sexta-feira, 22 de março de 2024

The Sky (2020)

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The Sky de Matt Sears (Reino Unido) revela uma estranha atmosfera onde duas amigas, Ellie (Chloe Fox) e Victoria (Charlotte Christof) falam sobre um aparente momento final. Quando tudo parece encaminhado eis que Ellie se questiona se terá a seu lado a melhor companhia para um aparente fim.
Num cenário que inicialmente remete o espectador para um qualquer final de tarde no qual duas amigas celebram a sua amizade, o argumento desta curta-metragem - cuja autoria é de Ryan Grundy - explora, afinal, aquilo que poderá ser sim o final de tudo e não só daquela específica tarde. As experiências das duas adolescentes são colocadas à prova com um inocente jogo onde se confessa o inconfessável ou se tentam descobrir pequenos segredos nunca antes revelados. No entanto, é quando se perde a noção do limite, eventualmente inexistente neste aparente fim, que "Ellie" percebe que provavelmente aquele não é o melhor local (ou companhia) para ela uma vez que neste "fim" o que importa é atravessá-lo com alguém que tenha realmente algum significado para ela. Mas... será a mãe que a espera a sua melhor testemunha neste fim inevitável? Existirá entre elas alguma relação que justifique uma última preocupação?
Lentamente através das estranhas manifestações celestiais que "espreitam" ao fundo, o espectador compreende que este final não é o de uma relação familiar ou de amizade. Que não é o final de uma  qualquer relação amorosa mas sim o fim de tudo tal como o conhecemos. Mais, este fim chega pela aparentemente inevitável destruição de tudo. Não compreendendo qual o fenómeno que nos aguarda . talvez nem o testemunhemos nós -, The Sky pondera a escolha para o "nosso" fim. Qual será esse final "perfeito" perante a inevitabilidade de tudo incluindo o certo desaparecimento e esquecimento de que alguma vez "nós" fizemos parte de uma certa realidade! Esperar um "fim" quando nada mais existirá para lá do mesmo... existirá algum tipo de "final feliz" capaz de nos recordar para lá de "nós"? Qual será o apaziguamento de uma consciência individual ou colectiva quando "depois" nada mais irá existir?
Todas estas questões poderiam ter uma única explicação que se prende única e exclusivamente com a necessidade de "partir" mais tranquilamente sem que esse dito fim seja vivido com uma expectativa e tormento que o marquem como um acontecimento mau. Todos sabem que o será mas até que ponto isso é importante quando se compreende também que nada mais existirá "para lá" da realidade como o fora até então?
The Sky tem todo um conjunto de questões existenciais que são, em certa medida, interessantes e dignas de uma reflexão sobre o "fim" (assuma ele que forma assumir) mas, no entanto, a construção desta curta-metragem falha no momento em que mais de metade da sua narrativa se perde na exploração da relação entre as duas protagonistas que nunca aparenta querer ser concretizada. Compreendemos que são amigas e que podem ser até as maiores confidentes mas, no entanto, para lá de não quererem estar sozinhas neste fim que se aproxima, falha ao espectador uma dramatização convincente dos seus medos que, sejamos realistas, estariam na mente de todos e não seria levado com tanta ligeireza como aqui o aparenta ficando apenas por celebrar a atmosfera envolvente que é dinâmica e bem construída para o género "fim do mundo" mas que não se concretiza no seu todo por não conseguir consolidar, e convencer, na relação entre as duas jovens actrizes.
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6 / 10
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