terça-feira, 27 de outubro de 2020

Plastic (2020)

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Plastic de Albert Baro, David Mora e Benjamin Riquelme (Espanha) é uma micro-metragem com uma mensagem que tem importância mil vezes maior do que a sua escassa duração.
Um grupo de amigos nadam e brincam no mar. Mas um perigo espreita na profundidade das águas. Irá alguém escapar?
Se o cartaz e a presunção de perigo em alto mar encaminham o espectador para uma ameaça natural que espreita onde menos se espera e sobrevive graças à presença de uma presa frágil - o Homem -, a verdade é que rapidamente nos apercebemos que a ameaça é real sim... mas provocada pela própria acção do Homem e do seu rápido e selvagem consumismo. Aqui a ameaça é apenas uma... o plástico.
É este cancro do século XX do qual dificilmente, se é que alguma vez, irá desaparecer dos nossos hábitos e, sobretudo, do planeta que aqui ganha forma e importância pela sua presença que é nestes dias vincada em todos os lugares do planeta... mesmo nos mais recônditos. A presença do Homem que descontroladamente consome, desperdiça e não recicla os seus detritos lançando-os perdidos em qualquer lugar, provoca uma poluíção que se espalha e alastra por todos os cantos do planeta do ar à terra sem esquecer o mar. É este desperdício que prejudica não só a biodiversidade aquática como também a sobrevivência do Homem que retira deste ecossistema muita da sua sobrevivência. Sendo o "cancro da Terra" uma ameaça que é agora mais presente do que nunca... o que poderá fazer o Homem não só para a sua sobrevivência como sobretudo para a do planeta e das gerações seguintes sustentando a sua harmoniosa dependência dos recursos naturais?
Numa reflexão sobre como o mar é agora mortífero não pelas sua fauna mas sim pelos detritos que agora o poluem, esta curta-metragem transforma um "esperado" tubarão num monte de plástico que quando já não existe vida aquática para eliminar "dirigir-se-à" para o Homem que mais não é do que o seu mais provável "alimento" deixando, como é óbvio, uma clara reflexão sobre a forma como este meio e habitat natural tem sido tratado, ou melhor... degradado, nas últimas décadas fazendo dele não o "lar" de tantos animais e plantas mas sim um não natural depósito de lixo do consumismo humano.
Inteligente pela forma como dá corpo a toda uma realidade deste agora triste século XXI, Plastic apenas se fragiliza pela sua escassa duração que, de outra forma, poderia ter entregue uma obra não só mais social como ainda mais pertinente caso a exposição da ameaça fosse mais presente, mais assustadora e mais mordaz sob o ponto de vista da realidade que de facto assombra este meio natural. Ainda assim, não só actual como pertinente.
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4 / 10
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