domingo, 17 de maio de 2020

Cucharita Triple (2020)


Cucharita Triple de Roberto Pérez Toledo (Espanha) é uma das mais recentes curtas-metragens do realizador espanhol que aqui revela uma história de (tri)amor em tempos de pandemia.
Quando a situação de emergência sanitária provocada pela pandemia da COVID-19 a todos assolou, um trisal fica separado. Dois dos elementos de um lado. O outro isolado. Poderá uma relação sobreviver à distância?
Não escondo que cada vez que surge um filme de Pérez Toledo que não é sempre alvo da minha curiosidade principalmente pela forma como constrói as suas histórias sobre as relações (sentimentais) humanas e como lhes confere sensibilidade e credibilidade para as transformar em contos românticos com "alma". No entanto algo ficou esquecido nesta história em concreto que apenas se resume a um conto quase banal e esperado desta época muito particular em que o contacto e os afectos estão esquecidos ou, pelo menos, colocados em pausa.
Compreendendo as limitações que qualquer produção cinematográfica pode sentir neste momento em que por muito reduzidas que sejam as equipas têm, ainda assim, o contacto obrigatoriamente reduzido, não é fácil perceber também que esta história fica muito aquém daquilo que o realizador já nos entregou tantas e tantas vezes. Se o argumento se resume a um conjunto de momentos quase esperados - senão banais - de uma relação, aqui ainda temos de a equacionar como uma em que os elementos que a compõem (três) se encontram separados e de forma pouco justa para pelo menos um deles. Não que seja um mal que não se resolve pois os próprios dão conta disso mas, ainda assim, assistimos a uma quase banalização daquilo que se pode esperar de uma relação onde a mesma se constrói com o empenho e esforço de todos. Aqui não... aqui percebemos que um dos elementos para lá de só tenta esforçar-se para agradar os demais enquanto que estes se assumem como construindo algo... à sombra do primeiro. Das interpretações banais à história que parece que não se quer fazer valer de nada em concreto... sobra muito pouco.
Se Pérez Toledo é, como disse, brilhante nas histórias sentimentais dão visibilidade e valorando todas de forma a que se normalize o amor sobre todas as formas, aqui esta Cucharita Triple não conseguiu chegar ao espectador com o mesmo impacto de dezenas de outros filmes curtos da sua autoria conseguiram. Tudo pode ser resumido a uma banalidade, ao sentimento de isolamento como consequência da pandemia e aos lugares comuns que tanto se espera sejam evitados nestas histórias. Quando se fala de amor não precisa de ser eloquente (provavelmente nunca o é) mas, ainda assim, espera-se que o pouco que é dito ultrapasse barreiras ou fronteiras e que não decida permanecer no banal.


3 / 10

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