Michael Radford realizou o último trabalho do actor Massimo Troisi. Aquele que é para mim uma das suas mais sentidas e bonitas interpretações... O Carteiro de Pablo Neruda.
A acção é passada numa vila piscatória italiana onde gente modesta vive afastada do furor citadino até que a ela chega uma figura internacionalmente conhecida, Neruda. O escritor maravilhosamente interpretado por Philippe Noiret, encontra-se no exílio e ruma mundo fora a promover a sua escrita. Próximo de todos, mas ao mesmo tempo afastado daqueles que mais quer... os seus amigos, que se encontram no país onde ele não pode entrar. Na ilha, Troisi o carteiro, apaixonado pela belíssima Betarice, Maria Grazia Cuccinotta, à qual não sabe expressar o seu amor por achar poucas as palavras que pode ter para ela. É aqui que se inicia e que nasce a amizade entra Neruda e Mario.
Sobre a história não me adianto mais, à excepção de que se espera uma belíssima história não só de amor mas também de amizade (que também é amor). A cumplicidade que cresce entre ambos e a partilha de ideias e vivências fazem deste um belíssimo filme dramático e com uma carga emotiva muito forte que terá um final profundamente triste mas ao mesmo tempo algo reconfortante. É algo que apesar de trágico nos deixa nostálgicos pois sabemos que aquilo que nos desaparece do filme nos faz falta.
O compositor argentino Luis Enríquez Bacalov compôs para este dramático filme italiano uma banda sonora extremamente simples mas com umas melodias que são impossíveis de esquecer. Basta ver o filme para mais tarde reconhecermos os acordes em qualquer lado. Simplesmente maravilhosa e de fazer a lágrima chegar aos olhos.
Além de todo o filme ser sem qualquer dúvida extremamente bem dirigido e com uma história maravilhosa (típico de filme italiano, volto a afirmar), Massimo Troisi deixa igualmente uma marca bem forte nele. Foi este o seu último papel, para o qual lutou diariamente para o conseguir terminar. Não mais do que duas a três horas por dia eram aproveitadas devido à debilidade física em que Troisi se encontrava. No próprio filme isso é notório. A sua fraqueza e a sua voz eram visíveis, e acima de tudo este foi o SEU filme. O seu último e mais marcante desempenho. Um registo perfeitamente emocionante para o qual foi nomeado não só ao BAFTA mas também ao Oscar de Melhor Actor.
Um filme maravilhoso em todos os aspectos que fala da palavra, da amizade e do amor, e como todos estes elementos podem não só salvar a vida a alguém como lhe dar um significado totalmente diferente daquele que se teria com a sua privação.
E que não se pense de forma alguma que o filme é "enfadonho" pois foi aqui neste nosso belo país que ele se manteve em exibição durante mais de 3 anos.
"Mario Ruoppolo: Poetry doesn't belong to those who write it; it belongs to those who need it."
10 / 10
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