Luto Branco de Frederico Ferreira é uma curta-metragem portuguesa de ficção que nos relata os momentos posteriores a um fim. A um fim de relação onde Ele (José Mata) tenta reencontrar(-se) um sentido da vida ultrapassando, se possível, o sentimento de perda pelo qual atravessa.
O realizador Frederico Ferreira assina também o argumento desta curta-metragem onde a sua personagem principal interpretada por José Mata - actor vencedor do Sophia da Academia Portuguesa de Cinema - vagueia por entre encontros ocasionais com amigos pela cidade de Lisboa onde reflecte sobre a perda, sobre a sua existência, a solidão, o amor e até mesmo a morte.
Depois de um momento em que o espectador percebe que a sua vida ganha toda uma nova dimensão após uma relação que não resultou, "Ele" elimina violentamente os últimos testemunhos de um passado a dois. Um passado pelo qual lutou mas que perdeu. Um passado que lhe deixa as marcas de um descontentamento sentido e sofrido e que apenas ele consegue valorizar e perceber a sua real dimensão. Pelas palavras dos amigos encontramos momentos piores, de uma eventual redenção com a sua condição enquanto outros questionam as ironias da vida - e da morte - de uma perda sentida e - para eles - mais acentuada enquanto outros se deleitam com os momentos mais doces da vida (sua) prestes a começar e entrar numa nova etapa... a dois... os outros.
Como viver com a felicidade alheia num momento em que nos sentimos perdidos? Como ficar satisfeito com os bons momentos dos outros? Como compreender que mesmo num momento menos positivo há que fazer parte da alegria dos demais? No fundo, como esquecer alguém que completou a nossa vida de forma a poder dar um passo em frente e continuar os demais dias? "Não se esquece... vai-se esquecendo", escuta-se por momentos, como que a prova final de que o passado terá sempre um peso determinante na vida de cada um... um peso que é, também ele, determinado pelos momentos passados em conjunto, pelas experiências e alegrias que ficam e que são - todos eles - vivas recordações de um momento ainda presente.
A tal perda que o vai fazendo sentir a morrer - "por dentro e por fora" - consome-o lentamente fazendo-o desligar de toda uma vida física e psicológica que o atormenta, transformando-o como que num autómato sem rumo e destino. Com Lisboa no pano de fundo como que uma testemunha única da sua agora existência solitária, "Ele" percorre as suas ruas recordando momentos, lugares e uma vida que agora já não tem. Testemunha-o Lisboa e o espectador que, numa abordagem muito próxima da de Terrence Malick em The Tree of Life, faz do espectador como que um ocupante invisível de um espaço que não lhe pertence - a "Ele" - mas sim a todos aqueles que o acompanham na sua reflexão pessoal sobre o que teve, não tem e não saberá se voltará a repetir.
Entre a perda de uma crença - de fé? esperança? - a confirmação de que a mesma fez morrer um pouco daquilo que ele era - do seu sentimento - e de uma vida que já não será sua, "Ele" depara-se com as ironias que se lhe apresentam... relatos da morte daqueles que provocaram a morte, o amor encontrado por aqueles que nele não acreditavam (ou por ele esperavam), enquanto tem de perceber uma nova realidade (a sua) que o faz compreender a felicidade dos que o rodeiam ao mesmo tempo que (in)voluntariamente dela se alheia.
A primeira curta-metragem de Frederico Ferreira enquanto realizador - de quem espero com bastante curiosidade pelo próximo trabalho - é ainda habilmente composta por uma exímia direcção de fotografia de Afonso Oliveira que transforma a (luz da) cidade de Lisboa num limbo distante de todos os sinais de vida e uma interpretação discreta de José Mata - quase fantasmagórica - enquanto a testemunha única que vagueia pelos dias que se sucedem e pelas vidas que vivem enquanto a dele parece ter parado temporalmente, Luto Branco é um interessante e sentido ensaio sobre "o(s) dia(s) depois". Como voltar a viver? Como voltar a respirar? Como voltar a sentir? E acima de tudo isto... será possível voltar a viver... respirar... sentir... quando tudo aquilo em que se acreditava desapareceu num instante?
.O realizador Frederico Ferreira assina também o argumento desta curta-metragem onde a sua personagem principal interpretada por José Mata - actor vencedor do Sophia da Academia Portuguesa de Cinema - vagueia por entre encontros ocasionais com amigos pela cidade de Lisboa onde reflecte sobre a perda, sobre a sua existência, a solidão, o amor e até mesmo a morte.
Depois de um momento em que o espectador percebe que a sua vida ganha toda uma nova dimensão após uma relação que não resultou, "Ele" elimina violentamente os últimos testemunhos de um passado a dois. Um passado pelo qual lutou mas que perdeu. Um passado que lhe deixa as marcas de um descontentamento sentido e sofrido e que apenas ele consegue valorizar e perceber a sua real dimensão. Pelas palavras dos amigos encontramos momentos piores, de uma eventual redenção com a sua condição enquanto outros questionam as ironias da vida - e da morte - de uma perda sentida e - para eles - mais acentuada enquanto outros se deleitam com os momentos mais doces da vida (sua) prestes a começar e entrar numa nova etapa... a dois... os outros.
Como viver com a felicidade alheia num momento em que nos sentimos perdidos? Como ficar satisfeito com os bons momentos dos outros? Como compreender que mesmo num momento menos positivo há que fazer parte da alegria dos demais? No fundo, como esquecer alguém que completou a nossa vida de forma a poder dar um passo em frente e continuar os demais dias? "Não se esquece... vai-se esquecendo", escuta-se por momentos, como que a prova final de que o passado terá sempre um peso determinante na vida de cada um... um peso que é, também ele, determinado pelos momentos passados em conjunto, pelas experiências e alegrias que ficam e que são - todos eles - vivas recordações de um momento ainda presente.
A tal perda que o vai fazendo sentir a morrer - "por dentro e por fora" - consome-o lentamente fazendo-o desligar de toda uma vida física e psicológica que o atormenta, transformando-o como que num autómato sem rumo e destino. Com Lisboa no pano de fundo como que uma testemunha única da sua agora existência solitária, "Ele" percorre as suas ruas recordando momentos, lugares e uma vida que agora já não tem. Testemunha-o Lisboa e o espectador que, numa abordagem muito próxima da de Terrence Malick em The Tree of Life, faz do espectador como que um ocupante invisível de um espaço que não lhe pertence - a "Ele" - mas sim a todos aqueles que o acompanham na sua reflexão pessoal sobre o que teve, não tem e não saberá se voltará a repetir.
Entre a perda de uma crença - de fé? esperança? - a confirmação de que a mesma fez morrer um pouco daquilo que ele era - do seu sentimento - e de uma vida que já não será sua, "Ele" depara-se com as ironias que se lhe apresentam... relatos da morte daqueles que provocaram a morte, o amor encontrado por aqueles que nele não acreditavam (ou por ele esperavam), enquanto tem de perceber uma nova realidade (a sua) que o faz compreender a felicidade dos que o rodeiam ao mesmo tempo que (in)voluntariamente dela se alheia.
A primeira curta-metragem de Frederico Ferreira enquanto realizador - de quem espero com bastante curiosidade pelo próximo trabalho - é ainda habilmente composta por uma exímia direcção de fotografia de Afonso Oliveira que transforma a (luz da) cidade de Lisboa num limbo distante de todos os sinais de vida e uma interpretação discreta de José Mata - quase fantasmagórica - enquanto a testemunha única que vagueia pelos dias que se sucedem e pelas vidas que vivem enquanto a dele parece ter parado temporalmente, Luto Branco é um interessante e sentido ensaio sobre "o(s) dia(s) depois". Como voltar a viver? Como voltar a respirar? Como voltar a sentir? E acima de tudo isto... será possível voltar a viver... respirar... sentir... quando tudo aquilo em que se acreditava desapareceu num instante?
8 / 10
.
Sem comentários:
Enviar um comentário