
Os dois com brilhantes e irrepreensíveis desempenhos, dirigidos pela realizadora neo-zelandesa Jane Campion que consegue uma vez mais dirigir um belíssimo filme com uma história intemporal sobre o amor ou, mais concretamente, sobre o primeiro amor. Aquele que, tal como diz o cartaz promocional do filme, é o que brilha com mais intensidade. Esta história faz perfeita justiça a esta ideia e temos sim uma história sobre o primeiro amor contada de forma exímia.
Ao contrário da anterior grande obra de Jane Campion, O Piano, onde apesar da contemplação ser já um aspecto fulcral do filme, aqui a contemplação e o crescente amor que Keats e Brawne sentem um pelo outro surgem não só pelos actos e diálogos que partilham como também por um dos mais significativos aspectos deste filme. A imagem.
Os cenários em que se encontram são perfeitamente deslumbrantes. À medida que o amor sentidos entre ambos se manifesta, inicialmente pela contemplação e aos poucos dando lugar aos sentidos diálogos apaixonados, temos a passagem de uma imagem e de um cenário mais sombrio para uma situação de Primavera com flores de cores garridas e vivaças a brotarem por todo o ecrã. Sente-se a paixão. Sente-se o calor. Sente-se o amor.
Da mesma forma, o momento em que ambos apaixonados são obrigados a afastar-se devido aos problemas de saúde de Keats, assim começam as cores a desaparecer. A vida esmorece. Entra a chuva, o frio, a névoa, e por sua vez a doença e a morte.
Morte esta que, ainda assim, é acompanhada pela mais bonita dedicatória de amor que possivelmente alguém alguma vez escreveu. Uma declaração de total entrega ao seu primeiro amor. Ao seu único amor. O amor que nem mesmo a morte conseguiria separar ou quebrar.
Além das brilhantes interpretações por parte do par principal, e da realização e argumento que estiveram ao cargo dessa força feminina que é Jane Campion, é igualmente de destacar o soberbo trabalho de fotografia da autoria de Greig Fraser que este filme apresenta. A diferente tonalidade e vivacidade das cores, das luzes e das sombras que simbolizam não só as estações do ano como igualmente, e principalmente, as da vida é de facto deslumbrante.
Trabalho este que é complementado com a espectacular banda-sonora de Mark Bradshaw que intensifica ainda mais todos os pequenos detalhes que, infelizmente, nos possam escapar.
Aos curiosos só peço que não se deixem desmotivar pelo ritmo mais pausado e pensativo que o filme apresenta pois, se se deixarem ir até ao final não se irão, de certeza, arrepender.
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"John Keats: I almost wish we were butterflies and liv'd but three summer days - three such days with you I could fill with more delight than fifty common years could ever contain."
"John Keats: I almost wish we were butterflies and liv'd but three summer days - three such days with you I could fill with more delight than fifty common years could ever contain."
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8 / 10
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