sexta-feira, 17 de julho de 2009

The Secret Life of Words (2005)

Como bom espectador cinematográfico, quantas vezes poderemos dizer que encontrámos o filme da nossa vida ? Bom, talvez a pergunta esteja mal feita pois no meu caso tenho uns quantos. Talvez não seja bem o filme da vida que queira dizer, mas aqueles filmes que em certas alturas nos ficam para sempre guardados na memória como "O" filme?
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A Vida Secreta das Palavras de Isabel Coixet é, sem qualquer sombra de dúvidas, um dos melhores de todos os tempos. Exagero? Não será de certeza. Pelo menos não para quem gosta do tipo de filmes que sem fazer verter baba e ranho (que até pode acontecer) se torna naquilo a que muitos comentadores de filmes usam como cliché "um murro no estômago".
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Seguimos Hanna (Sarah Polley) uma operária fabril com problemas de audição, que mais tarde iremos perceber o que os causou, e que é totalmente disfuncional e alheia ao mundo que a rodeia. Por opção. Ela escolheu. A vida possivelmente marcou-a a esse ponto. A sua vida é composta de ritmos e rituais dia após dia sem qualquer tipo de variação. Casa e trabalho. Trabalho e casa. Todos os dias come o mesmo. Todos os dias faz o mesmo. Não se permite a nada mais pois "sentir" seria desesperar. Será disso prova quando mais tarde na plataforma permitir-se provar um comer diferente daquele que sistematicamente come todos os dias.

Os motivos do porquê não os revelo. São fortes demais para que se revelem assim tão despreocupadamente. Há que ver, ler, perceber e sentir.
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Josef que é como quem diz Tim Robbins, é o homem que a "vê". É ele que quer saber dela. O porquê dela estar ali. É ele que se fascina. Que a procura. Que a sente.
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O leque de secundários que compõe este filme tem nomes como Javier Cámara ou Julie Christie também eles determinantes para que esta história seja brilhantemente composta e contada. Os demais? São também descritos muito simplesmente no filme. Há que percebê-los. Há que perceber os porquês!
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"Victor: He doesn't like to be with the others. He's a loner, too.
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Hanna: There are many of us."
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Esta segunda colaboração entre Isabel Coixet e Sarah Polley, transformou-se numa das mais belas peças de cinema que alguma vez alguém poderá ver. Tem todos os ingredientes para ser um filme grande. Um filme que não se esquece.
Composto por grandes interpretações tanto de Sarah Polley (que foi nomeada ao European Film Award de Melhor Actriz) como de Tim Robbins, e por um conjunto de actores em papéis secundários mas determinantes que conseguem no seu todo transmitir um equilibrio de emoções quer vazias e solitárias mas ao mesmo tempo sedentas de atenção e reconhecimento. Alguém que perceba e diga que estão a ser vistos.
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Como se não bastasse um bom filme, com uma boa história e bons desempenhos, a banda sonora do filme ainda consegue torná-lo mais melancólico. Arriscaria dizer triste mas como há sempre uma esperança no final não o digo. Direi reflectivo. O próprio trailer do filme dá-nos uma excelente ideia do que esperar e é de facto fiel.
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Não sou muito de falar em filmes da minha vida como deixei claro no início pois existem vários que se podem enquadrar nessa designação. No entanto, se alguma vez achar que essa categoria existe, este estará cm toda a certeza no leque de filmes que seleccionarei.
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Muchas gracias Isabel Coixet por esta tuya pelicula.



"Josef: I thought um, you and I, maybe we could go away somewhere. Together. One of these days. Today. Right now. Come with me.

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Hanna: No, I don't think that's going to be possible.

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Josef: Why not?

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Hanna: Um, because I think that if we go away to someplace together, I'm afraid that, ah, one day, maybe not today, maybe, maybe not tomorrow either, but one day suddenly, I may begin to cry and cry so very much that nothing or nobody can stop me and the tears will fill the room and I won't be able to breath and I will pull you down with me and we'll both drown.

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Josef: I'll learn how to swim, Hanna. I swear, I'll learn how to swim."


Será possível dar um 11 ? Claro que é! <-- 10 / 10

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