sexta-feira, 29 de maio de 2020

Bilby (2018)

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Bilby de Pierre Perifel, JP Sans e Liron Topaz (EUA) é mais uma das curtas-metragens de animação que são exibidas no decorrer desta primeira edição (online) do We Are One - A Global Film Festival que, centrada no grande deserto Australiano onde Perry, um tímido marsupial, se transforma no inesperado "pai" de uma indefesa jovem e não identificada ave salvando-o assim dos predadores que espreitam a todas as "esquinas".
Os perigos, ou imprevistos, de um espaço natural repleto não só de predadores como também de pequenos grandes desafios naturais, são inúmeros. Mas, como em todas as histórias de animação, existe uma pequena luz de esperança de que, afinal, o perigo não seja tão presente como aparenta. "Perry", o herói de serviço desta história, surge não só com uma ingenuidade típica dos protagonistas destas histórias como sobretudo com um coração frágil demais para enfrentar os desafios e provações que o esperam.
Sempre a fugir de tudo o que aparenta ser "diferente" do seu imaginário de segurança, "Perry" vive uma aparente vida alegre e despreocupada (na sua existência) limitando-se à sua sobrevivência e a passar ao lado dos predadores que poderá não conseguir enfrentar. Mas, é quando surge a pequena cria de ave (desconhecida) que tudo parece ganhar um novo contorno. Se até aqui o nosso protagonista é um cómico em formação, com esta nova vida a seu cargo (que passa a estar por nele ver um progenitor) transforma-se num inesperado herói ao protegê-lo de todos os desafios e provações que se colocam no seu caminho e que são, como seria de esperar, "habituais" desta vida no deserto... de escorpiões a tarântulas, de aves de rapina aos próprios desfiladeiros que surgem para lhe revelar que o perigo é real, todos os momentos são preciosos para proteger aquela vida que, agora, também lhe pertence de alguma forma.
É então compreendido pelo espectador, pela sua vertente divertida mas também humana destas duas criaturas ditas "irracionais" que o amor pode surgir a qualquer momento e das mais diversas formas. Independentemente das espécies em que cada um se insere pela chamada "lei da Natureza", o amor (a amizade) surge pela compreensão de que a vida não poderá ser vivida solitariamente ou distante dos demais dos quais, de certa forma, dependemos mesmo que inconscientemente. A sobrevivência, física e em alguns momentos até mesmo psicológica (não se pode esquecer o espectador que estas personagens são humanizadas para a construção de uma história com uma moral a transmitir), depende da união de esforços que inicialmente podem ser de mera resistência perante as adversidades mas que facilmente se constroem e transformam numa dependência emocional e sentimental que cria e estabelece laços que vão para lá de qualquer pré-requisito estabelecido.
O final que surge após toda uma intensa odisseia, e que confirma e revela o poder infindável da verdadeira amizade e da cumplicidade que lhe está inerente, revela igualmente a verdadeira identidade desta (anteriormente) pequena ave que agora se assume em todo o seu esplendor perante um pôr-do-sol que testemunha o tempo passado em comum e a relação paterna que entre eles se desenvolveu.
Sensivelmente transmitida e emocionalmente franca, esta curta-metragem surge como um verdadeiro e sentido filme curto que transmite, pelo poder das imagens animadas, a força de um sentimento tão poderoso como é a amizade capaz de chegar a todo um público que, independentemente da sua idade, se deixará cativar pela emoção de uma história que é contada com o coração.

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9 / 10

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