quarta-feira, 5 de agosto de 2020

X-Story (2016)

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X-Story de Vitaliy Shushko (Rússia) é uma curta-metragem de animação que conta a história de um homem equipado com o último modelo de um braço biónico e que obtém um mapa que revela a existência de um tesouro escondido numa torre abandonada no deserto.
Revelando-se como o homem forte desta curta-metragem ao assinar também o argumento, o realizador Shushko apresenta ao espectador uma história que facilmente este último reconhece como um mix entre o tradicional filme de aventuras dos anos '80 como se este fosse centrado e filmado com o propósito de ser um intenso jogo de computador que, ao mesmo tempo que apresenta a narrativa tenta o seu público a interagir - pela imaginação - naquilo que poderia ser um conjunto de desafios típicos de um jogo de um velho Spectrum.
Desafiando os limites da sua personagem protagonista - um homem que entendemos ser marcado pelas agruras dos seus dias -, e ambientado com uma intensa música electrónica que nos transporta para uma qualquer arcada de jogos onde reinavam as aventuras, o espectador é seduzido a acompanhar esta odisseia que parece ter contornos de redenção do mencionado protagonista com o seu tempo e o seu espaço. Desconhecendo onde se centra a acção, o espectador deixa-se assim levar por um rico e extenso cenário que nos faz compreender que nos encontramos a muitos e muitos séculos de distância daquilo que entendemos como "realidade"... mas uma realidade virtual. Uma realidade virtual que se entende como aquela tida dentro deste espaço - e desta história - mas que se quer fiel a um espírito de que isto sim será o futuro. Um futuro automatizado e com diversas formas de inteligência onde a realidade dinâmica como a entendemos hoje poderá não ser aquela que se irá manifestar nesse "amanhã" distante e potencialmente muito mais árduo mas onde está, acima de tudo, um espírito de aventura do protagonista pela conquista de algo que o diferencie num mundo onde a emoção parece estar ausente.
Existe ainda uma constante sensação de que este universo - ou esta dinâmica - parece espelhar uma certa "nova tentativa" de conquistar esse "algo" que tantos outros já conquistaram. Uma espécie de el dorado onde existe algo que todos buscam mas que até àquele determinado momento não foi ainda alcançado por ninguém. Chamemos-lhe quimera primeiro pela tentativa híbrida com que o protagonista se apresenta e, ao mesmo tempo, pelo desafio "auto"-imposto para que um objectivo comum mas sentido e experimentado de forma solitária é "tentado" mas não alcançado por existir uma força maior - talvez o "deus" lá do espaço - que a todos tenta sucessivas vezes mas que quando perto da sua concretização os impede de prosperar e que lhes deixa uma marca por mais uma "tentativa frustrada".
Shushko recria assim uma história com uma linha narrativa central mas que, ao mesmo tempo, parece poder deixar-se levar pelo imaginário da cibernética, da realidade virtual, dos clássicos de aventura dos já mencionados anos '80 e sem esquecer a vertente futurista muito criada por uma banda-sonora forte, intensa e muito ritmada. Excelente pela mensagem subliminar e pela animação que mistura elementos clássicos e modernos criando assim uma realidade particularmente positiva através da qual se transmite uma mensagem de aventura, desafio, redenção e conquista que, em união, conferem uma realização (à personagem em causa) de que o seu destino poderá finalmente ter sido concretizado.
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8 / 10
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