sexta-feira, 11 de março de 2022

CinEuphoria - 13º Aniversário

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13º Aniversário

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Pela primeira vez desde que criei este espaço em 2009 que escrevo no dia em que celebro mais um ano deste trabalho que começou um hobbie. Um hobbie sobre uma paixão que me acompanha deste muito jovem idade e que sempre me fascinou pela possibilidade que o cinema tem primeiro de contar histórias que nos desconectem de uma qualquer realidade mas que depois proporciona a possibilidade de aproximar(-nos) não só dessa mesma realidade, ou realidades, como também de aproximar culturas, espaços, países e principalmente povos demonstrando que o tal "eu" poderá eventualmente não ser assim tão diferente do "outro" lá tão distante.
Por muito que me sinta concretizado por ao longo destes treze anos sentir que, dentro das minhas parcas possibilidades, tenho podido dar corpo à minha outra paixão - a política diplomática - apresentando comentários e observações que a convivência com filmes e histórias vindos de lugares tão distintos como Portugal, Austrália, Canadá ou Egipto, podendo citar tantos e tantos outros, me tem permitido não deixo de sentir uma certa apreensão ao compreender que o mundo, distante ou não de mim, tem assuntos bem mais importantes para os quais olhar. O facto de dar a conhecer a minha opinião, a vocês que tiram minutos do vosso tempo para me ler, sobre histórias tão distintas de proveniências tão particulares e olhares sobre o mundo que podem ser teses ou antíteses dos vossos deixa-me, por um lado, realizado por saber que este sentido de missão se vai cumprindo aos poucos (assim funciona a diplomacia) mas, ao mesmo tempo, desapontado por também entender que o mundo atravessa um momento para o qual a diplomacia, por muito que se a tente e lhe dê forma, foi guardada numa gaveta.
De todos os filmes que tenho visto ao longo da vida mas particularmente nestes últimos treze anos e de todas as pessoas que tenho vindo a conhecer - desde realizadores a produtores, directores de festivais a programadores, sem esquecer técnicos, argumentistas e actores e actrizes, guardo dois momentos para agora aqui partilhar... Dois momentos, entre os muitos que poderia agora revelar mas que, pela sua particularidade resumem os meus "momentos" com este trabalho que, não sendo cinematográfico, vive de mão dada com o mesmo pois nada do que aqui escrevo ou sobre o qual divago poderia ser feito se esta magnífica e poderosa arte não existisse...
O primeiro remonta a 2018 (creio) quando, no meu muito estimado e querido Leiria Film Fest, me perguntaram o que retirava sobre os centos de filmes curtos que havia visto naquele ano... a minha resposta, não ipsis verbis mas seguramente com o mesmo sentido que agora partilho fora de que o cinema permite(-me) observar o mesmo espaço no mundo sob diferentes olhares e perspectivas conferindo-nos, a nós espectadores, a capacidade de ver e compreender que as realidades ainda que distantes aproximam-se pela humanidade com que olhamos para o mesmo não nos distanciando mas sim aproximando pessoas que, embora falando línguas distintas, podem certamente apresentar as mesmas ansiedades que o tal "eu" aqui presente.
Finalmente o segundo momento leva-me ao meu também muito querido FICPI - Festival Internacional de Cine de Piélagos em 2019 - a última edição antes da pandemia da COVID-19 - para o qual trabalho enquanto programador oficial e que me possibilitou assistir a mais de 1300 filmes curtos. Um dos quais, que seleccionei para a Competição Oficial Nacional Espanhola foi o brilhante Vaca, de Marta Bayarri que, não sendo uma história sobre o poder ou influência do cinema, contém aquela que considero ser a mais iluminada definição que pode ser aplicada ao mesmo... a capacidade de que não desfilemos em silêncio. Os momentos passam, os anos extinguem-se, os povos transfiguram-se mas, o cinema regista a possibilidade de que nenhum de nós "desfile em silêncio".
A todos os que têm vindo a "perder", ao longo destes últimos treze anos, alguns dos vossos minutos diários, o meu mais sentido e profundo agradecimento... e como não sou de pedir mais treze... peço mais um... ao final desse aqui virei celebrar a possibilidade de outro... e mais outro... e mais outro. Num momento tão conturbado como aquele em que vivemos o meu único desejo para todos... é PAZ.
Até já!

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