sexta-feira, 29 de maio de 2020

White Echo (2019)

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White Echo de Chloë Sevigny (EUA) é mais uma das curtas-metragens presentes na edição única do WAO:GFF - We Are One - A Global Film Festival que decorre no seguimento do cancelamento de muitos dos festivais de cinema deste ano devido à crise de emergência sanitária provocada pela pandemia da COVID-19.
Carla vive num dilema e conflito para com o seu íntimo e os seu poder. Depois de uma sessão de Ouija com as suas amigas, Carla começa a sentir uma estranha presença que a acompanha e questiona-se se terá despertado algo durante a sessão.
Numa clara alusão ao poder feminino com território ainda por cumprir e um poder sobrenatural que impede a protagonista de assumir o seu verdadeiro lugar no mundo, a realizadora e actriz Chloë Sevigny acaba por criar uma história que falha ao assumir-se uma obra de referência de género - terror ou feminista - misturando duas vertentes e nunca conseguindo dar termo a nenhum dos dois. Se por um lado encontramos uma mulher confusa sobre o seu espaço no mundo e que encontra nesta invulgar reunião uma forma de poder contactar algo "do outro lado" - na prática todas o procuram -, White Echo não consegue afirmar-se como um conto de terror na medida em que todos os parcos elementos que apresenta do mesmo se limitam a momentos já conhecidos e explorados em tantas outras histórias do género... o contacto com o sobrenatural... os aparentes sinais de "algo" porvir... a suspeita de nunca se encontrar solitária e, até mesmo, uma forma que paira e a acompanha de perto preparando-a para uma simbiose mais ou menos desejada. Por outro, se analisarmos esta curta-metragem como uma história pós-feminista também nos deparamos com os lugares comuns já explorados de um grupo de mulheres que reclama "algo" sem que o mesmo se manifesta concretamente para lá da insatisfação deste grupo de mulheres para com uma realidade que vá mais além daquela que, na prática, todos nós sabemos existir.
Por momentos o espectador entusiasma-se quando White Echo parece querer explorar o género terror sobrenatural conferindo à história toda uma dinâmica da simbologia do género levando-o a questionar-se sobre os pequenos sinais que a personagem recebe de "algo" desconhecido para o dito bom senso comum. No entanto, existe toda uma dinâmica que, ao mesmo tempo, transforma esses elementos querendo dar-lhe uma aparente comparação para a dinâmica da mulher no mundo questionando-a (e a nós) sobre as aparentes realidades que nenhum de nós deseja ou pretende ver. Sabemos que existe desigualdade mas... queremos realmente saber dela?!
Assim, a tentativa de transformar esta história num conto dual transforma esta curta-metragem não lhe conferindo credibilidade mas sim uma dispersão narrativa que não a enquadra em nenhum género específico deixando-a, tal como à entidade que por momentos se observa, a pairar sobre dois universos que apenas a psique do espectador terá (ou não) coragem de enquadrar. Poderia ter sido destemida mas falha na capacidade de convencer o espectador apesar de uma coerente execução técnica, talvez aqui, o único elemento desta curta-metragem que na realidade possa revelar alguma consistência.
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6 / 10
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