acima de tudo isto... será possível voltar a viver... respirar... sentir... quando tudo aquilo em que se acreditava desapareceu num instante?
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8 / 10
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Saturn Awards 2016: os vencedores

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Cinema
Filme Ficção Científica:
Star Wars: Episode VII - The Force Awakens, de J. J. Abrams
Adaptação BD: Ant-Man, de Peyton Reed
Filme de Fantasia: Cinderella, de Kenneth Branagh
Terror: Crimson Peak, de Guillermo del Toro
Acção/Aventura: Furious 7, de James Wan
Thriller: Bridge of Spies, de Steven Spielberg

Filme Independente: Room, de Lenny Abrahamson
Filme Internacional: Turbo Kid, de François Simard, Anouk Whissell e Yoann-Karl Whissell
Filme de Animação: Inside Out, de Pete Docter e Ronnie Del Carmen
Realizador: Ridley Scott, The Martian
Actor: Harrison Ford, Star Wars: Episode VII - The Force Awakens
Actriz: Charlize Theron, Mad Max: Fury Road
Actor Secundário: Adam Driver, Star Wars: Episode VII - The Force Awakens
Actriz Secundária: Jessica Chastain, Crimson Peak
Intérprete Jovem: Ty Simpkins, Jurassic World
Argumento: Lawrence Kasdan, J.J. Abrams e Michael Arndt, Star Wars: Episode VII - The Force Awakens
Montagem: Maryann Brandon e Mary Jo Markey, Star Wars: Episode VII - The Force Awakens
Música Original: John Williams,
Star Wars: Episode VII - The Force Awakens
Design de Produção: Thomas E. Sanders, Crimson Peak
Guarda-Roupa: Alexandra Byrne, Avengers: Age of Ultron
Caracterização: Neal Scanlan,
Star Wars: Episode VII - The Force Awakens
Efeitos Especiais: Roger Guyett, Patrick Tubach, Neal Scanlan e Chris Corbould,
Star Wars: Episode VII - The Force Awakens
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Televisão
Série Ficção Científica: Continuum
Série Fantasia: Outlander
Série Terror: The Walking Dead
Série Acção/Thriller: Hannibal
Série de Adaptação de Super-Heróis: The Flash
Série Revelação: Marvel's Daredevil
Apresentação em Televisão: Doctor Who: The Husbands of River Song
Actor: Bruce Campbell, Ash vs. Evil Dead
Actriz: Caitriona Balfe, Outlander
Actor Secundário: Richard Armitage, Hannibal
Actriz Secundária: Danai Gurira, The Walking Dead
Intérprete Jovem: Chandler Riggs, The Walking Dead
Actor Convidado: William Shatner, Haven

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Honorários
The Lifetime Achievement Award: Nichelle Nichols
The George Pal Memorial Award:
Simon Kinberg
The President's Award:
Television's Haven
The Spotlight Award:
Better Call Saul
The Dan Curtis Legacy Award:
Eric Kripke
The Special Recognition Award:
Brannon Braga
The Breakthrough Performance Award:
Melissa Benoist

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Ways (2016)

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Ways de Àlex Lora é uma curta-metragem espanhola de ficção que relata um momento na vida de Alan (Christopher Dylan White), um jovem atormentado com a solidão provocada por um instante traumático na sua vida.
O mais recente trabalho do realizador de Only Solomon Lee (2013) e Godka Cirka (2013), cujo argumento é também da autoria de Àlex Lora em colaboração com David Blaikie e Carmen Vidal, assume-se desde os instantes iniciais como uma história que esconde em pequenas subtilezas os potenciais motivos causadores de uma catástrofe pessoal, neste caso a de "Alan", um jovem isolado nos seus próprios pesadelos de um passado nunca totalmente revelado.
Quando o espectador inicialmente conhece "Alan", este parece uma breve miragem de alguém que em tempos tivera amigos - que o esperam - e uma vida social aparentemente normal. No entanto, essa vivência normal de "Alan" foi não só assombrada pela morte de alguém que lhe era próximo (pensamos que aquela mulher que ele insistentemente vê fosse a sua mãe) como, mais tarde, somos confrontados com a relação que realmente os unia e que o moldou e transformou naquilo em que é numa actualidade nunca situada.
O mesmo "Alan" que em tempos fora - pensamos - um jovem como tantos outros, é agora uma sua sombra vivendo num local onde os receios e os demónios de um passado vivido atormentam a sua existência e que apenas consegue encontrar na violência física a forma de expiar esses mesmos demónios e garantir-lhe uma ilusória noção de afectividade.
Entre as incertezas que a sua mente lhe provoca sobre o que é real e o imaginado, entre o passado traumático (?) e um potencial presente livre de pressões, "Alan" é um jovem perdido nos seus medos, receios e inseguranças que nem aqueles que o tentam acompanhar conseguem libertar.
Com um clima de constante pesadelo que apenas a noite consegue esconder, a perfeita recriação de uma atmosfera tensa e escura pela câmara de Felipe Vara de Rey consegue deixar o espectador de Ways num limbo semelhante ao de "Alan", onde nunca se sabe ao certo nem as causas nem as consequências da sua agitação assumidamente interior.
Destaque ainda para a interpretação de Christopher Dylan White que consegue suportar em doze breves minutos todos os tormentos de uma alma assombrada, conferindo a este jovem todo o peso e dor do mundo, e a confirmação - já óbvia - de Àlex Lora como um dos mais fortes nomes de um novo e sempre intenso cinema espanhol.
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8 / 10
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domingo, 19 de junho de 2016

Anton Yelchin

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1989 - 2016
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sexta-feira, 17 de junho de 2016

Shortcutz Viseu - vencedor de Maio

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O Shortcutz Viseu anunciou que a curta-metragem Arcana, de Jerónimo Rocha é a vencedora do mês de Maio. Desta forma torna-se assim a mais recente candidata ao prémio de Melhor Curta do Ano a eleger durante a cerimónia de terceiro aniversário do Shortcutz Viseu a realizar em meados de Setembro próximo.
A curta-metragem Arcana junta-se assim às anteriores vencedoras que estão a competir pelo prémio de Melhor Curta-Metragem do Ano sendo elas Deus Providenciará, de Luís Porto, O Silêncio Entre Duas Canções, de Mónica Lima, Doce Lar, de Nuno Baltazar, Lei da Gravidade, de Tiago Rosarosso, Oobe, de Joana Maria Sousa e Manuel Carneiro, Xico+Xana, de Francisco Falcão a.k.a. Fakano, Gasolina, de João Teixeira e Kuru, de Francisco Antunez.
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Rubén Aguirre

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1934 - 2016
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quarta-feira, 15 de junho de 2016

Porto 7 - Festival Internacional de Curtas-Metragens do Porto 2016: os vencedores

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Ficção Internacional: A Moment, de Naghi Nemati (Irão)
Ficção Nacional: Palhaços, de Pedro Crispim
Menção Honrosa do Júri: Nocturna, de Pedro Farat e Prefiro Não Dizer, de Pedro Augusto Almeida
Documentário: Wolf, de Tiago Busse (Brasil)
Animação: My Granfather was a Cherry Tree, de Tatiana Poliektova e Olga Poliektova (Rússia)
Videoclip: Hollow (OCO), de Gustavo Neves e Broken Dance (Albert Alba Sultanov), de Konstantin Vihrev Smimov
Menção Honrosa do Festival: Natural Attraction, de Marc Zimmermann (Alemanha)
Prémio do Público: Los Angeles 1991, de Bruno Zacarías e Miguel de Olaso (Espanha/EUA)
Produção: Katja Bem Grath, Tilda
Actor: Yuri Baliev, Letter to God (EUA/Azerbeijão)
Actriz: Aris Mejias, Endless Cycle (Puerto Rico)
Argumento: Filip Klinger, The Blue Sophie (Alemanha)
Fotografia: A Joke of Mind, de Emilio Guizzetti (Itália) e Circle, de Alexander Heringer (Alemanha)
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terça-feira, 14 de junho de 2016

Ann Morgan Guilbert

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1928 - 2016
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Fred M. Caruso

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1975 - 2016
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Mihaly 'Michu' Meszaros

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1939 - 2016
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domingo, 12 de junho de 2016

Festival Primavera do Cine de Vigo 2016: os vencedores

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O Festival Primavera do Cine de Vigo anunciou os filmes vencedores da sua quinta edição que se realizou entre os passados dias 19 e 29 de Maio naquela cidade da Galiza, em Espanha.
Entre os vencedores encontram-se dois filmes portugueses vencedores nas categorias de Longa e Curta-Metragem Lusófonas.
Na secção de Longas-Metragens o filme vencedor foi O Herói, de Zézé Gamboa - cuja última obra foi O Grande Kilapy nomeados aos Sophia da Academia Portuguesa de Cinema - enquanto que na secção de curtas-metragens o vencedor foi a animação Pronto, Era Assim, de Joana Nogueira e Patrícia Rodrigues.
A listagem completa dos vencedores é a seguinte:
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Longa-Metragem Galega: Frankenstein 04155, de Aitor Rei
Longa-Metragem Lusófona: O Herói, de Zézé Gamboa
Curta-Metragem Galega: Vida, de Rubén Riós
Curta-Metragem Lusófona: Pronto, Era Assim, de Joana Nogueira e Patrícia Rodrigues
Videoclip: Mar de Fondo, de Lara Capéans para Mar de Fondo
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Jonathan Antonio Camuy Vega

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1992 - 2016
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sábado, 11 de junho de 2016

The Conjuring 2 (2016)

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The Conjuring 2 - A Evocação de James Wan é a aguardada sequela de The Conjuring (2013) que recupera a história verídica do casal medium Ed e Lorraine Warren.
Depois de revelada a sua intervenção no caso Amityville, Ed (Patrick Wilson) e Lorraine Warren (Vera Farmiga) atingem um estatuto mediático que tanto os beneficia como arruína pelos mesmos motivos.
Reconhecidos os seus méritos na área do paranormal, Ed e Lorraine são convidados em 1977 a viajar até Londres onde devem investigar os acontecimentos ocorridos em casa da família Hodgson e os estranhos comportamentos de Janet (Madison Wolfe), a sua filha mais nova.
Longe de suspeitarem que esta possessão mais não é do que uma forma da misteriosa entidade atingir o casal Warren, ambos decidem que devem ajudar a jovem Janet a libertar-se da possessão demoníaca.
Recuperando a sua já longa tradição de obras cinematográficas de terror, James Wan filma aquele que é, segundo relatos, o mais longo caso paranormal a poder ser documentado através das mais variados registos. Num primeiro momento, The Conjuring 2 - que teve como subtítulo The Enfield Poltergeist - apresenta ao espectador os dias depois do tão badalado caso Amityville onde o casal Warren esteve directamente envolvido. O já referido mediatismo que o caso lhes proporcionou, não só lhes granjeou a fama imediata a que os meios de comunicação social vetam todos aqueles com quem se cruzam como o fez de forma a que todas as atenções negativas chegassem por parte daqueles que, sendo mais cépticos, os condenavam ao mesmo tempo que se sente nas vivências do casal uma crise de fé não para com os casos em que se vêem envolvidos mas sim na descrença, cepticismo e até alguma hipocrisia daqueles que não acreditando resolvem também caluniar. Paralelamente, o espectador conhece também o caso Enfield e as provações da família Hodgson - mãe e quatro filhos - face não só a uma vida social e economicamente débil como também atormentada por uma estranha entidade que parece querer controlar a jovem "Janet".
Comum a ambas as famílias - Hodgson e Warren - acaba por estar aquilo que os próprios investigadores consideram como "fundamental" para que os tormentos paranormais proliferem, ou seja, a instabilidade ou fragilidade emocional que torna as mentes penetráveis as "visitas" pouco desejadas de espíritos - ou demónios - sedentos de regressar - ou "ocupar" uma forma... humana. É então neste ambiente de (des)crença, incertezas e fragilidades emocionais que The Conjuring 2 se desenvolve transformando toda esta obra de terror numa história - verídica - que se centra não só no referido género como principalmente numa longa-metragem que tenta abordar que o mal - figurativo ou não - se apodera daqueles que, mais frágeis, se tornam mais moldáveis e permissivos. No fundo, este mal acaba por ser como uma dependência... primeiro entranha-se pela permeabilidade e depois ocupa o espaço como sendo seu dono e senhor.
Com um final assumidamente tão frágil como os estados de espírito dos "Hodgson" - que acredito ter sido livremente moldado em relação aos acontecimentos reais pois afinal... nem tudo pode ser revelado ipsis verbis - The Conjuring 2 consegue manter todo um clima de suspense e tensão que mantém um espectador em suspenso (e suspense) durante praticamente as suas pouco mais de duas horas de duração. É verdade que temos a introdução per si dos factos relativamente à "crise de fé" dos "Warren" mas, no entanto, não é menos incorrecto poder afirmar que é esta sua condição que acaba por revelar ao espectador que também eles, notáveis investigadores paranormais, podem estar sujeitos às forças negativas que tanto perseguem sendo agora... suas vítimas directas. Talvez seja essa a principal mensagem que este filme - e a sua experiência - tente transmitir ao espectador... Por um lado que todos, a dada altura, podem estar mais susceptíveis de ceder ao desconhecido... a esse tal "mal" externo que se aproveita e alimenta das fraquezas alheias mas, no entanto, que é também verdade que é nestes mesmos momentos de crise interna que se encontra as forças suficientes para poder derrotar algo que sem o "nosso" medo... não sobrevive.
Eventualmente mais tremido do que o título anterior pela necessidade de explanar o dilema moral que aflige os "Warren", The Conjuring 2 tem uma capacidade técnica de extrema excelência que brinca com os sons, luzes, vultos e sombras para criar a sugestão e o suspense - brava direcção de fotografia de Don Burgess que, não fosse o género, certamente poderia ver o seu trabalho recompensado com uma nomeação ao Oscar na respectiva categoria - conseguindo - à semelhança do primeiro título - entregar toda uma atmosfera que não só é sombria como incómoda, levando o espectador ao interior e aos recantos daquela casa, temendo-os como se fosse um seu espaço familiarmente conhecido e, como tal, duplamente temido.
Intenso desse ponto de vista técnico e assustador se pensarmos que é baseado em acontecimentos reais, The Conjuring 2 deixa, no entanto, aquele estranho "sabor"... o espectador gosta e sente que a missão foi cumprida enquanto filme de terror mas... será assim que terminam os casos "Warren"? Se tudo se mantém a um bom nível no que diz respeito a responder à primeira parte desta questão... quanto à segunda fica um misto de (in)satisfação pois queremos (in)voluntariamente saber mais não só sobre este como sobre outros casos em que certamente terão estado envolvidos... Virá aí o próximo?!
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8 / 10
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sexta-feira, 10 de junho de 2016

Christina Grimmie

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1994 - 2016
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Premio Globo d'Oro 2016: os vencedores

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Filme: Lo Chiamavano Jeeg Robot, Gabriele Mainetti
Grande Prémio da Imprensa Estrangeira: Fuocoammare, de Gianfranco Rosi
Comédia: Perfetti Sconosciuti, de Paolo Genovese
Primeira Obra: L'Attesa, de Piero Messina
Documentário: If Only I Were that Warrior, de Valerio Ciriaci
Curta-Metragem: Tra le Dita, de Cristina K. Casini
Actor: Elio Germano, Alaska
Actriz: Ondina Quadri, Arianna
Argumento: Un Bacio, Ivan Cotroneo e Monica Rametta
Fotografia: La Corrispondenza, Fabio Zamarion
Música Original: Sangue del Mio Sangue, Carlo Crivelli
Carreira: Nicoletta Braschi e Roberto Benigni
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quarta-feira, 8 de junho de 2016

Pablo Brichta

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1949 - 2016
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Pedro Costa Musté

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1941 - 2016
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terça-feira, 7 de junho de 2016

Shortcutz Viseu - Sessão #77

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O Shortcutz Viseu está de volta com o melhor cinema nacional em formato curto e, desta vez, no próprio dia de Portugal.
Na sua Sessão #77 o habitual segmento Curtas em Competição serão exibidos os filmes curtos Boca do Inferno, de Laura Seixas e Luto Branco, de Frederico Ferreira (sendo esta a sua estreia mundial).
Finalmente no segmento de Curta-Metragem Convidada será exibido o filme El Aspirante, de Juan Gautier (Espanha) recente grande vencedor da sétima edição do Piélagos en Corto.
Como já é tradição o Shortcutz Viseu terá lugar a partir das 22 horas de sexta-feira no Carmo'81, em Viseu.
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Prix Jean Vigo atribuído a Albert Serra

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A co-produção franco-luso-espanhola La Mort de Louis XIV, de Albert Serra foi ontem distinguida com o Prix Jean Vigo, no Centre Georges Pompidou, em Paris.
O filme que conta a história dos últimos dias do Rei Sol, foi exibido na última edição do Festival Internacional de Cinema de Cannes no qual foi entregue ao seu actor principal Jean-Pierre Léaud - "Louis XIV" - a Palma de Ouro de Honra pelo conjunto da sua carreira.
La Mort de Louis XIV é a mais recente obra do catalão Albert Serra desde Història de la Meva Mort - premiado em Locarno - e para além de co-produzido por Joaquim Sapinho conta ainda com as interpretações de Filipe Duarte e José Wallenstein.
O Prix Jean Vigo criado por Claude Aveline em homenagem ao realizador Jean Vigo, distingue desde 1951 longas-metragens de "realizadores que se denotam pela sua independência de espírito e qualidade da sua obra".
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segunda-feira, 6 de junho de 2016

Peter Shaffer

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1926 - 2016
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domingo, 5 de junho de 2016

Lisbon Revisited (2014)

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Lisbon Revisited de Edgar Pêra é uma longa-metragem portuguesa e uma das mais recentes obras do realizador de O Barão (2011).
Nesta viagem que oscila entre sonho nocturno e momento psicadélico por Lisboa, o espectador conhece a mesma através do olhar de um ser em mutação que faz ecoar os seus pensamentos através dos múltiplos heterónimos de Fernando Pessoa permitindo assim não só ver como escutar a voz da cidade.
Com alguns elementos reconhecíveis da cidade de Lisboa, Edgar Pêra lança o espectador numa viagem pelo eterno desconhecido. O filme abre com algumas passagens pelo lado oculto da cidade onde, surgem os outros habitantes da mesma. Plantas e suas raízes, as folhas e um conjunto de seres com vida que habitam na escuridão e no anonimato ganham aqui uma presença e importância determinantes para que o espectador compreenda que, para lá do rebuliço laboral do dia-a-dia, existe todo um conjunto de novos ocupantes que observam tudo e todos com olhos diferentes daqueles aos quais está normalmente habituado. Neste segmento intitulado Dragão do Desassossego, o espectador compreende então que para lá daquilo que conhece existe todo um mundo por descobrir e uma alma em constante transformação.
Da compreensão da consciência - da alma, da cidade, da vida do "outro" lado - à decadência de uma antiga moral imperial, Lisboa é neste Lisbon Revisited a personagem principal de uma história que vibra pela sua essência, pelos seus espaços - ainda que não totalmente compreendidos - e por uma presente voz que se assume como a da sua alma. Compreenderá esta que "fala" e que se faz ouvir?! Poderá a sua problematização ser passível de mutação? Será esta a voz de uma consciência do verde e da Natureza - como uma clara referência ao seu Lisboa Verde 3D (2014) -? Assim, e à medida que se torna compreensível este olha diferente da e pela cidade -, o espectador compreende também que são os seus habitantes "não oficiais" que agora a observam, que vêem a sua alma e até mesmo uma boa parte da sua essência... de gaivotas a pombos, de pássaros comuns aos insectos sem esquecer as plantas estáticas e espalhadas um pouco por toda a capital.
Em todos os segmentos o espectador sente  a presença da mão de Edgar Pêra. Da distorção das vozes dos actores que narram cada momento - de Marina Albuquerque a Nuno Melo passando por Miguel Borges todos habituais colaboradores de Pêra -, o realizador volta a insistir no 3D como formato de filmagem - e consagrando assim um pouco da essência deste Lisbon Revisited e da noção de "outras almas" que captam a cidade - mas, ao mesmo tempo, esta obra não consegue facilmente prender o espectador à sua alma como, por exemplo, o conseguiram o já referido O Barão ou A Janela (Maryalva Mix) (2001) tendo, este último, rapidamente captado essa indomável excentricidade da cidade também por uma franja pouco habitual dos seus habitantes "das margens".
Impagável enquanto uma marca óbvia da obra do realizador, Lisbon Revisited deixa, no entanto, a notória sensação - no e ao espectador - que esta obra se assume mais como um ensaio experimental para um posterior capítulo final não se tendo, a mesma, composto como uma obra "finalizada".
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5 / 10
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A Minha Casinha (2014)

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A Minha Casinha de Maria Raquel Atalaia é uma curta-metragem portuguesa de animação que relata as aventuras de uma menina à procura de uma casa para viver.
Numa luta constante, esta Menina procura o espaço ideal onde possa todos os dias convidar a Lua a fazer-lhe companhia. Se numa casa não encontra flores e noutra encontrava-se privada de janelas, passa ainda por casas grandes demais onde nada encontra - principalmente a Lua que tanta companhia lhe faz - ou pequenas onde não pode partilhar a companhia da sua eterna amiga.
A casa perfeita chega quando independentemente das posses terrenas encontra o espaço para partilhar e viver na companhia de uma amiga. Uma amiga que todas as noites a consola e satisfaz na sua solidão. Longe de riquezas e um conforto excessivo, aquilo que esta menina procura é um bem-estar superior... aquele que conforta a alma e a permitirá viver uma vida... com alguém a seu lado.
Num registo de animação que aproxima o espectador dos velhos contos tradicionais escritos é, para lá da intenção da mensagem, a forma como a mesma chega ao espectador, capaz de o aproximar de um tempo passado onde a infância, a inocência e, como tal, uma certa pureza, reinava nos seus pensamentos.
Sensível mas sobretudo inteligente, A Minha Casinha celebra a vontade e a intrínseca necessidade de qualquer ser sentir a sua proximidade ao "outro" que presencie e testemunhe a sua presença no espaço.
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6 / 10
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Quando um Asno Chega (2016)

Quando um Asno Chega de Francisco Moura Relvas é uma curta-metragem documental / experimental portuguesa que regista a pacatez de uma vida perdida no tempo sob a perspectiva de alguns daqueles que a vivem... os animais numa propriedade rural.
Com o principal foco na comunidade animal, o espectador observa uma cabra, cães, gatos e galinhas como os"habitantes" da referida propriedade e a compreensão de que são os mesmos que mantêm, ou contribuem, para a sua eventual subsistência.
Numa tentativa de definir o tempo - numa calmaria desconhecida para o espectador e até incompreendida por vezes dado o ritmo de vida que poderá eventualmente ter na cidade -, este lento correr de imagens pressupõe não só a caracterização da comunidade (ou desta potencial sociedade) assim como todo um estilo de vida campestre que se observa com curiosidade.
A principal fragilidade de Quando um Asno Chega chega, no entanto, através dessa longa e demorada passada que torna, por vezes, o seu difícil consumo na medida em que se pergunta ao espectador de forma inconsciente... até que ponto irá conseguir resistir a esta observação!
Pertinente sob a perspectiva de análise destes outros habitantes - e seus devidos instrumentos de trabalho - de uma comunidade desertificada de vida humana, suas funções, e o passar do tempo sobre os mesmos mas, ainda assim, complicado de gerir temporalmente pela sua demorada e inexistente... actividade.
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5 / 10
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sábado, 4 de junho de 2016

Kiki, el Amor se Hace (2016)

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Desejos, O Amor Faz-se de Paco León é a mais recente longa-metragem espanhola a encontrar distribuição em Portugal (felizmente), naquele que é um brilhante resultado da mais pura comédia do novo cinema espanhol e uma divertida amálgama de pequenas e hilariantes histórias sobre a sexualidade.
Natalia e Álex. Paco e Ana. Maria Candelaria e António. José Luís e Paloma. E Sandra. Quatro casais e uma solitária. Todos eles com os seus problemas sentimentais e sexuais vividos num silêncio agonizante até que descobrem (descobre o espectador) aquilo que os faz despoletar e sentir a sua sexualidade verdadeira.
Por entre um conjunto de momentos dramáticos - muito leves - que apenas servem de preâmbulo à comédia que cada uma das referidas personagens encarna, Kiki, el Amor se Hace é uma forte e inteligente comédia que não deixa o espectador indiferente. Se o sexo já não é tabu - muito menos o é no cinema -, será justo dizer que Paco León o filma de forma inteligente desmistificando velhos tabus, humanizando-o bem como ao prazer que é - deverá ser - inerente à sexualidade.
Neste filme acompanhamos então quatro casais e uma solitária. "Natalia" (Natalia de Molina) e "Álex" (Álex García) são um jovem casal com os seus fetiches inconfessáveis. Ele gosta de lamber e chupar pés enquanto ela parece obter um prazer inesgotável quando colocada em situações de risco como, por exemplo, assaltos violentos. "Paco" (Paco León) e "Ana" (Ana Katz) vivem uma vida matrimonial apagada pelos receios que têm em comunicar... Até que surge "Belén" (Belén Cuesta) que desperta - em ambos - uma libido receada... por ambos. "Maria Candelaria" (Candela Peña) e "António" (Luís Callejo) são um casal apagado pela incapacidade de se tornarem pais. Incapaz de sentir desejo pelo marido, "Maria Candelaria" descobre que se excita com o sofrimento e as lágrimas alheios. Depois do acidente de "Paloma" (Mari Paz Sayago), "José Luís" (Luís Bermejo) vive um silencioso desgosto por apenas receber amargura de uma mulher agora limitada nos seus movimentos sendo esta testemunhada por "Lorelei" (Rea Gutiérrez) a empregada filipina que deseja uns seios maiores. E finalmente temos "Sandra" (Alejandra Jiménez) que se sente limitada não só pela sua deficiência auditiva como principalmente pela sua sexualidade apenas despertar quando observa certos tecidos a roçar junto da pele.
Incapazes de viver uma vida feliz e descomplexada, Paco León filma as limitações sentimentais fruto de uma incomunicabilidade sentida entre casais no seio das suas relações. O desejo que deu lugar a uma sentida "normalidade" e quase indiferença sentimental/sexual, transformou todos eles em apáticos que vivem pela rotina de uma relação que não os completa ou satisfaz. Contrariamente a Nymphomaniac (2013), de Lars Von Trier onde a sexualidade e o desejo são o retrato de uma doença psicológica incompreendida e mal tratada, esta longa-metragem espanhola remake da australiana The Little Death (2014), de Josh Lawson é o retrato de uma liberdade - e libertação - sexual que não só são saudáveis como são, principalmente, o motor para um conjunto de relações que estavam adormecidas e até mesmo extintas.
Se todas estas duplas demonstram uma química inegável, existem pequenos grandes momentos que as tornam únicas e memoráveis como, por exemplo, com a dupla "Natalia" e "Álex" e o seu assalto encenado que acaba por não correr tão bem como esperado, ou o momento entre "Paco" e "Ana" no bar fetichista onde resolvem passar uma noite de fim-de-semana, sem esquecer todo o segmento entre os "classe alta" "José Luís" e "Paloma" em que esta - durante o seu sono - é sujeita a todo o tipo de aventuras por um marido que sente ser apenas com a mulher inconsciente que consegue ter momentos íntimos que o completem. Se todos estes pequenos delírios eróticos e sexuais são delirantes, aquele interpretado por uma "Maria Candelaria" na Igreja onde o sofrimentos e as lágrimas alheias lhe conferem todo o desejo sexual que algumas vez imaginou ter é, sem margem para dúvida, o mais gracioso pelo claro piscar de olho a uma Espanha profundamente católica onde o dito de "crescei e multiplicai-vos" apenas deve ser vivido no silêncio e no escuro que quatro paredes de uma casa podem conferir a um casal. E isto sem esquecermos todo o humor negro que a grande e magnífica Candela Peña consegue recriar para provocar as lágrimas num Luis Callejo desconfiado das "boas" intenções da sua "Maria Candelaria". Finalmente, é impensável esquecer a "relação" - que ainda não o é - entre a "Sandra" de Alejandra Jiménez e o "Rubén" de David Mora que através de uma videoconferência levam à cena uma das cenas mais erótico-hilariantes de todo o Kiki, el Amor se Hace, para a qual contribui uma talentosa "Aixa" (Aixa Villagrán).
Com um elenco de luxo e uma movida inegável, Paco León demonstra com Kiki, el Amor se Hace uma verve almodovariana revitalizada e um dos títulos que será certamente recordado como exemplar dentro das comédias eróticas que para lá do sexo que está no centro de todas elas, se centra na dinâmica das relações inter-pessoais e de casal, sem esquecer que este (sexo) é um dos mais importantes contributos para a vida de um casal e que será apenas falando dele e da sua necessidade que a vida a dois (ou não) se evidenciará como completa. Os fetiches - debatidos e compreendidos - funcionam então não como algo "estranho" mas sim como o tal "motor" ou rampa para uma sexualidade vivida livre de complexos, de tabus ou travões imaginários que aos poucos vai colhendo a harmonia entre um casal que se ama mas que por medo da reacção do outro se oculta, se esconde e priva dessa vida completa.
E já bem perto do final quando todas as relações estão finalmente a ser vividas em plena felicidade, e ao som de "Enamorada" da dupla colombiana Pedrina & Rio que no ambiente de uma festa popular de bairro, todas as formas de amor são celebradas num ambiente de clara tolerância e compreensão - mesmo que "ignorada" pelos demais - "Sandra" encontra finalmente ao vivo um "Rubén" onde, no silêncio que a sua falta de audição lhes permite, se aceitam sem questões mas com o prazer de uma compreensão silenciosa mas satisfeita, vivida e consentida.
Longe - felizmente - vão os tempos em que o sexo era apenas e só ou um tabu ou um pretexto para as mais grosseiras comédias sem graça. Em Kiki, el Amor se Hace, e ainda que maioritariamente explícitos todos os momentos vividos pelas suas personagens, o sexo é acima de tudo uma forma de comunicabilidade que é restabelecida e uma vivência em harmonia que se completa. De disfuncional a normal, o sexo transforma-se, pelas mãos de Paco León realizador e intérprete, no veículo de comunicação agora reaberto, para que todos os casais presentes e futuros possam reencontrar toda uma alegria de viver que estava, até então, extinta das suas vidas.
Cómico, divertido, sensual, agressivo, transgressor ou aventureiro. Todos estes adjectivos ficariam - pela positiva - bem aplicados a Kiki, el Amor se Hace, esta nova comédia de Paco León que confirma, uma vez mais, ser um dos nomes fortes de um novo e revigorante cinema espanhol que não se esconde nem tem vergonha - ou tabus - de se assumir em todas as suas vertentes como grande pela forma e pelas histórias que conta através de um conjunto de actores que encarnam almas que demonstram que vale a pena viver uma vida partilhada e de forma livre.
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8 / 10
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Bill Richmond

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1921 - 2016
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sexta-feira, 3 de junho de 2016

Muhammad Ali

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1942 - 2016
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Lola - Academia Alemã de Cinema 2016: os vencedores

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Lola de Ouro - Filme: Der Staat Gegen Fritz Bauer, de Lars Kraume
Lola de Prata: Herbert, de Thomas Stuber
Lola de Bronze: 4 Könige, de Theresa von Eltz
Documentário: Above and Below, de Nicolas Steiner
Filme Juvenil: Heidi, de Alain Gsponer
Realizador: Lars Kraume, Der Staat Gegen Fritz Bauer
Actor: Peter Kurth, Herbert
Actriz: Laura Tonke, Hedi Schneider Steckt Fest
Actor Secundário: Ronald Zehrfeld, Der Staat Gegen Fritz Bauer
Actriz Secundária: Laura Tonke, Mängelexemplar
Argumento: Der Staat Gegen Fritz Bauer, Lars Kraume e Olivier Guez
Montagem: Ein Hologramm für den König, Alexander Berner
Fotografia: Herbert, Peter Matjasko
Música Original: Everything Will Be Fine, Alexandre Desplat
Som: Ein Hologramm für den König, Frank Kruse, Matthias Lempert e Roland Winke
Design de Produção: Der Staat Gegen Fritz Bauer, Cora Pratz
Guarda-Roupa: Der Staat Gegen Fritz Bauer, Esther Walz
Caracterização: Herbert, Hanna Hackbeil
Prémio Honorário: Regina Ziegler
Prémio Bernd Eichinger: Stefan Arndt
Prémio do Público: Fack Ju Göhte 2, de Bora Dagtekin
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quinta-feira, 2 de junho de 2016

Corry Brekken

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1932 - 2016
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quarta-feira, 1 de junho de 2016

SNGCI - Sindicato Nazionale Giornalisti Cinematografici Italiani - Nastri D'Argento 2016: os nomeados

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Foram revelados os nomeados aos Nastri D'Argento entregues pelo SNGCI - Sindicato Nazionale Giornalisti Cinematografici Italiani no próximo dia 2 de Julho no Teatro Antigo de Taormina. São nomeados:
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Melhor Realizador (Filme)
Alaska, de Claudio Cupellini
Le Confessioni, de Roberto Andò
La Pazza Gioia, de Paolo Virzì
Per Amor Vostro, de Giuseppe Gaudino
Suburra, de Stefano Sollima
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Melhor Comédia
Dobbiamo Parlare, de Sergio Rubini
Io e Lei, de Maria Sole Tognazzi
Natale col Boss, de Volfango De Biasi
Perfetti Sconosciuti, de Paolo Genovese
Quo Vado?, de Gennaro Nunziante
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Melhor Produtor
Fabrizio Donvito, Benedetto Habib e Marco Cohen, Alaska
Gabriele Mainetti, Lo Chiamavano Jeeg Robot
Nicola Giuliano, Francesca Cima e Carlotta Calori (Indigo Film) e Andrea Occhipinti (Lucky Red), Io e Lei
Marco Belardi e Lotus Film, La Pazza Gioia (Rai Cinema) e Perfetti Sconosciuti (Medusa Film)
Pietro Valsecchi (Taodue), Chiamatemi Francesco - Il Papa della Gente, Non Essere Cattivo e Quo Vado?
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Realizador Revelação
Ferdinando Cito Filomarino, Antonia
Carlo Lavagna, Arianna
Piero Messina, L'Attesa
Gabriele Mainetti, Lo Chiamavano Jeeg Robot
Giulio Ricciarelli, Im Labyrinth des Schweigens
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Melhor Actor
Stefano Accorsi, Veloce come il Vento
Pierfrancesco Favino, Suburra
Elio Germano, Alaska
Claudio Santamaria, Lo Chiamavano Jeeg Robot
Riccardo Scamarcio, Pericle il Nero e La Prima Luce
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Melhor Actriz
Valeria Bruni Tedeschi e Micaela Ramazzotti, La Pazza Gioia
Paola Cortellesi, Gli Ultimi Saranno gli Ultimi
Sabrina Ferilli, Io e Lei
Valeria Golino, Per Amor Vostro
Monica Guerritore, La Bella Gente
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Melhor Actor Secundário
Claudio Amendola, Suburra
Fabrizio Bentivoglio, Dobbiamo Parlare, Forever Young e Gli Ultimi Saranno gli Ultimi
Peppino Di Capri, Natale col Boss
Adriano Giannini e Massimiliamo Gallo, Per Amor Vostro
Luca Marinelli, Lo Chiamavano Jeeg Robot
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Melhor Actriz Secundária
Sonia Bergamasco, Quo Vado?
Valentina Carnelutti, Arianna e La Pazza Gioia
Piera degli Esposti, Assolo
Greta Scarano, Suburra
Milena Vukotic, La Macchinazione
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Melhor Argumento Original
Adriano Valerio e Ezio Abbate, Banat
Ivan Cotroneo, Francesca Marciano e Maria Sole Tognazzi, Io e Lei
Alberto Caviglia, Pecore in Erba
Francesco Calogero, Seconda Primavera
Francesco Ghiaccio e Marco D'Amore, Un Posto Sicuro
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Melhor Argumento
Nicola Guaglianone e Menotti, Lo Chiamavano Jeeg Robot
Sergio Rubini, Carla Cavalluzzi e Diego De Silva, Dobbiamo Parlare
Paolo Virzì e Francesca Archibugi, La Pazza Gioia
Filippo Bologna, Paolo Costella, Paolo Genovese, Paola Mannini e Rolando Ravello, Perfetti Sconosciuti
Francesca Marciano, Stefano Mordini e Valia Santella, Pericle il Nero
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Melhor Música Original
Pasquale Catalano, Alaska
Michele Braga e Gabriele Mainetti, Lo Chiamavano Jeeg Robot
Carlo Virzì, La Pazza Gioia
Epsilon Indi, Per Amor Vostro
Carlo Crivelli, Sangue del Mio Sangue
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Melhor Canção Original
"Torta di Noi", de Niccolò Contessa (letra, música e interpretação), La Felicità è un Sistema Complesso
"A Cuor Leggero", de Riccardo Sinigallia (letra, música e interpretação), Non Essere Cattivo
"Perfetti Sconosciuti", de Fiorella Mannoia, Bungaro e Cesare Chiodo, Perfetti Sconosciuti
"La Prima Repubblica", de Luca Medici, Quo Vado?
"E Tu Dimane", de Alessandro Siani (letra e música) e Antonio Rocco (interpretação), Troppo Napoletano
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Os vencedores das categorias técnicas foram também divulgados ontem no Museu MAXXI, em Roma, sendo eles:
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Montagem: Gianni Vezzosi, Veloce come il Vento
Fotografia: Maurizio Calvesi, Le Confessioni e Non Essere Cattivo
Design de Produção: Paki Meduri, Alaska e Suburra
Guarda-Roupa: Catia Dottori, La Pazza Gioia
Som: Angelo Bonanni, Non Essere Cattivo
Nastro D'Argento Especial: Fiore, de Claudio Giovannesi
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